Martinho Júnior, Luanda
01- Assim proclamava o Presidente
António Agostinho Neto definindo a aliança entre o movimento de libertação em
África com a revolução cubana, nos anos da saga heroica da luta armada contra o
colonialismo e o “apartheid”!
De facto movia as duas nações irmãs
de Angola e de Cuba a vontade comum de libertação tricontinental, animada por
um Não Alinhamento activo que era exemplar para todas as nações, estados e
povos do sul, assim como para os progressistas de todo o mundo!
Esse é um sentimento que se mantém
de pé também graças ao pensamento estratégico do Comandante Hugo Chavez e de
António Agostinho Neto, que na base ainda do Não Alinhamento activo se continua
a abrir aos horizontes da autodeterminação, da independência, do exercício
saudável de soberania, da paz e do aprofundamento da democracia!
A liberdade não se esgotou nas
bandeiras içadas na hora do alcançar da primeira prova de vida dos povos, vida
arrancada ao lado errado da história!...
02- Em 2018, a 5 de Março, a
propósito do 5º aniversário do desaparecimento físico do Comandante Hugo
Chavez, estive na Praça Simon Bolivar em La Guaira e tive a oportunidade de
lembrar com os olhos bem abertos para a história, enquanto se exaltava a
memória do heróico líder bolivariano do século XXI, que foi naquele porto
venezuelano que em Janeiro de 1961 embarcaram os membros do Directório
Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL) que participaram na tomada do navio
de turismo Santa Maria, acontecimento que iria chamar a atenção global para uma
apagada Luanda (porto alvitrado como de seu destino) e assim antecipadamente
criar as condições para quebrar o muro de silêncio que o fascismo internacional
pretenderia implementar sobre a eclosão do 4 de Fevereiro de 1961, início da
luta armada de libertação nacional em Angola sob a égide do MPLA!...
Mais tarde, noutro 4 de Fevereiro
de 1992, o início duma longa luta cívico militar iria eclodir, para fazer
irromper logo no início do século XXI a Pátria Grande dos sonhos de Simon
Bolivar, consubstanciada desde logo numa Venezuela socialista e bolivariana sob
a clarividente orientação do Comandante Hugo Chavez, autor da própria história!
Nesses dois momentos táticos tão
decisivos iniciou-se em Angola uma longa luta contra o colonialismo e o “apartheid” e
na Venezuela uma longa luta contra o neocolonialismo imposto pelo império da
hegemonia unipolar, na base dum concerto neoliberal de 5ª geração!...
03- Na base do mesmo Não
Alinhamento activo e muito embora em dois estágios de luta tão distintos e por
que o que nos une é a ideologia e não a geografia, outros conceitos comuns se
desenvolveram, foram e estão a ser aplicados pela inesgotável vontade popular:
em Angola, por duas vezes a “generalização da luta armada” que
levaria à implementação da Organização de Defesa Popular em reforço das FAPLA e
da Segurança do Estado e na Venezuela, face às ameaças transversais e de
geometria variável sopradas a partir do império, a constituição de milícias
populares forjadas na luta de resistência a partir do conceito fundamental da
aliança cívico militar bolivariana!
Ambos os conceitos têm substância
profundamente dialética, por que há legitimidade de romper com a barbárie de
quem professa o lado errado da história!
Em ambos os casos as ameaças
mostraram-se poderosas: em África havia que se vencer definitivamente o
colonialismo e o “apartheid”, por tabela a internacional fascista e na
América havia que vencer um atávico neocolonialismo de cariz neoliberal de 5ª
geração, que impedia e impede a alcançar-se com toda a plenitude a autodeterminação
das nações, estados e povos de todo o continente americano!
Em ambos casos, foram e são
imprescindíveis os líderes de vanguarda à altura de António Agostinho Neto, do
Comandante Hugo Chávez e do Comandante Fidel!
04- Agora que se recorda em 7º
aniversário o desaparecimento físico do Comandante Hugo Chavez, estamos lúcidos
perante os ensinamentos da história em prol da luta dos povos ávidos de
liberdade e de justiça social, estamos lúcidos perante o pensamento estratégico
de António Agostinho Neto e do Comandante Hugo Chavez, estamos lúcidos perante
a sua herança desafiadora e de resgate popular que a civilização global
determina num momento em que o homem está perante riscos que podem levar ao seu
próprio desaparecimento!
Não nos devemos só inclinar
perante esses heróis maiores para todos os povos da Terra, não nos devemos só
inclinar perante a sua memória, antes assumir a responsabilidades do seu
legado, mobilizando cada vez mais os povos para o aprofundar da democracia,
para a prossecução da paz com justiça social, para a construção de civilização
prenhe de socialismo e lógica com sentido de vida, por que só haverá
civilização se ela se consumar a favor da vida e pela vida, jamais na barbárie
que conduz ao abismo!
Nessa imensa responsabilidade,
nessa herança vital, tenhamos a humildade, a dignidade, a solidariedade e o
internacionalismo de saber que o que nos une é a ideologia e com essa
sabedoria, numa cada vez mais ampla e intensa mobilização, urge vencer e vencer
e uma vez mais, em plena identidade com os povos de todo o mundo, vencer!
Obrigado!
Nota: minha intervenção a 5 de
Março de 2020 no âmbito do tema “A vida de um gigante”, por altura do 7º
aniversário do desaparecimento físico do Comandante Hugo Chávez (Programa em
anexo).
Martinho Júnior -- Luanda, 5 de Março de 2020
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