O
secretário-geral do PCP acusou hoje o Presidente da República de estar a
"contribuir" para colocar em marcha uma nova vida para um "novo
bloco central de interesses políticos e económicos", e para
"branquear o PSD".
"Estão
a pensar dar uma nova vida ao chamado Bloco Central, que pode ser formal ou
informal, mas que será sempre como o foi no passado, o bloco central de
interesses políticos e económicos. É isso que está em marcha com o contributo
do Presidente da República que se tem empenhado para branquear o PSD, a
política de direita e as suas responsabilidades, visando promover a sua
reabilitação política e reconduzi-lo para um papel de cooperação intensa com o
PS", declarou Jerónimo de Sousa.
O
secretário-geral do PCP falava no comício "Nem um direito a
menos. Confiança e luta por uma vida melhor", evento que decorreu esta
tarde na Praça D. João I, na Baixa do Porto, e onde leu um discurso de sete
páginas.
Jerónimo
de Sousa afirmou ainda que a "conjuntura é propícia para dar uma nova vida
ao "bloco central".
"Um
tempo que cheira a dinheiro fresco à boleia da epidemia. Anunciam-se milhões
vindos da União Europeia que o povo português há-de pagar mais tarde e com
juros e a sua distribuição pelo grande capital exige concertação e
reposição mais estreita da velha cooperação".
Sobre
os "joguinhos políticos" que o secretário-geral do PS, António
Costa, abordou no sábado passado, referindo que Portugal precisa de
estabilidade e criticando "joguinhos políticos" à esquerda e à
direita dos socialistas, Jerónimo de Sousa classificou-a como uma
"expressão infeliz" e lamenta a rejeição de "larga maioria de
propostas que o PCP apresentou para o Orçamento Suplementar.
"O
Orçamento Suplementar recebeu o voto contra do PCP. Não, não foi por taticismo.
Não foi por essa expressão infeliz que ouvimos ontem [sábado] de joguinhos de
poder. É que este partido nunca poderia votar numa proposta que propõe
cortes nos salários, despedimentos, menos proteção àqueles que
mais precisam, menos apoios às pequenas e médias empresas. Este partido tem a
consciência que não são joguinhos de poder. O que são, isso sim, é
saber que neste momento centenas de milhares de portugueses têm em jogo a sua
própria vida e que, nesse momento, tendo em conta este orçamento, podem
continuar a contar com o PCP para impedir essa destruição de
empregos, de direitos que estão refletidos neste Orçamento
Suplementar aprovado", explicou Jerónimo de Sousa.
A
Assembleia da República aprovou, na sexta-feira passada, em votação final
global, a proposta de Orçamento Suplementar do Governo, que se destina a
responder às consequências económicas e sociais provocadas pela pandemia da covid-19. A proposta foi aprovada
apenas com os votos favoráveis do PS, a abstenção do PSD, BE e PAN, e os
votos contra do PCP, CDS-PP, PEV, Iniciativa Liberal e Chega.
Para
o secretário-geral do PCP, este Orçamento Suplementar vem
"acentuar" ainda mais a desigualdade e injustiça na repartição de
rendimento nacional entre o capital e o trabalho.
"Trata-se
de um orçamento que consagra o prolongamento do corte dos salários a centenas
de milhares de trabalhadores, ao mesmo tempo que se canalizam milhões para o
grande capital. Um orçamento onde faltam soluções para garantir o emprego, para
dinamizar o investimento público e garantir apoios que viabilizem as pequeno e
micro empresas (...)", observou.
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ao Minuto | Lusa | Imagem: © Global Imagens
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