sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Oposição moçambicana pede demissão do Presidente Filipe Nyusi


O pedido surge depois de o Presidente ser citado no julgamento sobre dívidas ocultas em Nova Iorque. Nyusi foi mencionado como tendo recebido um milhão de dólares da Privinvest para financiar campanha eleitoral de 2014.

Os dois maiores partidos da oposição moçambicana pediram, nesta quinta-feira (21.11), a demissão do Presidente da República, Filipe Nyusi, depois ter sido citado no julgamento sobre as dívidas ocultas, nos Estados Unidos da América.

O libanês Jean Boustnai, negociador da Privinvest e considerado o pivot do escândalo das dívidas ocultas, disse na quarta-feira em tribunal que Nyusi recebeu um milhão de dólares da empresa para financiar a campanha eleitoral de 2014.

Face a estas declarações, o porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), José Manteigas, entende que o Presidente se deve demitir, porque não está em condições morais para dirigir o país.

Em entrevista à DW África, o político diz ainda que Nyusi "não está em condições morais para fazer um discurso anticorrupção [e] para apelar ao cumprimento da lei e da Constituição. Portanto, a primeira posição que devia ter é demitir-se, pôr o cargo à disposição e explicar aos moçambicanos se é inocente ou se, de facto, recebeu esse dinheiro".


MDM dá 72 horas a Nyusi

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido parlamentar, também pede ao Presidente para colocar o lugar à disposição.

Augusto Pelembe, chefe nacional adjunto de informação do partido, deu um prazo: "Nas próximas 72 horas, exigimos que o senhor Filipe Jacinto Nyusi se demita e que também o Conselho Constitucional declare nulas estas eleições e convoque novas eleições, porque não podemos ser governados por bandidos", disse Pelembe em conferência de imprensa.

A  Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) também terá recebido 10 milhões de dólares das dívidas ocultas, segundo a acusação norte-americana.

O partido no poder frisou esta quinta-feira que o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, "não tem nada a ver com a questão das dívidas". E, sobre o facto de a FRELIMO também ter sido citada no processo, o porta-voz Caifadine Manasse disse apenas que o partido está "a seguir o julgamento".

Romeu da Silva, Agência Lusa | Deutsche Welle

Sem comentários:

Mais lidas da semana