A morte, a vida, as doenças, o
sofrimento… A eutanásia vai hoje ao Parlamento. O Curto tem a abordagem por
Jorge Araújo, da chafarica da Impresa Balsemão e Restantes Ditas Agrafadas. Vá e
leia, sem morrer de espanto, nem de raiva. Hoje não estamos nessa de eutanásias.
Nem de Montijos com aves inteligentes e políticos imbecis que quando abrem a
boca entra mosca ou sai merda. Para além de possuírem mentalidades que eles próprios
consideram dons raros de inteligência, contrariamente ao povinho que é todo estúpido
como calhau. O desrespeito impera naqueles burgessos enfatuados e engravatados.
Adiante.
Também no Curto alguma prosa
sobre racismo e Marega, entre outros. Certo é que se o caso for a tribunal a
conclusão pode significar tiro pela culatra e o racismo expresso em tantos
casos e também neste de Marega sairá impune, como já aconteceu. Basta, para
isso, a justiça rodear-se de juízes e capangas racistas. Uma coisa é certa: que
o setor da justiça está emaranhado em conservadores e gentes da direita – mais ou
menos radical – não temos dúvidas. Aliás, se assim não fosse não haveria dois
tipos de justiça em Portugal, uma para ricos e outra para pobres. E não veríamos
tanta impunidade, como estamos carecas de apontar.
Olhem, e eles cá ralados por
tantas vezes lerem isto das impunidades e as duas justiças! Orai: “Venha a nós
o vosso vil metal e fazei dele minha propriedade, meu bem”. Pois.
Ontem lemos e publicámos no PG o
título “Portugal
dos banqueiros | Maioria das multas aplicadas a banqueiros fica por pagar”.
Uma peça extraída, no caso, do Jornal de Notícias. Surpresa não foi nenhuma. Os
Donos Disto Tudo continuam ativos e a exercer as suas competências nas artes de
sacarem aos milhões, de não pagar o que devem, de usufruir a exclusiva
impunidade da classe social a que pertencem e que para os comuns mortais
plebeus não é mais nem menos que uma sofisticada máfia composta por uns quantos
que debulham os portugueses e o país, como se fosse processo legal de nos
eutanasiar… à fome e/ou carências de vários estilos, todos horrendos. Cantava
Zeca: É fartar vilanagem. Até um dia. Pois.
Protestemos o que protestarmos os
bandos seletos de alcapones continuam a andar por aí, descaradamente, impunemente.
Sabemos que sem Justiça a Democracia é incompleta, quase ineficaz nas
liberdades e direitos que é de todos (deviam ser) mas que estão reservados só a
alguns, os tais alcapones e Donos Disto Tudo. Adiante.
Sobre os explosivos que a TAP
alegadamente transportou para Caracas junto com o apalhaçado Guaidó e seu tio,
o PR Marcelo, enfiou a máscara de Santos Silva e do governo… Que não. Que a
Venezuela está a mentir, que é um embuste… Ora o que parece mesmo embuste é o
governo de Portugal reconhecer como presidente da Venezuela – a reboque das
tentativas de golpe dos EUA naquele país
– um mau-caráter como Guaidó, quando a ONU considera o presidente legal da
Venezuela Nicolas Maduro. Santos Silva e o governo de Costa têm tido a posição
servil para com os EUA que é inadmissível e reprovada pela ONU. Pouca ou
nenhuma diferença vai deles para o ex-primeiro-ministro “Cherne Vendido Cheio
de Fénico”, Durão Barroso, em relação à invasão do Iraque em busca das armas que
não existiam e eles sabiam que o argumento era falso. O que estava na mira era
roubar o Iraque, tramar as populações, fomentar o estado de guerra em que ainda
está na atualidade, alastrada por muito do território do Médio Oriente.
Estamos longos nesta prosa antes
do verdadeiro e balsemanista Expresso Curto. Bilderberg que nos perdoe.
Façam pela vida porque a
Eutanásia é uma cabra dos bares de alterne de muito má reputação. Anda sempre
na vadiagem, por todos os lados, cidades, vilas e aldeias que lhe rendam uns
cobres. Hoje até vai estar na Assembleia da República, decerto na esperança de
cobrar uns milhões. Pobre ignorante. A megera nem sabe que ali e nas ilhargas existem
demasiados Coça Para Dentro e Debulhantes Encartados, de canudo (comprado ou
merecido). Megeros, às vezes, também.
Bom dia, depois do meio-dia. Viva
e seja feliz, se conseguir.
MM | PG
Bom dia, este é o seu Expresso
Curto
Na hora da nossa morte
Jorge Araújo | Expresso
A morte é um dia como os outros,
só que acaba mais cedo. Mas a morte ninguém discute. Todos sabemos que a vida
tem princípio, meio e fim. Que às vezes caminha em linha recta, outras aos
ziguezagues. E que é no fim que somos todos verdadeiramente iguais. Brancos,
negros ou de qualquer uma cor do arco-íris, todos reduzidos a pó. Com
mais ou menos lágrimas, deixando mais ou menos saudade.
A grande questão é a hora da
morte. Morremos quando “chegou a nossa hora”? Ou morremos quando
decidimos que a vida já é morte? Dito desta maneira, pode parecer que
o debate sobre a eutanásia, que tanta tinta tem feito correr, é mais sobre a
morte do que sobre a vida. Não estou certo disso. Quando um homem se
reconcilia com a vida, a morte pode ser a única estrada.
Nos últimos tempos, a
eutanásia alimenta discussões. Os dois lados da barricada esgrimam argumentos -
é curioso como uma barricada tem sempre dois lados e nunca um pouco de bom
senso – a igreja apostou tudo num referendo, admite-se que Marcelo
Rebelo de Sousa avançe para o veto e encaminhe o diploma para o tribunal
constitucional.
Certo é que o debate sobre a
despenalização da eutanásia acontece amanhã no parlamento. E tudo indica que o
sim é um dado adquirido.
Os deputados sabem que o Conselho
Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) mostrou, ontem, um cartão vermelho aos quatro projectos-lei.
Em sua defesa, o CNECV afirma que
“não constituem uma resposta eticamente aceitável para a salvaguarda dos
direitos de todos e das decisões de cada um em final de vida, não considerando
nem valorizando os diferentes princípios, direitos e interesses em presença,
que devem ser protegidos e reafirmados”. O debate no parlamento promete.
Na hora da verdade, alguns
deputados, nomeadamente do CDS, devem levar a lição bem estudada. Hoje à
noite, o auditório municipal Eunice Muñoz, em Oeiras, vai ser palco de um
colóquio sobre a Eutanásia, promovido pelo partido que já foi de Paulo Porta e
agora é de Xicão. Para além do presidente do partido, o destaque vai para a
especialista em cuidados paliativos, Isabel Galriça Neto.
UM CRIME É UM CRIME
Há dias que não riscam uma única
linha no calendário. Vivem suspensos entre a véspera e o dia seguinte. Hoje é
um desses dias.
Os holofotes já estão todos
virados para o debate sobre a despenalização da Eutanásia, mas ainda persistem
as ondas de choque do caso Marega - o jogador maliano do Futebol Clube do Porto
que, no domingo, abandonou o campo, em protesto contra os insultos racistas de
que foi alvo, por parte de adeptos do Vitória de Guimarães.
É triste a pele ter cor. Alguém
ver a cor da pele do outro. Na verdade, é mais do que triste, é crime.
Quem vê a cor, nunca vê o outro. Quem vê a cor tem dioptrias de ignorância.
Aqueles que julgam pela cor da pele costumam fazer doutrina no café, na paragem
de autocarros, no anonimato das redes socias. Quantas vezes os ouvimos insultar
e assobiamos para o lado? É assim que a onda cresce.
Mas o que aconteceu naquele
estádio foi diferente. Foi ao vivo e a cores, passou no horário nobre das
televisões, incendiou as redes sociais. O que aconteceu foi um crime à vista de
todos. E um crime deve ser punido. O racismo merece sempre tolerância
zero. O que aconteceu naquele estádio vai muito para além do futebol, diz
respeito a todos. Temos de decidir em que mundo queremos viver. Temos de
decidir se queremos continuar a ser homens.
Ontem, ficou a saber-se que a polícia
identificou pelo menos dez suspeitos. E o número deve aumentar.
A cada dia que passa, cresce a
solidariedade com Marega. Depois de Ricardo Quaresma, foi a vez de Abel Xavier dar conta da sua indignação.
Mas não tenhamos ilusões. O que
aconteceu com Marega acontece quase todos os dias, em quase todos os estádios
portugueses. A diferença é que o maliano teve a coragem – sim, é
preciso coragem – de dizer basta. Esperemos que a sua coragem encontre par na
nossa.
O racismo é apenas um dos
problemas do futebol – cada vez mais um mundo à parte, cada vez mais um
mundo onde vale tudo. E eu, que cresci com a bola nos pés, já não me sinto em
casa num estádio.
OUTRAS NOTÍCIAS
TAP. O presidente da república não tardou a reagir à decisão de Caracas de suspender
os voos da TAP por pelo menos três meses. “É injusto, inaceitável e
totalmente incompreensível”, disse Mardelo Rebelo de Sousa.
Na segunda-feira, o governo de
Nicolás Maduro tinha anunciado a suspensão por 90 dias das operações da TAP
alegando “ razões de segurança”, depois de acusações de transporte de
explosivos num voo oriundo de Lisboa, no qual viajava Juan Guaidó.
EDUCAÇÃO. O Tribunal de Contas
considera que o financiamento do Estado ao Ensino Superior não está a premiar o mérito. O Ministério da Educação responde dizendo
que as conclusões são “inaceitáveis” e “redutoras”
JUSTIÇA. Prossegue no tribunal de
Monsanto, em Lisboa, a fase de instrução do processo de Tancos. Há 23
pessoas no banco dos réus, sendo que a cabeça de cartaz é o antigo ministro da
defesa, Azeredo Lopes.
Os acusados respondem por um
conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa,
denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de
influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.
CORONAVÍRUS. Quando os mortos
deixam de ser gente e passam a números. Na China, os mortos deixaram de ter
nome. A última atualização do número de vítimas do coronavírus subiu para 2005.
E as ondas de choque nas economias, chinesa e global, começam a fazer-se sentir.
CHAMPIONS. A liga dos campeões
está de volta. Hoje, o Tottenham de José Mourinho entra em campo para os
oitavos de final da prova. Vai à Alemanha medir forças com o RB Leipzig.
O outro jogo grande da noite
coloca frente a frente os italianos do Atalanta contra os espanhóis do Valência.
Mas a bola começou a rolar ontem
nos grandes estádios da Europa. O Atlético de Madrid venceu os atuais
detentores do título, o Liverpool, por uma bola sem resposta.E o Borussia de
Dortmund derrotou os milionários do PSG por dois a um.
A final da prova rainha do
futebol europeu terá lugar no dia 30 de Maio, em Istambul,na Turquia.
O QUE ANDO A LER
A primeira viagem do jornalista
Luís Pedro Cabral pelos caminhos da ficção chama-se “ A Cidade dos
Aflitos”. Acompanho há muito a sua escrita nos jornais e tudo fazia prever que,
mais dia menos dia, iria desaguar num romance.
Este é um romance em carne-viva,
faz-se de palavras que queimam, mas tem a poesia da esperança. É uma
história sobre cancro. Sobre os corredores do Instituto Português de Oncologia.
É um retrato de pessoas de carne
e osso, num sítio onde ninguém quer estar. É a história de um dos nossos
piores pesadelos. Um livro que nos atira ao abismo e nos resgata enquanto
humanos.
O QUE EU ANDO A OUVIR
A voz era o seu maior tesouro.
Herança do pai, ou não fosse Alcides, filho de Bana, um dos reis da morna de
Cabo Verde. Mas Alcides sabia que esse tesouro não duraria para sempre. Aos 19
anos foi-lhe diagnosticada uma doença rara (neurofibratose), foi-lhe
anunciado que acabaria por perder por completo a audição.
Gravar um disco era uma maneira
de contrariar o destino. A única maneira de deixar um legado na
música cabo-verdiana. Era uma corrida contra o tempo. Mas queria ter todo
o tempo do mundo – a gravação do disco durou quatro anos.
Alcides Nascimento, que muitos
conhecem das noites na discoteca B´Leza , foi buscar para produtor musical
Paulino Vieira, o génio absoluto da música das ilhas. A empatia foi total.
Escolheram religiosamente os onze temas, procuraram a melhor roupagem para cada
um. A voz de Alcides fez o resto.
O resultado final não deixou
ninguém indiferente. O disco transformou-se numa obra de culto. Uma
preciosidade. Atrevo-me mesmo a dizer que é um dos discos mais importantes
da história da música de Cabo-Verde.
Recentemente, o disco teve uma
reedição. Limitada. Na hora da despedida, deixo-vos um cherinho de “Pensamento”,
título de uma das mais belas mornas do compositor B´Leza.
Tenha um resto de bom dia.
Sugira o Expresso Curto a
um/a amigo/a
Sem comentários:
Enviar um comentário