sábado, 7 de março de 2020

O QUE NOS UNE É A IDEOLOGIA, NÃO A GEOGRAFIA!



01- Assim proclamava o Presidente António Agostinho Neto definindo a aliança entre o movimento de libertação em África com a revolução cubana, nos anos da saga heroica da luta armada contra o colonialismo e o “apartheid”!

De facto movia as duas nações irmãs de Angola e de Cuba a vontade comum de libertação tricontinental, animada por um Não Alinhamento activo que era exemplar para todas as nações, estados e povos do sul, assim como para os progressistas de todo o mundo!

Esse é um sentimento que se mantém de pé também graças ao pensamento estratégico do Comandante Hugo Chavez e de António Agostinho Neto, que na base ainda do Não Alinhamento activo se continua a abrir aos horizontes da autodeterminação, da independência, do exercício saudável de soberania, da paz e do aprofundamento da democracia!

A liberdade não se esgotou nas bandeiras içadas na hora do alcançar da primeira prova de vida dos povos, vida arrancada ao lado errado da história!...

02- Em 2018, a 5 de Março, a propósito do 5º aniversário do desaparecimento físico do Comandante Hugo Chavez, estive na Praça Simon Bolivar em La Guaira e tive a oportunidade de lembrar com os olhos bem abertos para a história, enquanto se exaltava a memória do heróico líder bolivariano do século XXI, que foi naquele porto venezuelano que em Janeiro de 1961 embarcaram os membros do Directório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL) que participaram na tomada do navio de turismo Santa Maria, acontecimento que iria chamar a atenção global para uma apagada Luanda (porto alvitrado como de seu destino) e assim antecipadamente criar as condições para quebrar o muro de silêncio que o fascismo internacional pretenderia implementar sobre a eclosão do 4 de Fevereiro de 1961, início da luta armada de libertação nacional em Angola sob a égide do MPLA!...

Mais tarde, noutro 4 de Fevereiro de 1992, o início duma longa luta cívico militar iria eclodir, para fazer irromper logo no início do século XXI a Pátria Grande dos sonhos de Simon Bolivar, consubstanciada desde logo numa Venezuela socialista e bolivariana sob a clarividente orientação do Comandante Hugo Chavez, autor da própria história!

Nesses dois momentos táticos tão decisivos iniciou-se em Angola uma longa luta contra o colonialismo e o “apartheid” e na Venezuela uma longa luta contra o neocolonialismo imposto pelo império da hegemonia unipolar, na base dum concerto neoliberal de 5ª geração!...


03- Na base do mesmo Não Alinhamento activo e muito embora em dois estágios de luta tão distintos e por que o que nos une é a ideologia e não a geografia, outros conceitos comuns se desenvolveram, foram e estão a ser aplicados pela inesgotável vontade popular: em Angola, por duas vezes a “generalização da luta armada” que levaria à implementação da Organização de Defesa Popular em reforço das FAPLA e da Segurança do Estado e na Venezuela, face às ameaças transversais e de geometria variável sopradas a partir do império, a constituição de milícias populares forjadas na luta de resistência a partir do conceito fundamental da aliança cívico militar bolivariana!

Ambos os conceitos têm substância profundamente dialética, por que há legitimidade de romper com a barbárie de quem professa o lado errado da história!

Em ambos os casos as ameaças mostraram-se poderosas: em África havia que se vencer definitivamente o colonialismo e o “apartheid”, por tabela a internacional fascista e na América havia que vencer um atávico neocolonialismo de cariz neoliberal de 5ª geração, que impedia e impede a alcançar-se com toda a plenitude a autodeterminação das nações, estados e povos de todo o continente americano!

Em ambos casos, foram e são imprescindíveis os líderes de vanguarda à altura de António Agostinho Neto, do Comandante Hugo Chávez e do Comandante Fidel!

04- Agora que se recorda em 7º aniversário o desaparecimento físico do Comandante Hugo Chavez, estamos lúcidos perante os ensinamentos da história em prol da luta dos povos ávidos de liberdade e de justiça social, estamos lúcidos perante o pensamento estratégico de António Agostinho Neto e do Comandante Hugo Chavez, estamos lúcidos perante a sua herança desafiadora e de resgate popular que a civilização global determina num momento em que o homem está perante riscos que podem levar ao seu próprio desaparecimento!

Não nos devemos só inclinar perante esses heróis maiores para todos os povos da Terra, não nos devemos só inclinar perante a sua memória, antes assumir a responsabilidades do seu legado, mobilizando cada vez mais os povos para o aprofundar da democracia, para a prossecução da paz com justiça social, para a construção de civilização prenhe de socialismo e lógica com sentido de vida, por que só haverá civilização se ela se consumar a favor da vida e pela vida, jamais na barbárie que conduz ao abismo!

Nessa imensa responsabilidade, nessa herança vital, tenhamos a humildade, a dignidade, a solidariedade e o internacionalismo de saber que o que nos une é a ideologia e com essa sabedoria, numa cada vez mais ampla e intensa mobilização, urge vencer e vencer e uma vez mais, em plena identidade com os povos de todo o mundo, vencer!

Obrigado!

Nota: minha intervenção a 5 de Março de 2020 no âmbito do tema “A vida de um gigante”, por altura do 7º aniversário do desaparecimento físico do Comandante Hugo Chávez (Programa em anexo).

Martinho Júnior -- Luanda, 5 de Março de 2020

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