Martinho Júnior, Luanda
O
Império da hegemonia unipolar tem feito sistematicamente cálculos equivocados
sobre as potencialidades da revolução cultural chinesa, que perfez agora sete
décadas de vida, numa altura em que, por seu turno, o Parido Comunista Chinês
faz 99 anos!
Esses
cálculos equivocados resultam do facto histórico da aristocracia financeira
mundial, herdeira também dos impérios coloniais, jamais ter feito a
descolonização mental que transversalmente tolda as artes e os engenhos do seu
equívoco maior: o domínio construído palmo a palmo segundo os parâmetros de
hegemonia unipolar conforme às incidências da IIIª Guerra Mundial contra os
países do sul, “eternos” fornecedores de matéria-prima e mão-de-obra
barata!
Em
relação à China, a visão neoliberal em vigor desde a administração de Ronald
Reagan, trouxe ainda mais equívocos para a aristocracia financeira mundial, que
se acrescentaram aos equívocos anteriores, por que além do mais alimentaram uma
falsa perspectiva “economicista”, a de que o mercado, com a deslocalização
de tanta indústria, iria neutralizar a economia pública chinesa e isso iria
subverter as vontades dominantes na China e mesmo o Partido Comunista Chinês, a
favor do plasma da globalização neoliberal, integrando “formatadamente” a
República Popular da China no “mundo livre”!...
Essa
era uma nova versão que se inscrevia na necessidade de, para o império da
hegemonia unipolar herdeiro do carácter e da cobiça dos impérios coloniais,
haver sempre a necessidade dum inimigo para subjugar e maltratar, como o que te
acontecido desde as “descobertas marítimas” dos séculos críticos, os
séculos XV, XVI e XVII!
A
força “soft power” da revolução cultural chinesa todavia, expõe agora
esses equívocos desde os tempos em que padrão foi competição colonialista
imposta a ferro e fogo pelas potências europeias de então, a que se juntaria os
Estados Unidos com a projecção da política de portas abertas a fim de favorecer
seus interesses, sem beliscar os interesses dos invasores ciosos de comércio
estritamente favorável às potências coloniais (séculos XVI, XVII, XVIII, XIX e
início do século XX)!
Com
a política de portas abertas já sob a equação da revolução cultural (Deng Xiao
Ping), a China absorveu sim tecnologias de origem “ocidental” como
nenhum outro estado no mundo, mas em função da contradição com o sentido da
história resultante do colapso que se prolongou entre o século XVII e o século
XX, é dessa contradição histórica e não duma outra qualquer “ordem” imposta
do exterior, que emerge a sua revolução cultural numa pluralidade capaz de
impulsionar a essência do Não Alinhamento durante o século XXI, numa nova
fórmula de extensiva emergência multilateral!
A
revolução cultural chinesa visava acabar com a expressão do poder colonial e
refazer em novos moldes, o poder da grande China da dinastia Ming, balanceando
os erros da sua fase final!... (https://aviagemdosargonautas.net/2020/05/23/porque-xi-nao-vai-repetir-os-erros-da-dinastia-ming-por-pepe-escobar/).
Ao
absorver tecnologias, a RPC integrava nos processos de produção da economia
moderna de natureza multifacetada que fez movimentar, importantes contingentes
da população rural que viviam em relativa precariedade feudal desde o século
XVI, deslocando-a do campo para os ambientes urbanos de grandes cidades e
regiões industriais, resgatando centenas de milhões de seres humanos que haviam
passado a viver no campo, atraídos pelos sinais de modernidade!...
À
medida que essas centenas de milhões de seres foram sendo estabelecidos nas
imensas áreas urbanas e industriais, a China refazia-se lançando as bases de
seu próprio relacionamento com o exterior conforme o que acontecia no apogeu da
dinastia Ming com as tecnologias dessa época, por que o verdadeiro contencioso
era com o passado que havia marcado o colapso dessa mesma dinastia, jamais na
base dos relacionamentos que o império da hegemonia unipolar pretendeu com
sua “livre” acção inscrever com seu pendor bárbaro, brutal e
colonial!
A
revolução cultural foi nesse sentido, uma contínua vitória sobre os poderes que
chegavam de fora ciosos de seu quinhão de investimento ultra-favorável e
egoista: ao propiciar a instalação das indústrias, as velhas potências
coloniais e liberais, entraram na armadilha que nunca esperaram entrar e de
onde não conseguiram mais sair, por um inteligente engodo ao nível de sua
cobiça, agora defraudada com a emergência duma poderosa China que se expande
geostrategicamenbte em novos moldes, de forma irremediável desde seu próprio
território e fronteiras, repescando o carácter “soft power” que havia
sido experimentado no século XV! (https://global.chinadaily.com.cn/a/201811/02/WS5bdc11dea310eff303286442.html; https://www.beltroad-initiative.com/).
Sintomaticamente
Hong Kong está a marcar o início do momento da grande viragem!…
Outros
sinais se lhe seguirão a seu tempo, não por via da força militar, mas pela
extensão da dissuasão “soft power”, imparável na sua lógica com sentido de
vida, por que a barbárie colonial está finalmente a exaurir-se e, com ela, a
arrogância do império unipolar! (https://global.chinadaily.com.cn/a/202006/27/WS5ef7586da3108348172557f4.html; http://portuguese.xinhuanet.com/2020-07/01/c_139179741.htm).
01-
A força propulsora da revolução cultural chinesa tem sido profundamente
dialética em relação aos contenciosos internos, que ocorreram com o fim da
dinastia Ming (https://en.wikipedia.org/wiki/Ming_dynasty) e durante a
dinastia Qing, o último dos impérios chineses, que vigorou entre 1636 e 1912. (https://en.wikipedia.org/wiki/Qing_dynasty).
A
China ao voltar-se sobre si própria, foi marcada pela ruralidade vocacionada
para uma agricultura de autossubsistência que atirou o país para o
subdesenvolvimento, facilitando as invasões e as agressões do âmbito dos
impérios coloniais europeus (britânico, francês, alemão e italiano),
acompanhados por fim pela visão liberal do expansionismo estado-unidense (“portas
abertas” para a proficuidade da rapina)!
Essa
China experimentou durante séculos, na sua própria carne, a barbárie do
colonialismo dos impérios europeus e nipónico, sabendo por experiência própria
que jamais será essa a via civilizada de lutar pela vida de toda a humanidade,
respeitando ao mesmo tempo o planeta que deu origem à vida tal e qual a
conhecemos hoje! (https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_do_%C3%B3pio; https://www.terra.com.br/noticias/educacao/historia/japao-contra-china-o-massacre-de-nanquim,8008affdfb1ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html; https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Sino-Japonesa).
Muito
mais adequada foi a experiência de relacionamento da dinastia Ming, na base
dum “soft power” profícuo e comparativamente muito mais brando, com a
qual há que também aprender com os seus erros finais, para que erros similares
não voltem a acontecer neste século XXI!...
02-
Garantida a modernidade da sua economia a China manteve coerentemente os
objectivos culturais de sua revolução: havia que, a partir do seu próprio
território, a partir de sua própria experiência milenar, estabelecer
relacionamentos externos capazes de civilização, buscando consensos que podem
ser estabelecidos em exercícios comuns com outros estados, outros povos e
outras culturas… um autêntico revigoramento dos processos de Não Alinhamento
activo de que a globalização civilizada tanto carece, pelo sinal de
multipolaridade que garante e recria! (http://www.xinhuanet.com/english/2020-07/01/c_139181199.htm; http://www.correodelorinoco.gob.ve/presidente-de-venezuela-saluda-al-partido-comunista-de-china-en-su-99-aniversario/).
É
uma China que não tem de fazer descolonização mental que emerge e por isso
capaz de entender outros pares que nesse aspecto têm culturas com trilhas
similares, independentemente das vias, circunstâncias e conjunturas em que
dramaticamente ocorreram, em todos os continentes da Terra! (http://www.xinhuanet.com/english/2020-07/01/c_139180825.htm).
A
agora poderosa China emergente, valorizando a lógica com sentido de vida e sem
mais receios da brutalidade colonial, é sensível a todos os que pretendem
alcançar esse patamar de efectiva descolonização mental e física, tendo em
conta desde logo a sua própria experiência e por isso está apta a respeitar
outras experiências desse mesmo cariz, o que faz também melhor entender os
respectivos processos socioculturais e sociopolíticos! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/martinho-junior-luanda-as-profundas.html).
A
sincronização com a Rússia no imenso continente euroasiático vai nesse sentido,
(https://asiatimes.com/2020/06/russia-aiming-to-realize-greater-eurasia-dream/)
integrando a Mongólia e os estados da Ásia Central, a que se juntou já a
profícua experiência da Organização de Cooperação de Shangai. (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/01/o-imperio-mexe-se-com-pes-de-barro.html).
Esse
entendimento abre perspectivas euroasiáticas noutras direcções: Turquia, Síria,
Irão, Iraque, Afeganistão, para além do Paquistão, da Índia, do Bangladesh e
dos estados da região do Sudeste Asiático, apesar de algumas contradições de
ordem secundária de que a hegemonia unipolar tenta explorar a fim de
radicalizar e se beneficiar das cisões! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/02/a-siria-uma-ampulheta-viva-na-mudanca.html).
A
União Europeia e particularmente a Alemanha, está cada vez a ser mais envolvida
no jogo de interesses “soft power” que se distende do leste!... (https://asiatimes.com/2020/06/a-pipelineistan-fable-for-our-times/).
Abre
também perspectivas amplas na América Latina, particularmente com as resolutas
revoluções culturais de Cuba, da Nicarágua e da Venezuela, elas próprias
vitoriosas e ricas em relação aos longos processos de descolonização mental e
irradiadoras de civilização em estreita contradição com a barbárie da hegemonia
unipolar e seus expedientes tentaculares de vassalagem! (http://www.portalalba.org/; http://www.cubadebate.cu/etiqueta/alba/).
Em
relação a África enquanto ultraperiferia económica global, a China garante uma
outra atenção e uma outra perspectiva, não se furtando a algumas experiências
pioneiras que urge distender e multiplicar face à guerra psicológica e ao
neocolonialismo vigente que mantêm África amarrada a um elevado grau de
subdesenvolvimento, conforme anualmente comprovam os relatórios dos Índices de
Desenvolvimento Humano da ONU! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/03/a-paz-impoe-outra-percepcao-sobre.html).
África
e o Médio Oriente Alargado têm sido aliás o pasto dilecto e mais continuado
da “escondida” IIIª Guerra Mundial nos moldes do interesse e da
conveniência da aristocracia financeira mundial! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/01/11/ahi-esta-la-iii-guerra-mundial/; https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/08/23/un-mar-de-muerte/).
A
Europa está agora em crise existencialista: se por um lado são tão intensas as
amarras de vassalagem transatlântica (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/03/chegam-europa-do-virus-os-bombardeiros.html?spref=fb&fbclid=IwAR17rxrVu2qzKOGzrQSFyRizD0OHoa-Fcq5z6NpfBQSjAkaz28JtoSCgyCM),
que em desespero de causa a hegemonia unipolar pretende extravasar para outros
oceanos e outras manobras transcontinentais, por outro o poder apelativo das
iniciativas “belt and road” (https://www.beltroad-initiative.com/belt-and-road/)
e seu modelo “soft power” que corresponde à lógica com sentido de
vida, vai garantindo resultados, apesar dos reflexos directos e indirectos da
acção opositora das últimas administrações de turno nos Estados Unidos, na
defesa dos interesses do império da hegemonia unipolar! (https://www.cfr.org/backgrounder/chinas-massive-belt-and-road-initiative).
O
último dos resultados é uma “pequena” vitória: a China garantiu
socorro à Europa em função das necessidades de fazer frente à pandemia, com o
desembaraço de comboios que estão a fazer as ligações entre algumas das
principais cidades fronteiriças chinesas e os nós ferroviários europeus em apenas
10 dias!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/a-china-estende-rota-da-seda-para-saude.html; https://global.chinadaily.com.cn/a/202006/28/WS5ef7d4cda31083481725581a_2.html).
03-
Esse esforço da revolução cultural chinesa num movimento de dentro para fora de
suas fronteiras está a ganhar substantiva consistência por via das
iniciativas “Belt and Road”, com dimensão transcontinental, transoceânica
e espacial… (http://www.correodelorinoco.gob.ve/china-completo-su-constelacion-de-satelites-de-navegacion-global/).
As
infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, os portos e a construção naval, os
oleodutos e gasodutos fulcrais para garantir energia a baixo custo, as novas
tecnologias aplicadas a todos s sistemas que se vão despregando, estão a dar
vigor a múltiplas Novas Rotas da Seda, transcontinentais, transoceânicas,
espaciais e, para fazer tudo isso, há um quesito comum que se opõe à barbárie
daqueles que não conseguiram levar a cabo a descolonização mental: a paz! (https://www.fort-russ.com/2020/01/hussein-askary-discusses-the-new-silk-roads-advance-across-the-middle-east/?utm_medium=ppc&utm_source=wp&utm_campaign=push&utm_content=new-article).
A
força emergente desse substantivo processo de Não Alinhamento activo
revitalizado, simultaneamente garante de paz e de vida, é um poder brando que
se impõe por si com base em persuasivas evidências e, muito pelo contrário, é
avesso a qualquer tipo de força ofensiva, seja de natureza inteligente ou
militar, mas sem descurar a defensiva, ns terms de “guerra híbrida” (“se
tivermos que dançar com os lobos, não o vamos fazer ao ritmo dos Estados
Unidos”)!... (https://asiatimes.com/2020/05/china-updates-its-art-of-hybrid-war/).
A
guerra psicológica enquanto fluência da IIIª Guerra Mundial está a ser
paulatinamente vencida neste século XXI, particularmente no
supercontinente “Europásia” e os bastiões de barbárie estão cada vez
mais remetidos à defesa apesar da continuidade d sua arrogância: nem os
músculos de inteligência, nem os músculos militares conseguem já fazê-lo
esconder! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2018/07/08/la-guerra-psicologica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar-en-africa/).
Esse
processo naturalmente tarda mais em relação à América Latina e sobretudo a
África, mas em relação à Europa, está-se por essa razão em plena crise
existencialista que a demarca da ainda recente cristalizada letargia que advém
dum passado remoto de mais de 500 anos!
Para
toda a humanidade, conforme ao tão aprecviado prognóstico musical de Xico
Buarque, “amanhã há de ser outro dia”!... (https://www.youtube.com/watch?v=84PsKnaTlcg).
Martinho
Júnior -- Luanda,
2 de Julho de 2020
Imagens:
01- As Novas Rotas da Seda rompem a Eurásia e os oceanos, entre o Pacífico e o Atlântico;
02-
Quadro-síntese do percurso de 70 anos da República Popular da China;
03-
O Partido Comunista da China, que perfez 99 anos, é o mentor e motor da
Revolução Cultural; possui 92 milhões de membros;
04-
Formação de comboios num dos terminais que se dirigem da China à Europa; os
comboios que levaram a ajuda para o combate à pandemia na Europa fizeram apenas
10 dias de viagem;
05-
O Foguetão Grande Marcha 3B, levou para o espaço o 55º e último satélite do
sistema de navegação por satélite BeiDou (Ursa Maior), o 4º sistema do género,
depois do GPS (Estados Unidos), Galileo (União Europeia) e Glonass (Rússia) – http://www.correodelorinoco.gob.ve/china-completo-su-constelacion-de-satelites-de-navegacion-global/.
1 comentário:
Nice Post, I really loved this Blog.
If you are looking for a kind of streaming device that can offer you to watch a large number of TV Programs or movies for the sake of entertainment.
activate hulu on tv
roku com link activation
roku phone number
roku helpline number
How to Activate Hulu On Smart TV
How to Activate Roku Streaming Device
Enviar um comentário