Edson José de
Araujo - Colaborador Voluntário | CEIRI News
Há séculos, a região do Ártico
foi considerada como uma localidade geográfica periférica, inóspita e
longínqua, que estava no imaginário de aventureiros ou visionários, onde as
circunstâncias que separavam sua localização dos mais importantes centros populacionais
e políticos do globo contribuíram para a concepção de uma região remota, que
não apresentava fatores que atraíssem atenções ao seu verdadeiro potencial.
Com o passar do tempo, por conta
do ímpeto exploratório mundial, a região passou a ser considerada como um novo
espaço de poder e de futura concorrência geoeconómica global, atraindo não só a
atenção de vários países, no intuito de explorar suas imensas riquezas, como
também sendo causa da potencialização de processos de militarização da região
por parte de nações que têm grande interesse político e económico, e vem agindo
dessa forma, no intuito de proteger seus interesses.
Foi precisamente no contexto da
Guerra Fria que a região ártica se consolidou como uma região geoestratégica de
relevo, devido ao papel desempenhado no âmbito da estratégia de dissuasão
nuclear e de disputas de poder entre as duas superpotências: os EUA e a União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Na estratégia de dissuasão, o
Norte foi o lugar ideal onde se cruzaram rotas planejadas dos bombardeiros de
longo alcance e dos mísseis intercontinentais. Era também no Ártico que se
realizavam os testes de armamento da União Soviética, então no seu papel de
potência nuclear, nomeadamente em regiões como Novaya Zemlya, Plesetsk e Nenok.
Neste sentido, o papel do Ártico na Guerra Fria moldou a caracterização da
região em termos militares e estratégicos, caracterização essa que persistiu
até o fim do conflito, e com a dissolução da URSS.
A Rússia, como maior território da região do Ártico, vem
procurando desenvolver e aumentar as suas capacidades de atuação e presença na
localidade. É possível associar essa intenção às condições geográficas do
país, que tornam o Norte a sua maior fronteira, onde as águas do Oceano Glacial
cobrem cerca de 60% dos mais de 37,6 mil quilômetros de litoral dessa nação e
que, consequentemente, sempre situou o Ártico na sua esfera natural de
influência, transformando o país numa potência dominante da região, segundo
estudos do Instituto Sueco para os Assuntos Internacionais.