domingo, 15 de novembro de 2020

Portugal | Assumir a culpa com desculpas esfarrapadas

Paulo Baldaia* | Diário de Notícias | opinião

Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, iniciou o mês de novembro querendo assumir a culpa pelo que a Direção-Geral da Saúde e o Governo fizeram mal. O primeiro-ministro, António Costa, não chegou a agradecer, mas fechou a semana a assumir que a culpa da má comunicação é dele. A minha experiência diz-me que não se trata de humildade democrática, postura na vida que resiste ao teste do algodão quando se trata de pedir desculpa pela culpa que se sabe ter. Alguém ouviu Marcelo ou Costa pedirem desculpa?

Encontrar desculpas é o caminho oposto de pedir desculpas, e isso foi o que Marcelo e Costa mais fizeram nas entrevistas que deram. Não é que não existam atenuantes para a culpa pelos erros cometidos, nem é caso para que não se reconheçam as dificuldades acrescidas na condução do combate a um vírus que está permanentemente em atividade, faça sol ou faça chuva. Coisa bem diferente é ser apanhado distraído e não se dar conta de que o vírus tinha voltado em força em outubro, quando em Portugal só contávamos com ele em dezembro. Estar a dormir na forma não serve como desculpa.

Pior mesmo são os erros que se repetem à exaustão. Querer passar a mão pelo pelo, ao mesmo tempo que se puxa as orelhas, é aquele tipo de educação que nenhum pediatra aconselha. Os portugueses, aliás, não são nenhumas criancinhas e sabem que as leis se fazem para cumprir. Não há nenhuma imunidade de grupo para as restrições. O facto de a maioria cumprir o uso obrigatório de máscara no espaço público não iliba os que persistem em não o fazer. É como se não houvesse problema nenhum por andarem umas centenas de malucos a 200 quilómetros por hora na autoestrada, porque os restantes vão a cumprir os limites de velocidade. Elogios ao "comportamento cívico por parte dos portugueses", senhor primeiro-ministro? Andasse o civismo lá perto disso e os números da pandemia não seriam o que são.

Olhando para o que aconteceu ontem no Porto, dá para perceber que há muita gente a ficar desesperada com a perspetiva de ficar sem emprego, mas a autoridade tem de ser preservada. As pessoas precisam de saber que podem confiar em quem está a dirigir os destinos do país. Convinha igualmente que se apressassem a ver com olhos de ver o que vai acontecer a uns largos milhares de trabalhadores, garantindo que vão ter o apoio de que precisam.

Este é também um momento em que é preciso ouvir o Presidente da República. Esqueça que tem eleições daqui a dois meses. Ou melhor, lembre-se de que tem eleições daqui a dois meses e que também será julgado politicamente pelo que for capaz de dizer e fazer neste tempo em que muitos dos seus concidadãos podem estar a perder a esperança. Fazer acordos com a extrema-direita é só uma consequência da força eleitoral que ela ganha por haver tanta injustiça. Deixar que o exército de deserdados continue a crescer é o que faz sorrir André Ventura, o xenófobo racista que vai disputar as presidenciais com Marcelo Rebelo de Sousa.

Sem culpa, com culpa, é tempo de os dois políticos que lideram o país voltarem a unir esforços. Para Portugal vencer a pandemia, para a economia poder voltar a crescer, para as empresas sobreviverem, para fazer crescer o emprego. Deixem-se de desculpas e falem com clareza aos portugueses. A verdade pode ser dura, mas faz sempre menos mal do que as falinhas mansas.

*Jornalista

Portugal | Enfermeira infetada obrigada a trabalhar dez dias em lar de Ourém

Profissional de saúde lançou um pedido de ajuda nas redes sociais e já se encontra em casa.

Uma enfermeira infetada com o novo coronavírus denunciou este sábado, nas redes sociais, o facto de estar a trabalhar num lar de idosos, em Ourém. O pedido de ajuda publicado num grupo de enfermeiros do Facebook gerou indignação e chegou à Bastonária, Ana Rita Cavaco. 

Susana Poeta conta na publicação que foram realizados, no início do mês, testes aos utentes e profissionais da instituição, cujo resultado se revelou positivo. Apesar disso, manteve-se a trabalhar durante 10 dias.

"Acabei de realizar o teste hoje [dia 14] (...) a colega disse-me que caso o teste seja novamente positivo terei de ficar mais dez dias na instituição sem poder sair, como estou a fazer desde o dia 4 de novembro. Neste momento estou exausta, sou a única enfermeira, trabalhei todos os dias", relatou a profissional de saúde, sublinhando que sempre esteve assintomática, mas que ao longo dos últimos dez vigiou os sintomas dos utentes infetados dia e noite. "Há dez dias que mal durmo", queixou-se. 

"Serei obrigada a permanecer mais dez dias na instituição? Estou a cuidar de pessoas, e quem cuida de mim?", perguntou Susana Poeta. 

Indignada com a situação, Ana Rita Cavaco deixou este sábado "um pequeno aviso"  à delegada de saúde da zona e ao lar residência Sénior Geração de Elite em Ourém: "Ou deixam sair de imediato esta Enfermeira, cumprindo a norma da DGS que é muito clara, positivos não trabalham, ou terão uma queixa crime por sequestro".

"Mandem avançar as brigadas de intervenção rápida e deixem-se de parvoíces. Estamos fartos de incompetentes e lacaios! No meio de uma pandemia não há tempo para parvoíces, quem não sabe fazer encosta à box e deixa trabalhar quem sabe", acrescentou. 

Mais tarde, a Bastonária agradeceu o apoio demonstrado nas redes sociais, informando que a enfermeira Susana já se encontrava em casa. 

Portugal contabiliza pelo menos 3.305 mortos associados à covid-19 em 211.266 casos confirmados de infeção, segundo o boletim divulgado no sábado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).

Notícias ao Minuto | Imagem: © Global Imagens

Covid-19 -- O vírus Mata-Velhos e Velhas que... DÁ JEITO!

Covid-19: Portugal com mais 76 mortes e 6.035 infetados

Norte registou a maioria dos casos (4.022) e de mortes (44). Número de internamentos continua a aumentar: nos cuidados intensivos estão agora 415 pessoas.

Portugal reportou mais 76 mortes associadas à Covid-19 e 6.035 infetados com o novo coronavírus, de acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral de Saúde divulgado este domingo. Os dados representam um aumento de 2,30% em relação às mortes e de 2,86% nos contágios. Com esta atualização, o número total de casos, desde o início da pandemia, sobe para 217.301 e o de óbitos para 3.381. 

De acordo com o boletim deste domingo, o número total de internados é agora de 2.929 (mais 131 em relação ao dia anterior), sendo que nos Cuidados Intensivos estão 415 doentes, mais dois do que no sábado.

Nas últimas 24 horas recuperaram da doença mais 2.549 doentes, aumentando o total para 125.066. Assim, o número de casos ativos da doença continua a aumentar, fixando-se em 88.854, mais 3.410 face à véspera. 

Seguindo a tendência das últimas semanas, o Norte registou o maior número dos novos casos, ultrapassando a barreira dos 4 mil infetados (4.002) em 24 horas. Foi também nesta região onde morreram mais pessoas, 44 das 76.

Lisboa e Vale do Tejo (LVT) contabilizou 1.137 casos positivos de SARS-Cov2 nas últimas 24 horas e 19 vítimas mortais. A terceira região mais afetada, o Centro, notificou 713 infeções e 11 óbitos relacionados com a Covid-19. Sem registo de mortes no último dia, o Alentejo reportou 72 novos casos e, com duas mortes registadas, o Algarve confirmou 58 pessoas contagiadas com o novo coronavírus. 

Nas regiões autónomas não foi reportada qualquer morte relacionada com a Covid-19, sendo que os Açores registaram mais 26 pessoas infetadas e a Madeira sete. 

Este sábado, sublinhe-se, o país registou um recorde no número de recuperados (mais de 5 mil). No entanto, o número de internados em UCI ultrapassou os 400, o que coloca os serviços de saúde sob pressão. 

O comércio e a restauração voltam este domingo a enfrentar restrições decorrentes do estado de emergência em Portugal, no primeiro de dois fins de semana em que apenas podem abrir entre as 8h00 e as 13h00, medida contestada por várias associações empresariais.

No âmbito do estado de emergência decretado devido à pandemia de covid-19, o Governo decidiu também instaurar um recolher obrigatório entre as 23h00 e as 5h00 nos dias de semana, até 23 de novembro (enquanto vigora o estado de emergência, que tem uma validade de 15 dias, podendo ser renovado), nos concelhos mais afetados.

Nestes dois fins de semana, os restaurantes só podem funcionar a partir das 13h00 para entrega ao domicílio, clarificou o primeiro-ministro, e não para 'take away', como esperavam os empresários do setor.

Fora da obrigatoriedade de fechar a partir das 13:00 e de abrir apenas a partir das 08:00 estão as farmácias, clínicas e consultórios, veterinários, estabelecimentos de venda de bens alimentares com porta para a rua até 200 metros quadrados, bombas de gasolina, padarias e funerárias.

Esta medidas abrangem 114 concelhos, mas o número passa a 191 na segunda-feira, atingindo cerca de 8,4 milhões de residentes, na tentativa de controlar a disseminação do novo coronavírus nos concelhos que apresentam risco de contágio mais elevado e nos municípios vizinhos.

Melissa Lopes | Notícias ao Minuto

Leia em Notícias ao Minuto: AO MINUTO: Mais 76 mortes cá. 415 doentes nos Cuidados Intensivos

A Visão da China para 2035: Implicações para Macau, Hong Kong e Taiwan

Sonny Lo* | Ponto Final (mo) | opinião

A 3 de Novembro, a publicação de um documento sobre o 14º Plano Quinquenal da China e como atingir as suas visões em 2035 tem implicações importantes para o desenvolvimento de Macau, Hong Kong, e Taiwan.

O documento completo tem quinze secções, incluindo uma introdução que delineia o processo de redacção de Março a Agosto de 2020.

A introdução delineia os princípios-chave do Comité Central do Partido Comunista da China (PCC) ao formular o 14º Plano Quinquenal e a sua visão para 2035.

Primeiro, adopta o princípio de complementar as áreas da governação PCC, desenvolvimento agrícola, construção cultural, e segurança nacional. Em segundo lugar, analisa as complexas circunstâncias de mudança e adopta a mentalidade de “pensamento de base”. Terceiro, enfatiza os princípios de tratar o povo como o foco central, expandindo a abertura e a reforma, e adoptando de forma abrangente a lei como um instrumento para governar a China. Quarto, as visões de 2035 são de “promover a riqueza mútua” e “estreitar as lacunas de desenvolvimento”. Quinto, o sistema inovador da nação precisa de ser melhorado para que a China reforce as suas capacidades estratégicas e tecnológicas.

Em sexto lugar, o papel da “entidade económica” no desenvolvimento económico da nação é reafirmado para acelerar a modernização. Sétimo, a economia socialista deve ser consolidada, incluindo os seus sistemas financeiro, fiscal e monetário. Em oitavo lugar, a urbanização e o desenvolvimento das cidades serão acelerados e melhorados na sua governação. Nono, a educação de alta qualidade terá de ser construída para promover “o desenvolvimento abrangente dos seres humanos e da sociedade”.  Décimo, a segurança nacional precisa de ser reforçada para manter a estabilidade social.

Macau | Herança portuguesa até quando?

Dinis Chan* | Plataforma | opinião

O discurso do Presidente do Tribunal de Última Instância, Sam Hou Fai, na cerimónia de abertura do Ano Judicial, recorda-nos mais uma vez quanto tempo a herança portuguesa ainda vai permanecer connosco em Macau.

Embora Portugal tenha colonizado Macau por séculos, de facto, a maioria da população local não conhece a herança portuguesa. Só em 2013 é que a Direção dos Serviços de Educação e Juventude começou a promover os projetos de continuação de estudos em Portugal, e a Direção dos Serviços de Economia começou a promover a desenvolvimento da plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa. No entanto, 21 anos depois da transferência de poderes de Macau, a evolução jurídica de Macau e de Portugal são muito diferentes. O sistema jurídico português é muito diferente de Macau em termos de moral, valores, costumes e cultura, bem como de área territorial e população. O sistema português ainda será aplicado em Macau no futuro? Eis uma pergunta difícil de responder.

É verdade, o direito é um “fenómeno sociocultural” com a consciência jurídica no núcleo. Em Macau, um pequeno círculo de sociedade conservadora, tendo os chineses como corpo principal, as soluções que podem ser eficazes em Portugal podem não ser aceitáveis em Macau.

Embora a Lei Básica e a Declaração Conjunta Sino-Portuguesa prometam que o atual sistema e modo de vida de Macau permanecerão inalterados durante 50 anos, será que isso é possível ? A sociedade e o sistema não são estáticos, mas sim processos dinâmicos de constante mudança. Para não ir muito longe, basta dizer que os nossos avós, pais e todos nós temos diferentes vidas e compreensões, próprias da geração de cada um. Na verdade, o modo de vida durante 50 anos não é sempre o mesmo, mas muda constantemente.

Existem razões históricas para a manutenção da língua portuguesa e do sistema lusófono, bem como dos acordos internacionais. Embora todos saibam que isso não se coaduna com os reais benefícios económicos, a Lei Básica confere a Macau um elevado grau de autonomia. Como a população em Macau em geral é bastante é pró-China, talvez optem pelo sistema chinês. Já  o sistema português, mesmo que não seja impulsionado por nenhuma força externa, poderia ser eliminado naturalmente, quem sabe?

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Covid-19 | China com mais 13 casos, todos oriundos do exterior

A Comissão de Saúde da China anunciou hoje ter identificado 13 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, todos oriundos do exterior.

Os 13 casos "importados" foram diagnosticados em Cantão (sudeste, 3), Yunnan (sul, 3), Tianjin (nordeste, 2), Shaanxi (centro, 2), Xangai (este, 1), Henan (centro-este, 1) e Hubei (centro, 1).

As autoridades chinesas disseram que, nas últimas 24 horas, 16 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infetadas ativas no país se fixou em 385, incluindo quatro doentes em estado grave.

A Comissão de Saúde da China não anunciou novas mortes devido à covid-19, pelo que o número permaneceu em 4.634.

O país somou, no total, 86.338 infetados desde o início da pandemia, dos quais 81.319 recuperaram da doença.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.305.039 mortos resultantes de mais de 53,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 3.305 pessoas dos 211.266 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

RTP 

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