sábado, 21 de março de 2020

Portugal | Salvar-se para merecer ser salvo


Paulo Baldaia | TSF | opinião

O negócio da comunicação social, que já estava em crise, vai sofrer de modo particular com a quase paralisação da economia, provocada pela pandemia do novo coronavírus. Não podemos ficar indiferentes ao facto desta machadada atingir de forma muito dura um setor que é crucial neste combate e que mantém os seus custos, mas que está a perder grande parte das suas receitas. Nunca os jornais, rádios, televisões e os seus online tiveram tanta audiência e nunca a informação rigorosa foi tão necessária. Quando a economia para, as receitas publicitárias são as primeiras a desaparecer.

Garantir a viabilidade económica das empresas de comunicação social, proposta altamente impopular nas redes sociais, numa situação altamente crítica como a que vivemos, é uma obrigação de qualquer governo em Democracia, mas salvar o jornalismo continua a ser uma tarefa exclusiva dos jornalistas. O que vimos, lemos e ouvimos nos últimos tempos deu sinais altamente contraditórios. Se, por um lado, a utilidade e o rigor da informação dos órgãos de comunicação social fez contraponto com a inutilidade e falsidade de muita informação das redes sociais, por outro lado, fez-nos desperdiçar o tempo numa corrida em que procuravam adivinhar o que o governo ia decidir. E quando falharam, a culpa foi sempre da realidade. Pior, em muitos casos, foi notório o ressabiamento dos jornalistas com o governo pelo facto de o governo não ter decretado proibições que os jornalistas garantiam que iam acontecer.

No deve e haver, nada supera a utilidade dos órgãos de comunicação social na capacidade de dar aos portugueses informação útil e rigorosa. Por agora, é preciso que os jornalistas abdiquem de correrias sem sentido e que o poder político comece a elaborar um plano para salvar as empresas de comunicação social que demonstrarem que merecem ser salvas.

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