O Presidente da Guiné-Bissau,
José Mário Vaz, demitiu o Governo do primeiro-ministro Aristides Gomes. A
decisão foi expressa em decreto presidencial, após reunião do Conselho de Estado.
"É demitido o Governo
chefiado pelo senhor Aristides Gomes", pode ler-se no decreto presidencial
divulgado na noite desta segunda-feira (28.10). No documento, o Presidente
guineense justifica a decisão, sublinhando que a situação prevalecente se
"enquadra numa grave crise política e que está em causa o normal
funcionamento das instituições da República, em conformidade com o estatuído no
número 2 do artigo 104 da Constituição da República".
José Mário Vaz convocara esta
segunda-feira os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado,
depois de no último sábado (26.10) ter responsabilizado o Governo por agravar a
discórdia e desconfiança quanto ao processo de preparação das eleições
presidenciais, marcadas para 24 de novembro, com a repressão de um protesto
não autorizado pelo Ministério do Interior, em Bissau, que provocou um
morto.
No fim da reunião do Conselho de
Estado, o porta-voz do Conselho, Vitor Mandinga, teceu gaves acusações contra
Aristides Gomes e o seu Governo. Segundo Mandinga, a Guiné-Bissau tem
"sucessivamente problemas ao nível do tráfico de droga" e "branqueamento
de capitais" e o primeiro-ministro "fugiu de responder na Assembleia
Nacional Popular".
"Este país não pode
continuar a depender de pessoas com panaceias, ilusões, vendedores da banha da
cobra sobre uma promessa irrealizável para reter e sequestrar os guineenses
apenas com intenção de dominar este país", afirmou Vítor Mandinga,
acrescentando que "os conselheiros entenderam por bem dizer ao senhor
Presidente que deve retirar os poderes constitucionais que tem e dissemos que
as eleições não podem ser adiadas".
Repressão policial
Outra razão pela qual o governo
teria que ser demitido, é a mortífera repressão
policial contra uma marcha pacífica de cidadãos no sábado passado,
segundo o porta-voz do Conselho de Estado da Guiné-Bissau:
"Logo numa primeira
manifestação de contestação do senhor primeiro-ministro e deste Governo tinha
havido imediatamente uma morte. Isto não augura bons tempos", afirmou
Vítor Mandinga.
Em conferência de imprensa no
domingo, o primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, afirmou que a pessoa
que morreu não foi vítima de confrontos com as forças de segurança e que está a
decorrer um inquérito para determinar o local da sua morte.
Aristides Gomes disse também que
há "ameaças
sérias" para a estabilização do país e criticou a posição do
Presidente, que acusou de condenar, sem julgar.
O chefe do Governo guineense já
tinha denunciado a semana passada uma tentativa de golpe de Estado, envolvendo
o candidato às presidenciais do Movimento para a Alternância Democrática
(MADEM-G15, líder da oposição). A Guiné-Bissau tem eleições presidenciais
marcadas para 24 de novembro.
Deutsche Welle | Agência Lusa, ac
Sem comentários:
Enviar um comentário