#Escrito e publicado em português do Brasil
Após intensas manifestações
populares, Câmara aprova lei que permite a trabalhadores sacar 10% dos
depósitos obrigatórios em fundos financeiros. Apoiada por 80% dos chilenos,
proposta é passo crucial para superar modelo previdenciário de Pinochet
Logo após uma noite de protestos
e violência que deixou 61 detidos em todo o país, a Câmara dos Deputados do
Chile desferiu nesta quarta-feira um golpe histórico contra o sistema de
pensões, um modelo baseado na capitalização individual e pioneiro no mundo,
implantado há quatro décadas durante o regime de Augusto Pinochet. Por 95 votos
a favor ― inclusive de alguns deputados governistas de direita ―, 36 contra e
22 abstenções, o plenário deu sinal verde a uma reforma constitucional que
permitiria aos afiliados às Seguradoras de Fundos de Pensões (AFPs, na sigla em
espanhol) retirar até 10% de suas poupanças da aposentadoria para enfrentar a
crise econômica. A iniciativa, que agora começa a tramitar no Senado,
representa uma derrota para o Governo de Sebastián Piñera, que havia se
empenhado diretamente em convencer os deputados de sua coalizão a votar contra.
Foram quase quatro horas de um
tenso debate no plenário do Congresso, em Valparaíso, 100 quilômetros a oeste
de Santiago, a capital. A deputada socialista Maya Fernández Allende ― neta do
presidente Salvador Allende, deposto por Pinochet em 1973 ― disse em seu
pronunciamento que “o apoio popular a este projeto está diretamente relacionado
ao fracasso do sistema das AFPs, que não se preocupam com as pensões, porque
são investidores financeiros”. Para o ministro da Fazenda, Ignacio Briones, “a
iniciativa enfraquece as pensões do manhã”. Sobre os 20 bilhões de dólares que
a medida injetaria na economia, o economista se perguntou: “O que justifica que
se retire a aposentadoria, que será maior para aqueles que têm mais, livre de
impostos? Onde ficaram as reivindicações de progressividade e as discussões
sobre nosso sistema tributário que tínhamos à vista e que compartilhamos como
Governo?”.
Logo após uma noite de protestos
e violência que deixou 61 detidos em todo o país, a Câmara dos Deputados do
Chile desferiu nesta quarta-feira um golpe histórico contra o sistema de
pensões, um modelo baseado na capitalização individual e pioneiro no mundo,
implantado há quatro décadas durante o regime de Augusto Pinochet. Por 95 votos
a favor ― inclusive de alguns deputados governistas de direita ―, 36 contra e
22 abstenções, o plenário deu sinal verde a uma reforma constitucional que
permitiria aos afiliados às Seguradoras de Fundos de Pensões (AFPs, na sigla em
espanhol) retirar até 10% de suas poupanças da aposentadoria para enfrentar a
crise econômica. A iniciativa, que agora começa a tramitar no Senado,
representa uma derrota para o Governo de Sebastián Piñera, que havia se
empenhado diretamente em convencer os deputados de sua coalizão a votar contra.