Os Movimentos Cívos de S.Vicente
(MCSV) convocam a imprensa, nesta segunda-feira,21, no Centro Cultural do
Mindelo, para protestarem contra a não aprovação da Lei da Transparência, na
última sessão parlamentar de 12 deste mês. Uma iniciativa legislativa levada à
Assembleia Nacional pelo PAICV, mas que foi chumbada pelo MpD (poder).
Os MCSV integram o Movimento para
o Desenvolvimento de S.Vicente (MDSV) comandado por Marino Camões Delgado, o
Sokols 2017 presidido por Salvador Mascarenhas e Movimento a Favor de Sossego
(MFS) que tem como líder Antónia Môsso.
Em nota remetida ao
ASemanaonline, os representes dos Movimentos Cívicos de S.Vicente informa que
«se juntam a uma só voz para mostrar o seu repúdio pela não aprovação da Lei de
Transparência» pelo parlamento. « A lei da Transparência constitui uma lei que
deve ser exigida por todos, na medida em que permitirá um aperfeiçoamento da
democracia, inibição da corrupção, maior prestação de contas no ato da
governação, melhores condições para o exercício da cidadania ativa, para além
de aprimorar diálogo-comunicação entre a população, empresas e os governos».
Segundo alegam, o acesso aos
documentos administrativos pelos cidadãos e a transparência na gestão da coisa
pública são indispensáveis para consolidar e credibilizar o processo
democrático em Cabo Verde. «O acesso aos documentos administrativos pelos
cidadãos e o princípio da transparência administrativa constituem imperativos
imprescindíveis para a credibilização e consolidação da democracia
cabo-verdiana e deve ser encarado como um direito dos cidadãos e um dever dos
governantes».
Projeto de lei e debate na AN
É de recordar que o projeto de
lei que regula o acesso dos cidadãos aos documentos administrativos e consagra
o princípio da transparência activa na Administração Pública foi chumbado, no
dia 12 deste mês, com votos a favor do PAICV e UCID e abstenção do MpD.
Conforme a Inforpress, o deputado
João Baptista Pereira, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde
(PAICV – oposição), justificou os 20 votos a favor da sua bancada, proponente,
por entender que se trata de uma iniciativa “fundamental”, que não acarreta
quaisquer custos para o erário cabo-verdiano.
O diploma, ajuntou, visa permitir
os cabo-verdianos terem acesso aos arquivos da administração pública e visa
obrigar a Administração Pública a divulgar dados na Internet para que os
cabo-verdianos no país e na diáspora possam ter acesso a essa documentação.
“Contrariamente aquilo que eram
as nossas expectativas e que o MpD prometeu aqui no Parlamento, o diploma acaba
de ser chumbado. Este chumbo deve ser analisado pelos cabo-verdianos e por este
Parlamento”, afirmou, realçando que a não aprovação dessa lei representa
“vontade expressa de quem não quer, efectivamente, informar os cabo-verdianos
sobre a gestão da coisa pública em Cabo Verde».
Para este deputado do principal partido da oposição, o país tem um Governo que tem um “discurso bonito”, e que tendo em conta o programa que apresentou e prometeu aos cabo-verdianos, votar a favor seria contraditório por parte do partido que sustenta o Governo.
UCID votou favorável, MpD chumba
projecto com abstenção
Por seu turno, o deputado da
União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID – oposição) João Santos
Luís afirmou que o seu partido votou a favor do projecto de lei apresentado
pelo PAICV, porque o mesmo quis dar o seu contributo para que o país tivesse
uma lei sobre a transparência.
“Queríamos contribuir para que o
país tivesse uma lei sobre a transparência, mas a bancada da situação assim
entendeu, somos vítimas de termos, por várias vezes, solicitado informações ao
Governo e a algumas instituições e que foram negados tanto na governação
anterior como nesta”, indicou.
Para este parlamentar, Cabo Verde
precisa desta lei porque, justificou, “não faz sentido estarem a exercer cargos
de fiscalização para depois não conseguirem ter acesso às acções do Governo”,
mostrando-se, por outro lado, esperançoso de que futuramente a lei venha a ser
aprovada.
Já a deputada do Movimento para a
Democracia (MpD – poder) Filomena Gonçalves elucidou que o seu partido votou abstenção
por entender que o projecto tem “vários problemas”, frisando, que a iniciativa
da bancada do PAICV mistura muitas matérias, altera a lei existente sem fazer
referência a tais alterações, nem na nota justificativa, nem no corpo do
diploma, refere a Inforpress.
“Este diploma queria estender
essa fiscalização ao ponto de quererem controlar também os privados. O PAICV
quer é paralisar o Estado. A iniciativa do género vem com 15 anos de atraso
pois o momento ideal para apresentação dessa iniciativa seria o período de 15
anos no poder”, disse, lembrando, entretanto, que Cabo Verde “não é um Estado
sem fiscalização”.
Se PAICV quisesse a
transparência, prosseguiu Filomena Gonçalves, avançaria com uma iniciativa
coerente, séria e sobretudo com uma iniciativa que, de facto, quisesse melhorar
a transparência existente no país.
Segundo ainda a Inforpress, a
deputada informou, por outro lado, que o Governo já deu entrada no Parlamento,
uma proposta que aprova o regime de acesso de reutilização de documentos informações
administrativas, diploma “bem estruturado”, garantindo que o mesmo está a
trabalhar para o crescimento do país e para que a democracia e a transparência
continuem a ser o maior activo para a prosperidade de Cabo Verde.
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