sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

A CLASSE DE DAVOS E COMO VENCÊ-LA


São 0,1%. Alguns mostram-se gentis, ternos. Mas, em conjunto, são predadores. Têm ideologia — mas não ideias, nem imaginação. Nós, os 99,9%, somos mais criativos e melhor formados. Mas eles estão coesos e organizados. Nós, nunca?

Susan George | Outras Palavras | Tradução de Simone Paz | Ilustração de Benedetto Cristofani

“Tudo para nós e nada para os outros parece ter sido, em toda a nossa história, a máxima vil dos senhores da humanidade”, escreveu Adam Smith em 1776, em A Riqueza das Nações — obra que é considerada, universalmente, a primeira pesquisa abrangente sobre a natureza e a prática do capitalismo.

O senhores da humanidade ainda estão entre nós: eu os chamo de a “Classe Davos” porque, do mesmo jeito que as pessoas se encontram todo ano nos resorts de esqui na Suíça, eles são nómadas, poderosos e permutáveis. Alguns têm poder económico e uma fortuna pessoal considerável. Outros possuem poder político e de administração, principalmente exercido em nome daqueles com poder económico, que os recompensam à sua maneira. Podem até existir contradições entre seus membros — o CEO de uma empresa industrial nem sempre tem os mesmos interesses que seus banqueiros — mas, de um modo geral, quando se trata de escolhas sociais, eles terão a mesma opinião.

Não estou questionando a moralidade individual de ninguém aqui. Com certeza, existem muitos banqueiros de bom coração, traders generosos e CEOs responsáveis socialmente. Só estou dizendo que, como classe, podemos esperar que eles se comportem de maneiras específicas, porque eles servem a um sistema em particular. A Classe Davos, apesar das boas maneiras e das roupas perfeitas de seus membros, é predatória. Não se pode esperar que essas pessoas ajam logicamente, porque eles não estão pensando em interesses de longo prazo, mas em comer agora.

Choque de titãs no coração da Terra


Pepe Escobar [*]

Os loucos anos vinte começaram com o estrondo do assassínio do general iraniano Qasem Soleimani

No entanto, um estrondo maior nos aguarda ao longo da década: os vários desdobramentos do Novo Grande Jogo na Eurásia mercê do afrontamento dos Estados Unidos contra a Rússia, a China e o Irão, os três principais pilares da integração na região.

Qualquer acto de mudança neste jogo em termos de geopolítica e geoeconomia terá de ser analisado em conexão com esse choque de grande envergadura.

O Estado Profundo (Deep State) norte-americano e os sectores determinantes da classe dominante dos Estados Unidos da América vivem absolutamente aterrorizados com o facto de a China estar a ultrapassar economicamente a "nação indispensável" e de a Rússia a ter superado militarmente . O Pentágono designa oficialmente os três pilares da Eurásia como "ameaças".

As técnicas de guerra híbrida – acompanhadas pela demonização sorrateira incessante – irão proliferar com o objectivo de conter a "ameaça" da China, a "agressão" russa e o "patrocínio do terrorismo" do Irão. O mito do "mercado livre" continuará a sentir-se de maneira asfixiante através da imposição de uma enxurrada de sanções ilegais, eufemisticamente apresentadas como novas "regras" comerciais.

No entanto, tais práticas dificilmente serão suficientes para inviabilizar a parceria estratégica sino-russa. Para desvendar o significado mais profundo dessa parceria é importante compreender que Pequim a define como o rumo para "uma nova era". Isso significa um planeamento estratégico a longo prazo – na perspectiva da data-chave de 2049, o centenário da Nova China.

O horizonte para os múltiplos projectos da Iniciativa Cintura e Estrada (ICE), também conhecida como Nova Rota da Seda, é, de facto, a década de 2040, altura em que Pequim calcula ter tecido completamente um novo paradigma multipolar de nações/parceiros soberanos na Eurásia e além dela, todos associados por um labirinto interligado de cinturas e estradas.

Quanto ao projecto russo – a Grande Eurásia – reflecte de alguma maneira a Cintura e Estrada e estará integrado nesse processo. A Iniciativa Cintura e Estrada, a União Económica da Eurásia, a Organização de Cooperação de Xangai e o Banco de Investimento em Infraestruturas da Ásia convergem na mesma perspectiva.

Brasil | Povos indígenas vão entrar na Justiça contra Bolsonaro por racismo


Em sua live nas redes sociais, Bolsonaro disse que “cada vez mais o índio está evoluindo, se tornando um ser humano igual a nós.”

A Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) anunciou na noite de quinta-feira (23), através da sua coordenadora executiva Sonia Guajajara, que vai entrar na Justiça contra o presidente Jair Bolsonaro pelo crime de racismo.

“Nós, povos originários desta terra, exigimos respeito. Bolsonaro mais uma vez rasga a Constituição ao negar nossa existência enquanto seres humanos”, disse Sonia Guajajara, ex-candidata a vice-presidente pelo PSOL nas eleições de 2018. “É preciso dar um basta a esse perverso”, completou.

Em sua tradicional live nas redes sociais às quintas, Bolsonaro defendeu que comunidades indígenas “se integrem ao restante da sociedade”, e disse que “cada vez mais o índio está evoluindo, se tornando um ser humano igual a nós”.

Na última semana, Sonia Guajajara esteve reunida com o cacique Raoni e outros 600 representantes de 45 povos indígenas que mostraram a potência e união dos povos indígenas contra as políticas deste governo. Repudiaram o projeto de lei que permite mineração em terras protegidas.

Vermelho

Subsídios para a declaração de solidariedade com a Venezuela bolivariana



“ENCONTRO MUNDIAL CONTRA O IMPERIALISMO”

"Pela vida, soberania e paz"

Caracas - Venezuela, de 22 a 24 de janeiro de 2020

**************** 

Com a maior parte dos africanos disponíveis para o encontro a não se poderem movimentar para Caracas, impedidos pelos componentes da União Europeia alegadamente por que “os aviões para Caracas estavam todos ocupados”, não me deixei surpreender e a tempo fui fazendo chegar os meus subsídios.

A solidariedade para com o Partido Socialista Unido da Venezuela e seus aliados, impunha-se-me inequivocamente e assim fiz 10 propostas que faço constar.


SUBSÍDIOS PARA A DECLARAÇÃO DE SOLIDARIEDADE COM A VENEZUELA BOLIVARIANA

. Os povos do mundo estão cientes da necessidade de cerrar fileiras em torno da revolução socialista bolivariana da Venezuela, tendo em conta o seu papel entre as vanguardas progressistas que identificadas com os parâmetros de sustentabilidade da civilização em pleno século XXI, estão na linha da frente contra a barbárie do imperialismo protagonista da hegemonia unipolar e do capitalismo neoliberal.

Inspirados pela saga iniciada com a gesta libertária de Simon Bolivar e continuada pelo Comandante Hugo Chavez e pelo Presidente Nicolas Maduro à frente dos destinos do Partido Socialista Unificado da Venezuela e partidos aliados, plenamente identificados com as mais legítimas aspirações de independência, soberania, democracia participativa, dignidade, solidariedade e internacionalismo do povo revolucionário bolivariano, os participantes no ENCONTRO MUNDIAL CONTRA O IMPERIALISMO, pela vida e pela paz

ACORDAM:

01- APOIAR firmemente o PSUV, os partidos a ele aliados e a revolução socialista bolivariana, face a todo o tipo de bárbaras ingerências, manipulações e manobras destinadas a obstaculizar a progressiva acção civilizadora em nome da vida e da paz na Venezuela Bolivariana e na Pátria Grande;

02- EXIGIR perentoriamente o fim de todas as acções agressivas de carácter bárbaro, contra a civilização de vida e de paz que a nação, o estado, o povo bolivariano e todas as sensibilidades progressistas venezuelanas e latino-americanas aspiram tão legitimamente construir na sua pátria-trincheira e em toda a Pátria Grande da América;

03- EXIGIR resolutamente a devolução ao soberano povo bolivariano da Venezuela, de todo o património e capitais que lhe pertencem, usurpados pela pirataria do império da hegemonia unipolar e seu cortejo de instrumentalizados vassalos e coligados, em pleno século XXI;

04- EXIGIR em nome da vida e da paz, que cessem imediatamente todos os programas directos, indirectos, ou “transversais” de subversão e de desestabilização contra a Venezuela Bolivariana, respeitando por via do quadro de leis internacionalmente em vigor, a sua autodeterminação, soberania e independência;

05- RECHAÇAR todas as ingerências, manipulações e manobras que usem “terceiras bandeiras”, ou organizações internacionais instrumentalizadas pela barbaridade do império neoliberal da hegemonia unipolar, como o “Ministério das Colónias” que constitui a Organização dos Estados Americanos, tendo em conta o histórico dos contenciosos vigentes na América desde a época do expansionismo estado-unidense;

06- SUBLINHAR de forma clarividente, que a revolução bolivariana sendo pela vida e pela paz, é com o PSUV e seus aliados, um amplo movimento protagonista das aspirações mais sublimes e legítimas das nações, dos estados e dos povos da Terra, na construção duma civilização que comporta uma cultura de felicidade, solidariedade, dignidade e internacionalismo para todos, na perspectiva dum imprescindível património comum e imaterial de justiça, equilíbrio e respeito para toda a humanidade e para com a Mãe terra;

07- APOIAR os esforços da revolução bolivariana, do PSUV e de seus aliados, no sentido de dar continuidade à vocação da unidade na Pátria Grande, respeitando os mais puros ideais dos pais libertadores da América, onde se distinguem as lutas heroicas e sábias de Simon Bolivar e do Comandante Hugo Chavez;

08- CONTRIBUIR para o fortalecimento dos laços que unem as duas margens do Atlântico Sul, tendo em conta a antropologia e a história dos africanos e afrodescendentes, de modo a construir pontes de luta anti-imperialista, pela dignidade, pela solidariedade e pelo internacionalismo, contra a barbárie da discriminação por via das injustiças sociais, do isolamento das pequenas nações insulares que compõem o CARICOM e do subdesenvolvimento crónico e ultraperiférico de África;

09- CONTRIBUIR em torno da revolução bolivariana, do PSUV e de seus aliados, para o reforço da civilização que luta pela vida e pela paz à escala global, tendo em conta a perspectiva de iniciativas de emergentes, entre elas a perspectiva “ganha-ganha” da Iniciativa Cinturão e Estrada (“Belt and Road Initiative”);

10- AMPLIAR o desenvolvimento de acções públicas, mediáticas e anti-imperialistas, com carácter institucional permanente e de forma articulada, sistemática e intensiva, de condenação à agressiva barbárie do império contra as revoluções progressistas da América Latina protagonistas de vida e de paz, entre elas a revolução bolivariana.

Reconhecemos e agradecemos os esforços de vanguarda da revolução bolivariana, do PSUV e seus aliados, assim como de todo o heróico povo bolivariano, no sentido de perseguindo uma via de vida e de paz, sem adoptar as receitas neoliberais, antes o protagonismo socialista alternativo do século XXI, assumir de forma tão resoluta a luta da civilização contra a barbárie que está a conduzir a humanidade e a Mãe Terra para o abismo.

Nesta hora decisiva em que a espécie humana está em perigo como nunca e com ela a própria vida tal qual a conhecemos, assim como a paz global e o respeito merecido à Mãe Terra, é imprescindível a unidade e luta articulada e ampla em todos os espaços continentais e insulares do planeta, reforçando o sublime legado do Comandante Hugo Chavez tão intimamente vinculado ao legado incontornável do Comandante Fidel.

AS MÃOS DO IMPÉRIO E DE SEUS VASSALOS E COLIGAÇÕES, FORA DA VENEZUELA BOLIVARIANA!

ABAIXO A PIRATARIA DO SÉCULO XXI!

VIVA O PARTIDO SOCIALISTA UNIFICADO DA VENEZUELA E SEUS ALIADOS!

VIVA O HERÓICO POVO REVOLUCIONÁRIO SOCIALISTA E BOLIVARIANO!

VIVA A VENEZUELA BOLIVARIANA!

VIVA A PÁTRIA GRANDE!

PELA MEMÓRIA E OS ENSINAMENTOS DE AGOSTINHO NETO E HUGO CHAVEZ,

A LUTA CONTINUA!

A VITÓRIA É CERTA!


Imagens:
01 – Logotipo do Encontro Mundial contra o Imperialismo;
02- Primeiras sessões;
03- Primeiras sessões.

Especialistas estimam possibilidades de conflito nuclear EUA-Rússia


Relógio do Juízo Final

A probabilidade de trocas de ataques nucleares entre Washington e Moscovo é baixa, mas seus arsenais nucleares representam uma ameaça, segundo especialistas do Boletim de Cientistas Atómicos.

O Relógio do Juízo Final, um relógio simbólico mantido desde 1947, teve seu horário acertado na quinta (23), passando de dois minutos para a meia-noite (pior nível histórico) para apenas cem segundos da hora fatal - as 12 badaladas indicariam o apocalipse, na metáfora criada pelo prestigioso Boletim dos Cientistas Atómicos.

"Acho que nem os russos nem os chineses têm qualquer intenção de atacar os EUA com armas nucleares. Um erro é possível, mas nestes países - EUA, Rússia, China - os sistemas de controle são suficientemente bons. O perigo real vem da possível perda de armas nucleares ou da perda de materiais nucleares. Penso que há um perigo maior de que outros países usem armas nucleares. Talvez o Paquistão", disse Robert Latiff, membro do Conselho de Ciência e Segurança do grupo.

Guerra na Europa? Porque os EUA enviarão um 'exército inteiro' para o velho continente?


Enquanto os EUA tentam conter a Rússia na Europa, o Pentágono aumentou significativamente sua presença no continente e se prepara para um dos maiores exercícios da OTAN.

Em março, a Polónia e outros países europeus deverão ser palco dos exercícios militares Defender 2020, enquanto a Alemanha abrigará o centro logístico dos exercícios da OTAN.

Espera-se que 18 países da aliança tomem parte das manobras, as quais devem contar com 37.000 militares americanos, com o número total de militares ultrapassando os 40.000.

Tal cifra representa um dos maiores envios de tropas dos EUA para o velho continente, enquanto o Pentágono passou a ter militares onde nunca tinha tido antes.

"Em alguns meses nós teremos a maior presença de tropas dos EUA há décadas, tendo lugar na Polónia e em muitos outros países europeus [...] Até em meu país, a Noruega, nós temos agora fuzileiros navais dos EUA pela primeira vez", afirmou o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, durante o Fórum Económico Mundial no último dia 23, em Davos, Suíça, conforme publicado pela OTAN.

O CDS na berlinda, os isabelinos santos lusos e os escravos da modernidade


Curto à direita com CDS / PP e os dramas intestinos que por lá vão. Vem aí congresso e candidatos a chefes supremos do Centro Democrático Social / Partido Popular. Há os que têm a perspetiva de rumar ainda mais à direita para dar cabo do canastro ao Chega e ao Iniciativa Liberal, também responsáveis pelos péssimos resultados eleitorais nas últimas eleições legislativas.

CDS mais à direita. Dizem analistas que assim acontecerá, o rumo à direita radical poderá vir a ser a solução para o CDS se manter com alguns lugares de deputados (não muito mais que no presente). Teremos então um CDS mais populista, mais reacionário, caminhando na estrada fascista/salazarista/saudosista de logo após o 25 de Abril de 1974. Na atualidade com adaptações pseudo-democratas imprescindíveis e convenientes. O tempo o dirá, se assim não acontecerá, caso se atreva a enveredar por esse caminho. Pode ser a sua morte ou a sua sorte… E azar dos portugueses na generalidade, a maioria que preza o desenvolvimento e rigor da democracia, da justiça social e de muito mais que consta na Constituição que ainda guarda importantes itens de defesa dos direitos democráticos dos portugueses. Adiante.

Ainda no Expresso Curto que aqui trazemos (mais em baixo) David Dinis, o tarefeiro da lavra do dia, abarca o que não podia deixar de fazer: Luanda Leaks, tema que tem sido profícuo na badana de toda a semana e assim vai continuar na próxima e nas seguintes. Dali, do dito Leaks, salientamos os portugueses cúmplices e oportunistas da chamada Princesa da Angola Dos Santos, afinal ladra dos angolanos, que andam a procurar mostrar-se a assobiar para o lado como se fossem uns isabelinos santos lusos de excecional asseio, quando tantos os apontam como fedendo aos odores dos esgotos que têm por ligação e imundice Isabel dos Santos e as ditas centenas de empresas dos seus (seus?) milhões de euros e/ou dólares. 

Não só portugueses abutres da bagalhoça da pesada estão na berlinda, também de muitas outras nacionalidades. Afinal estamos a referir aqui a máfia internacional que parasita os povos nas suas variadas maneiras, sapiências e “investimentos” ou capacidades e conhecimentos “avançados” para possuir e gerir o que não pertence aos supostos donos mas sim aos legítimos donos, os povos.

Muito mais pode desfrutar nas abordagens curtas mas incisivas e úteis que constam no Curto de hoje. Vá lá e renda-se ao conhecimento da atualidade. Depois prepare-se para o fim-de-semana que está à porta. Isso se acaso não lhe tocar trabalhar que nem mouro sábado e domingo – o que já é grande hábito dos trabalhadores portugueses ~ não tendo tempo disponível para a família, para os filhos… Para nada, a não ser dar tempo à exploração desenfreada que os horários de trabalho de hoje impõem por salários de miséria.

“Má língua”, dirão uns quantos. Vê-se mesmo que nem pensam que estão a viver o apogeu da era esclavagista da modernidade, em que o chicote é a necessidade criada para ter algum dinheiro para pagar as contas dos “bens” que vos impingem.

Salvé slave!

Bom resto de dia e bom-fim-de semana. Faz-de-Conta, pois.

MM | PG

Portugal racista | AMEAÇAS DE MORTE A MAMADOU BA


Mamadou Ba: “Continuo a receber ameaças de morte, nomeadamente de polícias, comandos e GNR”

O dirigente do SOS Racismo, Mamadou Ba, afirma ter recebido a 'milésima' ameaça de morte velada a 15 de janeiro, data de aniversário do líder e ativista histórico americano Martin Luther King Jr.: "Deixe nosso país. Leve sua família para seu país de origem. Você foi avisado." Em anexo, a imagem de uma bala. Mamadou garante que boa parte destas ameaças provêm de elementos das forças de segurança pública, mas que isso não o detém na sua luta antirracista. Reafirma que não se arrepende de ter escrito "a bosta da bófia", no rescaldo dos acontecimentos no bairro da Jamaica, defendendo que 'caracterizou' "a atuação da polícia, não a polícia" e que é “objeto permanente de bullying da extrema-direita, que o persegue. “Por isso já mudei de casa duas vezes…” Considera que Portugal tem de fazer uma catarse sobre o seu passado colonial e que “nenhuma pessoa branca pode avaliar o grau de violência que sofre uma pessoa racializada.” Uma conversa para ouvir neste episódio do podcast “A Beleza das Pequenas Coisas”

sta conversa foi feita em casa de Mamadou Ba, logo após um debate sobre “Raça, Classes e Nação” que o dirigente do SOS Racismo teve com o historiador José Neves, na livraria “Tigre de Papel”. Na sua camisola pode ler-se em letras brancas garrafais a palavra “Peace” (Paz). Mas a sua vida nos últimos tempos não tem sido um bom exemplo disso. Mamadou explica que já mudou várias vezes de morada, para proteger a família, os dois filhos, porque alegadamente elementos da extrema-direita colocaram o endereço nas redes sociais junto com inúmeras ameaças. “Só falta um dia mandarem uma milícia vir buscar-me a casa e lincharem-me. Mas o medo não me paralisa.”

Voz crítica sobre o que chama de “silenciamento” ocorrido durante as primeiras semanas após a agressão e morte do estudante caboverdiano Giovani Rodrigues, em Bragança, Mamadou refuta os argumentos de quem afirma que é contraproducente insistir em encontrar motivos racistas em tudo.

“Nós no jargão anti-racista costumamos dizer que isto é um bocado a retórica do privilégio branco. É muito esclarecedor quando há uma pessoa branca que nos diz que nem tudo é racismo. É a lógica permanente da acusação da vitimização. E fazendo uma comparação agora com a questão de género. Nós sabemos que muitas vezes o que tem acontecido com o feminicídio é precisamente a indiferença ou a desvalorização das queixas das vítimas de agressão machista. Muitas vezes as pessoas dizem às mulheres vítimas de agressão machista: “Estás a exagerar” ou “aguenta-te”. E, esta desvalorização, é ilegítima e é até violenta e ofensiva. Ninguém na pele de um branco pode saber avaliar qual é o grau de violência que sofre uma pessoa racializada. Em qualquer circunstância que seja.”

Expresso | BERNARDO MENDONÇA - Entrevista | RÚBEN TIAGO PEREIRA - Edição áudio | ANTÓNIO PEDRO FERREIRA - Fotografia

Portugal | Não se façam de mortos


Há um novo desporto em Portugal que, sendo praticado por boa parte das elites do poder financeiro português, corre o risco de se transformar em competição olímpica.

Miguel Guedes | Jornal de Notícias | opinião

Na realidade, há muito que se ultrapassaram os mínimos. Esse desporto, misto de caça-fantasmas com jogo da invisibilidade, é de alta competição, usa de velocidade e joga-se da pista principal para os atalhos. Desporto de morte súbita, cada dia a ganhar adeptos, é uma prova sui generis e com um desígnio último: fugir de Isabel dos Santos. Jogo colectivo sem ponta de lança mas com um pelotão de arrasto, apresenta-se com um lema de unidade individual inquebrantável: salve-se quem puder!

Desde que o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação revelou os Luanda Leaks, 715 mil ficheiros secretos sobre a sede de fortuna e a rede de negócios da filha de José Eduardo dos Santos, An-go-la é agora uma palavra insoletrável de escura como breu, para dezenas de cabecilhas e co-responsáveis pela tormenta que assolou o povo angolano durante décadas de conivência com o nepotismo e a cleptocracia. Despacho de pronúncia. Neste desporto, ganha o último a fazer-se de morto.

Pacto Ecológico Europeu: nem verde, nem ecológico, nem europeu


Não será um capitalismo verde ou um capitalismo de última geração que salvará o ambiente. E sim, é tempo de agir organizadamente para derrotar o capitalismo, pois este não é, nem nunca será, verde.

Inês Pereira | AbrilAbril | opinião

Na década de 30 a Administração Roosevelt adoptou o New Deal1. O objectivo, nesse tempo, era salvar o capitalismo da profunda crise em que se encontrava. Recentemente, a Comissão Europeia (CE) apresentou o chamado European Green Deal, traduzido para português como Pacto Ecológico Europeu. Hoje, como ontem, o que se pretende com o tal «Pacto» é maximizar o lucro dos grandes grupos económicos, instrumentalizando justas preocupações das populações com o ambiente e explorando ainda mais os trabalhadores e os povos.

Estamos, pois, perante uma enorme acção de propaganda da União Europeia (UE), isto porque o «Pacto» proposto pela Comissão Europeia não é verde, nem é ecológico, como não são verdes, nem ecológicas, as demais políticas fundamentais que tem promovido.

Serão verdes as políticas comerciais levadas a cabo pela UE, nomeadamente os acordos de livre comércio, como são o CETA2 ou o Acordo UE com o Mercosur? Serão verdes as políticas de liberalização e de privatização do sector da energia ou do sector dos transportes? Serão verdes as políticas militaristas que encharcam com milhões de euros a tão «verde» indústria militar das grandes potências europeias?

O «Pacto» proposto pela CE é uma forma de fazer negócio com o ambiente quando, por exemplo, se pretende alargar o mercado do carbono, o negócio da compra e venda das licenças para poluir.

É uma forma de explorar os trabalhadores e os povos, promovendo impostos ditos de «verdes» – que recentemente foram rejeitados por massivas manifestações na França ou na Bélgica – e de os responsabilizar pela degradação do ambiente, quando as responsabilidades maiores estão nos grandes grupos económicos e no capitalismo.

Brexit | "Acabámos de assinar o Acordo sobre a Saída do Reino Unido da UE"


A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, formalizaram hoje o Acordo de Saída do Reino Unido da União Europeia (UE), faltando só a 'luz verde' final do Parlamento Europeu.

"Charles Michel e eu acabámos de assinar o Acordo sobre a Saída do Reino Unido da UE, abrindo caminho para a sua ratificação pelo Parlamento Europeu", informou a líder do executivo comunitário através de uma publicação feita na rede social Twitter.

A publicação é acompanhada de uma fotografia na qual aparece Ursula von der Leyen, Charles Michel, e o negociador-chefe da UE para o 'Brexit', Michel Barnier, que conduzirá as negociações sobre futuras relações comerciais após este 'divórcio' entre Londres e Bruxelas.

Este passo formal hoje dado surge um dia depois de a Comissão de Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu ter aprovado uma recomendação que espelha a posição favorável da assembleia europeia ao Acordo de Saída do Reino Unido da UE, faltando só a 'luz verde' final em plenário.

Falta agora a 'luz verde' dos eurodeputados em plenário, que deverá acontecer na próxima quarta-feira, durante a mini sessão que decorre em Bruxelas.

Navio humanitário resgata 92 pessoas no Mediterrâneo


O navio 'Ocean Viking', operado pelas organizações não-governamentais (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) e SOS Mediterránee, resgatou 92 pessoas que estavam a bordo de um barco no mar Mediterrâneo, a 48 quilómetros da costa da Líbia.

As duas organizações não-governamentais (ONG) explicaram nas redes sociais que a operação de resgate foi difícil.

De acordo com as ONG, várias mulheres, algumas grávidas, e crianças também estavam no barco. As pessoas na embarcação estavam muito fracas, em estado de hipotermia e a sofrer de tonturas, além de estarem cobertas pelo combustível do barco, acrescentaram as ONG.

O navio 'Ocean Viking' desembarcou a 21 de janeiro no porto de Pozzallo, na ilha italiana da Sicília, 39 migrantes que haviam resgatado quatro dias antes.

Após a saída da Liga (partido de extrema-direita) do Executivo italiano e com a nova formação de Governo - composto pelo Movimento 5 Estrelas (M5S) e pelo Partido Democrata (PD) e outros grupos progressistas -, os navios humanitários não sofrem mais impedimentos para desembarcar migrantes resgatados nos portos italianos graças ao mecanismo de redistribuição de migrantes nos países europeus.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Reuters

Leia em Notícias ao Minuto: 

Timor-Leste / Cheias | Menina morre afogada em valeta de Díli


Chuvas provocam cheias e centenas de desalojados

Díli, 23 jan 2020 (Lusa) - Uma menina morreu hoje afogada depois de cair numa valeta de drenagem no centro da capital timorense, depois de dois dias de chuvas intensas terem provocado centenas de desalojados e causado danos a muitas casas.

Fonte do Bombeiros Nacionais confirmou à Lusa que a menina, residente em Becora e de idade desconhecida, foi retirada da valeta de drenagem por bombeiros e elementos da comunidade local, no bairro de Audian.

"A menina ainda foi levada para o Hospital Guido Valadares, mas infelizmente não se conseguiu salvar", disse a fonte.

Chuvas intensas que têm atingido a região de Díli desde a madrugada de quarta-feira provocaram cheias em várias zonas da capital, com centenas de desalojados.

Imagens de acumulações de água em várias zonas da cidade e testemunhos de lixo e detritos, incluindo humanos, espalhados multiplicaram-se nas últimas 24 horas em vídeos e fotografias nas redes sociais.

O Governo está já a preparar apoio de emergência para as famílias afetadas pelas cheias, confirmaram à Lusa fontes do executivo.

Segundo partido da coligação do Governo timorense remete para PR solução da crise


Díli, 24 jan 2020 (Lusa) - O segundo partido da coligação do Governo timorense remeteu hoje para as competências do Presidente de Timor-Leste uma solução para a crise política no país, causada pelo chumbo ao Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2020.

"A Constituição da República atribui ao senhor Presidente a competência para encontrar uma solução. E seja qual for essa solução, o PLP concorda e apoia. A solução é competência do senhor Presidente e o PLP não tem qualquer preferência", disse hoje Abrão 'Mate Resto', primeiro vice-presidente do Partido Libertação Popular (PLP), do primeiro-ministro Taur Matan Ruak.

Uma delegação do PLP, segundo força da coligação do Governo, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), esteve hoje reunida durante cerca de uma hora com o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo.

"Toda a gente acompanhou que na semana passada o Orçamento Geral do Estado (OGE) chumbou. O Presidente convidou os partidos para informarmos sobre a situação atual na sequência do chumbo", explicou.

Remetendo sempre a solução para o chefe de Estado, o dirigente do PLP recusou a clarificar a situação atual da própria AMP, tendo em conta os votos de abstenção e contra do seu maior partido, o CNRT, que levaram ao chumbo do OGE.

Número de mortos na China sobe para 25 e casos confirmados aumenta para 830


Pequim, 24 jan 2020 (Lusa) - O número de mortos na China devido ao surto de coronavírus detetado na cidade de Wuhan, no centro do país, subiu hoje para 25 e o de casos confirmados aumentou para 830, revelou hoje a Comissão Nacional de Saúde.

De acordo com as autoridades chinesas, há também 1.072 casos suspeitos.

O novo vírus, que causa pneumonias virais foi detetado na China no final de 2019.

As autoridades chinesas anunciaram ainda que, pela primeira vez, uma das mortes foi confirmada fora da província central de Hubei, cuja capital, Wuhan, é o epicentro do surto.

A comissão de saúde de Hebei, uma província que faz fronteira com Pequim, disse que um homem de 80 anos morreu após regressar de uma estadia de dois meses em Wuhan.

A grande maioria dos casos ocorreu dentro e ao redor de Wuhan ou de pessoas com conexões na cidade.

Além da China continental, foram já detetados casos em Macau, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos.

China | Proibição de sair de Wuhan apanha comunidade portuguesa de surpresa


Pequim, 23 jan 2020 (Lusa) - Miguel Matos, um dos raros portugueses a residir em Wuhan, estava de malas feitas para as Filipinas quando foi impedido de partir, parte de um bloqueio que visa travar a propagação de uma nova epidemia.

"É preciso muito azar", conta à Lusa o treinador de guarda-redes do Hubei Chufeng Heli, clube que compete na terceira divisão chinesa de futebol. "Vim na quarta-feira do estágio de pré-época em Kunming (sudoeste da China), só para pegar nas malas, e hoje de manhã fui notificado que não podia sair da cidade", revela.

"Autoestradas, ligações ferroviárias e aéreas, está tudo fechado", descreve. "Não podemos sair daqui", acrescenta.

As autoridades proibiram as entradas e saídas de Wuhan e de mais duas cidades vizinhas, por período indeterminado, numa quarentena de facto que apanhou milhões de pessoas desprevenidas, na véspera do início das férias do Ano Novo Lunar.

A principal festa das famílias chinesas, equivalente ao Natal nos países ocidentais, é também a maior migração interna do planeta: segundo o ministério chinês dos Transportes dever-se-ão registar um total de três mil milhões de viagens internas durante os próximos 40 dias.

António Rosa, professor de Design e Arte numa escola internacional de Wuhan, também foi apanhado de surpresa: "Já estava de férias há vários dias, mas fiquei a aguardar pelas férias da minha namorada, que começam na sexta-feira, para viajarmos juntos para o Vietname".

"Se soubesse o que sei hoje já não estava aqui", diz à Lusa.

Mais lidas da semana