Ataques à democracia. Tema preocupante em que a jornalista
do Expresso Curto de hoje, Cristina Figueiredo, reflete e chama às primeiras
notas da peça que a seguir reproduzimos. Vislumbra-se nela própria preocupação
e indignação (contida).
Todos os democratas de facto estão preocupados e
indignados, uns mais contidos que outros. Não é caso para menos. Soltaram o
nazi-fascismo que usa por reboque o racismo e tudo de mau que comprovadamente
foi provado por Hitler com botas cardadas, mas também por Salazar (entre
outros) no Portugal que durante mais de quatro décadas sofreu a almejar e a lutar
pela liberdade, pela democracia, pelo Portugal que só em 25 de Abril de 1974
conseguiu libertar-se.
É certo que ao longo dos anos de
vigência da democracia lusa assistimos e sofremos na pele e no quotidiano às imposições
da democracia deficitária de raiz neoliberal, com imensos laivos de fascismo
puro e duro, de racismo descarado e negado como nos tempos salazaristas. Mas
ainda resta aos portugueses alguma liberdade, alguns arremessos de democracia.
Claro que a própria falta de Justiça demonstra esse mesmo défice de democracia.
A permissão aos mais ricos de obterem grandes fortunas com operações assentes
nas “lavagens” de dinheiros, nos casos como o exemplo do BPN ou do BES, as
corrupções que parecem estar associadas a políticos que como por milagre
enriqueceram, etc., demonstram a impunidade que é oferecida a essas seitas
milionárias com cumplicidades assombrosas a políticos com cargos exercidos por
décadas e que nunca foram associados a roubos e falcatruas. Políticos que ainda
hoje “cantam” instalados em bons “poleiros”, transbordando de descaramento e de
regozijo estampado nos seus semblantes. Quase todos sabemos quem são. Justiça não
tem sido feita. Prevaleceu e prevalece a impunidade. Sobressaem em exemplos mínimos
(ou maiores) as ligações dos partidos chamados do “arco do poder” ou “arco da
governação” – CDS, PSD, PS. Ainda hoje se presume com toda a propriedade que
resta muito dessa aliança malfeitora, assente na corrupção, no conluio e no nepotismo.
Tudo isso tem “minado” muito a democracia de facto. Toda essa postura das já
referidas elites partidárias é causa e efeito do descrédito da democracia, descrédito
do “sistema” – dito democrático (eivado de injustiças). Conduzindo ao avanço de
oportunistas populistas extremados no dividir para reinar, por via de discursos
e engodos que resultam nos menos avisados e mais inexperientes… Nazis,
racistas, fascistas, é o que deixam perceber que são, o que contém em altas doses
de extremismo, de ódio, de intolerância, de discursos desonestos e enganadores.
Técnicas utilizadas por Hitler e outros nazis, outros racistas, outros
fascistas, outros antidemocratas, que comprovaram o seu desprezo pela
humanidade, pelos povos. Pelos seus próprios povos.
No computo geral podemos concluir
que o recrudescimento do nazi-fascismo em Portugal tem por principais responsáveis
todos aqueles que têm sido comprovadamente desonestos. Banqueiros, gestores, grandes
empresários, súcias de corruptos e até jornalistas que sob o título de “avençados”
foram cúmplices de Ricardo Salgado/BES, lavando e enaltecendo as suas imagens a
trocos de umas quantas “migalhas”. Esses e tantos outros que agora mesmo cercam
a babujar Ventura e os fascistas/racistas/xenófobos que ocupam a ribalta da política
e da destruição da já deficitária democracia em que sobrevivemos.
E perante toda esta realidade,
todo este triste cenário, o que fazem os políticos, os pseudo-democratas?
Atascam-se cada vez mais no próprio sistema que criaram (para cobrarem
vantagens) e que não serve, como deve, a democracia nem as populações despolitizadas,
alienadas pelas televisões, pelos jornalistas mangas de alpaca e do jet7 vão de
cultura e de saber, também ele alienado e facilmente cativado pelos venturas
que por aí pululam à mingua de “tachos”. Sedentos de poderes que eleitores
ignorantes ou realmente fascistas e racistas decidem proporcionar-lhes, nesses
votando (segundo as sondagens) para mais tarde se virem a arrepender – como aconteceu
na Alemanha de Hitler e acontece sempre onde o fascismo, o extremismo, é
oferecido de bandeja ou se impõe destruindo a democracia, infernizando a vida
dos povos. Aniquilando-os.
Este tem sido, é, um Curto muito
longo. Em abordagem superficial mas longo, comparado com o que habitualmente é
prática do PG.
A seco, despedimo-nos. Sejamos
tolerantes mas não parvos, nem ignorantes, nem portadores de ilusões. A
democracia tem muitos defeitos mas… não conhecemos sistema melhor. Importa
corrigir sempre as suas imperfeições, os seus aspetos deficitários. Elevá-la ao
estágio em que na realidade sirva de facto
os interesses da maioria e não de elites e minorias que enganando,
mentindo, obtêm os poderes para servirem sobretudo clientelas, súcias de
oportunistas desonestos que aumentam exponencialmente ao longo de décadas,
formando a teia parasitária que desacredita a democracia e o Estado de Direito.
Resta-nos defender e lutar pela democracia,
pelas liberdades, pelo exercício dos direitos constitucionais em vigor.
Democracia de facto, sempre!
Bom dia. Clique para o Curto.
SC | PG