domingo, 23 de agosto de 2020

Redundância do golpe de 25 de Novembro de 1975 em Angola


"De boas intenções está o inferno cheio" - ditado popular

Martinho Júnior, Luanda 

O golpe do 25 de Novembro de 1975 em Portugal ocorreu a apenas 14 dias depois da Proclamação da Independência da República Popular de Angola e foi sequência dum crescendo de acções que atentaram contra a linha mais progressista do Movimento das Forças Armadas que havia com êxito concretizado o derrube do estado colonial-fascista a 25 de Abril de 1974.

O MPLA havia conseguido realizar uma síntese com essa linha progressista antes do 11 de Novembro de 1975 e nesses termos o MFA chegou a ser considerado pelo Presidente António Agostinho Neto, como mais um movimento de libertação.

É lógico que os germes do “spinolismo”, do 11 de Março de 1975 e do “verão quente” repercutiram com outras correntes, (inclusive as que mobilizaram a disponibilidade ideológica dos “retornados” e do Exército de Libertação de Portugal, ELP) a fim de, com esses ingredientes, provocar outro tipo de relacionamentos na direcção de Angola, relacionamentos que ganharam expressão com os sucessivos governos do “arco de governação e da “geringonça”.

O golpe de 25 de Novembro de 1975 foi uma amálgama que para muitos é ainda confusa, todavia é claro que foi decisivo para a confirmação do alinhamento de Portugal no quadro da NATO e dos passos que deu na direcção da União Europeia (a ponto de sacrificar uma parte substancial do seu próprio parque industrial, reformulando as elites económicas e financeiras portuguesas, assim como o quadro de suas interconexões). (https://expresso.pt/politica/2019-11-24-Toda-a-historia-do-25-de-Novembro-a-dramatica-aventura-que-ditou-o-fim-da-Revolucao-1).

Casos de HIV/SIDA aumentam em Angola


Rede Angolana de Organizações de Serviços de SIDA considera preocupante o número crescente de casos de HIV/SIDA em Angola. Diariamente, morrem mais de 30 pessoas com a doença. E a Covid-19 desviou as atenções do Governo.

O presidente da Rede Angolana de Organizações de Serviços de SIDA (ANASO), António Coelho, afirma que a luta contra a SIDA em Angola está a viver grandes dificuldades.

Em entrevista à DW, o responsável da ANASO lamenta que a pandemia de Covid-19, que já infetou cerca de 2 mil angolanos, tenha retirado o programa de combate ao HIV/SIDA da lista de prioridades do Governo.

Coelho diz que faltam apoios para proteção dos doentes a nível nacional, numa altura em que a ANASO regista um aumento do número de casos no país: "A situação é preocupante. Em média, 76 novas infeções estão a ser registadas diariamente. E em média há também um número elevado de mortes relacionadas com a SIDA. 36 mortes estão a ser registadas todos os dias", revelou o presidente da ANASO.

Covid-19: Atividades do 45º aniversário da independência de Angola são suspensas


Comunicado dos organizadores sugere que “hino milionário” dos 45 anos da independência de Angola poderá ser revisto. Comemorações simbólicas com menos participantes devem ser organizadas para lembrar a data histórica.

A comissão interministerial responsável pela organização do 45º aniversário da independência nacional de Angola decidiu cancelar uma série de eventos previstos no cronograma de ações para a celebração no dia 11 de novembro. 

Segundo nota divulgada à imprensa, a decisão foi tomada considerando a "situação epidemiológica do país”. Foram cancelados o ato central - previsto para decorrer no Memorial António Agostinho Neto, em Luanda - e os desfiles cívico e militar.

Há poucas semanas, o contrato celebrado entre o Governo e uma empresa privada para a criação do hino alusivo aos 45 anos da independência foi duramente criticado em Angola. A produção da canção custaria 148 mil kwanzas, mais de 200 mil euros.

A nota informa que  a campanha de comunicação e marketing, nomeadamente a produção de material de propaganda e da música oficial, entre outros itens, será reestruturada.  No entanto, não deixa claro se haverá qualquer alteração no contrato com a empresa e nos custos da produção do hino.

Celebrações simbólicas

O comunicado informa que serão marcadas "celebrações com atos de natureza simbólica, que não envolvam a participação massiva de cidadãos e não se constituam em foco de propagação” do coronavírus.

Os atos provinciais e de representações diplomáticas no exterior alusivos ao aniversário da independência também serão reconfigurados, e também serão simbólicos para garantir presença reduzida de pessoas.

A comissão interministerial declara que "continuará a trabalhar no sentido de garantir que as ações comemorativas ao 45º aniversário independência nacional de Angola decorram, enquanto marco de transcendental importância para a memória coletiva do povo angolano, num clima de harmonia”.

Marcio Pessoa | Deutsche Welle

Oposição da Guiné Equatorial critica composição pouco alterada de novo executivo


Vários membros da oposição da Guiné Equatorial criticaram hoje a recondução de Francisco Pascual Obama Asue para o cargo de primeiro-ministro do país, assim como a composição do novo executivo, que mantém alguns nomes da constituição anterior.

Em declarações à Lusa, Andrés Esono, líder do partido Convergência para a Democracia Social (CPDS), fez uma avaliação "negativa", considerando que "nada irá mudar na Guiné Equatorial com este novo executivo", aprovado pelo Presidente Teodoro Obiang Nguema.

"Há que ter em conta que Obiang dissolveu o Governo anterior para nomear um novo com o objetivo de enfrentar a crise económica e lutar contra a corrupção, uma vez que, na sua opinião, o executivo dissolvido não foi capaz de conseguir os objetivos estabelecidos. No entanto, longe de um Governo austero e com caras novas que apresentassem ideias novas e inovadoras, formou um executivo com as mesmas pessoas", afirmou Andrés Esono.

Um decreto presidencial divulgado na terça-feira registava que Teodoro Obiang tinha reconduzido como primeiro-ministro, "encarregado da coordenação administrativa", Francisco-Pascoal Obama Asue, depois de este e o seu executivo terem apresentado uma "demissão em bloco" no dia 14, considerando que "não cumpriu os objetivos programáticos, o que sem dúvida causou a situação de crise".

Guiné-Bissau | Diáspora condena retrocesso democrático e absolutismo de Embaló


Comunidade guineense volta à rua este sábado (22.08), em Lisboa, para manifestar o seu desalento e condenar aquilo que considera ser "um golpe de Estado na Guiné-Bissau". Protestantes condenam "atropelos à Constituição".

A diáspora guineense espalhada por vários países europeus manifesta-se esta tarde na capital portuguesa para condenar, "de forma veemente", os atropelos à Constituição, nomeadamente os "fortes ataques às liberdades fundamentais", engendrados pela governação do autoproclamado Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, apadrinhado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Mariano Quade, um dos coordenadores desta mobilização, aponta o dedo à postura do atual Chefe de Estado, a quem os guineenses descontentes atribuem a responsabilidade pelo "retrocesso democrático" no país, limitando, entre outros, valores como a liberdade de expressão e o direito à informação. Prova disso, acrescenta em entrevista à DW África, é que, neste momento, "não há direito à oposição". 

Declaradamente, considera que o país vive num ambiente de ditadura, uma vez que o autoproclamado Presidente diz ser ele o único chefe. "Isso só por si diz que ele é um absolutista, uma pessoa que quer concentrar todos os poderes e que não sabe conviver com as regras democráticas", acusa.

"Neste sentido, nós condenamos veementemente este tipo de postura porque consideramos que este é um retrocesso democrático [para a Guiné-Bissau]", afirma Quade, pouco antes do comício que, esta tarde, conta com a presença pessoal de Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Covid-19: Números continuam a aumentar nos PALOP


Apesar de ser Cabo Verde o país africano lusófono que regista mais casos positivos de Covid-19, Moçambique tem estado registar, nos últimos dias, um maior número de casos diários.

Este sábado (22.08), o país governado por Filipe Nyusi registou mais 109 casos positivos de covid-19, elevando o total para 3.304 e mantendo-se com 20 óbitos.

De acordo com o Ministério de Saúde moçambicano, os novos casos, seis dos quais menores de cinco anos, estão distribuídos entre as províncias de Maputo (39), Inhambane (um), Sofala (dois), Manica (seis), Nampula (seis), Niassa (um), cidade de Maputo (47), e Cabo Delgado (sete).

Por sua vez, Cabo Verde registou, este sábado (22.08), 43 novos infetados, elevando o total acumulado no arquipélago, desde 19 de março, a 3.455 casos, distribuídos por oito das nove ilhas habitadas. Segundo o Ministério da Saúde, o país mantém o número de óbitos nos 37.

Portugal | Este tempo não é para velhos. Que tristeza!


Felisbela Lopes* | Jornal de Notícias | opinião

Sempre temi os últimos anos de vida, quando a idade vai longa. Porque esta modernidade líquida suspensa na juventude despreza os mais velhos, porque os filhos há muito deixaram de ter disponibilidade para cuidar dos pais, porque as instituições sociais vocacionadas para amparar a terceira idade mais parecem deteriorados sótãos para onde se atiram velharias que raramente revisitamos. A pandemia apenas destapou uma realidade escondida há muito tempo.

A entrevista da ministra da Solidariedade e Segurança Social ao "Expresso" e o relatório da Ordem dos Médicos sobre a situação do Lar de Idosos de Reguengos de Monsaraz reabilitaram esta semana o tema dos lares e a procura de responsabilidades daquilo que se passou na vila alentejana onde morreram 18 pessoas por covid-19, 16 idosos e uma funcionária do lar e ainda um homem da comunidade local. Aquilo que os media vêm noticiando espelha um país miserável onde as teias das políticas locais tecem inimagináveis redes de influência e onde parece natural uma vaga de mortes não nos mobilizar para indagar causas que originem consequências consonantes com a gravidade dos factos...

Não se pense que a situação de Reguengos de Monsaraz é um caso isolado. Em Portugal, os lares não são para velhos. Pelo menos, para aqueles que querem dias de conforto, de alegria, de amor. É preciso ter coragem para ir mais fundo no problema a fim de perceber quantas instituições têm hoje condições para cuidar dos idosos. E fechar todas as outras que não tratam bem os seus utentes.

Neste contexto, é tentador apontar o dedo ao Governo, às autoridades de saúde e à Segurança Social por todas as situações disfuncionais nos lares. Claro que estes atores têm aqui colossais responsabilidades, mas convém também não excluir a família que, com alguma frequência, abandona os seus idosos em lares, desculpando-se com a distância ou com os afazeres profissionais para justificar o alheamento de situações que também deveriam ser do seu conhecimento.

Hoje os mais velhos estão mais sozinhos do que nunca nos lares que os acolhem. A atual pandemia apenas se constitui como o último sopro que os faz sucumbir perante uma posição demasiado periclitante. Precisamos, pois, de políticas mais consistentes para a terceira idade, de instituições mais confortáveis para os utentes, de profissionais mais habilitados para cuidar dos mais velhos e de uma família que olhe para os idosos como um bem precioso que deve merecer todos os cuidados.

*Prof. Associada com Agregação da UMinho

Portugal | O punho da escrita contra o racismo, a xenofobia e o populismo


Pertencem a diferentes gerações. Divergem em credos, convicções ou concepções estéticas e políticas. Encontram-se espalhados por vários continentes. São homens e são mulheres. São poetas, prosadores, ensaístas e dramaturgos. Escrevem para adultos e para crianças. Alguns são músicos e compositores de canções. Vários receberam prémios literários, entre eles os mais importantes da língua portuguesa. Há os que dirigem ou representam associações de autores.

Todos estão unidos por uma única vontade: não transigir com o racismo, a xenofobia e o populismo em Portugal. Porque, explicam, «como sempre nos mostrou a História, quem adormece em democracia acorda em ditadura».

O dever da palavra

São «escritores portugueses e de língua portuguesa». Estão, «por ofício, cientes do poder da palavra», mas também «do poder da sua omissão». Por isso, «em tempos normais», dizem, não dariam palco a comportamentos racistas, xenófobos e populistas.

As «circunstâncias vividas em Portugal» neste domínio, que consideram «graves e inquietantes», levam-nos a «correr esse risco». Até porque «cultura e literatura não florescem» em «tempos sufocantes» em que o «mais repugnante pode emergir de uma sociedade em crise e em estado de medo».

«Não podemos olhar para o lado nem continuar calados, sob pena de emudecermos», afirmam. Exigem «compromissos políticos que detenham a escalada do populismo, da violência, da xenofobia». Dão o exemplo: «assumimos o compromisso de jamais participarmos em eventos, conferências e/ou festivais conotados – seja de que maneira for – com ideias que colidam com os princípios da tolerância e da dignidade humana».

Porque há valores a defender, «antes que seja tarde». Elencam: democracia, multiculturalismo, justiça social, tolerância, inclusão, igualdade entre géneros, liberdade de expressão e debate aberto. «Tais», afirmam, «são as nossas grandes riquezas: a diversidade e a tolerância», expressas na «língua portuguesa, feita de aglutinação, inclusão e aceitação da diferença».

E gritam: «quem gosta de Portugal jamais diz “Vão!”, antes diz “Venham!”».

Liga Árabe: relações de paz com Israel só quando a Palestina for livre

De 2011 - no quadro - para a atualidade a ocupação ainda é mais extensa, assim como a repressão sobre os palestinos
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, disse este sábado que só será possível estabelecer relações de paz com Israel quando os direitos dos palestinianos forem restaurados.

Abul Gheit declarou, num comunicado, que ainda é necessário o fim da ocupação israelita na Palestina e um Estado palestiniano independente com total soberania sobre os seus territórios ser estabelecido.

«Uma paz real e duradoura continua a ser uma opção estratégica para os países árabes (…), mas a etapa de relações de paz entre árabes e israelitas só chegará quando o povo palestiniano obtiver a sua liberdade e independência e quando houver a restauração dos seus direitos legítimos», afirmou Abul Gheit.

Abul Gheit defendeu também que o povo palestiniano deve ter «total soberania» sobre os territórios ocupados em 1967 e que Jerusalém Oriental seja sua capital.

Bismarck, crise britânica COVID -19 e o fracasso do Serviço Nacional de Saúde


*Publicado em português do Brasil


O recorde apavorante do Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha em lidar com a contínua pandemia de COVID-19 também revelou o falso orgulho, ignorância e arrogância do país em relação ao NHS em notável contraste com o da Rússia e da Alemanha.

É frequentemente comentado que depois que os britânicos exaustos e falidos foram forçados a desistir de seu enorme império global após a Segunda Guerra Mundial, eles se consolaram - muito como uma criança mimada e imatura chupando seu doce gelado favorito - garantindo que tinham o serviço de saúde gratuito mais avançado e impressionante do mundo.

Isso nunca foi verdade. Mesmo em seus melhores momentos, o NHS sempre foi, na realidade, uma expressão de incompetência burocrática e vergonhosa ineficiência. Ao longo dos anos, dois amigos meus britânicos próximos morreram tragicamente décadas antes de seu tempo, por causa da confusão ridícula e indesculpável do sistema do NHS.

Um deles, um excelente diplomata do Ministério das Relações Exteriores, na noite seguinte a sua internação em um hospital do NHS após sofrer um ataque cardíaco, teve o uso de um monitor cardíaco negado, embora um estivesse facilmente disponível e ele morreu de um segundo ataque naquela mesma noite, Ele ainda estava na casa dos 40 anos.

A segunda, um advogado que trabalhava no Oriente Médio voltou a Londres para cuidar do que deveria ser um defeito cardíaco de rotina. Sua fé no NHS o matou: estragaram o procedimento de rotina e ele morreu na mesa de operação.

Meu próprio pai teve sorte de sobreviver às dificuldades do NHS. Em seus 50 anos, ele foi internado em um hospital para consertar uma hérnia. Os cirurgiões atrapalharam o procedimento de rotina menor, então ele teve que voltar para uma segunda operação. Desta vez, eles consertaram a hérnia, mas se esqueceram de retirar um dos instrumentos cirúrgicos. Ele teve que retornar ao hospital para uma terceira operação para obter a ferramenta cirúrgica removida de seu corpo.

Os territórios que o Google Maps esconde


#Publicado em português do Brasil

Palestina, Caxemira e outros espaços que o poder global quer esconder são quase apagados, nos mapas da gigante da internet. Em seu lugar, um leve tracejado, sinal de que podem desaparecer. Há alternativa: o OpenStreetMap, plataforma livre


Afinal, é possível produzir mapas que representem todos os lugares com equidade? Para responder essa questão contemporânea, o sociólogo português, Boaventura de Souza Santos, em seu artigo Uma cartografia simbólica das representações sociais: prolegômenos a uma concepção pós-moderna do direito, de 1988, já sinalizava, sobre a relevância da espacialidade na interpretação temporal e o papel dos mapas para o direito histórico aos territórios, e aponta.

Em síntese, três aspectos para investigação crítica a partir de uma cartografia. A escala, a planificação e a simbolização são os três recursos-chave para o funcionamento dos mapas que utilizamos via Internet, e que, por vezes, levam o usuário do mapa à refletir sobre os critérios de relevância e as regulações que garantem a organização das informações que ele acessa sem reconhecer quem produz os mapas utilizados.

Afinal, quando falamos em mapas para todos precisamos também perguntar: Quem são “todos”? Usuários ou produtores de mapas? Quais são os mapas que representam “todos” por “todos”? Google Maps ou OpenStreetMap?

A casa da extrema-direita mundial começa a cair


#Publicado em português do Brasil

– No Brasil também pode cair!   É preciso ampliar as lutas!

Edmilson Costa [*]

A prisão de Steve Bannon deixa claro que a extrema-direita mundial não passa de uma gangue de criminosos, corruptos e mafiosos que se utilizaram de todos os métodos sujos para alcançar o poder em várias partes do mundo, com o apoio entusiasta do grande capital internacional, especialmente da oligarquia financeira, que é a principal beneficiada com essa ordem agressiva neoliberal. Bannon foi preso como um ladrãozinho de segunda linha porque estava fraudando dinheiro de uma campanha de arrecadação de fundos para a construção do muro separando Estados Unidos do México. Parte do dinheiro embolsou para despesas pessoais, utilizando a emissão de notas fiscais fictícias junto com seus comparsas, que também foram presos. Mesmo tendo pago a fiança no valor de US$5 milhões (R$27,7 milhões), a Justiça federal de Nova York determinou que ele terá o passaporte retido e não poderá usar aviões ou barcos privados até a conclusão do processo, que poderá lhe render a condenação de 20 anos de cadeia.

A prisão de Bannon torna também claro que esses líderes da extrema-direita encarnam a degeneração típica desta fase agressiva neoliberal em que as classes dominantes, já não tendo mais nada a oferecer à humanidade, apelam a qualquer figura desclassificada para impor ataques contra trabalhadores e trabalhadoras, a juventude e a população pobre. Bannon ficou conhecido pelo site Breibart News, a partir do qual propagava suas ideias de extrema-direita, misturadas com racismo e supremacia branca. Como se destacou na mídia, foi o principal estrategista da campanha de Trump a presidente e um dos responsáveis pela sua vitória, com a manipulação descarada de informações e uso de falsas notícias pelas redes sociais.

Como um dos principais líderes da extrema-direita e fundador do The Moviment, a articulação da extrema-direita mundial, Bannon se tornou um ícone dos grupos fascistas internacionais. Ele também está envolvido com a Cambridge Analytica [1] , empresa que se tornou conhecida por manipular dados das redes sociais para influenciar eleições em vários países do mundo, a partir da manipulação da base de dados e perfis dos internautas.

Bannon também foi um dos conselheiros da família Bolsonaro nas eleições presidenciais e responsável ideológico pela montagem da rede de fake news e disparos de mensagens falsas em grupos de whatsapp, que teve um papel central na vitória do capitão. O esquema de fake news foi tão bem articulado que, mesmo depois das eleições, continuou sendo realizado pelo chamado gabinete do ódio, dirigido por um dos filhos do presidente.

Como uma espécie de deferência por seu papel nas eleições no Brasil, Bannon foi convidado especial para um jantar com o presidente na embaixada dos Estados Unidos, junto com Olavo de Carvalho, em sua visita ao país. Os laços entre a família Bolsonaro e Bannon também se estreitaram em função da coincidência de ideias extremistas e, por isso, Eduardo Bolsonaro foi nomeado embaixador do movimento extremista para a América do Sul, com o objetivo de combater o chamado marxismo cultural e as ideias socialistas na região. Agora se sabe que, por trás desse movimento, estava uma gangue envolvida até o tutano com a corrupção.

Mais lidas da semana