Rui Sá | Jornal de Notícias |
opinião
Como é habitual no primeiro fim
de semana de setembro, escrevo este texto na Festa do Avante!. Onde cheguei com
a minha filha Rita que, com os seus 9 anos, se transformou numa ferrenha fã da
Festa, ao ponto de, na semana anterior, já estar a suspirar "nunca mais
chega a Festa!"...
E, logo à entrada, entregue o
primeiro talão da entrada permanente (a famosa EP) ao camarada que nos recebe
com o recíproco "Boa Festa, camarada!" não consigo, nunca, evitar a
comoção de lá estar mais uma vez.
Imagino que este sentimento,
expressando-se de formas diferentes, é comum a milhares de pessoas, militantes
comunistas ou não - e basta ver as redes sociais para constatar os posts
comovidos e comoventes que milhares de pessoas lá colocam com imagens
orgulhosas suas na Festa.
E, sentado num banco de uma das
praças da Festa, vendo o corrupio de milhares de pessoas de um lado para outro,
dou comigo a pensar nas razões que fazem com que gente tão diferente ali
esteja. Os espetáculos quase contínuos e de praticamente todas as expressões
musicais numa dúzia de palcos; o privilégio de, no mesmo espaço, se encontrar
gastronomia de todo o país e mesmo internacional; o diversificado artesanato; a
possibilidade de assistir a um variado leque de modalidades desportivas; o
ambicioso programa político, com debates e exposições sobre inúmeros temas e
comícios; a bienal de artes; a hipótese de contacto com a luta e a cultura de
vários países e povos do Mundo; os espaços de recreio e os espetáculos
proporcionados às crianças; o ambiente de arraial, com a circulação de bombos,
cabeçudos e ranchos folclóricos; o acesso a feiras do livro e do disco; a
possibilidade de assistir a muitos espetáculos de teatro e cinema; o espaço
dedicado à ciência.
Tudo isto (e tanto me falta descrever!) são razões que
fazem com que anualmente dezenas de milhares de pessoas vão à Festa, dado que o
seu programa é tão multifacetado que é impossível que alguma pessoa não tenha,
pelo menos, um motivo de interesse na mesma. Mas creio, sinceramente, que o
motivo de atração maior da Festa é o ambiente que nela se vive e que, numa
palavra, se pode designar por fraternidade, porque, como diria o Zeca, o povo é
quem mais ordena, em cada esquina há um amigo, em cada rosto igualdade. Por
isso os comunistas se empenham (e orgulham!) tanto na sua organização. Porque a
Festa é uma demonstração da sua ímpar capacidade organizativa e é uma amostra
elucidativa dos ideais do seu partido. Festa de onde, em linguagem desportiva,
saem cansados fisicamente, mas mentalmente revigorados para os dias, exigentes,
que se aproximam...
*Engenheiro
Fotos: Festa do Avante 2019 (PCP)
Sem comentários:
Enviar um comentário