O Conselho de Segurança da ONU
elogiou o Governo inclusivo da Guiné-Bissau e considera que se pode abrir um
ciclo político depois das eleições de novembro. Contudo receia alguns problemas
depois do pleito.
As próximas eleições
presidenciais na Guiné-Bissau, que vão realizar-se em novembro, podem iniciar
um novo ciclo político segundo o Conselho de Segurança da Organização das
Nações Unidas (ONU). Para a organização internacional depois de vários anos de
instabilidade esta pode ser a oportunidade para garantir um futuro com maior
segurança e inclusão.
Na reunião desta última
terça-feira (10.09.), membros do Conselho de Segurança destacaram que a
Guiné-Bissau tem o primeiro Governo "inclusivo" e
"equilibrado" da África Ocidental, devido às oito ministras e três
secretárias de Estado que compõem 35% dos membros do Executivo.
A secretária-geral assistente
para África do Departamento de Operações de Paz, Bintou Keita, considerou que a
comunidade internacional deve dar apoio financeiro e "contribuição
instrumental" para a realização das eleições presidenciais de 24 de
novembro e, se necessário, para a segunda volta, a 29 de dezembro, para
pôr fim ao "ciclo político de instabilidade" que dura desde 2015.
Bintou Keita, sublinhou que o
processo eleitoral tem desafios como o registo de eleitores. Nas
últimas eleições legislativas de março cerca de 25 mil eleitores não
tiveram oportunidade votar.
Bintou ainda referiu que é
necessário respeitar a data do ato eleitoral e que se deve tornar este processo
o mais transparente possível para dissipar a "desconfiança
generalizada" em relação à política guineense.
Fernando Delfim da Silva,
representante permanente da Guiné-Bissau junto da ONU, referiu que o Governo está
focado em realizar eleições credíveis e transparentes. Segundo o diplomata, as
eleições presidenciais serão uma oportunidade para o povo guineense
"renovar a legitimidade" das instituições do país.
Problema da droga
Delfim da Silva lembrou ainda que
o cenário político atual está afetado pela maior apreensão de droga da história
do país. No dia 2 de Setembro foram apreendidas 1,8 toneladas de cocaína. A
Guiné-Bissau continua ser "atrativo" para os traficantes, devido à
fragilidade das instituições e "vulnerabilidade geográfica", afirmou
Fernando Delfim da Silva, considerando que os vizinhos africanos lidam com os
mesmos problemas.
Fernando Delfim da Silva pediu ao
Conselho de Segurança que se encontrem formas de aumentar a capacidade das
instituições nacionais, que operam em condições "extremamente
precárias" e manifestou a necessidade de reforço da cooperação com as Nações
Unidas no combate ao tráfico de droga.
O Conselho de Segurança advertiu
que a dificuldade será gerir o período pós-eleitoral, quando serão necessárias
reformas constitucionais, e apelou para que as "tendências" dos
atores políticos de pôr em causa o resultado das eleições sejam dissipadas.
Os Estados-membros com assento no
Conselho de Segurança manifestaram preocupação com a criminalidade relacionada
com a droga, assim como pela possibilidade de estas atividades criminosas serem
utilizadas para financiamento de atividades terroristas.
A ONU salientou a determinação da
polícia guineense e das forças de segurança em neutralizar o problema das
drogas, e disse que o controlo da segurança e estabilidade deve ser assegurado
também pelo Grupo P5: ONU, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
União Africana, União Europeia e Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO).
Agência Lusa, rvp | Deutsche
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