Alastair Crooke, Strategic
Culture Foundation*
“A verdadeira razão por trás da
guerra ‘comercial’ EUA-China pouco tem a ver com o comércio real (…) O que está
realmente à base do conflito de civilizações entre EUA e China (…) são as
ambições da China de liderar a tecnologia de próxima geração, como a
inteligência artificial (IA), que depende de conseguir projetar e produzir chips
de ponta; por isso Xi prometeu pelo menos $150 bilhões, para ampliar o setor”, escreve ZeroHedge. (…)
Até aí, nenhuma novidade. Mas por
trás dessa ambição há outra, pouco mencionada, o conhecido “elefante na sala”:
é que a ‘guerra comercial’ é também o primeiro estágio de uma nova corrida
armamentista entre EUA e China – embora se trate de novo ‘gênero’ de corrida
armamentista. Essa corrida armamentista de ‘nova geração’ trata de alcançar superioridade nacional no campo tecnológico
para o longo prazo, mediante Computação Quântica, Big Data, Inteligência
Artificial (IA), Aeronaves Hipersônicas, Veículos Eletrônicos, Robótica e
Ciber-segurança.
O projeto chinês não é secreto: é
de domínio público: o ‘Made in China 2025’ (atualmente reduzido, mas longe de esquecido). E o gasto previsto pelos
chineses ($ 150 bilhões) para alcançar a liderança na tecnologia – será
enfrentado custe o que custar (‘head on’, nas palavras de ZeroHedge),
“por uma estratégia [de oposição]
de “America First”: Daí que a ‘corrida armamentista’ nos gastos em tecnologia
(…) esteja intimamente ligada aos gastos da Defesa. Nota: o FMI prevê
crescimento substancial no gasto militar de EUA e China nas próximas décadas,
mas o que muito surpreende é o seguinte: à altura de 2050, a China superará o
gasto dos EUA, com investimento de mais de $4 trilhões nos militares, e com os
EUA com $1 trilhão menos que isso, ou $3tn (…). Significa que mais ou menos em
torno de 2038, praticamente daqui a duas décadas, a China ultrapassará os EUA
em gasto militar.”
Essa intimidade muito próxima
entre tecnologia e defesa, no futuro pensamento de defesa dos EUA é clara:
trata-se sempre de dados, grandes dados [ing. big data] e Inteligência
Artificial (IA). Artigo em Defense One expõe isso muito
claramente,
“Os domínios de combate ‘espaço’ e ‘ciber’ são campos divorciados, largamente, da nua realidade física da guerra. Mas para Hyten [Gen. John E. Hyten, comandante do Comando Espacial da Força Aérea dos EUA], esses dois espaços não habitados refletem-se especularmente, de outro modo: a guerra moderna trava-se nesses campos – de dados e informações. “O que são as missões que cumprimos hoje no espaço? Prover informação; prover vias para o trânsito da informação; em conflito, negamos aos adversários acesso àquela informação,” – disse ele em pronunciamento na 4ª-feira na conferência anual da Associação da Força Aérea, próximo de Washington, D.C. O mesmo vale para o domínio ‘ciber’.