quinta-feira, 13 de junho de 2019

Caso Odebrecht: Caíram Presidentes na América Latina, mas há "silêncio" em Angola


Ativistas e membros da oposição questionam o "silêncio" da Justiça angolana em relação ao caso Odebrecht. Entre 2006 e 2013, a construtora terá pago mais de 50 milhões de dólares em subornos a políticos em Angola.

Os negócios da Odebrecht em Angola voltam a ser alvo de questionamento, pouco depois de um antigo ministro ser detido em Moçambique por alegado envolvimento num esquema de corrupção relacionado com a construtora brasileira.

Ativistas e políticos da oposição angolana questionam: se o Ministério Público moçambicano investigou as denúncias de corrupção em que a construtora brasileira estará envolvida, porque que é que a Procuradoria angolana não faz o mesmo? Mas o "silêncio" permanece e as críticas aos órgãos do país continuam. Entretanto, passam mais de dois anos desde que a Odebrecht admitiu ter pago subornos.

De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, a empresa gastou cerca de 788 milhões de dólares em "luvas" para funcionários de Governos de 12 países. Em Angola, a Odebrecht terá desembolsado, entre 2006 e 2013, mais de 50 milhões de dólares para subornar oficiais do Governo e conseguir contratos públicos, segundo as autoridades norte-americanas.

Angola | MPLA vai alargar comité central


Congresso Extraordinário do partido no poder vai analisar este sábado as eleições autárquicas e o aumento do comité central para quase 500 membros.

O 7.º Congresso Extraordinário do MPLA realiza-se este sábado, em Luanda, presidido pelo líder do partido e chefe de Estado de Angola, João Lourenço, com dois grandes temas em análise: o processo das primeiras eleições autárquicas do país, que estão previstas para 2020, e o alargamento do comité Central do partido, dos actuais 363 membros para 497.

Sob o lema “MPLA e os Novos Desafios”, o encontro vai decorrer no Complexo Turístico do Futungo de Belas, de acordo com o comunicado do partido enviado às redacções.

Um dos temas fora de agenda que deverá dominar as conversas será a questão da deputada Tchizé dos Santos, filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, recentemente suspendida do seu lugar no Comité Central e alvo de um processo disciplinar por há meses não comparecer no Parlamento, superando o tempo previsto no estatuto do deputado. Tchizé dos Santos justificou-se ao PÚBLICO que estava ausente de Angola por temer pela sua vida e chegou a pedir um processo disciplinar contra João Lourenço. Declarações consideradas muito graves pelo porta-voz do partido, Paulo Pombolo.

Angola vai receber mais 248 milhões de dólares do FMI de um total de 3,7 mil milhões


A primeira tranche, no valor de mil milhões de dólares, foi concedida e confirmada em Luanda a 20 de Dezembro de 2018 pela directora-geral do FMI, Christine Lagarde.

O Fundo Monetário Internacional aprovou um novo financiamento no valor de 248 milhões dólares (219 milhões de euros) para Angola na sequência da conclusão da primeira avaliação do programa de apoio concedido ao país, informou a instituição em comunicado divulgado na quarta-feira.

O mesmo documento acrescenta que com este novo financiamento, o montante total concedido a Angola ao abrigo do Programa de Financiamento Ampliado ascende aos 1.24 mil milhões de dólares (1.09 mil milhões de euros).

Inflação acumulada de Angola atinge valor mais baixo desde 2016


Luanda, 13 jun 2019 (Lusa) - Os preços em Angola aumentaram 1,13% entre abril e maio, valor que coloca a inflação acumulada a 12 meses em 17,35%, atingindo o valor mais baixo desde janeiro de 2016.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o Índice de Preços no Consumidor (IPC), tendo como referência Luanda, registou uma variação de 1,13% entre abril e maio, cerca de 0,07 pontos percentuais superiores à registada entre março e abril.

A variação homóloga atingiu 17,35%, registando um decréscimo de 3,30 pontos percentuais com relação à observada em igual período do ano anterior.

A classe "Alimentação e Bebidas não Alcoólicas" foi a que mais contribuiu para a taxa de inflação do mês, com um aumento de 0,53 pontos percentuais, seguida das classes "Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção" e "Bens e Serviços Diversos", ambos com 0,11 pontos percentuais, "Saúde" e "Habitação, Água, Eletricidade e Combustíveis", com 0,09 pontos percentuais.

Guiné Equatorial aumenta produção petrolífera em maio depois de quebra em abril - OPEP


Malabo, 13 jun 2019 (Lusa) - A produção petrolífera diária na Guiné Equatorial cresceu 2.000 barris para 114.000 barris por dia em maio, depois de uma quebra em abril, segundo dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Segundo o mais recente relatório mensal da OPEP, publicado hoje e baseado em fontes secundárias da organização, o ligeiro crescimento da produção petrolífera equato-guineense em maio surge depois de ter registado uma quebra de 8.000 barris por dia em abril.

Em abril, a produção diária da Guiné Equatorial cifrou-se nos 112.000 barris, valor revisto em alta face aos 110.000 barris diários anunciados no relatório anterior.

O aumento da produção em abril surge depois daquela que foi a primeira redução na produção desde o início do ano. Nos primeiros três meses do ano, a produção petrolífera equato-guineense apresentou sempre um crescimento face ao mês anterior.

BAD dá 26,5 ME à Guiné Equatorial para melhorar gestão das finanças públicas

Malabo, 12 jun 2019 (Lusa) - O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou hoje que aprovou um empréstimo de 26,5 milhões de euros para a modernização e implementação de melhorias na gestão das finanças públicas da Guiné Equatorial nos próximos cinco anos.

"O Conselho de Administração do BAD aprovou um empréstimo de 26,5436 milhões de euros à República da Guiné Equatorial para financiar o Projeto de Apoio à Modernização das Finanças Públicas", lê-se num comunicado distribuído em Malabo, capital do país, onde decorrem os Encontros Anuais desta entidade.

Este apoio institucional será implementado entre este ano e 2023, e visa apoiar as autoridades nos esforços para reforçar a governação e modernizar a gestão das finanças públicas.

"Este apoio surge num contexto de queda dos preços do petróleo, iniciada em 2014, e de um programa de reformas económicas e financeiras apoiado pelo FMI [Fundo Monetário Internacional] através de quatro eixos prioritários: modernização do quadro regulamentar das finanças públicas, reforço da mobilização das receitas não petrolíferas, informatização das autoridades financeiras e fortalecimento da capacidade de gestão das finanças públicas", acrescenta-se no documento.

O Banco está empenhado em apoiar as autoridades neste esforço de modernização das finanças públicas e de ajustamento orçamental, reforçando a mobilização dos recursos não petrolíferos e controlando melhor as despesas públicas, adianta o BAD.

O objetivo é restabelecer a margem de manobra orçamental necessária para a diversificação económica.

Diário de Notícias | Lusa

Guiné Equatorial prevê recessão de 3,1% este ano


O Governo da Guiné Equatorial disse hoje que não há discrepâncias nos dados macroeconómicos enviados ao FMI, uma vez que os valores dizem respeito ao crescimento nominal e não ao crescimento real, que continua em recessão.

Em declarações à Lusa, uma fonte oficial do executivo explicou que os números que aparecem na página do Fundo Monetário Internacional (FMI) referente ao novo sistema de disseminação de dados harmonizados dizem respeito ao crescimento nominal da economia, que tem aumentado, ao passo que o crescimento real está negativo desde 2015, quando registou uma recessão de 9,1%.

"Apesar de a economia da Guiné Equatorial continuar em recessão, observou-se uma melhoria na evolução do crescimento do seu PIB em comparação com os anos anteriores, passando de -9,1% em 2015, para -8,8% em 2016 e uma melhoria para -4,7% em 2017", explicou esta fonte oficial, que aponta também para uma previsão de recessão de 2,9% no ano passado e de um novo crescimento negativo este ano, de 3,1%.

Guiné-Bissau | A luta dos honestos contra os desonestos - Abdulai Keita

A LUTA DOS HONESTOS CONTRA OS DESONESTOS ACONTECEU EM 11.06.2019 COM MAIS UM GESTO MUITO GROSSEIRO NO PARLAMENTO BISSAU-GUINEENSE

Abdulai Keita* | opinião

„ […] Os Deputados da Nação do PRS e do MADEM-G.15 invadiram a Mesa da ANP”, lia-se num dos artigos, ao qual o autor do presente texto teve acesso esta tarde (terça-feira) na blogosfera. Uma nova que, para este, não constitui nenhuma surpresa. Pois, registada como sendo outras facetas da nova estratégia de obstrução ao funcionamento normal da ANP desta gente, pelo menos, nesta fase inicial do arranque da X Legislatura. Onde, certos instrumentos do funcionamento contínuo desta instituição, o que esta gente bem sabe, serão instalados em definitivo nesta fase, sem mais possibilidades de virem ser, doravante, amovidos, por jeito nenhum até ao fim de tudo.
        
Bom, não estão na posição da verdade. Por isso mesmo, mais cedo ou mais tarde, vão acabar por se desarmar. Tudo dependendo contudo, do evoluir e da corelação de forças que se instalará evolutivamente e em definitivo, sobretudo, em relação à firmeza da posição assumida por ouro lado.

Ou seja, os Prs’sistas e os Mademistas ‘vão acabar por se desarmar’, dizia, porque, é a parte que neste momento se encontra com três decisões desfavoráveis dos Órgãos Judiciais do país (inclusive, dois do Supremo) sobre a garganta. Por isso, vão acabar por reconhecer tanto quanto é ridículo esses seus géneros de gestos de hoje. Muito grosseiros e inabituais, mas já registados à repetição pela terceira vez na ANP bissau-guineense, sempre, com a participação de destacados dirigentes Prs’sistas.  

"Medidas punitivas" para quem impede a normalidade constitucional na Guiné-Bissau


Angola pediu no Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) "medidas punitivas" para pessoas e entidades que continuem a criar obstáculos à normalização da vida constitucional na Guiné-Bissau.

"Esta delegação chama a atenção do Conselho de Paz e Segurança para que continue a acompanhar a atual crise política e a manifestar-se pronto para tomar as medidas necessárias no sentido de evitar um eventual agravamento da situação com a adoção de medidas punitivas para indivíduos ou entidades que continuem a criar obstáculos à normalização da vida constitucional na Guiné-Bissau", pode ler-se na intervenção feita pela representação angolana na reunião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, a que a agência de notícias Lusa teve acesso.

O Conselho de Paz e Segurança da União Africana reuniu-se na terça-feira (11.06.) em Addis Abeba, Etiópia, para analisar a situação da Guiné-Bissau.

Angola está o cumprir o seu terceiro mandato no Conselho de Paz e Segurança da União Africana.

Guineenses na Alemanha: "Economia da Guiné-Bissau também depende de nós"


Na Alemanha, emigrantes guineenses estão frustrados com a crónica crise política na Guiné-Bissau. E dizem sustentar famílias e até funcionários públicos com o dinheiro que ganham no estrangeiro.

A crónica instabilidade política na Guiné-Bissau pesa e muito nos bolsos dos emigrantes guineenses que são obrigados a trabalhar mais horas extras para que suas famílias não passem fome num país paralisado devido à luta pelo poder entre os principais partidos e atores políticos. Mesmo depois das eleições legislativas de 10 de março os guineenses não vislumbram soluções para a crise que teve início em 2015.

Muitas instituições públicas do país têm vários meses de salários em atraso, outras até com mais de 88 meses, como é o caso dos Correios de Bissau. A questão é: quem paga as contas das famílias guineenses no país?

Retomada sessão do parlamento da Guiné-Bissau após invasão da mesa


Deputados do Partido de Renovação Social Social e do Movimento para a Alternância Democrática invadiram a mesa do Parlamento durante uma sessão. Ao fim de cerca de 40 minutos, a sessão foi retomada.

A sessão da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau foi hoje retomada, após ter sido suspensa temporariamente depois de deputados terem invadido a mesa.

A sessão foi retomada ao fim de cerca de 40 minutos, depois de o presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, ter suspendido o plenário do parlamento.

Momentos depois do início da sessão, os deputados do Partido de Renovação Social e do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15) invadiram a mesa do parlamento, levando Cipriano Cassamá a suspender a sessão, quando se debatia a alteração dos pontos de discussão na ordem do dia.

Cabo Verde | PAICV “preocupado com estabilidade e segurança do país"


PAICV “preocupado” com acontecimento de factos que “perturbam estabilidade e segurança” do país

Quanto aos dados da Polícia Nacional que apontam para a redução da criminalidade, Rui Semedo argumenta que “algo não bate certo”

O líder da bancada parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição) disse hoje que o seu partido está “preocupado” com acontecimento de factos, nomeadamente desaparecimento de pessoas, que “perturbam estabilidade e segurança” do país.

Rui Semedo falava aos jornalistas na Cidade da Praia para fazer o balanço das jornadas parlamentares do PAICV, visando a preparação da primeira sessão plenária de Junho, que arranca na quarta-feira, tendo como pano de fundo o debate com o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, sobre a questão da segurança.

Portugal | O Aleixo acabou, a droga não


Nuno Botelho | Jornal de Notícias | opinião

O fim do Bairro do Aleixo é uma boa notícia. Já a dispersão do tráfico e do consumo de estupefacientes por toda a envolvente é um problema grave e levanta questões de segurança preocupantes. Afinal, quem é que manda na polícia?

A área que vai dos jardins de Serralves até ao Fluvial, entre hotéis de cinco estrelas e escolas internacionais, transformou-se num supermercado de droga a céu aberto, com epicentro no Bairro Pinheiro Torres, num cenário de degradação social absoluta. O fenómeno não é novo - estava escondido nas ruas interiores do Aleixo -, nem diferente do que há anos sucedia noutras paragens. Acresce que a uma boa medida da Câmara - o realojamento dos moradores do bairro, permitindo a sua demolição, a revitalização e o adequado tratamento urbanístico daquela chaga -, não cabem ao município competências correspondentes em matéria de policiamento e de segurança urbana. A Câmara pode acabar com o Aleixo mas não tem autoridade para acabar com o tráfico de droga. Sendo que não existe uma entidade regional que possa ser responsabilizada.

Aqui entram os vícios do nosso modelo de governo. Um Estado centralista gere as polícias (como outros instrumentos de soberania) à distância, totalmente alheado de todas e cada uma das realidades locais. Ao diretor da PSP ou ao ministro da Administração Interna tudo o que não constitua um problema de segurança ou de ordem pública em Lisboa e arredores não é prioridade. Não são os filhos dos governantes nem dos deputados que têm que passar pelo Pinheiro Torres a caminho da escola. Que fica demasiado longe de Lisboa para sequer colocarem a questão dos meios ou da falta deles.

Um Estado regionalizado associa políticas de segurança a responsáveis políticos, do mesmo modo que pode assumir compromissos e procurar resultados. Um governo regional, até porque vai a votos, não se demite das suas obrigações. A regionalização não se fará apenas por causa da PSP e da segurança dos cidadãos. Mas, por si só, seria um bom motivo para que se fizesse. Também para que no Porto não se pudessem ver episódios do "Narcos" sem precisar de assinar a Netflix.

*Empresário e Presidente da Associação Comercial do Porto

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Nota da Redação PG

O artigo de opinião de Nuno Botelho, aborda, pelo menos, dois pontos que referem a zona da cidade do Porto, porém em nossa opinião e conhecimento podem com toda a verdade ser extensivos a muitas outras zonas de Portugal.

O Bairro do Aleixo era uma zona degrada e paupérrima da cidade do Porto, as chamadas “casas para a ralé” e alguns da criminalidade. Ora isso ocorre em imensas zonas degradadas do país, também em Lisboa.

A centralização é, para Nuno Botelho, com razão, um mal que contribui para a situação que refere e que aparentemente se esgota no Porto. Mas não. A centralização de poderes em Lisboa afeta todo o país. Sabemos. Botelho também o sabe… Quem não o sabe? Muitos outros já estão devidamente esclarecidos, os políticos com poderes também. Urge avançar com a descentralização que vergonhosamente tarda. Esse é um dos problemas. A proliferação dos “barões lusos" da droga está-lhe no rasto. A droga é outro problema.

Em Lisboa, como no Porto, os “dealers” acoitam-se nos bairros sociais da Câmara Municipal de Lisboa, na Gebalis, melhor dizendo. A droga prolifera a céu aberto e a PSP não tem mãos a medir. Tantas vezes frustrada por não poder deitar ferros da justiça aos que são grandes “tubarões” da droga e que a disseminam por jovens desses bairros sociais, “promovendo-os a pobres-dealers”. ‘Pés-rapados’ que são afinal vítimas de esquemas criminosos desses mesmos grandes “tubarões”. Tudo porque a miséria a vários níveis abunda nesses bairros lisboetas (citadinos) de gentes cujas habilitações literárias, culturais, profissionais e outras atingem níveis tão pobres quanto Job. A escolaridade, dita obrigatória, principalmente para esses, passa a ser um mito. Até porque a escola é algo enfadonho, “uma seca” como tantos dizem e sentem tantas vezes, com muita razão.

Dos governos já sabemos o que a “casa gasta” quanto a isto. Das câmaras municipais também – principalmente nas grandes cidades. O fazerem nada ou quase nada para inverter as situações degradantes é o hábito quotidiano, outras entidades o que mais fazem é socorrer essas degradações a todos os níveis com um miserável subsídio que dá para nada, a não ser juntar aos parcos “rendimentos” da venda da droga, de objetos furtados e/ou outros pequenos roubos que podem ser incluídos no exemplo de irem aos supermercados com carrinhos de compras com fundos falsos. Lástimas.

Visto isso, a inércia dos poderes governamentais, autárquicos e outros - que podiam fazer a diferença – não segurarem o touro pelos cornos e preferirem deixar andar, vimos famílias inteiras a afundarem-se e os seus filhos jovens a puxarem-nas cada vez mais para baixo, para ainda mais miséria e perda de dignidade. Avós e/ou pais velhos, filhos jovens, tudo e todos são arrastados por esse mal maior, terrível, que é a droga.

As perspetivas são as de que tudo virá a ser pior ainda sem a descentralização dos poderes. Porque se tal vier a existir, quando existir, poderá criar as condições para agarrar o touro pelos cornos do modo adequado, porque cada caso é um caso e tem as suas especificidades. Multidisciplinarmente e multiprofissionalmente, em colaboração, as entidades locais e regionais podem vir a ser muito mais úteis se não tiverem de se sujeitar aos poderes centralizados. Afinal, dar azo a uma sociedade muito melhor, a uma juventude que vê a luz ao fundo do túnel, que pode desfrutar de uma educação escolar que não seja uma seca mas algo por que se interessem. Evoluírem enquanto cidadãos, culturalmente, profissionalmente, socialmente, etc.

Muitas mentalidades, usos e costumes vão ter de mudar com a descentralização. Certos vícios prejudiciais, a vários níveis, assistirão então à sua morte, ao seu desaparecimento. Surgirão outros vícios, perniciosos, é evidente. Mas aos que surgirem o que há a fazer é não os deixar ganharem raízes. A descentralização terá mais competências e capacidades para atuar na defesa dos reais interesses dos cidadãos, das cidades, vilas e aldeias… Até das empresas que existam nas suas áreas.

Lisboa engalanada | AS NOSSAS MARCHAS SÃO LINDAS!

Alto do Pina
Alto do Pina ainda em festa. É "até acabar o dia", diz o vencedor das marchas

Alfama, vencedor do ano passado, conquistou o segundo lugar e o terceiro foi para Penha de França.

O bairro do Alto do Pina foi o vencedor da edição deste ano das Marchas Populares de Lisboa, anunciou esta quinta-feira a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), responsável pela organização da iniciativa.

"Foi com bastante alegria que recebemos esta notícia. Obviamente sentíamos que o nosso trabalho seria recompensado, e foi recompensado ", contou Pedro Jesus, do ginásio do Alto do Pina, à TSF.

Às 8h00 desta quinta-feira, a festa ainda ocupa as ruas. Pedro Jesus descreveu uma sede ainda em passos de dança, onde se agrupam "marchantes, apoiantes, numa alegria muito grande".

Diversão, alegria, de fazer "rir e chorar", até o dia acabar, sem esquecer que "amanhã é um dia de trabalho para todos nós".

Alfama
O segundo lugar foi atribuído ao vencedor do ano passado, Alfama, e o terceiro a Penha de França.

Com centenas de participantes, o 87.º concurso das marchas contou com 20 grupos: Alfama (vencedora em 2018), S. Vicente, Carnide, Bica, Bela Flor-Campolide, Ajuda, Baixa, Madragoa, Penha de França, Graça, Beato, Marvila, Bairro da Boavista, Olivais, Mouraria, Parque das Nações, Castelo, Alto do Pina, Alcântara e Bairro Alto.

Penha de França
Em extracompetição, desfilaram pela Avenida da Liberdade as marchas Infantil "A Voz do Operário", Mercados, Santa Casa e, como convidada, a Marcha Popular de Ribeira de Frades (Coimbra).

A véspera do Dia de Santo António (feriado municipal na capital) foi ainda marcada, como é tradição, pelos Casamentos de Santo António, com 16 casais que se juntaram às marchas à noite, e com vários arraiais pela cidade.

TSF com Lusa | Fotos: 1) Duarte Roriz/CM; 2) Tiago Petinga/Lusa; 3) Duarte Roriz/CM

Portugal | Corrupção. Álvaro Amaro é um de cinco arguidos após buscas em 18 autarquias


A PJ lançou megaoperação no âmbito de uma investigação à viciação de contratos e favorecimento, que envolvem a Transdev. Álvaro Amaro e mais quatro pessoas foram constituídos arguidos

Álvaro Amaro, ex-presidente da Câmara da Guarda e eleito eurodeputado pelo PSD, foi constituído arguido no âmbito da operação Rota Final em que se investiga corrupção e favorecimento com contratos ligados a transportes públicos, em que empresas do grupo Transdev estão no centro. Além de Amaro, foram constituídos mais quatro arguidos, entre ex-autarcas e funcionários municipais e da empresa transportes. São os ex-presidentes das câmaras de Lamego, Francisco Lopes, e de Armamar, Hernâni Almeida, ambos do PSD, e um funcionário da autarquia de Lamego e um administrador da Transdev.

Mais de 200 inspetores da PJ e peritos saíram hoje para o terreno para fazer buscas em 18 autarquias, a maioria câmaras municipais, e a empresas privadas. O inquérito, onde é investigada viciação de contratos e favorecimento, é titulado pelo DIAP de Coimbra, dirigido pelo procurador-geral adjunto João Marques Vidal (o mesmo do processo "Face Oculta", irmão da ex-Procuradora-Geral da República, Joana Marques Vidal).

Morreu Isaura Borges Coelho, antifascista que lutou pelos direitos das enfermeiras


Figura da resistência ao fascismo, lutou pelos direitos das mulheres, nomeadamente, pelas enfermeiras, profissão que exerceu. Foi presa e torturada pela PIDE. Casou-se no Forte de Peniche com António Borges Coelho

Isaura Assunção da Silva Borges Coelho morreu na terça-feira, dia 11 de junho, aos 93 anos. A notícia foi avançada esta quarta-feira pelos jornais Sul Informação e Tornado. Resistente antifascista, lutou pelos direitos das mulheres, pela liberdade, democracia e foi presa e torturada pela PIDE - Polícia Internacional e de Defesa do Estado.

Na sua atividade contra o regime de António de Oliveira Salazar, destaca-se a luta pelos direitos das enfermeiras - profissão que exerceu - em poderem casar livremente. Recentemente, foi galardoada pelo município de Portimão com o título de cidadã benemérita e com a Medalha de Honra. Em 2002, pela sua luta pela democracia, liberdade e igualdade de direitos, recebeu do então Presidente da República, Jorge Sampaio, a condecoração da Ordem da Liberdade.

Portimão manifesta "voto sentido de pesar"

Isaura Borges Coelho nasceu em Portimão, a 20 de junho de 1926, frequentou a escola de enfermagem Artur Ravara e começou a exercer a profissão no Hospital dos Capuchos.

A Câmara Municipal de Portimão já manifestou publicamente "um voto sentido de pesar e de respeito profundo, muito sincero, pela memória de tão ilustre portimonense".

Na biografia disponibilizada pela autarquia, lembra-se que Isaura Borges Coelho cedo começou a lutar "pela melhoria das condições de trabalho e dos cuidados de saúde nos hospitais".

Encabeçou um abaixo-assinado dirigido ao presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar, ao Cardeal Cerejeira e ao enfermeiro-mor dos hospitais quando teve conhecimento que 12 colegas enfermeiras do Hospital Júlio de Matos "foram despedidas, por terem casado sem autorização".

"Recolheu centenas de assinaturas para exigir a liberdade de casamento para as enfermeiras". Pedia a revogação do artigo 60 do decreto-lei nº 28794, de 1 de Julho de 1938, que exigia que para os lugares de enfermeiras e também para os de empregadas domésticas só poderiam "ser admitidas mulheres solteiras e viúvas, sem filhos".

Portugal | Olá Ruben. Como é a minha vida hoje?...

Ruben de Carvalho
Pedro Tadeu | Diário de Notícias | opinião

Milhares de vezes, quando aquele número aparecia no mostrador do meu telemóvel, soava no auscultador a voz do Ruben de Carvalho: "Olá Pedro, estás bom?... Olha lá, como é a tua vida hoje?".

Por causa dos telefonemas do Ruben, desde que o conheci, em 1983, a minha vida profissional incluiu o jornal "Avante!", a Festa do "Avante!", a Telefonia de Lisboa, o Lisboa 94, e lembro-me lá agora de tantas outras coisas que fiz com ele, de tantas outras coisas que fiz para ele, de tantas outras coisas que fiz por causa dele. Ruben de Carvalho foi meu chefe.

Por causa dos telefonemas do Ruben, tive milhares de horas de conversa, milhares de jantares, milhares de discussões sobre política, história, sociologia, arte, música, relações humanas. Ruben de Carvalho foi meu mestre.

Por causa dos telefonemas do Ruben fui obrigado a estudar livros que ignorava, a ouvir discos que subestimava, a saber duvidar de certezas absolutas, a procurar questionar as minhas convicções para encontrar boas respostas sobre novos problemas, a recusar dogmas e lugares-comuns mas, ao mesmo tempo, a respeitar os milhares de anos de saber acumulado pela humanidade. Ruben de Carvalho ensinou-me a pensar.

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