Sondagem da Pitagórica para o JN
e a TSF dá 41,7% ao PS e alarga fosso para o PSD (25,2%). Chega explode (8,1%)
e está a poucas décimas do Bloco (8,6%), deixando para trás a CDU (5,3%), o PAN
(3,1%), o CDS (2,9%) e a Iniciativa Liberal (2%).
O PS está a ganhar tração
eleitoral nestes dias de crise. Uma sondagem da Pitagórica para o JN e a TSF dá
41,7% aos socialistas (mais cinco pontos percentuais do que nas eleições de
outubro passado). Mas há uma outra revolução a bater à porta da política portuguesa:
o Chega alcança uma projeção de 8,1% (sobe quase sete pontos) e já ameaça
bater-se taco a taco com o BE (8,6%) pelo título de terceiro maior partido.
O trabalho de campo desta
sondagem aconteceu em plena crise da pandemia de Covid-19 e enquanto se
precipitavam medidas radicais - escolas fechadas, estado de emergência,
restrições à mobilidade de circulação, lojas e cafés fechados [ler cronologia].
Nada disso parece ter afetado a popularidade de António Costa e do Governo. Ao
contrário, o PS ganha força e estaria agora, se houvesse eleições, 16 pontos
percentuais acima do PSD (em outubro foram oito). Rui Rio conseguiria agora
25,2% (menos dois pontos e meio).
Mudanças à direita
Seria esta a mudança mais
significativa do barómetro, não fosse a força com que irrompe a direita radical
(ou extrema-direita, se valorizarmos a origem e o posicionamento ideológico de
muitos militantes e dirigentes do Chega): o partido de André Ventura passa do
limiar de sobrevivência parlamentar para quarta força política [ler texto na
próxima página], deixando bem para trás forças tradicionais da nossa democracia
como o PCP e o CDS.
Se considerarmos a totalidade das
forças políticas do Centro e da Direita, os ganhos são marginais relativamente
a outubro: somam mais três pontos (o conjunto da Esquerda tem agora mais dois),
mas adivinha-se uma reconfiguração deste bloco: à ascensão do Chega
corresponde, não apenas uma erosão do PSD, mas também a redução do CDS à
condição de pequeno partido: passa dos 4,22% de Assunção Cristas para os 2,9%
de Francisco Rodrigues dos Santos. A Iniciativa Liberal tem um pequeno
crescimento e poderia chegar aos 2%. Outra conclusão: à Direita do PSD (que Rui
Rio quer calibrar como um partido virado ao Centro) o espaço político vale hoje
13 pontos percentuais (cerca de metade do que conseguem de momento os
sociais-democratas).
Livre desaparece
Mais para a Esquerda do espetro
partidário, a única boa notícia é para o PS, que vai assumindo a hegemonia.
Tanto o Bloco como a CDU (agora com uma projeção de 5,3%) perdem cerca de um
ponto percentual entre outubro e março, mais preocupante para a coligação
comunista, dado o resultado frustrante das últimas legislativas. Estar um pouco
mais afastado da solução de Governo (não há acordo parlamentar, mas continuam a
viabilizar orçamentos) não parece trazer vantagens eleitorais imediatas. Quanto
ao Livre, consumado o divórcio com a deputada Joacine Katar Moreira,
simplesmente desaparece.
Como quase sempre, entre tanta
oscilação e mudança, há a exceção que confirma a regra: o PAN de André Silva
mantém-se inamovível, com um resultado que seria agora de 3,1%. Os
ambientalistas/animalistas continuam ancorados num eleitorado feminino, urbano
e jovem, como confirmam os dados parcelares dos diferentes segmentos em que se
divide a amostra desta sondagem.
No que diz respeito aos
indecisos, destacam-se as mulheres (20,6%), os que têm entre 25 e 34 anos
(24,4%), os que têm maior (21,7%) e menor (21,6%) rendimento, os que vivem no
Sul (23,9%) e ainda os que votaram BE nas eleições legislativas de outubro passado
(27,3%).
Rafael Barbosa | Jornal de Notícias | Imagem: Hugo Delgado / Lusa
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