A organização não-governamental
(ONG) Human Rights Watch (HRW) pediu hoje a Pequim que acabe com a
discriminação aos africanos na China no âmbito da pandemia da Covid-19.
"O Governo chinês deve parar
com o tratamento discriminatório aos africanos relacionado com a pandemia de
Covid-19", afirmou a ONG em comunicado.
"As autoridades também devem
proteger africanos e pessoas de ascendência africana em toda a China contra discriminação
no emprego, moradia e em outros domínios", defendeu a HRW.
Um dos membros da organização na
China, Yaqiu Wang, citado na mesma nota, argumentou que "as autoridades
chinesas reivindicam 'tolerância zero' à discriminação, mas o que estão a fazer
com os africanos em Cantão cidade no sul é apenas um exemplo".
"Pequim deve investigar
imediatamente e responsabilizar todos os funcionários e outros responsáveis
pelo tratamento discriminatório", acrescentou.
A ONG recordou que a 12 de Abril
as autoridades da província de Guangdong, onde se situa Cantão, anunciaram que
todos os estrangeiros deviam aceitar as medidas de prevenção e contenção da
pandemia da Covid-19.
Mas, na prática, as autoridades
tinham como alvo os africanos para testes e quarentena forçado, alegou a HRW:
"Visitaram casas de residentes africanos, testando-os no local ou
instruindo-os a fazer um teste em um hospital. Alguns receberam ordens para se
confinarem em casa com câmaras de vigilância ou alarmes instalados fora dos
seus apartamentos".
O que não se justificava,
para a ONG, já que "não havia base científica evidente para esta
política".
Afinal, "a maioria dos casos
importados da Covid-19 para a província eram cidadãos chineses que regressavam
ao país" e "muitos africanos já haviam testado negativo para o
coronavírus, não tinham histórico recente de viagens ou não tinham contacto com
pacientes", acrescentou a HRW.
Em meados de Abril, o Governo
chinês garantiu ter "tolerância zero" para com tratamento
discriminatório, depois de países africanos terem protestado formalmente contra
a alegada discriminação sofrida pelos seus cidadãos em Cantão, devido à
pandemia do novo coronavírus.
"Os nossos amigos africanos
podem contar com uma recepção justa, cordial e amigável na China", afirmou
o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian.
O porta-voz respondeu assim a uma
carta enviada pelos embaixadores africanos ao ministro chinês dos Negócios
Estrangeiros, Wang Yi, e ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Os embaixadores africanos
denunciaram ainda alegadas quarentenas forçadas para africanos, apesar de
testarem negativo, ameaças de anulação do visto de residência e deportação
pelas autoridades chinesas, apesar de terem os documentos em dia.
Jornal de Angola
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