No Ceará, UTIs já rejeitam
pacientes; mesmo SP, à beira do esgotamento. Enquanto pandemia avança,
Bolsonaro insiste na “volta ao trabalho” — e nomeia, no lugar de Mandetta, um
ministro-empresário, sem experiência real com SUS
Maíra Mathias e Raquel Torres | Outras Palavras
A CHEGADA DE NELSON TEICH
O oncologista Nelson Teich foi recebido no Palácio do Planalto às 9h de ontem. Lá, uma pequena multidão participou da sua sabatina: estiveram presentes os ministros militares, o advogado-geral da União, o diretor-presidente da Anvisa e até o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) – entidade que fez intenso lobby pela indicação. Teich foi ao encontro com um discurso pronto: o de que era um “equívoco” saúde e economia não trabalharem juntas – pois “a saúde não vive sem a economia” e “a economia não vive sem a saúde”. Foi prontamente convidado para assumir o Ministério da Saúde. Primeiro, pediu tempo pra consultar a família. Depois, avisou que aceitava o convite.
A saída de Luiz Henrique Mandetta do governo se diferenciou das anteriores até na forma. Quando decidiu tirar Ricardo Vélez Rodríguez, Bolsonaro foi ao Twitter anunciar que havia escolhido Abraham Weintraub como substituto. No caso do falecido Gustavo Bebianno, a intensa fritura aconteceu na mesma rede social, mas foi articulada pelo filho 02, Carlos Bolsonaro. Desta vez, o presidente ligou para o gabinete do ex-ministro e o chamou ao Planalto. Uma vez com o pé fora do gabinete presidencial, Mandetta não teve dúvidas: em um gesto político claro, se antecipou e anunciou via Twitter a própria exoneração – frisando de quem era a responsabilidade: “Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde.” Em meia hora, a postagem que fala do SUS recebeu 127 mil curtidas.
No Planalto, o ex-ministro foi recebido por Bolsonaro e pelo titular da Secretaria de Governo, general Augusto Heleno. Em entrevista ao SBT, o presidente relatou que foi uma conversa tranquila “de 30 minutos”. Mandetta, que disse que a conversa foi “amistosa” e “agradável”, saiu de lá diretamente para o Ministério da Saúde, onde concedeu entrevista à imprensa com mensagens aos servidores e equipe. “Não tenham medo. Não façam um milímetro diferente do que vocês sabem fazer”, disse.
Depois, ao pendurar seu retrato na galeria de ex-ministros em uma cerimônia mais íntima que excluiu quase toda a imprensa, ele foi direto. Citando a “grande massa trabalhadora desse país”, questionou: “O que é falar para eles: ‘vão trabalhar, por que temos que passar por isso rápido’? Se passar por isso rápido significa estressar muito além do razoável o sistema de saúde?”. O SUS, segundo Mandetta, “vai pagar a conta de séculos de negligência, de favela, de falta de saneamento básico, de falta de cuidado com o povo mais humilde” – e sofrerá com o afrouxamento ainda maior das recomendações de distanciamento social que provavelmente vem por aí. “A gente tomou decisões baseado no que está acontecendo no sistema de saúde da Europa, da França, da Inglaterra. O sistema de enfermagem da Inglaterra foi atender com saco de lixo na cabeça”, exemplificou.
Mandetta sai do cargo com 76% de aprovação, segundo a última pesquisa Datafolha. Ontem, foram registrados panelaços em protesto à demissão em capitais como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Belém, Porto Alegre, Salvador, Vitória e Recife. A primeira onda de protestos aconteceu com o anúncio do ministro via Twitter. A segunda começou às 17h05, quando no Planalto, Jair Bolsonaro apresentava à imprensa o novo ministro.
O oncologista Nelson Teich foi recebido no Palácio do Planalto às 9h de ontem. Lá, uma pequena multidão participou da sua sabatina: estiveram presentes os ministros militares, o advogado-geral da União, o diretor-presidente da Anvisa e até o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) – entidade que fez intenso lobby pela indicação. Teich foi ao encontro com um discurso pronto: o de que era um “equívoco” saúde e economia não trabalharem juntas – pois “a saúde não vive sem a economia” e “a economia não vive sem a saúde”. Foi prontamente convidado para assumir o Ministério da Saúde. Primeiro, pediu tempo pra consultar a família. Depois, avisou que aceitava o convite.
A saída de Luiz Henrique Mandetta do governo se diferenciou das anteriores até na forma. Quando decidiu tirar Ricardo Vélez Rodríguez, Bolsonaro foi ao Twitter anunciar que havia escolhido Abraham Weintraub como substituto. No caso do falecido Gustavo Bebianno, a intensa fritura aconteceu na mesma rede social, mas foi articulada pelo filho 02, Carlos Bolsonaro. Desta vez, o presidente ligou para o gabinete do ex-ministro e o chamou ao Planalto. Uma vez com o pé fora do gabinete presidencial, Mandetta não teve dúvidas: em um gesto político claro, se antecipou e anunciou via Twitter a própria exoneração – frisando de quem era a responsabilidade: “Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde.” Em meia hora, a postagem que fala do SUS recebeu 127 mil curtidas.
No Planalto, o ex-ministro foi recebido por Bolsonaro e pelo titular da Secretaria de Governo, general Augusto Heleno. Em entrevista ao SBT, o presidente relatou que foi uma conversa tranquila “de 30 minutos”. Mandetta, que disse que a conversa foi “amistosa” e “agradável”, saiu de lá diretamente para o Ministério da Saúde, onde concedeu entrevista à imprensa com mensagens aos servidores e equipe. “Não tenham medo. Não façam um milímetro diferente do que vocês sabem fazer”, disse.
Depois, ao pendurar seu retrato na galeria de ex-ministros em uma cerimônia mais íntima que excluiu quase toda a imprensa, ele foi direto. Citando a “grande massa trabalhadora desse país”, questionou: “O que é falar para eles: ‘vão trabalhar, por que temos que passar por isso rápido’? Se passar por isso rápido significa estressar muito além do razoável o sistema de saúde?”. O SUS, segundo Mandetta, “vai pagar a conta de séculos de negligência, de favela, de falta de saneamento básico, de falta de cuidado com o povo mais humilde” – e sofrerá com o afrouxamento ainda maior das recomendações de distanciamento social que provavelmente vem por aí. “A gente tomou decisões baseado no que está acontecendo no sistema de saúde da Europa, da França, da Inglaterra. O sistema de enfermagem da Inglaterra foi atender com saco de lixo na cabeça”, exemplificou.
Mandetta sai do cargo com 76% de aprovação, segundo a última pesquisa Datafolha. Ontem, foram registrados panelaços em protesto à demissão em capitais como Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Belém, Porto Alegre, Salvador, Vitória e Recife. A primeira onda de protestos aconteceu com o anúncio do ministro via Twitter. A segunda começou às 17h05, quando no Planalto, Jair Bolsonaro apresentava à imprensa o novo ministro.