terça-feira, 18 de agosto de 2020

Novo normal no planeta dos burros: três badaladas e um balde de cal


Mórbido mas... Sobre a matança dos idosos, inserida mundialmente no programa covid-19 fala-se em Portugal de Reguengos de Monsaraz e de outros locais destinados a esses mesmos, idosos. 

Esses tais que são atirados para os chamados lares ou prateleiras pré-adeus ou vai-te embora. O Expresso Curto aborda tudo isso, ou quase tudo. Não como muitos dos idoosos vêem e sentem na pele o referido “assunto”, mas o Curto “fala” sobre isso. Quem hoje manuseia o tema é João Silvestre, do Expresso do idoso (mas ativo, livre e sem ter sido encafuado num “lar”) Balsemão Bilderberg – que não é pinto mas sim galo na capoeira da Impresa. Conferido e dito.

Pois é verdade, os velhos estão a marchar para as portas do São Pedro – oxalá ainda mantenha as chaves das portas do céu. Quantos idosos é que já foram levados pelo covid-19, aqueles a partir dos 60 anos anos? Aqueles que até nem chegam à idade da reforma e das maleitas PDI (próprias da idade), revertendo tudo isso para muito menos despesas do SNS e o que mais vier de vantagens…

Claro que isto até parece conversas de más-línguas ou as chamadas teorias da treta… Mas que, feitas bem as contas, o covid-19 é só vantagens nesse aspeto económico-financeiro. Uff, que alívio… para o SNS, para as reformas e pensões da dita segurança social (quê?), para o orçamento e para os milhões destinados aos Novos e Velhos Bancos e seus ilustres banqueiros e associados… Enfim.

Não. Assim não vale. Coincidências tem levado os países, os governos desses países, os serviços de saúde desses países, os serviços sociais desses países, os responsáveis pela amálgama e desbundas governamentais e etceteras, a esquecerem-se dos “lares” de modo ao covid-19 os levar para as portas do tal Pedro que é São. Assim aconteceu no Reino Unido, assim foi em França, assim foi em Espanha… Mas porque é que em Portugal não havia de acontecer? Somos alguns “superes” ou o quê?

Não. Isto não foi nem está a ser programado. Mas, já agora, até pode ser aproveitado. Dá jeito. Afinal a culpa, as responsabilidades são do cobid-19… Esse não podemos processar, nem depor ou demitir.

Já agora, sendo que é uma questão de fazerem as contas, vejam lá quantos milhões representam as poupanças nos achaques PDI, pensões e reformas, eteceteras prós idosos, graças ao covid-19. E isso será ver pela rama, sem ir ao fundo, às raízes.

Adiante. Do covid não vai rezar a história. Até porque estamos todos bem neste tal e tão propalado “novo normal” que nos estão a impingir e a tolher. Uns bons coices resolveriam isto tudo… mas isso aconteceria se fosse umas grandessíssimas bestas. Não somos, pois não?

Está tudo muito bem. Vamos ficar muito bem, no novo normal. Sem teorias da conspiração mas com três badaladas e um balde de cal tudo se resolve. Sendo que agora não será bem assim porque em muitos casos o “forno” espera-nos… e aquece-nos. Chama-se incineração.

Bom dia. Proteja-se das ministras-tias que nem lêem relatórios, só instruções de pouca ou nenhuma valia. Talvez leiam sobre as vantagens e aplicações sobre produtos de beleza… "Tias socialistas”, pois. É esta espécie de nova vida num novo normal, no planeta dos burros.

Siga para o Curto. Vale, e disso dissemos muito pouco, ou talvez não. Leiam, não dói nada.

MM | PG



Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Isto não é um relatório

João Silvestre | Expresso

Bom dia,

Isto não é um relatório. É uma newsletter. Resume as notícias do dia que agora começa e deixa-lhe algumas pistas de leitura para, se quiser, aprofundar os assuntos que marcam a atualidade. Não é um documento como aquele que a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social preferiu não ler sobre o que se passou em Reguengos de Monsaraz que, quanto mais sabemos, mais horripilante se torna. (Um aparte: ao contrário de Ana Mendes Godinho, a directora-geral da Saúde e o secretário de Estado da Saúde garantiram-nos ontem ter lido o documento porque “faz parte da sua obrigação” e porque “a análise pressupõe a leitura”.)

O relatório da Ordem dos Médicos permitiu conhecer mais detalhes do que ali se passou e que custou a vida a 14 pessoas. Pelo Correio da Manhã, que ontem pela manhã dava conta da forma como os idosos eram tratados. Mais tarde pelo Expresso que, com base no mesmo relatório, contou como o diretor da Administração Regional da Saúde do Alentejo ameaçou com processos disciplinares os médicos que denunciaram a falta de condições do lar. Diretor esse,  José Robalo, que admitiu entretanto à RTP ter ameaçado médicos com processos disciplinares mas para, nas suas palavras, garantir que estes não se recusavam a prestar cuidados de saúde aos utentes do lar.

É preciso ter estômago, sem dúvida, para ler um documento que nos revela tamanha tragédia. Talvez por isso, haja quem prefira não o fazer. A ministra do Trabalho está ser fortemente atacada pelos partidos da oposição mas, para já, o PS mantém-se em silêncio.

Segundo os dados oficiais ontem revelados, há setenta lares com casos de covid-19 que somam mais de 500 idosos infetados. É uma estatística, é certo, representam cerca de 3% do total, mas pode ser também uma tragédia. Para conhecer casos concretos de pessoas reais nada como ouvir mais um episódio do podcast “As testemunhas da pandemia”.

Também no Alentejo, a preocupação está agora virada para Mora onde há um surto que já atingiu mais de 40 pessoas, que se alastrou ao concelho de Montemor-o-Novo e que, dizem algumas estimativas,  pode envolver mais de 300 pessoas.

Para ter toda a informação sobre a evolução da doença Siga o direto do Expresso. Confira também os detalhes do último boletim da direção-geral da Saúde e os gráficos e mapas que a equipa de infografia do Expresso actualiza diariamente.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro

Vitor Escária, que foi conselheiro de António Costa e se demitiu na sequência das viagens pagas pela Galp ao Euro-2016 (o famoso Galpgate), está de volta a São Bento. O economista, que acompanhou Costa nas recentes negociações do fundo de recuperação europeu, é agora o novo chefe de gabinete do Primeiro-ministro em substituição de Francisco André que vai assumir a representação permanente na OCDE. A propósito do Galpgate, Escreve o Diário de Notícias que o registo de ofertas aos deputados ainda não está disponível online mas, segundo dados disponibilizados pela Assembleia da República, as únicas prendas desde que as regras entraram em vigor no início da legislatura foram duas camisolas.

A água das autarquias que concessionam o serviço a empresas privadas fica sempre mais cara, avança o Jornal de Notícias na edição de hoje. E as diferenças podem ser bastante significativas.

O empreendimento no Algarve que tinha uma dívida de 300 milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos está à venda por 110 milhões de euros.

A novela da OPA sobre a TVI tem novos episódios. O banco espanhol Abanca contava encaixar 10 milhões de euros com a primeira versão da oferta e poderá ficar agora com apenas 1,8 milhões de euros. É um exemplo de como os accionistas minoritários ficaram a perder neste negócio que foi apanhado a meio pela pandemia da covid-19. Ao mesmo tempo, continua a guerra pela caução que a Cofina pagou e que quer recuperar.

Embora as empresas que tenham aderido ao lay-off simplificado estejam proibidas de fazer despedimentos coletivos ou por extinção do posto de trabalho,  podem fazer rescisões por mútuo acordo. A confirmação foi feita pelo ministério do Trabalho ao Jornal de Negócios que adianta a informação na edição de hoje (ainda sem link disponível).

O financiamento da banca à Efacec, crucial para a normal actividade da empresa, já foi desbloqueado. São 50 milhões de euros emprestados por cinco bancos (CGD, BCP, Novo Banco, BPI e Montepio) e que, quase na totalidade, têm garantia do Estado.

A aposta do governo no hidrogénio continua a motivar ferozes trocas de argumentos. Ontem, João Galamba, secretário de Estado da Energia, e Salvador Malheiro, social-democrata e presidente da Câmara de Ovar, regressaram ao Twitter para mais um round do combate. Houve acusações da pratática do “desporto nacional chamado opinar sem ler" e até a ‘aparição’ da “constante de Stefan-Boltzmann”.

Sevilha e Inter de Milão são os finalistas Liga Europa. Hoje, no estádio da Luz, joga-se a primeira meia-final da Liga dos Campeões entre Leipzig e Paris Saint-Germain.

Ainda no futebol, Cavani confirma as negociações com o Benfica e diz-se “encantado” de poder jogar pelos encarnados.

Lá fora

Um dos assuntos internacionais do momento é a convenção democrata nos EUA que irá formalizar a nomeação de Joe Biden arrancou na última madrugada, este ano em versão virtual. Neste primeiro dia (descrito ao detalhe pelo New York Times) discursaram, entre outros, Michele Obama e Bernie Sanders. O evento está a ser transmitido online. A três meses das eleições, as sondagens dão vantagem a Biden.

Na Bielorrússia, os protestos contra Aleksandr Lukashenko continuam numa altura em que a Rússia já manifestou disponibilidade para intervir militarmente se necessário.

Protestos também na Argentina em revolta com o confinamento e, em plena crise e depois de um novo acordo de reestruturação da dívida com os credores internacionais, estão a protestar.

A Roma de Paulo Fonseca foi comprada por 591 milhões de euros pelo milionário americano, Dan Friedkin, que tem negócios na área da hotelaria, cinema e setor automóvel

Um antigo agente da CIA, nascido em Hong Kong e naturalizado americano foi detido no Hawai por espionagem a favor da China.

Depois de muita especulação sobre o destino escolhido por Juan Carlos para o seu exílio, a casa real espanhola acabou por revelar: Emirados Árabes Unidos. Um destino que, conta o El País, tem acolhido muitos responsáveis políticos quando, por qualquer razão, têm que deixar o seu país.

FRASES

É hora de “PS, BE, PCP e PEV assumirem essa necessidade e definirem-se de uma vez por todas e sem mais demoras e calculismos. O país precisa dessa tranquilidade e de uma governação estável e responsável, com o apoio activo da esquerda portuguesa”, Carlos César, Presidente do PS

“Temos a obrigação de ler os relatórios que nos chegam. Isso faz parte das nossas obrigações: ler os relatórios, retirar deles os ensinamentos mas também fazer sobre eles comentários e acrescentos porque nenhum relatório é completamente exaustivo e precisa, às vezes, que se olhem para outros ângulos”, Graça Freitas, Diretora-geral da Saúde a propósito do relatório da Ordem dos Médicos sobre o lar de Reguengos de Monsaraz que a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social diz não ter lido

O QUE ANDO A LER

A revista The Economist começou a publicar, há duas semanas, uma série de artigos a que chamou Economic Briefs e que olham, com um olhar crítico, para algumas das ‘ideias feitas’ da teoria económica. Como nasceram, como evoluíram e como foram sendo questionadas e/ou até abandonadas.

O primeiro artigo olhou para a ideia de limitar o crescimento das empresas como forma de evitar que se tornem grandes demais e prejudiquem a concorrência. Penalizando o consumidor final que tenderá a pagar mais pelos bens e serviços que adquire. Diz a revista, no entanto, que o poder de mercado excessivo de algumas empresas não tem a ver diretamente com a sua dimensão mas antes com outros factores.

Esta semana o tema é o salário mínimo, um assunto muito atual também em Portugal. Lembra a Economist que a percentagem de economistas a acreditar que os salários mínimos são prejudiciais tem vindo a diminuir nas últimas décadas. O efeito final tem mais a ver com o equilíbrio entre aquilo que a empresa pode pagar e o valor que efetivamente paga ao trabalhador. Se, como muitas vezes acontece, o salário pago é inferior à produtividade marginal, há espaço para aumentos sem que isso afecte o nível de emprego. Mas é necessário tem em conta outros factores: a possibilidade de substituição por máquinas ou o tipo de bens que a empresa em causa produz.

Para as próximas semanas estão agendados temas relacionados com a baixa inflação, o papel do dólar no comércio internacional ou a forma de lidar com a dívida pública. Vale a pena ficar atento.

Este Expresso Curto fica por aqui. Acompanhe toda a informação no Expresso e na SIC.

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