O Presidente são-tomense,
Evaristo Carvalho, considerou hoje que 2019 ficou marcado por "uma
acentuada crispação política", com o poder e oposição a
"posicionarem-se como inimigos políticos e não como adversários que devem
coabitar em democracia".
Numa mensagem por ocasião do fim
do ano, Evaristo Carvalho acusou o atual poder - apoiado pelo
Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD)
e coligação PCD-UDD-MFDM - de levar a cabo "uma política de tudo
para nós e nada para os outros", tendo "irradiado de todos os postos
que tenham alguma percentagem de poder de decisão" os elementos
pertencentes ao antigo partido no poder (Ação Democrática Independente).
O chefe de Estado são-tomense criticou
mais uma vez o poder judiciário, que acusou de ter "orquestrado várias ações de
perseguição judicial contra elementos afetos ao anterior executivo
[de Patrice Trovoada], com propósitos de natureza inconfessável, em circunstâncias ilegais,
humilhantes, no desrespeito dos direitos fundamentais previstos na
Constituição".
Evaristo Carvalho considerou,
contudo, a assinatura em outubro do Acordo de Facilidade de Crédito
alargado como o Fundo Monetário Internacional (FMI) como "um grande
esforço do Governo", liderado por Jorge Bom Jesus, para sustentar as
reformas económicas.
Reconheceu que as medidas nele
previstas "serão mais um aperto de cinto", mas "o mais
importante é que os objetivos preconizados sejam, de facto, atingidos".
"É necessário, sim,
restaurar a estabilidade macroeconómica, reduzir a vulnerabilidade da dívida e
aliviar a pressão sobre a balança de pagamentos, elementos indispensáveis para
sustentar um crescimento forte da economia", defendeu Evaristo Carvalho.
Referiu-se sobre a perfuração, em
2020, de dois blocos de petróleo pelas petrolíferas portuguesa Galp e
a americana Kosmos como "indícios de que a indústria petrolífera
poderá tornar-se uma realidade com benefícios importantes para a
economia".
Evaristo Carvalho criticou o
Governo pelo que considera de "clara desigualdade na distribuição de
rendimento e algum défice no acesso aos serviços de base como a educação e a
saúde, em particular dos mais desfavorecidos".
Na mensagem de cinco páginas, o
Presidente são-tomense "saudou a inauguração recente" da fábrica
de óleo da palma na zona sul do país, considerando-a como uma
"unidade que irá contribuir significativamente para a melhoria da balança
de pagamentos do país e a criação de empregos".
Evaristo Carvalho lamentou os
vários incêndios que "deixaram vítimas mortais e dezenas de famílias
desalojadas", sublinhando que "é preciso refletirmos todos
e procurar a saída para as causas desses acontecimentos".
O governante congratulou-se com a
aprovação pelo executiva da Carta de Política Educativa 2019-2023, que
considerou um "instrumento que visa proporcionar uma educação e formação
de qualidade para todos os são-tomenses".
No âmbito da cooperação
internacional, Evaristo Carvalho reiterou "os agradecimentos" ao
Governo português, que "há já longa data vem mantendo a presença do navio
Zaire nas águas marítimas [são-tomenses], dissuadindo nelas qualquer atos de
pirataria".
Estendeu o "apreço"
também à Marinha brasileira e aos Estados Unidos da América, China e Angola
pelas formações técnico-militares.
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © Lusa
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