O embaixador da União Europeia em
Moçambique defende a criação de uma aliança estratégica coordenada com o
Governo do Presidente Filipe Nyusi para lidar com o fenómeno do extremismo
violento no norte do país.
"É importante estabelecer
uma aliança estratégica e coordenada com vista a identificar a ameaça com que
nos deparamos e criar abordagens que permitam salvaguardar a sustentabilidade
regional (África Austral)", afirmou António Sánchez-Benetido Gaspar durante
um seminário sobre extremismo violento na África Austral, na capital
sul-africana, Pretória, que termina esta quinta-feira (28.11).
Segundo o diplomata, a atual
insegurança na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, ameaça
alastrar-se à região Austral do continente africano, nomeadamente à vizinha
África do Sul e aos países do 'interland'. "Não temos quarenta anos ao
nosso dispor para ações que não produzem resultados. Temos de encontrar
soluções para mitigar este problema nos próximos cinco anos", salientou.
"É necessário considerar
novos métodos para lidar não só com as causas deste fenómeno, mas também com a
sua possível evolução e as mudanças rápidas que ocorrem devido à digitalização
e tecnologia, entre outros", salientou o diplomata.
"É interessante notar que,
nos últimos dois anos, o envolvimento da UE no combate ao extremismo violento
aumentou comparativamente ao combate às atividades de terrorismo", frisou.
Partilha e investimento
No caso de Moçambique, o
embaixador europeu disse depois à agência de notícias Lusa que o Governo
moçambicano deveria liderar uma estratégia integrada para fazer face à
crescente violência em Cabo Delgado, tendo em conta os diferentes atores no
terreno.
"Como parceiros, estamos
aptos a assistir, mas temos também de contar com as comunidades locais, as
organizações da sociedade civil e também com as empresas privadas, não só
aquelas que estão a operar no setor do gás e petróleo, mas de todas as
indústrias", afirmou.
"Pode haver uma partilha por
parte do Governo e uma aliança estratégica em que todos podemos investir mais
na criação de condições melhores para as populações locais, oferecendo serviços
básicos, criando oportunidades de emprego para os moçambicanos no quadro de uma
abordagem multifacetada", declarou à Lusa António Sánchez-Benedito Gaspar.
A conferência, subordinada ao
tema "Como lidar com o extremismo violento na África Austral", é
organizada pela União Europeia (UE) em coordenação com parceiros regionais,
nomeadamente o Instituo de Estudos Segurança (ISS) da África do Sul, e reúne
hoje na capital sul-africana investigadores, académicos, diplomatas, e
especialistas em terrorismo e segurança regional para analisar o fenómeno
emergente de grupos radicais em Moçambique e no sul de África.
Deutsche Welle | Agência Lusa |
Imagem: Casa destruída num ataque em Naúnde, em agosto de 2018.
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