Enquanto os EUA tentam conter a
Rússia na Europa, o Pentágono aumentou significativamente sua presença no
continente e se prepara para um dos maiores exercícios da OTAN.
Em março, a Polónia e outros
países europeus deverão ser palco
dos exercícios militares Defender 2020, enquanto a Alemanha abrigará o
centro logístico dos exercícios da OTAN.
Espera-se que 18 países da
aliança tomem parte das manobras, as quais devem contar com 37.000 militares
americanos, com o número total de militares ultrapassando os 40.000.
Tal cifra representa um dos
maiores envios de tropas dos EUA para o velho continente, enquanto
o Pentágono passou a ter militares onde nunca tinha tido antes.
"Em alguns meses nós teremos
a maior presença de tropas dos EUA há décadas, tendo lugar na Polónia e em
muitos outros países europeus [...] Até em meu país, a Noruega, nós temos agora
fuzileiros navais dos EUA pela primeira vez", afirmou o secretário-geral
da OTAN, Jens Stoltenberg, durante o Fórum Económico Mundial no último dia 23,
em Davos, Suíça, conforme publicado pela OTAN.
Exercícios sem inimigo
De 1969 a 1993, a OTAN realizou
anualmente os exercícios militares REFORGER. O objetivo era preparar suas
tropas para um emprego rápido na Alemanha Ocidental em caso de guerra.
Em sua edição de 1988, a
atividade contou com 125.000 militares e decorreu na Alemanha.
Referindo-se aos próximos exercícios, o comandante do Exército americano na Europa, o tenente-coronel
Christopher Cavoli, comparou-os com as manobras REFORGER.
"De certa forma estes
exercícios serão mais difíceis que os REFORGER", declarou a jornalistas.
A razão disso é que nos anos da
Guerra Fria o "território e o inimigo eram bem conhecidos, não se sabendo
quando começaria a guerra. Já desta vez, os EUA enviam uma enorme força para o
continente que terá de ser destacada em muitos países. E não sabemos com quem
nos vamos confrontar ou de quem nos vamos defender...", disse.
Contudo, as frequentes atividades
militares de Washington nas fronteiras russas revelam qual é, na realidade, o
alvo dos exercícios.
Somado ao rótulo de agressor que a Rússia recebe na mídia
ocidental, as tropas americanas terão como objetivo agir na região do Báltico,
em torno do enclave russo de Kaliningrado.
Ao mesmo tempo, os EUA desenvolvem
planos para neutralizar os vários níveis de defesa desta região russa.
Enclave estratégico
No ano passado, mais de 800 voos da inteligência da OTAN foram executados ao redor
de Kaliningrado.
Na opinião dos especialistas
militares ocidentais, os sistemas de mísseis Iskander, sistemas antiaéreos
S-400 e sistemas de defesa costeira Bastion presentes na
região permitirão resistir a qualquer ataque.
Tal cenário põe-se como negativo
para a OTAN, mas os especialistas acreditam que, cedo ou tarde, a região
cairia. Esta hipótese é colocada sob a condição de que a Rússia não usará suas armas nucleares táticas, nem moverá tropas de reforço para
o combate.
De qualquer forma, quem atacar
Kaliningrado sofrerá grandes perdas.
Preparando-se para tal cenário,
os militares russos têm ensaiado o envio de munições especiais para uma região
hipotética. Para alguns especialistas, tal exercício seria uma clara
confirmação de que a Rússia possui cargas nucleares para seus sistemas OTRK
Iskander-M.
Tal fato aumenta
consideravelmente a importância estratégica de Kaliningrado na capacidade de
defesa da Rússia.
Sputnik | Imagem: © AP Photo /
Alik Keplicz
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