Martinho Júnior, Luanda
As elites africanas, em especial
as que fazendo uso de “representatividades” estão no poder, devem
perceber que na actual situação de globalização, a hipocrisia e o cinismo de
que têm feito uso volta-se contra elas e contra os povos, como “um feitiço
contra o feiticeiro”!
É esse o peso específico da
guerra psicológica “soft power” estimulada pelo império, com todos os
contraditórios que um exercício dessa natureza implica num ambiente de
hegemonia unipolar!
Em todos os sentido Angola é
um “exemplo” disso, quando não se busca uma outra percepção sobre a
guerra e sobretudo sobre a vida!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/02/18-anos-de-excremento-do-diabo.html).
01- O caos, o terrorismo e a
desagregação atingem a Síria de há dez anos a esta parte, precisamente o mesmo
tempo que durou a “guerra dos diamantes de sangue” que atingiu Angola
entre 1992 e 2002! (https://www.patrialatina.com.br/19-anos-de-guerra-sem-fim-que-alvo-apos-a-siria/).
Angola, na manobra do capitalismo
neoliberal dum vassalo dilecto como os governos portugueses do “arco de
governação” e em nome de reconciliações duvidosas geradas coma charneira
de Bicesse a 31 de Maio de 1991, teve o mesmo tipo de experiência a que a Síria
foi sujeita entre 2010 e 2020, (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/02/a-siria-uma-ampulheta-viva-na-mudanca.html),
mas agora é um dos mais de 40 países que têm relações diplomáticas com a
Turquia, considerado pela União Africana como “parceira económica de
África” e deliberadamente desconhecida pelas elites governamentais
africanas como um dos promotores de caos, terrorismo e desagregação conforme o
exemplo mais que palpável de Idlib e da Líbia! (http://jornaldeangola.sapo.ao/mundo/turquia_abre_novas_embaixadas_em_africa; https://southfront.org/terrorists-in-idlib-received-additional-funding-of-2m-for-weapons-operations-against-syrian-army-russians/; https://southfront.org/number-of-turkish-backed-syrian-militants-killed-in-libya-jumps-to-143/).
… Não é de admirar por que o “lóbi
luso-angolano” tem condicionado tudo inclusive, no meu caso, a minha
participação no Facebook, censurada, banida nas partilhas e nos comentários e sujeita
a todo o tipo de devassas em função dos interesses e das conveniências dessa
lóbi neoliberal e social-democrata! (https://www.facebook.com/people/Martinho-Junior/100015239521186; https://www.facebook.com/martinho.junior.9066).
Esta mudança de 180º por parte de
Angola, em cínico nome da paz, ao invés de aproximar o país dos parâmetros urgentes
em prol duma civilização global, pelo contrário afasta-o na direcção da
barbárie, pelo que a contradição torna-se cada vez mais que evidente: jamais
será por via da barbárie que alguma vez se vai alcançar a paz com justiça
social, se vai aprofundar a democracia tornando-a participativa e “protagónica”,
ou alguma vez se vai dar luta ao subdesenvolvimento por via duma geoestratégia
para um desenvolvimento sustentável!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/03/onde-se-esvai-parte-do-caos-e-do.html; http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/05/angola-deve-reequacionar-as-abordagens.html).
Assim a propaganda oficial está
num curso de exercício de hipocrisia e só um fenómeno cm o COVID-19 pode de
certo modo contrariar a tendência: (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/03/angola-na-saude-um-primeiro-merito-para.html).
. Cultiva-se o relacionamento com
os “irmãos muçulmanos” da Turquia, jamais se considerando a
necessidade de relacionamento com as linhas de resistência emergentes e
multipolares da Síria; (https://kaosenlared.net/siria-sangue-por-petroleo/).
. Cultiva-se os relacionamentos
com o sionismo, deixando de considerar o estilhaçar programado da Palestina; (https://br.sputniknews.com/infograficos/2020013115080926-plano-de-trump-para-resolver-disputa-israel-palestina/).
. Isso é feito em nome duma paz
que afinal é submersa na necessidade da miragem de atrair investimentos com as
portas para esse efeito escancaradas, ao sabor das correntes que ontem eram
inimigas figadais da independência e soberania de Angola;
. Não se atende nessa paz, à
premente necessidade de relacionamentos que permitam a pesquisa de informação
sobre a progressão jihadista em África, quando esse processo está em curso
ascensional; (https://www.dw.com/pt-002/a-luta-contra-o-estado-isl%C3%A2mico-em-%C3%A1frica/a-42006685; https://clubofmozambique.com/news/mozambiques-jihadists-terror-group-who-are-they-and-what-do-they-want/; https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/ataques-do-estado-islamico-em-mocambique-eua-mais-do-que-abertos-a-apoiar-combate-a-praga-do-terrorismo).
. Para alguma vez atender à
defesa do continente, tudo está sujeito à filtragem do AFRICOM e da NATO, que
transferem preferencialmente para procedimentos “soft power” os
expedientes correntes, tirando partido da vantagem estratégica que o império da
hegemonia unipolar e as cadeias de vassalagem possuem sobre as novas
tecnologias e a sua fluente exploração, permitindo uma gestão que se aproveita
dos contrários financiados pela coligação arábica wahabita/sunita ela própria
sustentáculo do petrodólar e em parte responsável pelo actual valor do barril
nos nossos dias (a menos de 30 USD); (https://www.africom.mil/military-presence; https://resistir.info/pilger/pilger_02dez08_p.html).
. De alienação em alienação, de
ilusão em ilusão, de ingerência neoliberal em ingerência capitalista neoliberal
em nome da paz, Angola está já a trilhar a pista neocolonial, (https://www.dw.com/pt-002/a-luta-contra-o-estado-isl%C3%A2mico-em-%C3%A1frica/a-42006685)
em prejuízo evidente de sua independência e soberania, caindo além do mais na
armadilha da bancarrota propiciada por “18 anos de excremento do diabo”,
cuja última valsa é precisamente esse corrente valor do barril do petróleo!... (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/02/18-anos-de-excremento-do-diabo.html).
02- A inversão que foi feita a
partir da década de 90 do século XXI atraiu Angola à armadilha em duas etapas:
. A 1ª quando do Acordo de
Bicesse a 31 de Maio de 1991; (https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordos_de_Bicesse; ).
. A 2ª a 26 de Fevereiro de 2002,
em função dos encontros do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, com o
Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush e os grupos transnacionais de
interesse (lobbies) que compunham na época o Corporate Council on Africa com
vocação para Angola. (https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2002/020227_angolamtc.shtml; https://www.publico.pt/2002/02/26/mundo/noticia/eduardo-dos-santos-encontrase-com-bush-67991).
As relações de Angola no Médio
Oriente Alargado, sobreavaliando uns (caso da Turquia) e desvalorizando outros
(caso da Síria), passaram a ser o caminho, comprovando a deriva que agora vai
passar a atingir toda a península arábica! (https://www.voltairenet.org/article209538.html).
Confinada, Angola em África
estará mesmo a fazer um exercício saudável nos caminhos da paz, ou está nos
caminhos que reflectem o interesse e a conveniência do império da hegemonia
unipolar e seu cortejo de vassalos, em função dos contextos gerados por outros
tendo essas datas como marcos com todos os contraditórios “de tutela”, com
eles e a partir deles estimulados? (https://www.dw.com/pt-002/os-interesses-da-turquia-em-%C3%A1frica/a-19299737; http://jornaldeangola.sapo.ao/opiniao/artigos/turquia_e_africa_na_via_da_cooperacao).
O AFRICOM e a NATO estão a fazer
tudo e em múltiplas frentes (entre elas as que dizem respeito aos jogos do
império e afins no âmbito do “excremento do diabo”), para que os africanos
(Angola na 1ª das linhas), correspondam aos estímulos e se envolvam na
programação conformada à doutrina Rumsfeld/Cebrowski! (http://www.orientemidia.org/as-insoluveis-contradicoes-do-daesh-e-do-pkk-ypg/).
03- Ao abordar ao longo já de
vários anos, as questões que se prendem em cadeia à lógica com sentido de vida,
a uma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável e a uma cultura de
inteligência patriótica, tenho avançado uma perspectiva que já deveria ter
merecido uma outra atenção, por que para Angola, face ao conjunto de fenómenos
correntes e as responsabilidades voltadas para o futuro, é premente a
necessidade duma mudança de paradigma a nível interno e, por tabela, a nível
internacional! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2012/08/angola-demografia-identidade-nacional.html).
As questões que se prendem à vida
vão-se impondo e não são agendas neoliberais que comportam soluções, antes pelo
contrário, acarretam cada vez mais problemas aumentando o grau dos
contraditórios a ponto de torná-los exaustivos e insolúveis! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/03/uma-saude-mercenaria-em-nome-do-mercado.html).
As questões que se prendem ao
controlo e gestão das nascentes que compõem a região central das grandes
nascentes (coincidente com o centro físico-geográfico do país) tornam-se
imperativas, por que sendo vida, a água é garante de segurança vital para as
gerações do porvir!
As questões que se prendem a uma
cultura de inteligência patriótica, não se podendo resumir às avaliações
históricas, necessitam de despertar para processos amplos de conhecimentos
científicos integrados (humanísticos, das ciências da natureza e das ciências
exactas), que comecem por ser postos em prática acompanhando o controlo e a
gestão da água da região central das grandes nascentes sem se deixar enredar
por expedientes de carácter elitista, por que senão deixa de haver vocação para
a segurança vital! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/03/vencer-assimetrias-i.html; http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/03/vencer-assimetrias-ii-continuacao.html).
Angola ao voltar-se sobre si
própria, deve contar sobretudo com suas próprias forças e vocações, estimulando
os caudais de mobilização nos esteios da lógica com sentido de vida, duma
geoestratégia para um desenvolvimento sustentável, tudo isso conduzindo a uma
cultura cada vez mais abrangente de inteligência patriótica! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2017/05/angola-deve-reequacionar-as-abordagens.html).
A programação das acções humanas
que advêm dos tempos coloniais deve ser assim posta de parte e, em função dessa
geoestratégia para um desenvolvimento sustentável e da pespectiva da cultura de
inteligência patriótica, em nome da vida em todo o espaço nacional e da
segurança vital indispensável para o presente, mas sobretudo para o futuro,
deve-se começar a impulsionar a mudança do paradigma estratégico!
04- Esse impulso de mudança de
paradigma interno envolvendo cada vez mais sensibilidades, vai-se relacionar
com uma outra forma de apreciação em relação ao todo do continente africano. (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/01/por-uma-mudanca-de-paradigma-em-africa.html).
A nível continental faz-se sentir
uma dialética na natureza, que se reflecte no comportamento antropológico
humano, influindo sobre o modelamento da guerra e da paz: (http://paginaglobal.blogspot.com/2012/01/alternativa-do-renascimento-africano.html).
. África possui os maiores
desertos e savanas quentes do globo nas periferias norte e sul, onde prevalece
a nomadização e a transumância;
. África possui uma enorme
reserva de água interior, imprescindível para a segurança vital nas áreas
equatoriais e tropicais húmidas, no centro, onde predomina a recolecção e a
sedentarização com agricultura familiar e de autossubsistência.
Milenarmente há sinais desde logo
da contradição entre a civilização egípcia para com os nómadas do Sahara e do
Sinai, bem como para com as tribos núbias do médio Nilo. (http://paginaglobal.blogspot.com/2017/03/revitalizar-paz.html).
Nos dias de hoje, as culturas
nómadas estão a ser atraídas para as áreas de segurança vital, aumentando a
pressão humana sobre estas, com desajustes de tal ordem que influem intimamente
no carácter das rebeliões e guerrilhas que se disseminaram praticamente desde
as independências nominais dos tão vulneráveis estados africanos da África do
Oeste, África Oriental e África Central (Golfo da Guiné e Grandes Lagos).
A longa guerrilha de Savimbi,
desde a Operação Madeira em 1966 até 22 de Fevereiro de 2002 que reflectiu
conceitos que se aplicaram em função dos factores físico-geográfico-ambientais
no seu inter-relacionamento com os factores antropológicos humanos! (http://jornaldeangola.sapo.ao/politica/exercito-da-africa-do-sul-convenceu-savimbi-a-iniciar-guerrilha-em-angola-oficial-sul-africano).
O radicalismo wahabita/sunita
encaixa como uma luva nessa tendência milenar, disseminando-se as acções de
caos, de terrorismo e de desagregação, conforme o que está sintomaticamente a
acontecer nos vales dos rios (por exemplo do Níger e do Nilo, conforme os casos
de ruptura no Mali e no Sudão), ou conforme o que acontece nos lagos (exemplo
flagrante do entorno do Lago Chade, com o Boko Haran)… (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/01/11/ahi-esta-la-iii-guerra-mundial/).
Compreender profundamente esse
processo dialético milenar, é começar a conhecer a causas profundas da
manipulação das artificiosas redes de rebelião, de caos, de terrorismo e de
desagregação, pois o saber do império, por via da instrumentalização do AFRICOM
e da NATO com e após o desastre do ataque à Líbia em 2011, joga com esses
contraditórios históricos e antropológicos ao longo de todo o Sahel, na África
do Leste, na África do Oeste e na África Central (golfo da Guiné e Grandes
Lagos), afectando por tabela todo o continente em função das forçadas migrações
para norte, quanto para sul! (http://paginaglobal.blogspot.com/2017/02/neocolonialismo-radical.html).
O que a jihad está a fazer agora
na Líbia por via da Turquia, importante membro da NATO, a pretexto de defender
um governo reconhecido pela ONU, potencia ainda mais o esforço do jihadismo a
sul, mas os países africanos, não só dão indicações de não o perceberem, como
se relacionam equivocamente com a Turquia e Israel, quando deveriam ter dado
prioridade ao relacionamento com a Palestina, a Síria, o Irão e o Iraque!... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/03/18/de-donde-parte-del-caos-y-el-terrorismo-impuesto-por-la-iii-guerra-mundial/).
De facto, “A PAZ IMPÕE OUTRA
PERCEPÇÃO SOBRE A GUERRA, MAS SOBRETUDO SOBRE A VIDA”, todavia ao persistirem
os coloniais paradigmas de apreciação, ao nível do cariz da “civilização
judaico-cristã ocidental”, de toda a conveniência do império da hegemonia
unipolar e suas correntes de vassalos (Portugal incluído), África por inteiro e
Angola por tabela, estão já a sofrer neocolonialismo endémico, numa pandemia
não declarada, mas já profundamente consumada! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/01/07/africa-dilecto-alvo-neocolonial/).
Essa é uma das razões que me
levaram também a intervir em relação à Venezuela Bolivariana considerando
que “o que nos une é a ideologia” (melhor poder-nos-á unir,
dependendo de Angola a reposição do que lhe é devido e foi sendo
perdido), “não a geografia”! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/03/o-que-nos-une-e-ideologia-nao-geografia.html; https://www.saberesafricanos.net/noticias/opinion/5417-desde-angola-para-chavez-lo-que-nos-une-es-una-ideologia-no-la-geografia.html).
Martinho Júnior -- Luanda, 21 de Março de 2020
Imagens:
01- Putin tenta impedir a
desagregação da Turquia, depois de conseguir que a Síria não se desagregasse;
02- Situação na Síria, a 26 de
Março de 2020 – subsistem três problemas por resolver, num complexo dominó:
Idlib, “Rojava” e saída militar dos Estados Unidos;
03- A antropologia cultural no
continente africano, favorece a expansão da jihad islâmica;
04- Jantar na Corprate Council on
Africa, em Washington, a 26 de Fevereiro de 2002 – Maurice Tempelsman no 1º
plano (o “diamantário da CIA” em África), Walter Kanstener (do lobi
dos minerais e ex-Secretário de Estado Adjunto para África) e o Presidente José
Eduardo dos Santos – lançamento dos interesses do império da hegemonia unipolar
sobre o petróleo angolano, nos termos do engodo na direcção do petróleo
enquanto “excremento do diabo” (outro vírus nos nossos dias, extraordinariamente
nocivo sob o ponto de vista económico e financeiro na presente situação);
05- Agudizam-se as contradições
internas entre os vários sucedâneos da Al Qaeda no terreno de Idlb – https://southfront.org/conflict-of-interests-splits-hayat-tahrir-al-sham-jihadists/
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