quarta-feira, 7 de outubro de 2020

CINTURÃO DE CAOS NO PARALELO DO SAHEL

Martinho Júnior, Luanda

O NÍGER CONFIGURA A 2ª REGIÃO GEOSTRATÉGICA DO AFRICOM

O império da hegemonia unipolar e seus dilectos vassalos na NATO, particularmente a França por razões históricas, estão a esmagar com sua presença conspirativa e bárbara, os mais fragilizados estados da Terra, aqueles que na ultraperiferia económica que é África sempre têm constituído a cauda nos parâmetros dos Relatórios Anuais relativos aos Índices de Desenvolvimento Humano, uma grande parte deles países do Sahel.

No último Relatório, o de 2019, é esta a “classificação” desses países na cauda (Desenvolvimento Humano Baixo): Mauritânia – 161º, Senegal – 166º, Sudão – 168º, Djibouti – 171º, Etiópia – 173º, Gâmbia – 174º, Burkina Faso e Eritreia – 182ºs, Mali 184º, Sudão do Sul – 186º, Chade – 187º, República Centro Africana – 188º e Níger – 189º, o último de toda a escala!…

A Somália está de tal maneira putrefacta que é impossível sequer recolher dados a fim de fazer qualquer tipo de avaliação!...

Em 2020 a crise avolumou-se de tal ordem que África já não é mais um “corpo inerte”, mas um “corpo apodrecido”!...

Por outro lado, a presença nebulosa de interesses “coligados” estimulados directa ou indirectamente por entidades como a Turquia, Israel, a Arábia Saudita, os Emiratos Árabes Unidos e o Qatar, as três últimas casas monárquicas inimigas de Kadafi, aumentou a parada de desagregação, de caos e de terrorismo, tornando o corpo já de si inerte de África num corpo irremediavelmente apodrecido!

Neste momento o encadeado de conflitos está a distender-se pelo norte de África, pelo Médio Oriente Alargado, pelo Mediterrâneo Oriental e pode-se estender por áreas circundantes (Mar Negro, Cáucaso, Europa do Leste, entre o Báltico e o Mar Negro)!...

… Então no Níger, no ponto central do Sahel, em Agadez, o AFRICOM instala a sua 2ª grande base em África, usando e abusando da “terceira bandeira” de um dos mais pobres e vulneráveis povos à escala global, componente dum artificioso G-5 que é a “última palavra” da FrançAfrique!...

A IIIª Guerra Mundial do império contra o Sul Global ferve em África numa catarse “esquentada” em muito frágeis panelas de barro!... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/01/11/ahi-esta-la-iii-guerra-mundial/).

Portugal | O eclipse do Miguel

"A verdade é como o azeite. Vem sempre à tona.” É um ditado popular.

António Fernandes, em Braga | Jornal Tornado | opinião

Aquilo que se passou no frente a frente entre o sensacionalismo e a crueza da verdade foi demasiado gelado para quem gosta de “aquecer” o discurso e inflamar o ego.

O mote que serviu de tónica dominante na explanação feita pela Magistrada do Ministério Publico, Maria José Morgado, magistrada que ocupou vários cargos na estrutura judicial do país ao longo dos mais de 40 anos de serviço feito missão na investigação e combate ao crime económico e financeiro, uma variável do crime  organizado nas suas valências, coadjuvada por colaboradores cuja competência e empenho por mais de uma vez fez questão em referir de forma elogiosa neste seu aparecimento publico em televisão.

Ironicamente esquecida ao longo de vários anos pela comunicação social apareceu, com alguma surpresa para muitos telespectadores, a ser entrevistada num canal  generalista num momento preciso em que um dos processos que liderou produziu prova de que resultou procedimento criminal envolvendo magistrados.

Maria José Capêlo Rodrigues Morgado. Ela mesmo. Como sempre!

De conversa franca e fluida, linguagem simples,  postura transparente, conduta impoluta, não deu espaço de manobra a um sensacionalista com histórico profissional de: causídico; jornalista; escritor; comentador televisivo; entre outros; premiado, e que tem por nome: Miguel Andresen de Sousa Tavares, a pretexto de uma pretensa entrevista que acabou por não acontecer em face do completo eclipsar do entrevistador por manifesta incapacidade em conduzir a conversa.

Portugal | Por que é preciso «poupar» para a reforma?

As baixas reformas levam mais de metade dos portugueses a querer «poupar» para a aposentação, ainda que não tenham condições financeiras para o fazer devido aos baixos salários.

Mais de metade dos portugueses (53%) não têm capacidade de «poupar para a reforma», de acordo com o estudo da Insurance Europe, que sinaliza que Portugal está acima da média europeia entre os que não o fazem.

Segundo os resultados do estudo europeu de pensões da Insurance Europe, ontem divulgado, os portugueses são os que têm mais interesse em poupar para a reforma, mas não dispõem de capacidade financeira.

Embora os trabalhadores já descontem ao longo da sua vida activa para a reforma através das contribuições para a Segurança Social, esta necessidade de fazer uma «poupança» é explicada pelos baixos valores das pensões de reforma.

Para além disso, Portugal é um dos países que tem a idade legal de acesso à pensão indexada à esperança média de vida. Aumentando a idade de saída da vida activa, tendo em conta a subida da esperança média de vida, desconsidera-se o direito à velhice e o facto de a generalidade dos trabalhadores passar mais de três ou quatro décadas a trabalhar, com o predomínio dos baixos salários.

Portugal | Mais 8 mortos e 944 novos casos de covid-19

Há mais oito óbitos associados à covid-19 nas últimas 24 horas e mais 944 novos casos de infeção. Mais 325 doentes conseguiram recuperar.

Portugal regista um total de 2040 mortes causadas pela covid-19 e 81256 infeções pelo novo coronavírus, desde o início da pandemia, em março, segundo o boletim epidemiológico divulgado, esta quarta-feira, pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Nas últimas 24 horas ocorreram oito óbitos: cinco na região de Lisboa e Vale do Tejo, um na região Norte, um na região Centro e outro no Algarve. São três homens e três mulheres com 80 ou mais anos, um homem entre 50-59 anos e outro homem na faixa etária de 30-39 anos.

A região de Lisboa e Vale do Tejo é a que soma mais novas infeções pelo novo coronavírus, são 494 casos positivos desde terça-feira (tem 41225 no total). A região Norte tem mais 356 casos (29469), o Centro mais 58 (6561), o Alentejo mais oito (1595), o Algarve mais 21 (1862), os Açores mais um (287) e a Madeira mais seis (257).

Atualmente é a região Norte que apresenta maior número de vítimas mortais por covid-19 (900), seguida da região de Lisboa (811), Centro (269), Alentejo (25), Algarve (20) e Açores (15).

Até agora já recuperaram 51037 doentes (mais 325) e estão sob vigilância das autoridades de saúde 46023 pessoas (menos 414). Há 28179 casos de covid-19 ativos em Portugal (mais 611).

Esta quarta-feira há mais 32 doentes internados devido ao novo coronavírus (764 no total) e mantém-se inalterado o número de pacientes internados em unidades de cuidados intensivos (104).

Sandra Alves | Jornal de Notícias

Partido neonazi grego 'Aurora Dourada' considerado organização criminosa

O partido neonazi grego 'Aurora Dourada', que chegou a ser o terceiro maior no parlamento em 2015, foi hoje considerado uma organização criminosa pelo Tribunal de Atenas, uma sentença histórica que finaliza cinco anos de julgamento.

Otribunal condenou vários dos ex-deputados do partido por participarem numa organização criminosa, e considerou outros culpados de liderarem uma organização criminosa.

A sentença começou a ser lida cerca das 11:30 locais (09:30 em Lisboa) e foi recebida com gritos e aplausos de mais de 15 mil pessoas que aguardavam a decisão na rua, frente ao tribunal, com faixas onde se liam frases como "Eles não são inocentes" ou "O fascismo não é uma opinião, é um crime".

Os 68 réus incluíam 18 ex-deputados do partido, fundado na década de 1980 como uma organização neonazi, que se tornou o terceiro maior partido da Grécia com assento no parlamento durante a crise financeira registada no país e na Europa durante quase uma década.

Nagorno-Karabakh. Putin classifica conflito como uma "tragédia"

O Presidente russo, Vladimir Putin, classificou hoje como "tragédia" os confrontos no enclave separatista de Nagorno-Karabakh, insistindo na necessidade de um cessar-fogo na região.

"É uma tragédia. Afeta-nos muito. Porque Azerbaijão, Arménia e Nagorno-Karabakh são territórios onde vivem pessoas que não são estranhas para nós. Basta dizer que vivem na Rússia cerca de dois milhões de azeris e mais dois milhões de arménios, segundo os nossos cálculos", disse Putin, numa entrevista a um canal televisivo russo.

Para o Presidente russo, um grande número de cidadãos do seu país mantém relações de amizade e familiares com as duas repúblicas, lamentando a escalada de conflito entre forças militares do Azerbaijão e da Arménia, que nas últimas semanas já provocou quase três centenas de feridos.

"Pessoas estão a morrer. Há grandes perdas dos dois lados. Esperamos que este conflito termine num futuro próximo. Mas, se não for resolvido definitivamente, pelo menos pedimos um cessar-fogo. Que deve acontecer logo que possível", disse Putin.

O Governo russo tem mantido relações cordiais com os dois países, fornecendo armas aos dois exércitos, mas tem uma base militar na Arménia e é aliado do regime de Erevan, no âmbito de uma aliança político-militar pós-soviética, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva.

E se a solução for extinguir a polícia?

#Publicado em português do Brasil

Cresce nos EUA, na esteira do Vidas Negras Importam, a luta por outra segurança pública. A atual, percebe-se, não contém o crime — porque busca calar a revolta das maiorias e preservar o racismo estrutural. É hora de pensar seu fim

Keeanga-Yamahtta Taylor, no The New Yorker| em Outras Palavras | Tradução: Gabriel Rocha Gaspar | Imagem: Sérgio Silva

As revoltas de maio e junho de 2020 forçaram os Estados Unidos a um ajuste de contas com a profunda marca impressa pelo racismo na sociedade. O linchamento público de George Floyd [ocorrido em 25 de maio] perfurou o véu da segregação, que acoberta a realidade de que milhões de afro-estadunidenses vivem sob o peso sempre crescente da morte. Dezenas de milhares de pessoas negras vitimadas pela rápida disseminação da covid-19; a execução, registrada em vídeo, de Ahmaud Arbery por dois homens brancos na Geórgia; os relatos do brutal assassinato de Breonna Taylor pela polícia de Louisville; e, depois, o terrível homicídio de Floyd em Minneapolis abriram os olhos do grande público para o Estado policial sob o qual vive o país.

Em junho, a persistência e a duração dos protestos já haviam produzido mudanças históricas na percepção das pessoas brancas. Uma pesquisa nacional registrou uma virada de opinião sem precedentes: 71% dos brancos declararam que o racismo e a discriminação são um “grande problema” nos Estados Unidos e 55%, que a virulência dos protestos era plenamente justificada. Em outra pesquisa, 65% expressaram apoio ao movimento Vidas Negras Importam. Esse cavalo de pau nas opiniões foi espelhado por uma onda de demonstrações públicas de reconciliação racial, conforme executivos de grandes corporações admitiam seu papel — ainda que não tenham assumido responsabilidade genuína — na sustentação de um regime de desigualdade racial.

A associação automobilística Nascar baniu a exibição de bandeiras confederadas em suas corridas. O “Juneteenh” [referência ao dia 19 de junho, comemoração negra estadunidense mais ou menos equivalente ao 20 de novembro, no Brasil], há tempos celebrado informalmente por alguns afro-estadunidenses, foi subitamente institucionalizado, tornando-se feriado oficial. Até o ex-presidente republicano George W. Bush condenou o “racismo sistêmico”. Não se pode dizer que esse reconhecimento imediato do racismo simbólico seja exatamente surpreendente; na verdade, é bem corriqueiro. Nenhum outro país entra na assombrosa neutralização pela via das falsas desculpas com tanta frequência quanto os Estados Unidos. No caso dos afro-estadunidenses, esse expediente vem sempre acompanhado de estrondosas propostas legislativas de promoção dos direitos civis que, via de regra, são posteriormente “comprometidas, deferidas e desfeitas”, como escreveu o historiador Leon Litwack.

É muita cara de pau que corporações multibilionárias bradem “vidas negras importam” e, ao mesmo tempo, reneguem o pagamento de adicionais de risco e insalubridade, folga remunerada ou mesmo um salário minimamente decente aos trabalhadores negros. Apesar da hipocrisia, essa busca das elites pela absolvição do pecado do “racismo sistêmico” serve para reafirmar que racismo é mais do que queimar cruzes e usar a palavra “nigger” [adjetivo racista usado para se referir depreciativamente a pessoas negras nos Estados Unidos]: ele também se expressa no setor imobiliário, nas instituições de ensino superior, no mercado de trabalho e, obviamente, nos sistemas policial, judiciário e penal. Neste momento, em que tanto a pandemia de coronavírus quanto a revolta antirracista desnudam as falhas estruturais da sociedade estadunidense, surge uma renovada discussão sobre soluções estruturais. É por isso que a demanda pela suspensão do financiamento da polícia (defund the police) — que poucos meses atrás era completamente marginal, encampada por uns poucos corajosos — tornou-se um slogan central do ressurgimento do movimento Vidas Negras Importam.

Apostas explosivas no tabuleiro Arménia-Azerbaijão

Empurrar a Rússia outra vez para o lamaçal de Nagorno-Karabakh significa mais liberdade de acção para a Turquia noutros teatros de guerra

Pepe Escobar [*]

Poucos pontos quentes geopolíticos em todo o planeta podem rivalizar com o Cáucaso: aquela intratável Torre de Babel tribal, uma encruzilhada controversa de impérios do Levante e nómadas das estepes eurasiáticas ao longo da História. E fica ainda mais confusa quando se acrescenta o nevoeiro da guerra.

Para tentar lançar alguma luz sobre o actual confronto directo Arménia-Azerbaijão, vamos assinalar os factos básicos com alguns antecedentes de fundo essenciais.

No fim do mês passado Ilham Alyev, o "homem forte" do Azerbaijão, no poder desde 2002, lançou uma guerra de facto sobre o território de Nagorno-Karabakh mantido pela Arménia.

No momento do colapso da URSS, Nagorno-Karabakh tinha uma população mista de xiitas azeris e cristãos arménios. Mas mesmo antes do colapso o Exército Azerbaijano e independentistas arménios já estavam em guerra (1988-1994), a qual resultou num sombrio balanço de 30 mil mortos e cerca de um milhão de feridos.

A República de Nagorno-Karabakh declarou independência em 1991: mas esta não foi reconhecida pela "comunidade internacional". Finalmente houve um cessar-fogo em 1994 – com Nagorno-Karabakh entrando numa área cinzenta, numa terra de ninguém de "conflito congelado".

O problema é que em 1993 as Nações Unidas aprovaram nada menos que quatro resoluções – 822, 853, 874 e 884 – estabelecendo que a Arménia deveria retirar-se do que era considerado ser aproximadamente 20% do território azerbaijano. Isto está no cerne da lógica de Bacu para combater o que ela qualifica como um exército de ocupação estrangeiro.

Contudo, a interpretação de Ierevan é que estas quatro resoluções são nulas e sem efeito porque Nagorno-Karabakh abriga uma população de maioria arménia que se quer separar do Azerbaijão.

Historicamente, Artsakh é uma das três antigas províncias da Arménia – cujas raízes remontam pelo menos ao século V a.C. e finalmente estabelecida em 189 a.C. Os arménios, com base em amostras de ADN de ossos escavados, argumentam que estão instalados em Artsakh há pelo menos 4.000 anos.

Artsakh – ou Nagorno-Karabakh – foi anexado ao Azerbaijão por Estaline em 1923. Isso preparou o cenário para que um futuro barril de pólvora inevitavelmente explodisse.

É importante recordar que não havia estado-nação "azerbaijano" até o início da década de 1920. Historicamente, o Azerbaijão é um território no norte do Irão. Os azeris estão muito bem integrados dentro da República Islâmica. Assim, a República do Azerbaijão realmente tomou ou seu nome dos seus vizinhos iranianos. Na história antiga, o território da nova república do século XX era conhecido como Atropatena e Aturpakatan antes do advento do Islão.

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