Umaro Sissoco Embaló, dado pela CNE como o vencedor das eleições presidenciais na Guiné-Bissau, disse esta quinta-feira (06.02) que vai tomar posse no próximo dia 27, com ou sem o consentimento do Parlamento do país.
No aeroporto de Bissau, de regresso ao país, após vários dias de um périplo pelo estrangeiro, Umaro Sissoco Embaló avisou o líder do parlamento, Cipriano Cassamá, que se não quiser presidir à cerimonia da sua posse, o ato será feito pelo vice-presidente do órgão, Nuno Nabian.
"Se o presidente da Assembleia Nacional Popular (Parlamento guineense), Cipriano Cassamá, com todo o respeito que me merece, não quiser presidir à minha posse, vou organizar Nuno Nabian, Satu Camará e deputados para me darem posse em qualquer parte da Guiné-Bissau", disse Sissoco Embaló.
Embaló garantiu que a cerimonia terá lugar em Bissau e deixou um recado aos juízes do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), onde decorre um contencioso eleitoral, devido ao recurso interposto por Domingos Simões Pereira, que alega fraude na segunda volta das eleições presidenciais de 29 de dezembro.
"Toda a gente sabe que Umaro Sissoco Embaló é o novo Presidente da Guiné-Bissau. O Supremo pode decidir o que quiser, mas penso que há uns quantos que não vão estar aqui na hora de dividir o dinheiro que receberam", afirmou Umaro Sissoco Embaló, referindo-se aos juízes daquela instância judicial.
"Um único chefe"
O político prometeu exibir gravações em áudio para provar a sua acusação e reafirmou a sua determinação em ser o Presidente efetivo a partir de dia 27. "Depois disso, a Guiné-Bissau, de uma vez por todas, terá um único chefe", sublinhou Embaló, frisando que "às vezes é preciso fazer a guerra para ter a paz".
"Quem não sabe que ganhei as eleições. Que vão para o Supremo Tribunal se quiserem, que vão mesmo para Haia", vincou Sissoco Embaló, deixando uma exortação aos militares, no sentido de terem em conta que a partir de agora é quem manda, na qualidade de comandante supremo das Forças Armadas.
A CNE deu a vitória ao candidato apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), Umaro Sissoco Embaló, com 53,55% de votos, tendo Domingos Simões Pereira, apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), obtido 46,45% dos votos, o que motivou um recurso ao STJ.
Na quarta-feira, a equipa jurídica de Simões Pereira entrou com um recurso no Supremo pedindo a anulação das eleições, alegando irregularidades no processo e fraude. O Supremo ainda não se pronunciou sobre o pedido.
Sissoco Embaló disse ter estado em 15 países, em visitas de praxe, e afirmou que "ninguém compreende o teatro que se passa" na Guiné-Bissau.
Aviso aos embaixadores
Na mesma conferência de imprensa, no aeroporto de Bissau, Umaro Sissoco Embaló avisou que vai mandar prender o embaixador do país que acatar a ordem de substituição da chefe da diplomacia, anunciada pelo primeiro-ministro Aristides Gomes.
Evocando motivos pessoais e políticos, a ministra dos Negócios Estrangeiros (MNE), Suzy Barbosa, pediu a demissão do cargo, em 24 de janeiro, e Aristides Gomes, através de um despacho, aceitou o pedido, ordenando a sua substituição no Governo pela ministra da Justiça, Ruth Monteiro.
Para Sissoco Embaló, o ato de Aristides Gomes "não tem nenhum cunho legal e não deve ser acatado pelos embaixadores" do país no exterior. "Mas, qualquer embaixador que acatar a ordem de Aristides Gomes, quando eu tomar posse, a partir do dia 27, volta para o país sob custódia, preso", declarou.
Na opinião de Sissoco, um despacho nunca pode revogar um decreto presidencial e Aristides Gomes "devia-se preocupar em pagar os salários" aos funcionários públicos.
Suzy Barbosa, deputada e membro do comité central do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), pediu a demissão do cargo de chefe da diplomacia guineense, na sequência de críticas de que foi alvo ao ter sido vista na companhia de Umaro Sissoco Embaló, nas visitas que este tem efetuado a vários países.
Deutsche Welle | Agência Lusa, tms
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