Em Quelimane, província central
da Zambézia, FRELIMO acusa edilidade dirigida pela RENAMO de desvio de dinheiro
destinado a sepultar quase 150 corpos não reclamados. RENAMO não responde
acusações.
A FRELIMO, partido no poder em
Moçambique, acusa a edilidade de Quelimane, governada pela RENAMO, maior
partido da oposição, de ter sepultado 147 corpos numa vala comum num cemitério
municipal.
Segundo acusação da bancada
da FRELIMO, esta foi a solução encontrada pela RENAMO, depois de desviar fundos
destinados ao fabrico de caixões para corpos não reclamados nas unidades de
saúde de Quelimane.
A RENAMO pede por isso uma
investigação ao elevado índice de mortes no Hospital Central de Quelimane.
Naquela unidade sanitária são
recolhidos semanalmente mais de 15 corpos abandonados na morgue, segundo o
vereador para área de saúde no Concelho Autárquico de Quelimane, Celso Malua.
Dinheiro de caixões foi desviado
Na sessão ordinária do Concelho
Autárquico de Quelimane, esta semana, Celso Malua, deputado da FRELIMO, falou
mesmo em violação dos direitos humanos.
"Tivemos o registo nesse
período em análise de cerca de 147 corpos não reclamados, 10 de adultos e 137
de crianças e todos esses corpos foram enterrados numa vala comum o que é
desumano por parte do concelho autárquico.”
A FRELIMO acusou a edilidade governada
por Manuel de Araújo de ter desviado dinheiro que se destinava a compra de
caixões.
"Existem verbas para atender
esse tipo de situações. É lamentavel para nós a bancada da FRELIMO termos
aprovado o orçamento e o dinheiro foi desviado e nem se quer um caixão foi
feito para atender esse tipo de situações”, acusou Malua.
A RENAMO escusou-se a responder a
acusação de desvio de fundos, mas admite que não há dinheiro suficiente para
fabricar caixões para todos os corpos não reclamados nas unidades de saúde,
especialmente no Hospital Central de Quelimane.
Costa Amado, deputado da bancada
da RENAMO e vereador para a área de saúde em Quelimane, disse que
"nós temos esta obrigação de todas as quartas-feiras passarmos pelo
Hospital Central de Quelimane para ver se há corpos não reclamados e
recolhê-los”.
A RENAMO referiu que os corpos
não reclamados são de crianças e questiona: "Imagine o número de mortes
que acontecem? Cada dia que vamos lá encontramos número elevado de corpos. Não
há capacidade para o Concelho Municipal ter caixões para toda aquela gente, não
é possivel”.
Investigar as causas do excesso
de corpos
Costa Amado defende a criação de
uma equipa para investigar as causas do que diz ser "um excessivo número
de mortes” no hospital.
O deputado da RENAMO diz que se
deve repensar no caso porque o número de crianças mortas é crescente no
Hospital Central de Quelimane: "As pessoas deviam procurar as razões
dessas mortes, o que é que está a acontecer no nosso hospital? Essa seria a primeira
preocupação que as pessoas deviam perceber. Somos obrigados a recolher corpos
se não aquilo ficaria sem espaço”.
Direção do hospital desmente
"muitas mortes”
O Diretor do Hospital Central de
Quelimane, Ladino Suade, rejeita estas declarações da RENAMO e garante que não
"se morre muito” nesta unidade:
Ladino Suade explicou que a taxa
de mortalidade no hospital era de 11% e agora baixou para os 8% e garante que
"o hospital está a funcionar bem e não tenham receio porque nós temos
muitas especialidades que outros hospitais não dispôem”.
Para o especialista em saúde
Jorge Fernandes não é problema enterrar corpos não reclamados numa vala comum.
Lembrou que as valas comuns
existem em todos os cemitérios oficiais em Moçambique, pois as mortes acontecem
em vários locais.
"Nesses trinta dias,
espera-se que os familiares reclamem os corpos. Se não for reclamado o
que vai se fazer? Juntam-se os corpos e vão ser enterrados em vala comum porque
não se pode pôr uma identificação pois não se sabe quem é”, esclarece Fernandes.
Marcelino Mueia (Quelimane) |
Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário