quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A BANHOCA DE MARCELO EM ÁGUAS MORNAS E O 2020


Martim Silva serve o Curto deste novo ano. Vá ler porque a banhoca de Marcelo vem à cabeça. O Corvo foi o cenário escolhido porque Marcelo tem de ter cuidado e escolheu águas mornas porque nos Açores é assim nesta altura do ano, 17º até nem é muito fria. Foi um PR cauteloso, não fosse o frio das águas no continente turvar-lhe a máquina que bate-bate-coração. Pois. Obrigado senhor presidente Marcelo, gostámos de ver esses seus cuidados.

Inicio de 2020. Tenham um bom ano, desejamos a todos vós e para nós, já agora. O panorama é feioso e o futuro mostra-se rodeado de negritude tempestuosa. Deixem-se de tretas os otimistas ou hipócritas da política. Os ricos mais ricos e os pobres mais pobres... É assim todos os dias, todos os anos. O que move este "deixa-andar" que encarneira os portugueses e povos do mundo é a lábia dos políticos e dos grandes empresários, banqueiros e muitos que até deviam estar num cartaz tipo faroeste: PROCURAM-SE OS CRIMINOSOS TAL & TAL. Bem, mas isto já seriam outras conversas... Hoje não estamos para isso.

Vá no Curto saber as novas - em que algumas já têm barbas brancas ou amareladas do tabaco...

Bom dia. Cuidado com as gripes que até parece que são os laboratórios do mal que inventam para gerarem mais fortunas aos dos 1%, esses tais dos cartazes atrás badalados na prosa. Esses e outros. Pois, isto é mesmo conversa de má-língua... 

Avance. Certo é que a maioria dos portugueses vai ter um ano de afogadilho, só rico em promessas e milongas. O costume. Os iludidos continuam a balir... Que é como quem diz: "Iludidos e mal pagos". Pois.

PG


Bom dia este é o seu Expresso Curto

Marcelo, o anticiclone do Corvo

Martim Silva | Expresso

Ilha do Corvo, Açores, 1 de janeiro de 2020. Marcelo toma o primeiro banho do ano

Bom dia,

Este é o seu Expresso Curto desta quinta-feira, 2 de janeiro de 2020, e posso garantir-lhe que tem aqui provavelmente a melhor newsletter que já leu este ano.

Bom Ano e venha daí comigo

As últimas horas de 2019 e as primeiras horas de 2020 foram inevitavelmente marcadas pelo Presidente da República, ‘who else?’. Marcelo Rebelo de Sousa viajou para o Corvo, juntamente com as Flores uma das mais ocidentais ilhas açorianas, e por lá passou o ano, foi lá que deu o seu mergulho matinal de Ano Novo (pode ler e ver aqui como foi). E foi de lá que enviou aos portugueses a tradicional mensagem do chefe do Estado, em que falou da necessidade de se olhar para a saúde e a exclusão social com particular ênfase.

Mensagem de Ano Novo que pode ver ou rever aqui na íntegra.

Marcelo em modo hiperativo e hiperpresente em tudo e mais alguma coisa, e a falar de tudo e a tirar fotos com todos. Nada de novo, portanto.

Ainda assim, olhemos com mais detalhe para o que disse e fez, até porque se sabe o peso que a palavra presidencial tem na vida política nacional.

A mensagem de Ano Novo, desta vez emitida em direto a partir do museu do Corvo, foi analisada aqui por Vítor Matos, o editor de Política do Expresso (que acompanhou o Presidente nestes dias nos Açores). Quatro notas essenciais: 1. Marcelo pede que não se adie o que é mais urgente; 2. Sublinha que é preciso um governo forte, mas dialogante - consequência de não existir uma maioria no Parlamento; 3. O Presidente insiste na necessidade de alternativas fortes à direita, como contraponto do PS – e como tampão para o Chega; 4. Pede ainda atenção especial aos esquecidos e marginalizados, às vítimas das desigualdades e assimetrias.

Os elogios às palavras do Presidente vieram de quadrantes diversos. Como do Bloco de Esquerda e do PAN. Isto pelo fato de Marcelo ter realçado a necessidade do Governo dialogar com a esquerda. O PS não se ficou e de pronto garantiu que sim senhora, vai mesmo falar com a esquerda (é bom não esquecer que é já para a semana que o Orçamento é votado no Parlamento). O PCP foi mais cauteloso.

A capacidade ou não de diálogo entre a esquerda é mesmo central nesta altura para se perceber melhor o que pode acontecer nesta Legislatura.

CDS decidiu tomar as dores do discurso do Presidente, e na sua reação veio garantir que sempre foi forte na oposição ao Governo do PS. Para a Iniciativa Liberal, o discurso de Marcelo não correspondeu ao que dele se esperava. E o Chega aproveitou para criticar o Presidente e dizer que o país precisa de outro (é André Ventura a preparar uma candidatura que parece vir a caminho).

Da mesma forma que Marcelo se multiplicou em mensagens no Natal, quando a mensagem tradicional da época é do primeiro-ministro, agora foi a vez de António Costa deixar uma mensagem ao país no mesmo dia em que o Presidente da República o fazia. O primeiro-ministro escreveu um artigo no "Jornal de Notícias" de ontem sobre os objetivos e metas do Executivo que lidera.

Aqui pode ver o comentário de Ricardo Costa a propósito do último ano político e daquilo que podemos esperar no próximo. E aqui ler o editorial de hoje do "Público", em que Manuel Carvalho fala precisamente da sintonia de discursos entre Governo e Presidente

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,

notícia inicial já vem da noite de 30 para 31 de dezembro, mas vale a pena referi-la aqui, pelos impactos que a história vai seguramente ter nos próximos tempos, e cujas implicações e ligações a Portugal são evidentes. A justiça angolana fez um movimento de cerco a Isabel dos Santos, arrestando bens e propriedades e empresas detidas pela filha do antigo Presidente angolano (e pelo marido) ou em que tem participações relevantes. Aqui pode ficar a saber quais são as empresas.

Entretanto, a própria Isabel dos Santos já veio ontem reagir e negar as acusações, dizendo-se vítima de perseguição.

Rendas, portagens, tabaco, transportes, etc. Neste artigo pode ficar a saber mais sobre as subidas de preços previstas para este início de ano.

O CDS anda em busca de recuperar o muito terreno perdido e estamos à beira de um congresso e de saber quem será o sucessor de Cristas. Lemos os textos que vão à reunião magna do partido para tentar perceber o que pensa e quer quem quer liderar o CDS.

A Guiné-Bissau já tem Presidente eleito e Portugal promete cooperação e ajuda ao país neste novo ciclo político.

Lá fora,

Na primeira missa do ano, o Papa Francisco dirigiu-se em particular às mulheres vítimas de qualquer forma de violência.

Em Espanha, Pedro Sanchez parece finalmente ter conseguido desfazer o nó, e o debate de investidura do seu governo deverá começar já no sábado.

Carlos Ghosn, antigo líder da Nissan-Renault, conseguiu uma incrível fuga do Japão, onde se encontrava em prisão domiciliária, para o Líbano, na véspera do Ano Novo. A fuga terá sido conseguida colocando-se dentro de uma caixa vazia de um instrumento musical.

Em França, os protestos contra a mudança no sistema de reformas continuam e as greves já se prolongam há 29 dias seguidos, um recorde.

No primeiro dia do ano que pode marcar a sua reeleição, o presidente norte-americano vê-se a braços com duas situações internacionais delicadas, envolvendo o Irão e a Coreia do Norte.

A possibilidade de um regresso dos norte-coreanos aos ensaios nucleares já mereceu uma reação de preocupação por parte de António Guterres.

Em Hong Kong, o ano não começou de forma muito diferente de como acabou 2019. Cerca de 400 manifestantes detidos em confrontos no primeiro protesto do ano.

A Austrália, que continua terrivelmente atormentada por incêndios, teve em 2019 o seu ano mais quente de sempre.

Em Israel, Netanyahu pede imunidade parlamentar para não ser julgado por corrupção.

Tumulto em prisão no México faz 16 mortos e cinco feridos.

Alargamento e Brexit vão ser as prioridades da presidência croata da UE, que agora começa.

Sebastien Kurz deverá liderar o governo austríaco, depois das conversações entre o seu partido de centro-direita e os verdes terem chegado a bom porto. As negociações começaram em novembro, e quando Kurz se tornar novamente chanceler rouba o título de chefe do governo mais novo do planeta à sua homóloga finlandesa.

Prometi a mim mesmo que, estando já em 2020, não ia usar aqui links de artigos e notícias referentes a balanços do ano ou década pretérita. Fracassei. Não resisti. Este aqui, sobre os momentos mais marcantes da indústria do entretenimento na última década, é absolutamente imperdível. Fala-se de Guerra dos Tronos, de Anatomia de Grey, de Vingadores, da Disney, do Spotify.

Ok, vou falhar novamente. Nesta notícia aqui não só ficamos a saber que Trump mentiu qualquer coisa como 2700 vezes no último ano, como podemos ver quais foram as suas mais marcantes patranhas.

Uma obra de Picasso exposta na Tate Modern foi rasgada por um jovem.

DESPORTO

Enquanto se aproxima um fim de semana de clássico, entre Porto e Sporting, e ainda com um picante Guimarães-Benfica, ontem foi dia, mais um, de jornada futebolística em Inglaterra (Mourinho perdeu junto ao mar e ainda viu um amarelo por espiar as notas da equipa adversária).

E agora que chegamos a janeiro, chegamos também áquela altura do ano em que se volta a falar em força de contratações e reforços e vendas e contratos. Está aí a janela de transferências de Inverno. E o Benfica é por cá quem parece mais ativo.

As apostas no futebol português valem mais de 13 mil milhões por ano, titula hoje o Público.

Do outro lado do Atlântico, morreu o antigo homem forte da NBA David Stern.

O QUE ANDO A LER

Desde a última vez que por aqui nos encontrámos, e há tanto tempo foi, parece que já no ano passado, que ando entretido entre dois livros.

Um, considerado ‘o’ romance do Brexit. Jonathan Coe escreveu “O Coração de Inglaterra”, romance em que voamos pelos últimos anos do país e da sua vida política, pelo olhar de um conjunto de famílias e amigos que vão vivendo as suas vida e transmitindo-nos as mudanças no quotidiano do país… que acabaram por levar à decisão de abandono da União Europeia. A propósito de Coe, sugiro aqui a entrevista que o Observador lhe fez.

O outro, a mais recente obra de Mário Vargas Llosa, uma viagem autobiográfica e política e uma ode ao liberalismo. "O Apelo da Tribo": "a doutrina liberal representou desde a sua origem as formas mais avançadas da cultura democrática e foi a que fez progredir mais os direitos humanos, a liberdade de expressão, os direitos das minorias"

Por hoje é tudo

Uma vez mais, desejo-lhe um incrível ano de 2020. Que tudo o que desejou se concretize em dobro.

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

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