Angolanos criticam os 148 milhões
de kwanzas alocados para produção do hino dos 45 anos de independência de
Angola. UNITA considera o valor um "exagero”. Jovens lembram que o dinheiro
daria para construir três escolas.
Os mais de 148 milhões de kwanzas
(mais de 200 mil euros) do contrato celebrado entre o Estado angolano e a
empresa Big Eventos, continua a ser alvo de duras criticas, não só nas redes
sociais como também noutros segmentos da vida social. A constituição da
comissão dos 45 anos de independência foi criada em dezembro de 2019.
A União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA), por intermédio de Maurílio Luiele,
primeiro vice-presidente da bancada parlamentar, junta-se à chuva de críticas.
O maior partido da oposição,
considera um "exagero” a alocação destas verbas para o hino da
"dipanda”, como é chamada a independência em Angola.
"Continuamos a ter
prioridades muito mal definidas e não há dúvidas de que estes 148 milhões para
elaborar e realizar o hino dos 45 anos é um exagero”, aponta Maurílio
Luiele.
Para o deputado, estes valores
poderiam ser aplicados noutros setores da vida social que registam, nos últimos
tempos, grandes dificuldades agravadas pela pandemia da Covid-19 e pela queda
do preço do petróleo no mercado internacional.
"É uma despesa de muito má
qualidade, uma vez que estamos com alta contracção financeira tinham que ser
bem definidas as prioridades. Até pela questão da Covid-19, penso que estes
recursos deviam ser utilizados para outros fins.”
E um destes fins seriam a sua
aplicacão no setor da educação, diz Francisco Teixeira, presidente do Movimento
dos Estudantes Angolanos (MEA). Em Angola perto de três mil crianças
encontram-se fora do sistema normal de ensino por falta de salas de
aula.
"Valor dava para construir
três escolas"
"Só este ano, o Estado
gastou para construção de uma escola de 12 salas no bairro Bom Pastor, na
província do Huambo, perto de 50 milhões de kwanzas. E para construção de uma
escola de 14 salas na província do Cuanza-norte perto de 48 milhões de kwanzas.
(quase 69 mil euros)”
Feitas as contas, "com estes
valores dá para construir três escolas. Logo, nós teríamos perto de seis mil e
trezentas crianças a frequentar o ano letivo. Quer dizer, o que é mais
importante nesse país?”, questiona Francisco Teixeira.
A imprensa local diz que os
valores iniciais acordados entre a empresa contratada e o então Ministério da
Cultura eram de mais de 14 milhões de kwanzas. Mas, em declarações à ZAP, uma
televisão privada angolana, Big Nelo responsável da Karga Eventos, revelou-se
ser alvo de calúnia e reiterou que os valores iniciais foram, de facto, os mais
de 148 milhões de kwanzas.
A DW África tentou ouvir as partes
envolvidas, sem sucesso.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche Welle
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