quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

São Tomé | Ano de 2019 ficou marcado por "acentuada crispação politica"


O Presidente são-tomense, Evaristo Carvalho, considerou hoje que 2019 ficou marcado por "uma acentuada crispação política", com o poder e oposição a "posicionarem-se como inimigos políticos e não como adversários que devem coabitar em democracia".

Numa mensagem por ocasião do fim do ano, Evaristo Carvalho acusou o atual poder - apoiado pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) e coligação PCD-UDD-MFDM - de levar a cabo "uma política de tudo para nós e nada para os outros", tendo "irradiado de todos os postos que tenham alguma percentagem de poder de decisão" os elementos pertencentes ao antigo partido no poder (Ação Democrática Independente).

O chefe de Estado são-tomense criticou mais uma vez o poder judiciário, que acusou de ter "orquestrado várias ações de perseguição judicial contra elementos afetos ao anterior executivo [de Patrice Trovoada], com propósitos de natureza inconfessável, em circunstâncias ilegais, humilhantes, no desrespeito dos direitos fundamentais previstos na Constituição".

Evaristo Carvalho considerou, contudo, a assinatura em outubro do Acordo de Facilidade de Crédito alargado como o Fundo Monetário Internacional (FMI) como "um grande esforço do Governo", liderado por Jorge Bom Jesus, para sustentar as reformas económicas.


Reconheceu que as medidas nele previstas "serão mais um aperto de cinto", mas "o mais importante é que os objetivos preconizados sejam, de facto, atingidos".

"É necessário, sim, restaurar a estabilidade macroeconómica, reduzir a vulnerabilidade da dívida e aliviar a pressão sobre a balança de pagamentos, elementos indispensáveis para sustentar um crescimento forte da economia", defendeu Evaristo Carvalho.

Referiu-se sobre a perfuração, em 2020, de dois blocos de petróleo pelas petrolíferas portuguesa Galp e a americana Kosmos como "indícios de que a indústria petrolífera poderá tornar-se uma realidade com benefícios importantes para a economia".

Evaristo Carvalho criticou o Governo pelo que considera de "clara desigualdade na distribuição de rendimento e algum défice no acesso aos serviços de base como a educação e a saúde, em particular dos mais desfavorecidos".

Na mensagem de cinco páginas, o Presidente são-tomense "saudou a inauguração recente" da fábrica de óleo da palma na zona sul do país, considerando-a como uma "unidade que irá contribuir significativamente para a melhoria da balança de pagamentos do país e a criação de empregos".

Evaristo Carvalho lamentou os vários incêndios que "deixaram vítimas mortais e dezenas de famílias desalojadas", sublinhando que "é preciso refletirmos todos e procurar a saída para as causas desses acontecimentos".

O governante congratulou-se com a aprovação pelo executiva da Carta de Política Educativa 2019-2023, que considerou um "instrumento que visa proporcionar uma educação e formação de qualidade para todos os são-tomenses".

No âmbito da cooperação internacional, Evaristo Carvalho reiterou "os agradecimentos" ao Governo português, que "há já longa data vem mantendo a presença do navio Zaire nas águas marítimas [são-tomenses], dissuadindo nelas qualquer atos de pirataria".

Estendeu o "apreço" também à Marinha brasileira e aos Estados Unidos da América, China e Angola pelas formações técnico-militares.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Lusa

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