Pequim, 29 jun 2020 (Lusa)
- Dois porta-aviões da marinha norte-americana estão a realizar operações
duplas no Mar das Filipinas, indicaram hoje fontes militares, numa demonstração
da prontidão da sua força militar em apoio aos aliados do sudeste asiático,
pressionados pelas reivindicações territoriais da China.
Navios e aviões designados
para acompanhar os porta-aviões Nimitz e Ronald Reagan começaram os exercícios
no domingo passado, informou em comunicado a 7ª frota dos Estados Unidos,
responsável pelas operações no Indo-Pacífico.
"As operações
demonstram o nosso compromisso com os aliados regionais (...) e a nossa
prontidão para enfrentar todos os que desafiam as normas internacionais",
disse o contra-almirante George Wikoff, comandante do Grupo de Ataque 5, num
comunicado.
"A marinha dos EUA
realiza regularmente operações integradas de grupos de ataque para apoiar um
Indo-Pacífico livre e aberto e promover uma ordem internacional baseada em
regras, em que cada país pode atingir o seu potencial sem sacrificar a
soberania", acrescentou.
Os líderes do sudeste
asiático emitiram também uma das suas declarações mais fortes de sempre em
oposição às reivindicações territoriais da China de praticamente todo o Mar do
Sul da China.
Os líderes da Associação
das Nações do Sudeste Asiático subscreveram a posição do Vietname numa
declaração emitida no sábado passado.
"Reafirmamos que a
UNCLOS [Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar], de 1982, é a base
para determinar direitos marítimos, direitos soberanos, jurisdição e interesses
legítimos sobre zonas marítimas", lê-se no comunicado.
A Convenção define os
direitos das nações aos oceanos do mundo e demarca zonas económicas exclusivas
onde os estados costeiros têm o direito à exploração exclusiva dos recursos de
pesca e combustível.
A China tem procurado
bloquear estas declarações, pedindo o apoio do Camboja e outros aliados da
ASEAN.
O secretário de Defesa das
Filipinas, Delfin Lorenzana, alertou ainda que qualquer medida da China para
estabelecer uma zona de identificação de defesa aérea sobre o Mar do Sul da
China seria altamente desestabilizadora.
Alguns países da região
temem que a China esteja a considerar a criação de uma zona de identificação de
defesa aérea na região do Mar do Sul da China, semelhante ao que fez em 2013,
no Mar do Leste.
Essa declaração anterior
foi amplamente ignorada, com os EUA entre os países que afirmaram que não
cooperariam com as exigências chinesas.
A China disse que a
decisão depende de até que ponto se sente ameaçada.
Lorenzana considerou que a
decisão de Pequim violaria os direitos de outros países no acesso às suas zonas
económicas exclusivas.
"Eles continuariam a
usar essas águas e o espaço aéreo e aumentariam ainda mais a tensão, podendo
resultar em percalços ou erros de cálculo no mar e no ar", apontou
Lorenzana.
Os navios da marinha dos
EUA e do Japão realizaram exercícios conjuntos no Mar do Sul da China, em 23 de
junho, reunindo dois dos maiores rivais militares da China.
O exercício foi projetado
para "praticar e aprimorar a interoperabilidade bilateral entre as duas
marinhas", explicou a 7ª Frota dos EUA em comunicado.
Os exercícios reuniram o
navio de combate norte-americano USS Gabrielle Giffords e os navio de
Autodefesa Marítima do Japão JS Kashima e Shimayuki JS Shimayuki (TV-3513)
JPI // ANP | Imagem: US Navy
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