Díli, 07 abr 2020 (Lusa) -- O
regresso de timorenses da diáspora, especialmente através da fronteira
terrestre com a Indonésia, e eventuais casos assintomáticos, já no país, são as
maiores situações de risco relacionadas à covid-19 em Timor-Leste.
O porta-voz do Gabinete de Gestão
de Crise da covid-19, Rui Maria de Araújo, explicou à Lusa que o receio do país
vir a ter mais casos da covid-19 são "o regresso de timorenses vivendo na
diáspora e a existência de possíveis casos assintomáticos".
Ainda que os voos comerciais para
Díli estejam atualmente suspensos, centenas de pessoas continuam a chegar à
fronteira terrestre que divide a ilha, com as autoridades a permitirem que
alguns grupos entrem no território.
Quem entra é depois levado para
locais de quarentena criados pelo Governo.
Rui Araújo diz que lidar com esta
questão coloca duas alternativas, ou "suspender a entrada dos timorenses
pela fronteira por um certo período, de forma a habilitar melhor o
sistema" ou "melhorar as condições de confinamento obrigatório e de
exames laboratoriais para os grupos de maior risco".
Ainda assim, e independentemente
da situação atual no país, Rui Araújo disse que é vital "as pessoas
aderirem ao confinamento voluntário, ao distanciamento social e físico".
"Nunca se sabe se já existem
assintomáticos com potencialidade de transmissão no meio das comunidades",
considerou.
"Temos que continuar
vigilantes e praticar à letra todas as medidas de prevenção a nível pessoal, em
família e como comunidade. Todo o cuidado é pouco nesta pandemia cujo causador
principal continua a demonstrar certos comportamentos imprevisíveis",
referiu.
Rui Araújo sublinha que
"vários países deixaram de ter novos casos, e ao relaxarem foram depois
apanhados de surpresa com o ressurgimento inesperado de novos casos" --
como ocorreu no Japão, Singapura ou Macau -- e que "é sempre melhor acatar
todas as medidas preventivas que são do conhecimento de todos".
Noutro âmbito o porta-voz
timorense disse que no final deste mês deverá chegar a Timor-Leste o primeiro voo
com material médico que está a ser comprado no mercado internacional,
nomeadamente através de uma parceria com o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD).
Sobre as maiores carências do
sistema de saúde para lidar com a doença, Rui Araújo disse que entre as
dificuldades estão a "capacidade para identificar casos através de exames
laboratoriais mais extensivos aos grupos de maior risco".
Relativamente ao único caso
confirmado em Timor-Leste - um cidadão detetado a 21 de março e que está em isolamento
- Rui Araújo explicou que o paciente foi já alvo de vários exames subsequentes,
que deram resultado positivo à doença.
Atualmente, e segundo os dados
mais recentes, as autoridades comprovaram já cerca de 45 casos negativos,
estando à espera de resultados em quatro outros casos suspeitos.
Atualmente estão em confinamento
obrigatório em estruturas preparadas pelo Estado um total de 884 pessoas, a que
se somam mais 74 em autoconfinamento em casa.
Já completaram o processo de
período de quarentena obrigatória de 14 dias um total de 736 pessoas, das quais
616 em Díli e 119 nos vários municípios.
ASP //SB
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