Tribunal de Chókwe determinou a
liberdade provisória de 23 delegados da Nova Democracia, RENAMO e MDM detidos
desde 15 de outubro. Nova Democracia iniciou uma campanha para tentar angariar
o valor, que considera elevado.
O Tribunal Judicial Distrital de
Chókwe, no sul de Moçambique, estipulou o pagamento de uma caução no valor
total de 720 mil meticais (10 mil euros), num prazo de cinco dias, para que os
detidos possam responder
ao processo em liberdade. A decisão foi tomada após uma reunião conjunta
mantida esta terça-feira (27.11) em Chókwe, na província de Gaza, entre o juiz do
caso, advogados, procuradora, Comissão Distrital de Eleições e Secretariado
Técnico de Administração Eleitoral (STAE).
Mas a mandatária nacional
da Nova
Democracia, Quitéria Guirengane, diz que o partido sem assento parlamentar
não dispõe do valor. Por isso, a Nova Democracia lançou já uma campanha de
angariação de fundos, inclusive nas redes sociais, para o pagamento da caução
para a restituição da liberdade aos jovens. "Ajudem-nos a pagar o valor de
resgate exigido pelo tribunal para a soltura de inocentes", é o principal
apelo feito no cartaz da campanha. As contribuições começam por 1 metical.
Uma das mães dos detidos, falando
em anonimato, diz não estar em condições de pagar a caução: "Ouvi ontem
que eles tinham sido chamados para Chókwe e dizem que aceitaram o pagamento da
caução. Ouvi também que cada pessoa são 40 mil meticais que devem ser
pagos dentro de cinco dias, mas não temos condições porque mesmo para nos
alimentar é um problema."
Esta mãe está também preocupada
com a recusa da polícia em devolver os bilhetes de identidade e outros
pertences dos detidos. Segundo ela, a identificação é exigida pelo partido Nova
Democracia, de quem espera algum apoio para a libertação da sua filha.
Caução e detenção "são
ilegais"
Apesar das decisões do Tribunal,
a Nova Democracia assegura que os detidos não cometeram nenhuma irregularidade.
E insiste ainda que tanto as custas judiciais que estão a ser acrescentadas à
caução como a detenção são ilegais.
O partido entende que é
justamente por isso que determinados trâmites processuais estagnaram. "A
tal instrução preparatória não avança porque não tem base. Os advogados até
hoje que foram chamados para esta reunião não tem acesso ao processo. Estão
perante uma ilegalidade atrás da outra que vai fazer com que Moçambique
concorra ao título de maior país do mundo em termos de violação dos direitos
humanos", afirma a mandatária da Nova Democracia.
Os detidos são acusados de crimes
de falsificação e uso de documentos falsos e não de ilícito eleitoral. O artigo
239 da Lei 2/2019 de 3 de maio, sobre falsificação de documentos relativos à
eleição, não é explícito sobre credenciais e refere que "aquele que de
alguma forma com dolo vicie, substitua, suprima, destrua ou altere os cadernos
de recenseamento eleitoral, os boletins de voto, as actas e os editais das
mesas das assembleias de voto ou quaisquer outros documentos respeitantes a
eleição e apuramento, é punido com pena de multa de seis a doze salários
mínimos nacionais."
Várias organizações
moçambicanas e internacionais têm apelado às autoridades moçambicanas
pela libertação
imediata e incondicional dos 18 membros do partido da Nova Democracia.
Carlos Matsinhe (Xai-Xai) |
Deutsche Welle
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