Martinho Júnior, Luanda
O NÍGER CONFIGURA A 2ª REGIÃO GEOSTRATÉGICA DO AFRICOM
O império da hegemonia unipolar e seus dilectos vassalos na NATO, particularmente a França por razões históricas, estão a esmagar com sua presença conspirativa e bárbara, os mais fragilizados estados da Terra, aqueles que na ultraperiferia económica que é África sempre têm constituído a cauda nos parâmetros dos Relatórios Anuais relativos aos Índices de Desenvolvimento Humano, uma grande parte deles países do Sahel.
No último Relatório, o de 2019, é esta a “classificação” desses países na cauda (Desenvolvimento Humano Baixo): Mauritânia – 161º, Senegal – 166º, Sudão – 168º, Djibouti – 171º, Etiópia – 173º, Gâmbia – 174º, Burkina Faso e Eritreia – 182ºs, Mali 184º, Sudão do Sul – 186º, Chade – 187º, República Centro Africana – 188º e Níger – 189º, o último de toda a escala!…
A Somália está de tal maneira putrefacta que é impossível sequer recolher dados a fim de fazer qualquer tipo de avaliação!...
Em
Por outro lado, a presença nebulosa de interesses “coligados” estimulados directa ou indirectamente por entidades como a Turquia, Israel, a Arábia Saudita, os Emiratos Árabes Unidos e o Qatar, as três últimas casas monárquicas inimigas de Kadafi, aumentou a parada de desagregação, de caos e de terrorismo, tornando o corpo já de si inerte de África num corpo irremediavelmente apodrecido!
Neste momento o encadeado de conflitos está a distender-se pelo norte de África, pelo Médio Oriente Alargado, pelo Mediterrâneo Oriental e pode-se estender por áreas circundantes (Mar Negro, Cáucaso, Europa do Leste, entre o Báltico e o Mar Negro)!...
… Então no Níger, no ponto central do Sahel, em Agadez, o AFRICOM instala a sua 2ª grande base em África, usando e abusando da “terceira bandeira” de um dos mais pobres e vulneráveis povos à escala global, componente dum artificioso G-5 que é a “última palavra” da FrançAfrique!...
A IIIª Guerra Mundial do império contra o Sul Global ferve em África numa catarse “esquentada” em muito frágeis panelas de barro!... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/01/11/ahi-esta-la-iii-guerra-mundial/).
01 - Desde que a doutrina Bush (Rumsfeld/Cebrowski) foi impulsionada no quadro do desespero imperial, que o processo de domínio pela força e pelo “soft power” da guerra psicológica anglo-saxónica em África se intensificou a partir dos seguintes “marcos cronológicos”:
(https://paginaglobal.blogspot.com/2020/09/mocambique-retalhos.html; https://fort-russ.com/2020/09/at-least-60-million-people-have-been-displaced-by-americas-freedom-and-democracy/).
. Desagregação, caos e terrorismo – herança do século XX, fermentada com os presidentes republicanos Ronald Reagan e George H. W. Bush – Sudão/Sudão do Sul, Etiópia/Eritreia e Somália – 2000; (https://tudoparaminhacuba.wordpress.com/2017/08/07/financiador-de-caos-de-terrorismo-e-de-desagregacao-em-africa/; https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/03/18/de-donde-parte-del-caos-y-el-terrorismo-impuesto-por-la-iii-guerra-mundial/);
. Desagregação, caos e terrorismo com o concurso de Israel e “coligados” das monarquias arábicas, principalmente Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos e Qatar – herança do século XX, fermentada com os presidentes republicanos Ronald Reagan e George H. W. Bush – 2000; (https://www.strategic-culture.org/news/2019/04/30/tectonic-shift-in-north-africa-puts-washington-in-passengers-seat/; https://www.strategic-culture.org/news/2020/06/02/how-barack-obama-destroyed-libya/);
. 11 de Setembro de 2001 – “Capitalismo de desastre” no rescaldo imediato do derrube das torres de Nova York, a fim de impor a “terapia do choque”; em África, a terapia de choque” começou por aquelas associadas às operações de petróleo e gás, (garantes de melhores pagamentos), como por exemplo as “Private Military Companies” como a Executive Outcomes (ainda na década de 90 do século XX, “experimentada” em Angola), a Blackwater, ou a Bancroft Global Development (presente na Somália); (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/09/25/la-somalizacion-de-africa/).
. AFRICOM – surgimento em 2007 e 2008, quando o presidente republicano George W. Bush aplicou a doutrina Rumsfeld/Cebrowski – implantação imediata no Camp Lemornnier (Djibouti), a 1ª das bases do Pentágono em África – Djibouti, para actuar num raio de acção que inclui o Iémen, a Somália, a Etiópica, a Eritreia, o Quénia, os Grandes Lagos, a Tanzânia e Moçambique, além do Mar Vermelho, o Golfo de Aden e o Índico Norte; (https://fpabramo.org.br/2019/08/23/guerras-hibridas-militarizacao-da-teoria-do-caos/; https://www.youtube.com/watch?v=mHWXDXduqUA; https://www.youtube.com/watch?v=sIIJ-JbeLRg);
. AFRICOM – interconexão aos
dispositivos EUROCOM e NATO, sobretudo a partir da Alemanha (sede em Estugarda)
e em Itália; na Itália as conexões operativas são a Camp Darby (a norte do
porto de Livorno) e à VIª Frota, com comando em Nápoles e bases espalhadas por
Gaeta,
. Destruição da Líbia com o assassinato de Kadafi a partir das bases em Itália e da VIª Frota (https://www.c6f.navy.mil/), tirando partido das ex-potências coloniais e das monarquias arábicas “coligadas”, explorando os nexos das “primaveras árabes” – 2011 – início da disseminação da desagregação, do caos e do terrorismo por todo Sahel; (http://paginaglobal.blogspot.com/2011/05/o-arco-de-crise-em-direccao-africa.html);
. Abril de 2012 – Proclamação da independência do Azawad, norte do Mali, pr parte da organização touareg, Movimento Nacional de Libertação do Azawad; (https://www.afrik.com/azawad-l-independance-pour-le-mnla-l-autonomie-pour-la-france; http://paginaglobal.blogspot.com/2012/04/azawad-areia-e-furia-i.html; http://paginaglobal.blogspot.pt/2012/04/azawad-areia-e-furia-ii.html; http://paginaglobal.blogspot.com/2012/04/azawad-areia-e-furia-iii.html);
. 16 de Fevereiro de 2014 – constituído o Grupo 5 do Sahel; (https://en.wikipedia.org/wiki/G5_Sahel);
. 1 de Agosto de 2014 – desencadeada a Operação Barkane, no Sahel e com ela toda a manobra de propaganda e contrapropaganda internacional; (https://www.defense.gouv.fr/operations/points-de-situation; https://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Barkhane; https://www.injuryjournal.com/article/S0020-1383(16)30720-3/fulltext; lemonde.fr/afrique/article/2020/08/27/malgre-le-coup-d-etat-et-la-defiance-des-maliens-la-france-maintient-l-operation-barkhane_6050075_3212.html);
. 2020 – Cooperação estratégica da União Europeia com o G5 Sahel – uma versão cínica das enormes responsabilidades da Europa na contínua desestabilização do Sul Global (processos sincronizados do Médio Oriente Alargado e de África); (https://www.diplomatie.gouv.fr/en/french-foreign-policy/security-disarmament-and-non-proliferation/news/news-about-defence-and-security/article/g5-sahel-pau-summit-statement-by-the-heads-of-state-13-jan-2020; https://www.consilium.europa.eu/en/media-galleries/international-summit/2020-04-28-g5-sahel/?slide=4; https://sahelblog.wordpress.com/2020/07/01/notes-on-yesterdays-g5-security-summit-in-nouakchott-mauritania/);
. 2020 – Intervenção da Turquia, membro da NATO, na Líbia, transferindo organizações terroristas mercenárias que lhe são afins (tal como em relação ao Azerbeijão), para o teatro operacional, a pretexto de defender o governo instalado na capital, Tripoli, governo esse reconhecido pela ONU; (https://www.youtube.com/watch?v=PlKz0p4hv6k; https://www.youtube.com/watch?v=Swg2-5QcCKk);
. 2020 – Aumento de tensão generalizada no Mediterrâneo Oriental, no Médio Oriente Alargado e em África (com fulcro na Líbia, mas estendendo-se a todo o Sahara e Sahel), em função do neo-otomanismo por parte do governo de Erdogan na Turquia, que afecta também, por dentro, a própria NATO, reflectindo-se em África; (https://www.lepoint.fr/monde/otan-enquete-ouverte-sur-l-incident-entre-la-france-et-la-turquie-18-06-2020-2380722_24.php);
- 2020 – Constante cooperação da França (Operação Barkane) com os Estados Unidos (AFRICOM) no Sahel – (https://www.africom.mil/pressrelease/33159/us-africa-command-leaders-discuss-partnership);
. AFRICOM – 2ª maior base em Agadez, Níger (Base Aérea nº 201) – apoio à Operação Barkane – 2020. (https://www.jeuneafrique.com/890333/politique/sahel-la-france-envoie-600-soldats-supplementaires-pour-renforcer-loperation-barkhane/; https://www.atlantico.fr/decryptage/3209678/la-strategie-americaine-au-sahel-est-elle-en-train-de-transformer-le-mali-et-le-niger-en-nouveaux-afghanistan-; https://www.africom.mil/pressrelease/33175/africom-socaf-leaders-visit-east-west-partner).
A implantação da base aérea nº 201 em Agadez, é portanto resultado do fluxo republicano reitor dos processos de domínio que respondem ao “estado profundo”!... https://www.africom.mil/topic/niger
À falta do “inimigo comunista”, o “estado profundo” precisou transformar em tácito inimigo os “freedom fighters” de então que estavam ali mesmo à mão, oferecidos pelas monarquias arábicas sunitas/wahabitas, de islamismo conservador radicalizado, carregadas de petrodólares que em termos de caos, terrorismo e desagregação, haviam provado ser “tão bons a ponto de se recomendarem”!... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/09/17/desde-aquel-11-de-septiembre-de-1973/).
A Base Aérea nº201 entrosa-se com nova geração de cibernética, de electrónica e de comunicações, não só com os dispositivos do Camp Lemornnier (Djibouti), a leste e as bases da VIª Frota em Itália, (a norte), mas com o USS Hershel “Woody” Williams, (Base Naval Expedicionária, ESB-4), onde quer que ele esteja (neste momento estreia-se no Atlântico, navegando em direcção sul, ao longo da costa da África do Oeste)… (https://www.africom.mil/article/33116/uss-hershel-woody-williams-supports-us-sof-in; https://www.africom.mil/article/33165/uss-hershel-woody-williams-royal-moroccan-nav; https://www.c6f.navy.mil/Press-Room/News/Article/2350661/uss-hershel-woody-williams-conducts-tracking-exercise-with-royal-moroccan-navy/; https://www.c6f.navy.mil/Press-Room/News/Article/2359291/uss-hershel-woody-williams-operates-with-the-senegalese-navy/).
Pairando com seus drones de largo espectro sobre o corpo putrefacto do Sahara e do Sahel, o império instrumentaliza sépticos bisturis, sobre as cabeças de todos os actores “no terreno”, escolhendo a seu bel-prazer os alvos!...
As forças do império da hegemonia, com os Estados Unidos à cabeça, em África estão a aumentar de número e de bases, extasiadas com tantas “facilidades”, com uma imensa panóplia de novas tecnologias em acção, quando o continente enfrenta nos limites a crise do encadeado de fenómenos que se abatem inexoráveis sobre franjas enormes do seu tecido humano!... (https://fort-russ.com/2020/05/world-bank-using-covid-19-to-further-push-for-debt-slavery-in-africa/).
O Relatório da ONU de 2020, sobre os Índices de Desenvolvimento Humano, que será publicado na transição 2020/2021, reflectirá já o terrível impacto do encadeado da crise, que confirma a contínua fermentação do “capitalismo de desastre” segundo Naomi Klein! (https://fort-russ.com/2020/05/world-bank-using-covid-19-to-further-push-for-debt-slavery-in-africa/; https://www.theguardian.com/us-news/2017/jul/06/naomi-klein-how-power-profits-from-disaster; https://www.ao.undp.org/content/angola/pt/home/imprensa/HDR2019.html; https://www.undp.org/content/dam/angola/docs/Publications/HDR%202019_Full.pdf).
A tórrida Agadez, poeirenta localidade surgida a partir dum pequeno oásis perdido no centro do Níger, na rota das caravanas touaregs (https://rebelion.org/el-factor-tuareg-en-el-norte-de-africa/) e fulanis em eterna nomadização, foi escolhida por muitas razões em reforço dos interesses da AREVA num momento em que os interesses do Níger ficaram ainda mais fragilizados (https://www.agenceecofin.com/nucleaire/2705-20302-niger-fin-du-bras-de-fer-entre-niamey-et-areva-sur-l-uranium) e entre elas, com essa fragilização, há que destacar sob o ponto de vista HUMINT as possibilidades e capacidades do AFRICOM: (https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/17539151003594186).
. A necessidade de atrair os tuaregs e fulanis aos expedientes neocoloniais, depois deles terem perdido o acolhimento que lhes era propiciado pelo estado líbio sob a direcção de Kadafi; (https://www.jstor.org/stable/20406532?seq=1; https://www.boulevard-exterieur.com/The-Sahel-crisis-and-the-role-of-AFRICOM.html);
. A necessidade de, a partir dessa atracção, penetrar nos circuitos transversais da nomadização por todo o Sahara e o Sahel, o que implica um intrincado de cumplicidades só decifráveis pelos reitores do jogo lançado sobretudo pelo Pentágono do império; (https://www.libyaobserver.ly/news/tuareg-tribesmen-denounce-africom-airstrike-southwestern-libya-confirm-victims-were-civilians; https://www.bbc.com/news/world-africa-21195371; http://statecrime.org/data/2019/04/Jeremy-Keenan-2019-US-Kills-Tuareg-Civilians-in-Libyan-Airstrike-electronic-version.pdf; https://library.fes.de/pdf-files/bueros/nigeria/08181.pdf);
. Influir na identidade das elites governantes, colocando-as à sua inteira mercê e fazendo com que elas participem no seu dilecto “jogo” de “capitalismo de desastre”; (https://www.researchgate.net/publication/228746120_The_United_States_Africa_Command_security_for_whom);
. Influir na composição dos estados de toda a região por via de transversais avassaladas, sincronizadas com a pressão tácita dos “inimigos úteis” (AQMI, Boko Haram, Seleka, entre outros); (http://www.jpanafrican.org/docs/vol3no6/3.5DealingwithAfricom.pdf);
. Penetrar nos circuitos de migração não só na direcção do Mediterrâneo (por tabela da Europa, contribuindo para manter a União Europeia sob pressão migratória a partir de África), mas sobretudo na pressão sobre as culturas sedentarizadas estabelecidas nas bacias do Níger (oeste), do Congo (sul) e do Nilo (leste), com os sentidos no mais longínquo espaço físico-geográfico-ambiental e humano da SADC (alternativo à migração trans mediterrânica); (https://www.wsws.org/en/articles/2017/10/07/afri-o07.html);
. Continuar a pulverizar as artificiais fronteiras entre os países componentes do Sahara e do Sahel, engenhosas fronteiras desenhadas pelas potências coloniais a partir da Conferência de Berlim, explorando as áreas sem ocupação político-administrativa a fim de aproveitar para aumentar o espectro da ingerência e da manipulação.
Por todas essas razões, sob o ponto de vista de cobertura geostratégica a Base Aérea 201 está situada a meia distância entre o Mediterrâneo (a norte) e a bacia do Congo (a sul) e a meia distância entre o Mar Vermelho (a leste) e o Atlântico (a oeste). (https://blackallianceforpeace.com/usoutofafrica).
Sob o ponto de vista TECHINT é uma base de referência para os circuitos de reconhecimento aéreo, emprego de forças especiais e apoios de todo o tipo a missões no Sahara e no Sahel, interligando-as com as outras coberturas dentro e a redor do continente africano.
03- Entre os aliados da NATO interessados directamente na situação da África do Oeste, da África do Norte e em todo o Sahel, perfila-se a França neocolonial, a FrançAfrique!... (https://vimeo.com/167625172).
A eclosão d G-5 é a esteira do neocolonialismo em “novo modelo”!... (https://en.wikipedia.org/wiki/G5_Sahel).
… Hoje FrançAfrique é mais
tenebrosa que nos tempos de Jacques Foccard: se os enlaces neocoloniais do
petróleo, do gás, do café… já provocavam calafrios à sensibilidade humana, os
enlaces neocoloniais do urânio no Níger, já
A MafiAfrique é uma plataforma comum permeável à promiscuidade em cadeia que interessa aos processos dominantes do império da hegemonia unipolar em curso, caucionada pela ONU, (https://www.ladepeche.fr/article/2017/06/20/2597413-onu-accord-entre-paris-washington-force-anti-jihadistes-sahel.html) e onde a parte FrançAfrique foi reaproveitada na esteira do capitalismo neoliberal, do neocolonialismo e da manipulação sobre os contraditórios que se justifica por via do tão “útil inimigo tácito” parido desde o “aproveitamento” dos “freedom fighters” da republicana era Reagan! (https://www.youtube.com/watch?v=oXkBwvDWp0g).
Numa aparente confrontação quando da “Opération Turquoise” no preciso momento em que ocorreu o holocausto do Ruanda, (https://www.realcleardefense.com/articles/2018/05/14/assessment_of_opration_turquoise_113440.html; https://cnlg.gov.rw/index.php?id=87&tx_news_pi1%5Bnews%5D=4292&tx_news_pi1%5Bcontroller%5D=News&tx_news_pi1%5Baction%5D=detail&cHash=0f910a6e5599a9e465db023f4d43a28e; https://www.youtube.com/watch?v=P8W3cEG09qE) desde aí a FrançAfrique não mais deixou de corresponder aos fluxos do império da hegemonia unipolar conforme os exemplos prévios no Djibouti e na Somália e neste momento está completamente alinhada, integrando de facto a “Opération Barkane” nas acções da AFRICOM! (https://www.youtube.com/watch?v=CHVWIN69J5o; https://www.youtube.com/watch?v=jloRGo_Fw-A; https://www.youtube.com/watch?v=dT6uI5CoK94).
Em relação ao Níger, a FrançAfrique é omnipresente, particularmente em função dos interesses “MafiAfrique” da AREVA, o que determina a formatação das próprias elites no poder, no último dos países da escala dos Índices de Desenvolvimento Humano, (num ultra-desigual conflito de interesses com terríveis repercussões no tecido humano do país de facto escravizado)!... (https://infoguerre.fr/2016/01/les-relations-entre-le-niger-et-areva-sur-la-question-de-lexploitation-des-mines-duranium/; https://www.sortirdunucleaire.org/IMG/pdf/tchinaghen-2008-la_male_diction_de_l_uranium-le_nord_niger_victimes_de_ses_richesses.pdf).
Essa situação está agora, numa época caracterizada pelo aumento geométrico do encadeado de crises a coberto (à mercê) do “guarda-sol” do Pentágono em África, (https://www.voanews.com/africa/sahel-summit-agrees-need-intensify-campaign-against-jihadists; https://www.consilium.europa.eu/pt/press/press-releases/2020/06/30/aux-cotes-du-g5-sahel-l-union-europeenne-tient-ses-engagements-discours-du-president-charles-michel-au-sommet-de-nouakchott/) ao mesmo tempo, “tacitamente”, uma época privilegiada para a mobilização e recrutamentos no âmbito do islamismo radical, engrossando o manancial humano do jihadismo em função do desespero em que se encontram as comunidades, desde logo as comunidades a serviço das minas de urânio e as mais próximas das delas!...
A isso junta-se a saga tuaregue, fulani e dos dogons após o assassinato de Kadafi e a saga do choque e terapia que também atrai a Turquia, a Arábia Saudita, os Emiratos Árabes Unidos e o Qatar, além dos europeus com a MafiAfrique à cabeça!... (https://www.persee.fr/doc/remmm_0035-1474_1987_num_44_1_2154; https://journals.openedition.org/civilisations/1568; https://www.crisisgroup.org/africa/sahel/mali/centre-du-mali-enrayer-le-nettoyage-ethnique; http://www.mnlamov.net/component/content/article/177-declaration-finale-de-la-rencontre-historique-de-gao-.html; http://www.mnlamov.net/).
Macron garante assim a MafiAfrique que tal como a FrançAfrique tem no Franco CFA a plataforma neocolonial incontornável, agora caucionada tanto pelo Euro, como pelo (Petro)dólar!... (https://www.aljazeera.com/opinions/2017/7/23/macrons-francafrique/; https://www.gouvernement.fr/en/g5-sahel-the-coalition-is-in-place).
Todavia Macron tem agora o espectro turco já no seu encalço no miolo da FrançAfrique!
04- A Base Aérea nº 201 em Agadez, no Níger, está bem no centro do maior oceano de areia do mundo, envolvendo o Sahara e o Sahel, do Senegal (Atlântico) à Somália (Índico), da Argélia (Mar Mediterrâneo), à República Centro Africana (curso norte da Bacia do Congo) e, de acordo com o “modelo” criado no espectro Djubouti/Somália/Iémen, pressupõe uma constelação de forças dependentes, em termos de pesquisa de informação, formação, articulação operativa, logística e intervenção. (https://theintercept.com/2018/08/21/us-drone-base-niger-africa/).
Está em conexão com a Base de Drones do AFRICOM instalada junto ao Aeroporto Internacional de Garoua, no norte dos Camarões, a base que investiga as acções do Boko Haram e do Seleka (Lago Chade e República Centro Africana). (https://theintercept.com/2016/02/25/us-extends-drone-war-deeper-into-africa-with-secretive-base/).
Essas forças são:
. Forças Especiais dos Estados Unidos (pequenas unidades e grande mobilidade) integradas nos dispositivos AFRICOM; (https://libya360.wordpress.com/2020/08/11/inside-the-secret-world-of-us-commandos-in-africa/);
. Forças Militares de países da NATO quando instaladas ao abrigo da própria NATO (não é o caso da Turquia expansionista, com bases na Líbia), de missões internacionais (ONU ou União Europeia), ou em função de acordos bilaterais ou multilaterais com os estados africanos (como acontece no espaço FranAfrique onde decorre a Operação Barkane com mais de 5.000 efectivos franceses); (https://www.nato.int/docu/review/articles/2012/12/13/securing-the-sahel-a-role-for-nato/index.html; https://www.france24.com/en/africa/20191129-interview-nato-chief-stoltenberg-optimistic-allies-will-support-france-sahel-france-macron-french-military-mali-operation-barkhane; https://www.jstor.org/stable/resrep10252?seq=1#metadata_info_tab_contents; https://www.dw.com/en/germany-ponders-bigger-troop-mandate-in-africas-sahel/a-51828723);
. As Forças Militares dos países africanos “coligados”, ou “parceiros” (no Sahel, por exemplo, os cinco componentes do G5, ou seja a Mauritânia, o Mali, o Burkina Faso, o Níger e o Chade); (https://www.act.nato.int/images/stories/media/doclibrary/open201902-understanding-g5-sahel.pdf; https://www.geostrategia.fr/la-force-conjointe-du-g5-sahel-une-initiative-africaine-dappropriation-de-la-gestion-des-conflits-au-sahel/);
. Forças de estados africanos agrupadas em missões da União Africana (como acontece com a AMISOM, na Somália); (https://amisom-au.org/);
. As “Private Military Companies” com uma constelação de unidades mercenárias, muitas vezes adstritas aos investimentos mineiros, do petróleo e/ou do gás (exemplo: a Bancroft Global Development na Somália); (https://www.bancroftglobal.org/; https://www.bancroftglobal.org/project-profile-somalia/; https://intelnews.org/2011/09/14/01-820/#more-7267)
. Unidades militares formadas pelas “Private Military Companies” (como por exemplo a Força Policial Somali, as suas brigadas de investigação, a Brigada Danab, da Somália, formada pela Bancroft Global Development). (https://www.state.gov/counterterrorism-assistance-to-the-somali-police-force-joint-investigative-teams/; https://intelnews.org/2011/09/14/01-820/#more-7267; militarytimes.com/news/your-army/2019/05/21/us-troops-nonprofit-trainers-and-a-lightning-brigade-battle-for-somalia/).
As articulações que o império da hegemonia unipolar vem desenvolvendo no imenso norte de África, são inspiradas em função sobretudo da já longa experiência na Somália, uma inspiração que se estendeu a outros, entre eles a Turquia expansionista (também presente na Somália), o Qatar, os Emiratos Árabes Unidos, a Arábia Saudita e mais discretamente Israel, todos eles conhecidos pelo elevado grau de sua ambiguidade, que permite conexões a e o uso de organizações terroristas desde os “fulcros” que são os Irmãos Muçulmanos, à Al Qaeda e ao Estado Islâmico… (https://eeradicalization.com/turkish-ambitions-in-somalia/; https://southfront.org/turkeys-foreign-policy-during-the-erdogan-era/; https://southfront.org/intelligence-community-of-the-republic-of-turkey/).
A Turquia expansionista tem agora um papel central na disseminação do caos com o objectivo estratégico de enfraquecer a Rússia, (do Báltico ao Cáucaso e Ásia Central) e essa convulsão de tensões, conflitos e guerras (a que iniciou entre o Azerbeijão e a Arménia está em curso numa escala de confrontação directa e dilacerante entre exércitos) está também já a reflctir-se na profundidade do Sahel!... (https://southfront.org/has-pandoras-box-been-opened-in-trans-caucasia/; https://www.youtube.com/watch?v=F-ZJKOvc9jM; https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/10/04/el-sonido-de-las-serpientes/).
A Turquia sob a engenhosa direcção do Presidente Erdogan, fez a reinterpretação neo-otomana às geoestratégias de desagregação, caos e terrorismo lançadas pela doutrina Bush (Rumsfeld/Cebrowski) em 2001 e, de forma oportunista propiciada pelo império da hegemonia unipolar, preparou o contencioso a partir dos embates que dilaceraram a Síria, tirando agora partido da concentração de seus múltiplos vínculos (rebeldes moderados”), sobretudo na bolsa de Idlib, um concentrado de agrupamentos que foram sendo derrotados pelas forças do estado em outros lugares da Síria! (https://thegrayzone.com/2019/10/29/by-protecting-idlib-the-us-created-a-safe-haven-for-baghdadi-and-isis/; https://www.rt.com/russia/501983-syria-militants-turkey-azerbaijan/; https://www.huffingtonpost.co.uk/tam-hussein/nusra-front_b_6112790.html?guccounter=1&guce_referrer=aHR0cHM6Ly93d3cuYmluZy5jb20vc2VhcmNoP3E9JTIybW9kZXJhdGUrcmViZWxzK2luK2lkbGliJTIyJmZvcm09UUJMSCZzcD0tMSZwcT0lMjJtb2RlcmF0ZStyZWJlbHMraW4raWRsaWIlMjImc2M9MC0yNiZxcz1uJnNrPSZjdmlkPTMyOTM4QTBBOTFBRjQzNzZBN0U3MDk0ODhFMkIwMUVC&guce_referrer_sig=AQAAAGsMwK5vl-6GHBnYhZga0VyiOs8V08kMNqljqN4UmcgEIulID1mznODwu4HW_uef-1s6UP6v5znniCg1AjLp80BrB7S595bPNwqzSExyQaIwPnYPqh0ehQlZwALAQKwN9qmmC0iDgqwupFlrrRIz0C-0XTl6-FpJkU-ivmEGW6aS).
05- Ao serviço tácito do império da hegemonia unipolar e no quadro ambíguo e versátil dos seus sistemas de vassalagem, de coligação e de emparceiramento, os fluidos turcos do projecto expansionista neo-otomano que o Presidente Erdogan está a levar avante integrando interesses expansionistas sobre o petróleo e o gás no Mediterrâneo Oriental, coloca a Turquia como epicentro das manobras que conduzem às “transversais” de caos, de terrorismo e de desagregação, que podem desembocar em conflitos de maiores proporções, envolvendo combates entre exércitos (como está a acontecer neste momento e por exemplo, na Líbia e no sul do Cáucaso, em ambos os casos sob instigação turca)... (https://theconversation.com/turkey-in-africa-what-a-small-but-growing-interest-portends-130643; https://anfespanol.com/reportajes/turquia-envia-a-yihadistas-del-isis-a-libia-20941).
Não estando só nesse tipo de trilhas “líquidas”, que a Arábia Saudita, o Qatar e os Emiratos Árabes Unidos também perfilham em suas geostratégias regionais (por vezes em antagonismo à Turquia), em relação a África a escalada pode reflectir-se desde já num fortalecimento dos agrupamentos considerados de “inimigos úteis” (Aqmi, Boko Haram, Seleka, Al Sabaab e seus multiformes tentáculos, entre outros potenciais). (https://www.elconfidencial.com/mundo/2019-12-22/la-guerra-mundial-de-libia-rusos-sudaneses-y-turcos-ya-combaten-en-bandos-opuestos_2387184/; https://www.voanews.com/africa/turkey-reinforces-hands-policy-mali; https://www.mei.edu/publications/specter-jihadism-continues-haunt-maghreb; https://www.criticalthreats.org/briefs/africa-file/africa-file-political-turmoil-challenges-mali-ethiopia-and-tunisia-as-libya-war-heats-up).
O papel da Turquia na bolsa de Idlib na Síria, explica bastante bem o seu expansionismo e o seu comportamento, até por que é sobretudo a partir dessa bolsa que a Turquia está a transferir efectivos mercenários seus afins para a Somália, para a Líbia e para o Azerbeijão! (https://carnegie-mec.org/diwan/72935; https://cybershafarat.com/2020/10/03/geolocation-of-syrian-jihadists-in-azerbaijan-city-of-horadiz/; https://atalayar.com/content/turqu%C3%ADa-env%C3%ADa-nuevos-destacamentos-de-mercenarios-sirios-con-destino-libia; https://www.euractiv.com/section/azerbaijan/news/macron-demands-turkey-explain-jihadists-in-azerbaijan/).
Sempre que a colmeia for tocada as abelhas espalham-se e vão multiplicando, resultando em novas colmeias e em mais abelhas e isso implica-se com as modalidades do expansionismo turco, que no Sahel começam a afrontar a FrançAfrique!... (https://www.voltairenet.org/article210937.html; https://eeradicalization.com/erdogans-turkey-and-the-muslim-brotherhood-in-africa/; https://www.crisisgroup.org/middle-east-north-africa/north-africa/178-how-islamic-state-rose-fell-and-could-rise-again-maghreb).
Os agrupamentos vão-se esbatendo, enredando-se os expedientes e as conexões, tornando fluidos os tecidos e sem conhecer os expedientes de natureza HUMINT, só quem tem os processos dominantes TECHINT (capacidades técnicas de inteligência, de reconhecimento e de observação) consegue decifrar os enigmas, definir as pistas, os alvos e os objectivos, para depois optar na ementa, data e hora de actuação, escolhendo a mesmo tempo vassalos, coligados e parceiros! (https://www.africom.mil/pressrelease/33175/africom-socaf-leaders-visit-east-west-partner)
A própria construção da Base Aérea 201 em Agadez, Níger, é sintomática na sua redundância ao Camp Lemonnier e a Garoua nos Camarões… (https://www.army.mil/article/187679/isolated_from_us_military_small_army_post_looks_to_rid_terrorism_in_west_africa; https://www.offiziere.ch/?p=26721) a “escola” garante nova aplicação em terra como no mar!...
No mar a 6ª Frota faz neste momento movimentar o USS Hershel “Woody” Williams, a recém-incorporada unidade naval da nova classe de navios, Expedicionary Sea Base (ESB 4), que é uma base nas aptidões similar ao Camp Lemonnier e à Base Aérea nº 201 em Agadez. (https://www.africom.mil/article/33116/uss-hershel-woody-williams-supports-us-sof-in).
Em África, o cinturão de caos no paralelo do Sahel está em crescendo em efervescência e faz parte da convulsão que o império faz recrudescer no âmbito da IIIª Guerra Mundial contra o Sul Global, que agora tem a Rússia e a China como alvo dilecto no escalão geoestratégico!...
Nessa linha, África está a passar da estática inércia à neocolonial putrefacção!|
Martinho Júnior -- Luanda, 4 de Outubro de 2020.
Imagens:
01- As “Small Special Operatins Forces” – são pequenas unidades especiais, extremamente móveis, capazes de intervenção no imenso espaço do Sahel, tirando partido das capacidades derec0nheciment TECHNT e HUMNT do âmbito do AFRICOM e das múltiplas articulações dependentes ou a ele conectadas (cas da Operação Barkane) – só o Pentágono pode levar a cabo um programa desta natureza em África, “acima” de todos os outros dispositivos amigos, “fluidos” ou inimigos;
02- O USS Hershel “Woody” Williams, a recém-incorporada unidade naval da nova classe de navios, Expedicionary Sea Base (ESB 4), reforça os dispositivos de vigilância e intervenção cirúrgica do Pentágono em África, articuland cm asarticulações de drnes e as “Small Special Operatins Forces”;
03- Camp Lemonnier (Djibouti), a primeira grande base do AFRICOM, cobre a região crítica em torno da Grande Somália e Iémen, servindo de testado modelo a outros desdobramentos de bases por todo o continente;
04- Base de drones AFRICOM em Garoua, a norte dos Camarões e numa região de confluência de fronteiras (Camarões, Nigéria, Níger e Chade) – vocacionada para o combate ao Boko Haram (Lago Chade);
05- Base Aérea nº 201 do Níger, em Agadez a serviço do AFRICOM – a sudeste do aeródrm0 civil, bem no centro do Sahel – geoestrategicamente situada a meio caminho entre o Mediterrâneo (a norte), a bacia do Congo (a sul), o Mar Vermelho (a leste) e o Atlântico (a oeste) – durante as próximas décadas é a “chave” para todas as articulações amigas, “fluidas”, ou tacitamente inimigas.
A rever:
O LABORATÓRIO AFRICOM
O Laboratório AFRICOM – I – https://paginaglobal.blogspot.com/2015/08/o-laboratorio-africom-i.html
O Laboratório AFRICOM – II – https://paginaglobal.blogspot.com/2015/08/o-laboratorio-africom-ii.html
O Laboratório AFRICOM – III – https://paginaglobal.blogspot.com/2015/08/o-laboratorio-africom-iii.html
O Laboratório AFRICOM – IV – https://paginaglobal.blogspot.com/2015/08/o-laboratorio-africom-iv.html
O Laboratório AFRICOM – V – https://paginaglobal.blogspot.com/2015/09/o-laboratorio-africom-v.html
O Laboratório AFRICOM – VI – https://paginaglobal.blogspot.com/2015/09/o-laboratorio-africom-vi.html
O Laboratório AFRICOM – VII – https://paginaglobal.blogspot.com/2015/10/o-laboratorio-africom-vii.html
O Laboratório AFRICOM – VIII – https://paginaglobal.blogspot.com/2015/10/o-laboratorio-africom-viii.html
O Laboratório AFRICOM – IX – https://paginaglobal.blogspot.com/2015/11/o-laboratorio-africom-ix.html
O Laboratório AFRICOM – X – https://paginaglobal.blogspot.com/2019/06/o-laboratorio-africom-x.html
O Laboratório AFRICOM – XI – http://paginaglobal.blogspot.pt/2015/12/o-laboratorio-africom-xi.html
O Laboratório AFRICOM – XII – http://paginaglobal.blogspot.pt/2015/12/o-laboratorio-africom-xii.html
O Laboratório AFRICOM – XIII – http://paginaglobal.blogspot.pt/2015/12/o-laboratorio-africom-xiii.html
O Laboratório AFRICOM – XIV – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/o-laboratorio-africom-xiv.html
O Laboratório AFRICOM – XV – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/o-laboratorio-africom-xv.html
O Laboratório AFRICOM – XVI – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/o-laboratorio-africom-xvi.html
O Laboratório AFRICOM – XVII – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/o-laboratorio-africom-xvii.html
O Laboratório AFRICOM – XVIII – http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/o-laboratorio-africom-xviii.html
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