Alguns milhares de professores
concentraram-se, este sábado ao início da tarde, na rotunda do Marquês de
Pombal em Lisboa e desceram a avenida da Liberdade rumo ao Rossio. Os bombos e
as gaitas de foles marcaram o ritmo.
O dia é de celebração pelo Dia
Mundial de Professor e, em véspera de eleições, os slogans devem ser contidos.
Um regime especial de aposentação é das reivindicações mais pedidas, pelo
rejuvenescimento da classe e pela qualidade do ensino, dizem.
"Vive-se um drama com a
falta de professores e muitos desistiram de dar aulas", começa por dizer
João Dias de Silva, líder da Federação Nacional de Educação (FNE), antes do
início da marcha. O número de aposentações disparou este ano, já sendo superior
ao de reformas em 2018 e até o número mais alto desde 2016.
Contra o envelhecimento da classe
a FNE propõe, no seu roteiro para a legislatura, que nos próximos quatros em
que devem aposentar mais de dez mil professores, que se atinja o objetivo de
entrarem no sistema 10% de docentes com menos de 30 anos. Ou seja, cerca de dez
mil professores. Neste momento são cerca de mil - menos de 1%. Enquanto os
professores com mais de 60 anos são quase 13 mil.
"Estou cá para dizer que
existo e que precisamos que olhem para nós". A recuperação integral do
tempo de serviço congelado (nove anos, quatro meses e dois dias), defende,
"pode parecer populista mas traria qualidade ao ensino". Permitiria a
aposentação de muitos, o rejuvenescimento da carreira e professores mais
motivados. "Precisamos de paz e de terminar a carreira com
dignidade", defende.
Para Maria Augusta Queirós, de 63
anos, o mais importante na próxima legislatura é a aprovação de um regime
específico de aposentação para os professores. "É urgente para dar lugar
aos novos, talvez conseguissem lugar perto de casa". O Governo, critica,
"não está a preparar as escolas" para o impacto de milhares de saídas
de docentes.
Maria Estrela Serdoura também
concorda que o regime de aposentação deve ser uma prioridade, incontornável, na
próxima legislatura. A educadora de infância de 50 anos ainda é contratada.
Este ano, aceitou mudar do Porto para Lisboa para garantir colocação em horário
anual e "ter a esperança" de entrar nos quadros no próximo ano.
"Há milhares como eu", diz ao JN, contando que paga 270 euros de
renda porque partilha a casa com outros quatro colegas, como ela, deslocados do
Norte em Lisboa. Além do regime de aposentação, outra prioridade na próxima
legislatura, defende, seria a aprovação de um subsídio para apoiar as despesas
de deslocação.
Alexandra Inácio | Jornal de Notícias
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