Ex-ministra são-tomense Maria
Amorim associa-se à ideia lançada por líderes timorenses, que defendem uma
"mediação internacional urgente" na Guiné-Bissau. Presidente
português apela à paz e ao respeito institucional.
A antiga chefe da diplomacia
são-tomense receia que a situação de instabilidade possa derrapar e resvalar
para uma situação ainda mais crítica. Ouvida pela DW África, Maria Amorim
mostra-se bastante preocupada com a situação de vulnerabilidade da Guiné-Bissau
e partilha a ideia lançada pelos líderes timorenses, entre os quais o antigo
Presidente José Ramos-Horta, que defendem uma "mediação internacional
urgente" do clima de tensão perante os riscos de agravamento da crise
naquele país.
"Ramos-Horta foi o representante
das Nações Unidas numa fase também atribulada da Guiné-Bissau. A proposta dele
parece uma proposta sensata, de alguém com responsabilidade de cidadão do mundo
e que gostaria de ver a Guiné-Bissau numa posição mais estável e menos
conflituosa", afirma.
A ex-ministra são-tomense dos
Negócios Estrangeiros considera que as posições estão muito extremadas e
lamenta o facto de "ambas as partes" não se entenderem. "Não as
vejo a sentar e encontrar uma via de diálogo, um consenso, para poderem sair
deste impasse. É preferível que um olhar exterior, neutro, aberto, tolerante,
possa juntar as partes dissidentes e tentar encontrar um entendimento para
saírem desta situação", sugere.
O país tem vivido vários períodos
conturbados desde a independência, recorda Maria
Amorim, que exorta as partes a abraçarem o apelo timorense para uma
mediação internacional, porque os guineenses têm direito à paz e à segurança.
"Eu partilho essa ideia de Ramos-Horta de uma mediação
internacional e essa mediação internacional para surtir o efeito desejado
tem que ser aceite por ambas as partes, porque senão não haverá mediação."
Umaro
Sissoco Embaló, dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da
Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), tomou posse
simbolicamente como chefe de Estado guineense na semana passada, numa
altura em que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) ainda analisa um recurso de
contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira,
que alega a existência de graves irregularidades no processo.
Portugal prudente e atento à
situação
Marcelo Rebelo de Sousa está
atento à situação de tensão que se vive na Guiné-Bissau e deseja que se
encontre uma saída urgente para ultrapassar a crise que se instalou no país. O
Presidente da República Portuguesa, que falou aos jornalistas à margem de um
evento em Lisboa, apela ao respeito institucional naquele país lusófono.
"Nós o que desejamos é que
seja uma situação em que haja paz, tranquilidade, respeito institucional, não
conflitualidade, não a situações de tensão e de agravamento da tensão, que se
evite isso é fundamental", declarou.
O chefe de Estado está em
sintonia com as posições do Governo português e da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP), que no início desta semana emitiu um comunicado
apelando "à calma e à serenidade dos atores políticos para que se evitem
situações que possam levar a mais instabilidade política e violência com
consequências desastrosas para o país."
O chefe da diplomacia portuguesa,
Augusto Santos Silva, disse à agência Lusa que é "preciso observar
atentamente" para o que está a acontecer de modo a se ter "uma
posição informada" sobre o litígio, tentando ver se "esta
divergência jurídica e política é ultrapassada por meios pacíficos."
Portugal acompanha a situação em
articulação com a estrutura que reúne a comunidade internacional na
Guiné-Bissau, o P5, que integra as Nações Unidas (ONU), a União Europeia (UE),
a União Africana (UA), a Comunidade Económica de Estados da África
Ocidental (CEDEAO) e a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
João Carlos (Lisboa) | Deutsche
Welle
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