Nyusi pediu vitória “5-0”...
ganhou pela falta de comparência de 6,5 milhões moçambicanos
A Comissão Nacional de Eleições
(CNE) anunciou neste domingo (27) que o partido Frelimo e os seus candidatos
venceram as eleições as Eleições Presidenciais, Legislativas e Provinciais.
Filipe Nyusi, que durante a campanha pediu uma vitória “5-0”, foi reeleito
Presidente de Moçambique graças a habitual fraude com conivência dos órgãos
eleitorais mas também pela incompetência dos partidos de oposição em
mobilizarem os 6,5 milhões de moçambicanos que não saíram de casa (nem das
redes sociais) para exercer o seu dever cívico.
“O número total de votantes foi
de 6.679.008 eleitores, o que corresponde a participação de 50,74 por cento. O
candidato Filipe Jacinto Nyusi obteve neste agregado geral 73 por cento dos
votos, o candidato Daviz Mbepo Simango obteve 4,38 por cento do total de votos,
o candidato Ossufo Momade obteve 21,88 por cento e o candidato Mário Albino
obteve 0,73 por cento do total de votos”, anunciou o presidente da CNE, Abdul
Carimo Sau.
O apuramento geral dos resultados
da 6ª eleição Presidencial indicam que Nyusi obteve 4.507.422 votos porém o
número de moçambicanos que foram recenseados para este pleito mas não votou foi
de 6.483.313 eleitores.
Mesmo que se descontem os
“fantasmas”, que apoiariam o candidato do partido Frelimo, estes números mostram
que a maioria dos moçambicanos não votou em Filipe Nyusi mas também não votou
em nenhum dos outros candidatos nem mesmo para mostrar a sua posição
relativamente ao aumento da pobreza, a falta de Saúde, ao aumento da corrupção
ou mesmo sobre as dívidas ilegais.
O @Verdade entende que a maioria
dos eleitores que se abstiveram são jovens, muitos deles passam o dia nas redes
sociais a maldizer do partido no poder e a culpa-lo pela sua pobreza e falta de
oportunidades mas não foram mobilizados por nenhum dos políticos que concorria
ao mais importante cargo da Nação. Estes eleitores que não foram votar são
também o reflexo da Educação que nas últimas décadas tem sido destruída pelo
partido Frelimo, que embora esteja a formar muitos doutores e engenheiros assegura
que os mesmos não sejam cidadãos e muito menos activos.
Reagindo a confirmação da sua
mais do que provável reeleição Filipe Nyusi mostrou uma humildade que soa a
falso: “Quero também hoje e agora estender a minha mão aos meus irmãos Ossufo
Momade e Daviz Simango, e a todos os outros que aderiram ao processo eleitoral
num claro exercício democrático”.
“Nas eleições foram os meus
adversários e sei que não ficarão satisfeitos com os resultados hoje
anunciados, mas após as eleições, agora é o momento de unirmos forças para
juntos trabalharmos para o bem-estar dos moçambicanos”, declarou o candidato
presidencial do partido Frelimo.
Discursando para simpatizantes
que se juntaram na escola do partido na Cidade da Matola, Nyusi fez um directo
aviso ao partido Renamo, que ainda não entregou todas as armas que se
comprometeu quando assinou o terceiro Acordo de Paz, que: “Os partidos
políticos em Moçambique já não podem tentar resolver conflitos através de meios
violentos, já não há razão de recurso a violência em Moçambique”.
Frelimo volta a ter maioria qualificada
do período que contraiu as dívidas inconstitucionais e ilegais
A abstenção também venceu a 6ª
eleição Legislativa com 6.540.839 eleitores recenseados que não foram exercer o
seu direito cívico. Com apenas 4.194.718 votos o partido Frelimo que vai
continuar a impor a sua ditadura do voto na Assembleia da República onde terá
182 deputados, voltando a ter a maioria qualificada que teve durante o segundo
mandato de Armando Guebuza período no qual realizou a maior fraude de que há
memória: as dívidas inconstitucionais e ilegais.
A Renamo continua a ser o maior
partido de oposição mas perdeu muitos votos para a Frelimo principalmente nos
Círculos Eleitorais considerados de sua influencia.
No maior Círculo Eleitoral e
região de origem do seu novo líder o partido Renamo perdeu os 22 deputados que
havia conseguido eleger para o Parlamento e ficou com apenas 16 mandatos.
Na Província da Zambézia onde
havia elegido Ivone Soares, Viana Magalhães, José Manteigas ou Isequiel Gusse o
partido Renamo perdeu 10 mandatos, elegendo apenas 12 deputados para a
Assembleia da República.
Na Província de Sofala,
considerado bastião da oposição, o partido Frelimo aumentou de 8 para 14 os
seus mandatos no Parlamento indo buscar votos a Renamo, que dos 10 deputados
que tinha elegeu apenas 4, e ao Movimento Democrático de Moçambique, que perdeu
um deputado.
Paradoxalmente o partido Renamo
obteve os seus melhores resultados na Cidade de Maputo, onde aumentou de 3 para
4 o número de deputados eleitos, e na Província de Inhambane onde manteve os
dois mandatos que tinha.
Frelimo vai continuar a indicar
todos os Governadores provinciais
Na 4ª Eleição Provincial, que no
âmbito da descentralização pela primeira vez determina a eleição do Governador
de cada uma das dez províncias de Moçambique, o partido no poder desde 1975
arrasou com as pretensões da oposição e conquistou a maioria dos membros das
Assembleias provinciais e por conseguinte vai continuar a indicar quem manda em
cada uma das 10 províncias.
A obtenção do maior número de
membros nas Assembleias Provinciais da Zambézia, Tete e Sofala foi um dos
motivos que ditou a contestação das eleições de 2014 e culminou com o regresso
de Afonso Dhlakama às matas da Gorongosa. O maior partido de oposição
acreditava que não conseguindo chegar à Ponta Vermelha iria começar a governar
pelo menos nas províncias mais importantes.
Na Assembleia Provincial de
Nampula a Renamo tinha 46 membros, os mesmo da Frelimo, mas o apuramento
anunciado pela CNE indica que conseguiu eleger apenas 31 enquanto o seu
principal adversário passou a controlar 63 mandatos.
Mas o descalabro aconteceu na
Assembleia Provincial da Zambézia onde Manuel de Araújo claramente não
conseguiu extrapolar a sua popularidade no Município de Quelimane e a Renamo
perdeu os 51 mandatos que tinha elegendo somente 23 membros.
Outra pesada derrota da oposição
aconteceu na Província de Tete onde a Renamo tinha 42 mandatos e o MDM 3, na
eleição do passado dia 15 de Outubro o partido de Ossufo Momade ficou com
apenas 17 membros, o MDM com nenhum e a Frelimo elegeu 65 mandatos para a
Assembleia Provincial.
Na Assembleia Provincial de
Sofala o partido de Filipe Nyusi conseguiu eleger 60 membros, o dobro dos que
tinha em 2014, enquanto a Renamo passou de 45 para somente 13 membros. O
Movimento Democrático de Moçambique aumentou um mandato elegendo 8
representantes.
Adérito
Caldeira | @Verdade
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