domingo, 26 de abril de 2020

Portugal | O nosso lay off


O DN está em lay off. Ao contrário do que no jornalismo se costuma dizer - que os jornalistas nunca são notícia - isso é obviamente notícia. E deve, creio, ser falado aqui mesmo, onde o lay off acontece, pelas pessoas que o vivem. Porque não está tudo bem, e talvez nunca mais fique.

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | opinião

“Toda a vida ouvi a palavra lay off e nunca soube bem o que quer dizer."

A frase é de um colega do DN, mas podia ser minha. Como eu, ele é jornalista há décadas e viu muitas vezes este termo aplicado a outros. Como eu nunca teve a curiosidade de tentar perceber - perceber mesmo, de maneira a saber explicar - o que é um lay off. Até que chegou a nossa vez.

É irónico, muito. E diz muito sobre a forma como vemos o mundo, sobre o que consideramos importante saber e transmitir, o lugar onde nos colocamos, como entendemos as relações laborais e a importância que lhes damos. Diz muito sobre a forma como o jornalismo aborda isso a que se dá o nome de luta dos trabalhadores, de como provavelmente a maioria dos jornalistas desconhece noções básicas sobre o funcionamento do mercado de trabalho, da economia, do Estado social. Como nos afastámos, na cobertura noticiosa habitual, dessas matérias, a ponto de termos passado uma longa crise económica, entre 2008 e 2016, sem ter uma ideia clara sobre um mecanismo previsto no Código de Trabalho e criado pelo Estado para auxiliar empresas em situação difícil e tentar manter postos de trabalho, pondo a Segurança Social a pagar parte dos salários.

Acho que isto diz muito sobre a nossa falta de consciência social. A minha falta de consciência social. A minha falta de interesse pela realidade dos outros - o que é sempre muito mau em seja quem for mas muito pior num jornalista. Talvez a pior coisa que posso dizer de um jornalista seja isto, e estou a dizê-lo. Sobre mim.

Portugal | Morreram 23 pessoas por Covid-19 nas últimas 24 horas


O total de mortos por Covid-19 subiu para 903 nas últimas 24 horas

Há 23. 864 infetados e 129 casos de recuperação. Dos 23 óbitos, 18 são de pessoas com mais de 80 anos.

Marta Temido realça que, este aumento ligeiro de óbitos, a grande maioria contribui para a taxa de letalidade em idosos (13,6%). 

(Catarina Maldonado Vasconcelos – TSF)

Pico da infeção já terá passado. Cada paciente infeta em média uma pessoa

Os dados reportam a uma análise com uma amostra de 2958 casos confirmados entre os dias 18 e 24 de abril no país.

A ministra da Saúde destaca a importância dos critérios epidemiológicos para adequar a resposta à pandemia à medida que esta vai evoluindo. Nesse sentido, o R0 é um dos indicadores mais comummente utilizados e um dos mais recomendados pela OMS . O R0 português situava-se até 16 de março nos 2,08, com uma margem entre o 1,97 e o 2,19.

O Rt, referente à transmissão ao longo do tempo, está agora no 1,04 (cada doente infeta em média 1,04 pessoas), com uma margem entre o 0,99 (Norte do país) e o 1,2 (Lisboa e Vale do Tejo), o que leva as autoridades da saúde a situar o máximo da incidência de infeções entre 23 e 25 de março.

Perto de 30% de uma amostra de casos de Covid-19 confirmados no país contraíram o vírus em casa e 25% em instituições coletivas, anunciou também a ministra da Saúde, Marta Temido.

"Em cerca de 30% dos casos em que foi identificada a transmissão esta ocorreu no local de habitação", afirmou a ministra na conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia da Covid-19.

Os dados reportam a uma análise com uma amostra de 2958 casos confirmados entre os dias 18 e 24 de abril no país.

Da análise realizada, foi também identificado que 25% dos casos correspondiam a situações de surto em instituições coletivas, como lares, instituições particulares de solidariedade social, hostels (dois) ou empresas. (uma)

A ministra da Saúde frisou também que 9% dos casos confirmados desta amostra referiam contacto com amigos e familiares que não habitavam na sua residência.

Risco de transmissão "subiu um bocadinho" nalgumas regiões

A ministra da Saúde reconhece que, pela análise dos dias 16 a 20 de abril, o risco de contágio sofreu um ligeiro aumento, como prova o valor do R0 (relativo à quantidade de pessoas que cada paciente infetado pelo novocoronavírus contamina), que já se situou no valor médio de 0,95 e hoje situa-se no 1,04. (0,99, na região Norte; 1, no Centro; 1,2 em Lisboa e Vale do Tejo).

TSF | Lusa

Imagem: A ministra da Saúde, Marta Temido, fala na conferência de imprensa diária © Tiago Petinga/Lusa

Brasil | Moro e Bolsonaro são farinha do mesmo saco


“A disputa de poder entre eles mostra que a dita “nova política”, hipocritamente discursada, é apenas retóricas vazias e desonestas que visam manipular parte do eleitor brasileiro desiludido”

A briga do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, com o presidente Jair Bolsonaro, traz a público o que muitos já sabiam e outros imaginavam, ou seja, uma briga de vaidades, de chantagens, de crimes, de gangsteres.

A disputa de poder entre eles mostra que a dita “nova política”, hipocritamente discursada, é apenas retóricas vazias e desonestas que visam manipular parte do eleitor brasileiro desiludido.

Havia sim uma disputa de poder entre Moro e Bolsonaro, a qual as chantagens e a manipulação da Polícia Federal para uso político, tanto de um como outro era evidente. Prevaricações, interferências políticas em investigações e abuso de poder foram apenas alguns dos crimes praticados por ambos.

Moro, aliás, continua na sua encenação de homem casto e de moral ilibada, como se não fosse ele, o manipulador e executor dos graves crimes cometidos pela operação política da Lava Jato.

Vaidoso, inescrupuloso e politiqueiro que se prestou aos mais vis serviços não republicanos; age na ânsia do poder, e na busca dos holofotes mediáticos. Um homem diminuto, uma síntese da hipocrisia, e da mediocridade pátria.

Precisa, urgentemente, encarar e responder por seus crimes perante a lei e a sociedade brasileira. A fantasia mentirosa a qual usa é amparada por parte de nossa classe dominante e classe média como meras reprodutoras das fake news produzidas pelos monopólios mediáticos. São cúmplices confessas das delinquências do senhor Sergio Moro.

Brasil | A DEMISSÃO DO SR. MORO


O pedido de demissão do ministro da Justiça e das polícias no Brasil, em 24 de Abril, é um facto significativo. O sr. Sérgio Moro era o homem da CIA no governo Bolsonaro.

Não é concebível que ele tenha dado esse passo sem o sinal verde dos que o controlam em Langley, a sede da CIA. Assim, tal pedido de demissão poderá ser um indício de que o imperialismo começa a distanciar-se do governo Bolsonaro, retirando-lhe apoio.

Pouco importam os motivos sórdidos que levaram Bolsonaro a demitir o chefe de polícia indicado por Moro (a investigação dos crimes dos seus filhos ).

Covid-19: Guiné-Bissau confirma primeira morte


A primeira vítima do novo coronavírus na Guiné-Bissau era um alto funcionário do Ministério do Interior guineense. Cabo Verde regista 16 novos casos e Moçambique tem seis novos doentes.

O Centro de Operações de Emergência da Saúde da Guiné-Bissau confirmou este domingo (26.04) a primeira morte de um paciente infetado pelo novo coronavírus. "Trata-se de um alto funcionário do Ministério do Interior", disse o médico Dionísio Cumba, presidente do Instituto Nacional de Saúde.

A vítima entrou no Hospital Nacional Simão Mendes na sexta-feira passada e morreu no sábado (25.04) ao final do dia. "Ainda não foi identificada a cadeia de transmissão da vítima mortal, mas teve contactos com muitas pessoas. Vai ser um caso difícil de investigar", salientou Dionísio Cumba.

Um novo caso da Covid-19 foi confirmado, elevando para 53 o total de infetados na Guiné-Bissau.

Este domingo, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, prolongou o estado de emergência no país até 11 de maio no âmbito do combate à pandemia do novo coronavírus. A renovação do estado de emergência deve-se ao facto de que o "país ainda não está em condições de afirmar ter o controlo de toda a situação", afirmou Sissoco Embaló.

Angola | O que muda com a nova figura do "agente encoberto"


Nova lei permite que agentes policiais façam investigações ocultando a identidade na investigação de crimes como corrupção ou segurança do Estado. Ativistas angolanos temem efeitos negativos no exercício da cidadania.

A Lei das Ações Encobertas para Fins de Prevenção e Investigação Criminal entrou em vigor em Angola na segunda-feira (20.04), após publicação no Diário da República. O documento permite que os agentes policiais façam investigações ocultando a sua identidade e missão na investigação de crimes como branqueamento de capitais, segurança do Estado ou corrupção.

No entanto, a organização não-governamental angolana Omunga diz que leis não faltam para combater os crimes de branqueamento de capitais e contra a segurança do Estado em Angola. João Malavindele, coordenador da ONG com sede em Benguela, não esconde a sua preocupação em relação à entrada em vigor desta lei.

"Na medida em que a mesma atenta contra os direitos e as garantias fundamentais consagrados na Constituição da República de Angola. Em Angola o que não falta são leis que regulam esta matéria, temos o Código Penal e a própria lei de branqueamento de capitais a estes dois tipos de crime", afirma Malavindele.

Covid-19: Moçambique regista cinco novos casos; total sobe para 70


As cinco novas infeções em Moçambique foram registadas na província de Cabo Delgado. Em Cabo Verde, mais duas pessoas foram contaminadas, elevando o número de doentes para 90. África regista mais de 1.300 mortes.

O Ministério da Saúde de Moçambique informou este sábado (25.04) que cinco novos casos de Covid-19 foram registados no país. Com as novas infeções pelo coronavírus nas últimas 24 horas, sobe para 70 o número de contaminados.

Todos os novos cinco casos são de trabalhadores do acampamento da multinacional Total, em Afungi. O número se recuperados da doença mantém-se em nove e ainda não há registo de óbitos. 

Em Cabo Verde, o Ministério da Saúde anunciou este sábado dois novos casos de Covid-19 no arquipélago, elevando o total de infetados no país para 90. Das 60 amostras analisadas pelo Laboratório de Virologia do Instituto Nacional de Saúde Pública, duas deram resultado positivo para Covid-19, na Praia e na localidade do Tarrafal, respetivamente nos extremos sul e norte da ilha de Santiago.

Os últimos resultados deram ainda negativo para 53 casos suspeitos, mas cinco - três na Praia e dois na Boa Vista - estão pendentes. "Todos os doentes de Covid-19 estão em isolamento e vem evoluindo sem sintomas ou com sintomas ligeiros", acrescenta o comunicado, assinado pelo ministro da Saúde, Arlindo do Rosário.

Desde 18 de abril que está em vigor um segundo período de estado de emergência, mantendo-se suspensas as ligações interilhas e a obrigação geral de confinamento, além da proibição de voos internacionais.

Estado de emergência termina oficialmente em Timor-Leste


Díli, 26 abr 2020 (Lusa) -- O estado de emergência decretado pelo Presidente da República timorense para responder à pandemia de covid-19 terminou hoje às 23:59 locais (16:59 em Lisboa) sem que tenha sido tomada a decisão sobre a sua renovação.

E com o fim do estado de emergência, e sem que o parlamento tenha ainda decidido se o vai ou não prolongar, caducam vários diplomas cruciais do Governo com as medidas que estavam em vigor para contenção da doença.

Em vigor desde 28 de março, o estado de emergência permitiu ao Governo aplicar várias restrições, incluindo o fecho das fronteiras e a suspensão dos transportes públicos, medidas que deixam agora, oficialmente de vigorar.

Um pedido para a sua extensão por mais 30 dias foi aprovado pelo Governo na passada segunda-feira, foi enviado ao Presidente da República no dia seguinte e na quarta-feira teve o aval positivo do Conselho de Estado e do Conselho Superior de Defesa e Segurança.

O chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, enviou o pedido de autorização para a extensão ao parlamento na quarta-feira, mas a conferência de líderes para o agendar só ocorreu na sexta-feira e o debate só ficou agendado para segunda-feira.

Isso implica que vários diplomas aprovados pelo Governo no quadro do estado de emergência deixam de estar em vigor.

África: Um exemplo no combate a doenças infeciosas


O aumento de infeções pelo novo coronavírus em África eleva a preocupação com um possível desastre. Mas o continente tem experiência exemplar no combate a doenças infeciosas e tem muito a ensinar a países desenvolvidos.

A crise mundial do novo coronavírus paralisou as metrópoles africanas. Em Joanesburgo, o centro económico da África do Sul, as forças de segurança fazem o controlo do toque de recolher imposto pelo Governo. Na animada Kampala, a capital do Uganda, mercados e lojas estão fechados. Nas ruas, os mototaxistas não podem mais transportar os passageiros, mas estão a fazer serviços de entrega.

Ahmed Ogwell Ouma, vice-diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (CDC África), elogia a ação imediata dos governos africanos.

"De facto, aprendemos muito bem a lição de que é preciso agir rapidamente, durante a crise do ébola na África Ocidental em 2014", diz.

"Quando agimos imediatamente, usamos os instrumentos adequados de saúde pública, além do conhecimento científico que mostra-se efetivo. E isso contribuiu muito para os baixos números em África", acrescenta.

Covid-19: Número de mortes em África sobe para 1.331


O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 1.331 nas últimas horas, com 29.053 casos da doença registados em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), nas últimas 24 horas, o número de mortos subiu de 1.298 para 1.331, enquanto as infeções aumentaram de 27.427 para 29.053.

O número total de doentes recuperados subiu de 7.474 para 8.364.

O norte de África mantém-se como a região mais afetada pela doença, com 11.967 casos, 908 mortos e 3.187 doentes recuperados.

Na África Ocidental, há registo de 7.078 infeções, 174 mortos e 2.148 doentes recuperados.

A África Austral contabiliza 93 mortos, em 4.534 casos de covid-19 e 1.548 doentes recuperados.

Covid-19: Cuba envia 216 profissionais de saúde para a África do Sul


Um grupo de 216 profissionais de saúde partiu no sábado para África do Sul para ajudar na luta contra a covid-19, após um pedido de ajuda daquele país africano à ilha, segundo autoridades cubanas citadas pela EFE.

O grupo, composto por 85 médicos, 20 enfermeiros e 111 profissionais de várias áreas da saúde, viaja num voo especial da South African Airways, que deve chegar hoje a Joanesburgo.

A África do Sul é o quarto país africano a que acodem profissionais cubanos, devido à pandemia.

A brigada médica inclui especialistas de medicina geral, bioestatística, biotecnologia, técnicos e epidemiologistas, e faz parte do contingente internacional de emergências "Henry Reeve", que durante os últimos 15 anos prestou assistência em desastres naturais e crises sanitárias em cerca de 20 países.

Cada profissional foi cuidadosamente selecionado de acordo com a experiência e conhecimento na planificação, execução e gestão de casos clínicos, asseguraram as autoridades cubanas, citadas pela agência espanhola EFE.

Os profissionais cubanos seguirão para diversas províncias "segundo os planos estratégicos" do governo sul-africano, de acordo com a mesma fonte.

Cuba enviou pessoal médico para outros países africanos, como Cabo Verde ou Angola e Togo.

O dinheiro da austeridade


Domingos De Andrade | Jornal de Notícias | opinião

Nem coronabounds, a emissão de dívida conjunta pelos estados-membros da União Europeia, nem o plano que o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez levou ao Conselho Europeu, defendendo a emissão de dívida perpétua (sem prazo de pagamento) para apoiar à reconstrução da economia debilitada pelo Grande Confinamento.

Fontes de Bruxelas apontam que no fim das contas acabará por prevalecer a proposta da chanceler alemã, segundo a qual a solução passa por aumentar o orçamento da UE nos próximos dois ou três anos de 1,2% para 2%, que será suportado por um misto de contribuição dos estados e da concessão de garantias por parte dos países à emissão de dívida europeia.

Há, nas decisões a tomar e que serão conhecidas na segunda ou terceira semana de maio, uma mimetização do Plano Juncker, criado pela Comissão em 2014 depois da crise das dívidas soberanas para apoiar investimentos estratégicos, chamando então os privados ao investimento. Uma espécie de Plano Juncker com esteroides, em que prevalecerá a lógica dos empréstimos em vez da lógica das subvenções.

O caminho a seguir não traz boas notícias a países fortemente endividados, como o caso de Portugal, que receberá entre 4% a 5% do seu PIB para refazer a economia. Muito dinheiro, apesar de tudo, no imediato, mas insuficiente. E ainda mais se boa parte nos for emprestado, ou seja, dívida.

E é aqui que entra o palavrão que o Governo arremeda. Austeridade. De uma forma ou de outra, em impostos diretos ou indiretos, os rendimentos dos portugueses, já tão castigados nesta altura, vão acabar por ser fortemente penalizados. É bom que nos preparemos. Ela acabará por chegar, mais tarde ou mais cedo.

P.S.:O discurso do 25 de Abril de Marcelo Rebelo de Sousa é uma lição de democracia. Justificou as cerimónias na Assembleia da República, colocando-se do lado dos que defendem que justamente por estes serem tempos excecionais, em que os poderes do Governo são maiores, "maiores devem ser os poderes de fiscalização" do Parlamento. Elogiou a unidade política no país "que a hora impõe", afastando a unicidade ou o unanimismo. E sublinhou a competência do Governo, mas sem deixar de elencar as "debilidades, carências, rigidez das nossas instituições" para extrair lições e corrigir no futuro. Ganhar abril para conquistar a liberdade em maio também é perceber o valor do simbolismo. Gostem ou não os seus detratores, o presidente da República é o maior fator de equilíbrio e confiança das instituições.

*Diretor

Mais de 200 mil mortes por Covid-19 em todo o mundo. 90% são na Europa e nos EUA


Mais de 200 mil pessoas já morreram em todo o mundo, desde dezembro, devido à pandemia da Covid-19, das quais 90% na Europa e nos Estados Unidos, segundo um balanço da "Agência France Presse" às 19 horas TMG deste sábado.

Segundo dados recolhidos até às 19 horas TMG (Tempo Médio de Greenwich), 20 horas em Lisboa, deste sábado, registaram-se 200736 mortes em todo o mundo (num total de 2864071 casos), das quais 122171 na Europa (em 1360314 casos), o continente mais afetado.

Seguem-se os Estados Unidos, com 53070 mortes, Itália, com 26384, Espanha, com 22902, França, com 22614, e o Reino Unido, com 20319.

Jornal de Notícias com agências

O Distanciamento Social da Democracia


Manlio Dinucci*

A epidemia de Covid-19 é uma oportunidade de impor rastreios digitais individuais – cujo objectivo final poderia ser obter dados de identificação – o que, em tempos normais, as democracias recusariam. Esta medida não é ficção científica e pode tornar-se, rapidamente, numa realidade.

“O distanciamento social chegou para ficar muito mais do que algumas semanas. Num certo sentido, irá perturbar o nosso modo de vida para sempre”: anunciaram os pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, uma das universidades de maior prestígio dos Estados Unidos [1].

Citam o relatório apresentado pelos pesquisadores do Imperial College London, segundo o qual o distanciamento social deve tornar-se uma norma constante e ser reduzido ou intensificado, de acordo com o número de pacientes hospitalizados pelo vírus, nas unidades de terapia intensiva. O modelo elaborado por estes e por outros pesquisadores não diz respeito só às medidas a ser tomadas contra o coronavírus. Torna-se num modelo social, real e preciso, do qual já se preparam os procedimentos e os instrumentos que os governos deverão impor como lei.

Os dois gigantes da Informática, Apple e Google, até agora rivais, associaram-se para inserir biliões de sistemas móveis para iPhone e Android, em todo o mundo, num programa de “seguimento de contactos” que avisa os clientes se alguém infectado com o vírus se está a aproximar deles. As duas empresas garantem que o programa “respeitará a transparência e a privacidade dos utentes”.

Um sistema de rastreio ainda mais eficaz é o dos “certificados digitais”, nos quais estão a trabalhar duas universidades americanas, a Rice University e o MIT, apoiadas pela Bill & Melinda Gates Foundation, a fundação americana criada por Bill Gates, fundador da Microsoft, a segunda pessoa mais rica do mundo na classificação da revista Forbes. Ele anunciou-o publicamente, respondendo a um empresário que lhe perguntou como retomar as actividades de produção, mantendo o distanciamento social:

“No final, teremos certificados digitais para mostrar quem se recuperou ou foi testado recentemente, ou quando tivermos uma vacina, se esse indivíduo a tomou. [2].

Os Franceses aceitam suspensão da sua Liberdade


Thierry Meyssan*

A França é esse estranho país que não deixou de colaborar com os mais diversos invasores até acabar por se revoltar com honra ; um país de início covarde que depois sempre se mostra bravo. Sem reflectir, como é seu hábito, acaba de abandonar a divisa dos seus antepassados, à que, sem dúvida nenhuma, em breve ela regressará com glória.

Todos os regimes políticos, quaisquer que sejam, não têm outra função senão proteger os seus súbditos ou cidadãos das agressões das quais eles não se podem proteger pelos seus próprios meios. Em troca, podem limitar as liberdades dos seus sujeitos, o que certos regimes creem dever fazer mais do que outros.

O filósofo Inglês Thomas Hobbes admitia todos os abusos do Estado desde que ele protegesse os seus súbditos dos horrores da guerra civil, o que ele havia vivido. Rompendo com a sua opinião, o filósofo Francês Montesquieu imaginou mecanismos de controle da razão de Estado. Com ele, todos os construtores de regimes modernos consideraram as liberdades como o fim último das democracias.

Aquando de epidemias mortais, alguns regimes consideraram necessário limitar, mesmo privar, de liberdades uma parte dos seus cidadãos. Estava implícito, até à epidemia de Covid-19, que as democracias poderiam excepcionalmente limitar os direitos das pessoas infectadas, ou suspeitas de estarem, a fim de proteger as pessoas sãs. Agora, é aceite que elas podem também limitar as liberdades destas últimas, ou até confinar ao domicílio a quase totalidade da sua população.

Esta nova norma jamais foi alvo de debate democrático. Ela impôs-se aos governantes na urgência e foi aceite pelos seus governados como um mal menor. Ao fazê-lo, marcaram uma mudança temporária de regime político, uma vez que em democracia as decisões políticas só são legítimas se tiverem sido debatidas nas assembleias representativas. Levados pelos seus impulsos, os regimes de excepção dedicam-se agora a conceber roupas de protecção obrigatória assim como aplicações (aplicativos-br) móveis que possam prevenir os seus cidadãos da presença na proximidade de uma pessoa infectada.

Solucionismo, nova aposta das elites globais


Tabu que proibia Estados de gastar caiu. Para evitar, a todo custo, que se examinem as causas da tragédia, os ultrarricos e corporações buscam saídas “tecnológicas”. Vale tudo – exceto contestar a supremacia dos mercados sobre as sociedades…

Evgeny Morozov | Outras Palavras | Tradução de Simone Paz

Em questão de semanas, o coronavírus deu um apagão na economia mundial e mandou o capitalismo para a unidade de cuidados intensivos. Muitos pensadores têm manifestado sua esperança de que isso nos leve a um sistema económico mais humano; outros alertam que a pandemia anuncia um futuro sombrio de vigilância estatal tecno-totalitária.

Os clichés datados, tirados das páginas do romance 1984, deixaram de ser guias confiáveis do que está por vir. O capitalismo de hoje é mais forte — e mais estranho — do que seus detratores imaginam. Seus inúmeros problemas não só apresentam novos caminhos para o lucro, como também aumentam sua legitimidade — já que, nas condições atuais, a única solução dependerá de pessoas como Bill Gates e Elon Musk. Quanto piores as crises, mais fortes são seus anticorpos: não é desse jeito que o capitalismo não acaba.

Entretanto, os críticos do sistema estão corretos em ver o covid-19 como uma confirmação de suas advertências. O vírus revelou a falência dos dogmas neoliberais de privatização e desregulamentação — mostrando o que acontece quando os hospitais são administrados com fins lucrativos e a austeridade reduz os serviços públicos. Mas o capitalismo não sobrevive apenas pelo neoliberalismo: este último só desempenha o papel do policial malvado, insistindo, com as palavras do mantra de Margaret Thatcher, em que “não há alternativa”.

Nesta novela, o policial bonzinho é a ideologia do “solucionismo”, que transcendeu suas origens no Vale do Silício e agora faz a cabeça das elites dominantes. Em sua versão mais simples, sustenta que como não há alternativas (ou tempo, ou dinheiro), o melhor que podemos fazer é colocar curativos digitais sobre os danos. Os solucionistas implantam tecnologia para evitar a política; defendem medidas “pós-ideológicas” que mantêm girando as engrenagens do capitalismo global.

COVID-19 e a «luz no fundo do túnel»


Tiago Vieira | AbrilAbril | opinião

Ao tanto que já se disse, escreveu e viveu sobre esse autêntico alpha e omega dos nossos tempos – o COVID-19, pois claro! – será, porventura, prematuro tirar conclusões ou fazer grandes previsões.

Não obstante essa rejeição da futurologia, há aspectos do tempo que vivemos que convidam a uma cuidada reflexão, já que os desenvolvimentos a que venhamos a assistir não estão pré-determinados, mas antes dependem em grande medida da capacidade que tenhamos de sobre eles agir para os influenciar.

Os dias que vivemos oscilam entre duas ideias: a primeira é que «vai ficar tudo bem» e «em breve vamos voltar ao normal»; a segunda, no completo antípoda da anterior, é que «nada será igual ao que era antes», ainda que raramente se especifique, como ou porquê assim tem de ser.

ORBÁN | Dezenas de figuras apelam à UE para que acione sanções sobre Hungria


Mais de 70 personalidades europeias apelaram à União Europeia para que aja "com urgência" face à Hungria, impondo sanções proporcionais à "inaceitável" violação das normas e valores europeus naquele país pelo governo liderado por Viktor Orbán.

"Exortamos a Comissão [Europeia], enquanto guardiã dos Tratados, que reaja com urgência e proponha sanções proporcionais à seriedade de tão inaceitável violação das normas e valores europeus. O Parlamento e o Conselho Europeus devem adotar estas sanções sem demora", lê-se num texto publicado hoje no Público e que tem sido divulgado ao longo dos últimos dias noutros jornais europeus.

Os signatários, entre os quais se encontram o anterior presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o antigo comissário europeu Carlos Moedas, consideram que, atualmente, os europeus precisam de "lutar contra dois vírus, de forma simultânea e igualmente veemente": "A covid-19, que ataca nossos os corpos, mas também outra infeção que fere os nossos ideais e democracias".

O manifesto, referente à Hungria e ao primeiro-ministro Viktor Orbán, que ao longo dos últimos dez anos tem vindo a "conduzir o seu país num percurso divergente do das normas e dos valores europeus", é uma iniciativa do economista húngaro e antigo membro da Comissão Europeia Lazslo Andor, dos presidentes da associação CIVICO Europa Guillaume Klossa e Francesca Ratti, em conjunto com o antigo primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt.

Entre os subscritores contam-se também o antigo ministro português Miguel Poiares Maduro, o antigo diretor do Instituto de Estudos de Segurança da União Europeia e os antigos eurodeputados Maria João Rodrigues e Rui Tavares, este último redator de um relatório parlamentar, em 2013, sobre a situação dos direitos fundamentais na Hungria.

EUA | Homem morre após ingerir o que pensava ser 'droga' aconselhada por Trump


Gary Lenius e sua mulher Wanda, ambos com 60 anos, beberam fosfato de cloroquina no mês passado depois de confundi-lo com hidroxicloroquina.

Donald Trump voltou na sexta-feira a espantar o mundo ao afirmar que os cientistas deveriam testar se químicos de limpeza poderiam ser aplicados em doentes com Covid-19 para os desinfetar 'por dentro'. O presidente norte-americano afirmou-o depois de ter sugerido a utilização de luzes ultravioleta para 'queimar' o vírus.

Porém, logo no início da pandemia, Trump deu a entender que a hidroxicloroquina seria um dos fármacos que estaria a ser testado para combater os sintomas do novo coronavírus.

Crentes das recomendações do seu presidente, Gary Lenius e sua esposa Wanda, ambos com 60 anos, tentaram adquirir este medicamento, mas confundiram-no com fosfato de cloroquina. 

Wanda, mulher de Gary, explicou à NBC que ela e o marido tomaram uma colher de chá deste produto, misturando-o com refrigerante, esperando que os protegesse de contrair o coronavírus.

"Tínhamos medo de ficar doentes. Ficamos realmente preocupados. Vimos a conferência de imprensa [de Trump]. Foi muito convincente, na verdade. Trump disse que era [o medicamento] praticamente uma cura", começou por explicar.

Porém, 20 minutos depois de tomar a substância, normalmente usada para limpar aquários, Wanda e o marido ficaram extremamente doentes, a princípio sentindo-se apenas "tontos e quentes".

"Comecei a vomitar. O meu marido começou a desenvolver problemas respiratórios e queria segurar minha mão", explicou, afirmando que tentou ligar para a emergência médica, que ainda levou o seu marido para um hospital, vindo este a morrer antes de ser internado.

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