Passou uma semana exacta desde a
declaração do Estado de Emergência, e Espanha começa a viver os dias negros da
pandemia. Previsões apontam para que, na próxima semana, chegue aos números de
Itália. Região de Madrid é o epicentro da crise - 1756 novos casos e 176 mortes
em 24 horas.
Espanha chegou ao sétimo dia de
confinamento total com uma realidade muito negra - e prepara-se para que piore.
Só neste sábado foram declarados 4946 novos casos da covid-19, a doença
provocada pelo novo coronavírus, sendo já 24.926 as pessoas infectadas. A rede
de saúde, estando a ser usada a pública
e a privada, colapsou por sobrelotação, e por todo o país montam-se hospitais
de campanha - só no recinto da feira internacional da Comunidade de Madrid, a
região onde os números mais sobem de momento, estavam a ser montadas cinco
mil camas.
A subida vertiginosa no número de
casos era esperada, disse na conferência de imprensa diária, ao início da
tarde, José Sierra do Centro de Coordenação de Emergências. Sublinho
que não se sabe quando se atingirá o pico do contágio.
A única certeza, avançaram os
responsáveis, é que o ritmo de infecções em Espanha - os casos passaram de dois
para 100 numa semana, de 100 para 200 na segunda semana e de mil para 4000 em
quatro dias -, país que declarou o Estado de Emergência no sábado passado, vai
aumentar.
Os hospitais entraram em ruptura
- no país, como em Itália, já
se decide quem vive e quem morre -, com doentes com outras patologias
a serem enviados para casa, sempre que possível, para as alas serem ocupadas
pelos doentes com o novo coronavírus, com as unidades de cuidados intensivos
sem espaço para mais pacientes (onde cabem 12 estão agora 40, como num dos
hospitais de Madrid). E com hotéis e outros recintos a serem adaptados para
receber doentes.
A velocidade da propagação do vírus, ainda que esperada, é vertiginosa. Num só dia, e em toda a Espanha, foram hospitalizadas 13 mil pessoas, com metade delas a terem que permanecer internadas e 12% delas a exigirem cuidados intensivos, o que significa vigilância constante e ventiladores.
A velocidade da propagação do vírus, ainda que esperada, é vertiginosa. Num só dia, e em toda a Espanha, foram hospitalizadas 13 mil pessoas, com metade delas a terem que permanecer internadas e 12% delas a exigirem cuidados intensivos, o que significa vigilância constante e ventiladores.
Há clubes de futebol a oferecerem
instalações para ali serem instaladas unidades de saúde - por exemplo o
Barcelona, segundo a agência EFE.
O epicentro da crise é, neste
momento, a Comunidade de Madrid, que tem 6,5 milhões de habitantes. Em 24
horas, a região registou 176 mortes, num total de 804. A Comunidade de Madrid
contabiliza 60,6% do total de mortes em Espanha, segundo os dados divulgados
neste sábado pelo Ministério da Saúde. E nas mesmas 24 horas registaram-se 1756
novas infecções, de um total de 8921 (767 destas pessoas estão nos cuidados
intensivos).
Os hospitalizados em Madrid
perfazem 47,6% do total de Espanha.
O Ministério da Saúde espanhol
anunciou entretanto que adquiriu 640 mil testes de detecção rápida da infecção
- resultados em 15 minutos, diz o jornal La Vanguardia - que vão
ser distribuídos “imediatamente”.
E fez saber que há maior
dificuldade em adquirir material de protecção, como luvas e máscaras,
destinados aos médicos, enfermeiros e restante pessoal, como técnicos superiores
de diagnóstico e terapêutica e auxiliares de acção médica, porque neste momento
o mercado deste tipo de produtos está “muito agressivo”.
Ana Gomes Ferreira | Público
Sem comentários:
Enviar um comentário