terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Na ONU, membros da OTAN e da União Europeia abstém-se sobre o Nazismo

Manlio Dinucci*

Este assunto é extremamente grave: o mais discretamente possível, os Estados membros da NATO e da União Europeia abstiveram-se na ONU sobre o nazismo; uma confissão vergonhosa. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a CIA e, posteriormente, a NATO reciclaram muitos criminosos em todo o mundo, mais recentemente nos Estados Bálticos e na Ucrânia. Eles transmitem a ideologia racial, que nunca abandonaram.

Terceira Comissão das Nações Unidas - responsável pelas questões sociais, humanitárias e culturais – aprovou, em 18 de Novembro, a Resolução "Combate à glorificação do nazismo, do neonazismo e de outras práticas que contribuem para alimentar formas contemporâ-neas de racismo, discriminação racial, xenofobia e da intolerância relacionada".

A Resolução, ao recordar que “a vitória sobre o nazismo na Segunda Guerra Mundial contribuiu para a criação das Nações Unidas, a fim de salvar as gerações futuras do flagelo da guerra”, lança o alarme para a disseminação de movimentos neonazis, racistas e xenófobos em muitos partes do mundo. Exprime "profunda preocupação pela glorificação, sob qualquer forma, do nazismo, neonazismo e dos antigos membros da Waffen-SS". Sublinha, a seguir, que “o neonazismo é algo mais do que a glorificação de um movimento do passado: é um fenómeno contemporâneo”. Os neo-nazis e outros movimentos semelhantes "alimentam as formas actuais de racismo, discriminação racial, anti-semitismo, islamofobia, cristianofobia e a intolerância relacionada".

Portanto, a resolução exorta os Estados das Nações Unidas a tomarem uma série de medidas para combater esse fenómeno. A Resolução, já adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 18 de dezembro de 2019, foi aprovada pela Terceira Comissão com 122 votos a favor, incluindo os dos dois membros permanentes do Conselho de Segurança - a Rússia e a China.

Só dois membros das Nações Unidas é que votaram contra: os Estados Unidos (membro permanente do Conselho de Segurança) e a Ucrânia.

Efectivamente, devido a uma directiva interna, os outros 29 membros da NATO, incluindo a Itália, abstiveram-se. Os 27 membros da União Europeia fizeram o mesmo, 21 dos quais pertencem à NATO. Entre as 53 abstenções, estão também a Austrália, o Japão e outros parceiros da NATO.

O significado político desta votação é claro: os membros e os parceiros da NATO boicotaram a Resolução que, sem a nomear, antes de mais nada põe em causa a Ucrânia, cujos movimentos neonazis foram e continuam a ser usados pela NATO para fins estratégicos. Existem inúmeras provas de que as equipas neonazis foram treinadas e empregadas, sob a direcção USA/NATO, no putsch da Praça Maidan, em 2014, e no ataque aos russos da Ucrânia para provocar, com o afastamento da Crimeia e o seu regresso à Rússia, um novo confronto na Europa semelhante ao da Guerra Fria.

É emblemático o papel do batalhão Azov, fundado em 2014 por Andriy Biletsky, o "Führer branco" defensor da "pureza racial da nação ucraniana, que não se deve misturar com raças inferiores". Depois de se destacar pela ferocidade, o Azov foi transformado num regimento da Guarda Nacional Ucraniana, equipado com tanques e artilharia. O que ele conservou, foi o emblema, decalcado no das divisões SS Das Reich, e a formação ideológica dos recrutas modelada na dos nazis. O regimento Azov é treinado por instrutores norte-americanos, transferidos de Vicenza para a Ucrânia, acompanhados por outros da NATO.

O Batalhão Azov não é apenas uma unidade militar, mas um movimento ideológico e político. Biletsky continua sendo o chefe carismático especialmente para a organização juvenil, educada no ódio contra os russos e treinada militarmente. Ao mesmo tempo, são recrutados em Kiev neonazis de toda a Europa, incluindo da Itália. Assim, a Ucrânia tornou-se o "viveiro" do ressurgimento do nazismo no coração da Europa. Faz parte desse quadro, a abstenção da Itália, inclusive na votação da Resolução na Assembleia Geral.

O Parlamento concorda, como aconteceu quando, em 2017, assinou um memorando de entendimento com o Presidente do Parlamento ucraniano, Andriy Parubiy, fundador do Partido Social Nacional Ucraniano, segundo o modelo nacional-socialista hitleriano, chefe das equipas neonazis responsáveis pelos assassinatos e espancamentos ferozes dos opositores políticos. Será ele que irá congratular-se com o governo italiano pela não votação da Resolução das Nações Unidas sobre o Nazismo, em sintonia com o que disse na televisão: “O maior homem que praticou a democracia directa, foi Adolf Hitler”.

Manlio Dinucci* | Voltairenet.org | Tradução Maria Luísa de Vasconcellos | Fonte Il Manifesto (Itália)

*Geógrafo e geopolítico. Últimas publicações: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016; Guerra nucleare. Il giorno prima. Da Hiroshima a oggi: chi e come ci porta alla catastrofe, Zambon 2017; Diario di guerra. Escalation verso la catastrofe (2016 - 2018), Asterios Editores 2018.

2401 infeções e 72 mortes devido ao coronavírus em Portugal

Portugal com o número mais baixo de casos em seis semanas

No dia em que Portugal passa 300 mil casos de covid-19 foram registadas mais 2401 infeções e 72 mortes devido ao coronavírus.

Com mais 2401 casos positivos, o país não registava um número de transmissões tão baixo desde 19 de outubro, dia em que foram registados 1959 casos. Há agora 75 008 casos ativos, menos 5606 do que na véspera.

Desde a primeira infeção de covid-19 registada em Portugal, em março, até às 300 mil no início de dezembro, é este o desenvolvimento da pandemia no país, que totaliza 300 462 casos positivos e 4577 mortes, revela o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde.

Depois de no dia anterior se ter registado o máximo de pessoas hospitalizadas com covid-19, 3342, nas últimas 24 horas há menos 67 internados: são agora 3275.

Há a registar menos 4 doentes nas unidades de cuidados intensivos, num total de 521.

Na distribuição geográfica dos casos, a região norte continua a ser mais afetada, com mais 1300 novos casos, totalizando agora 157 785, e 43 óbitos, somando agora 2182.

A segunda região mais atingida, Lisboa e Vale do Tejo, conta 538 novos contágios e 11 mortes, perfazendo agora 99 061 casos e 1623 mortes.

Na região centro foram diagnosticadas mais 349 pessoas com covid-19 (são agora
30 025) e registados 13 mortos (583).

No Alentejo foram notificados mais 129 casos e 3 vítimas mortais, estando o total em 6287 e 119, respetivamente.

A região menos afetada do continente, o Algarve, está agora com 5351 casos e 51 mortes desde o início da pandemia, uma vez contabilizados mais 48 casos e 2 pessoas falecidas.

Nos Açores e na Madeira, depois de na véspera terem contabilizados 34 e 32 casos, respetivamente, registam agora 17 e 20, chegando a 1039 e 914 no total.

Autorização de vacina dentro de semanas

Nove meses depois do primeiro caso em Portugal, em plena segunda vaga, as farmacêuticas BioNTech e a Pfizer revelaram nesta terça-feira que solicitaram a aprovação regulamentar da UE para a sua vacina da covid-19, levantando a hipótese de que as primeiras doses possam ser administradas já em dezembro em território europeu.

A empresa alemã e a parceira norte-americana declararam ter apresentado um pedido à Agência Europeia de Medicamentos (EMA) na segunda-feira, tendo solicitado uma autorização condicional de comercialização para a sua vacina. Se for aprovada pela EMA em curto prazo, a vacina poderá ser distribuída "na Europa antes do final de 2020", afirmaram as empresas numa declaração.

Mas este cenário não parece muito crível: a EMA anunciou esta terça-feira ter recebido os pedidos de autorização condicional de comercialização, esperando emitir uma decisão "dentro de semanas".

Na véspera a farmacêutica norte-americana Moderna solicitou a autorização para a utilização da sua vacina contra a covid-19, depois de ter sido confirmado uma eficácia de 94,1%. A empresa solicitou ao regulador norte-americano, FDA, bem como à Agência Europeia de Medicamentos a aprovação condicional da vacina.

Também na segunda-feira a UE fechou um quinto contrato, com a CureVac, para a distribuição de uma vacina, depois de ter chegado a acordo com a Moderna, AstraZeneca, Johnson & Johnson, Sanofi-GSK e Pfizer-BioNTech.

A Comissão Europeia autorizou a Hungria, de forma "limitada" e "temporária", a distribuir a vacina russa Sputnik V, que Moscovo garante ter uma eficácia de 95%. Bruxelas disse ainda que Budapeste terá de se responsabilizar totalmente por essa opção.

Plano de vacinação na quinta-feira

Por cá, o Governo vai apresentar na quinta-feira o plano nacional de vacinação contra a covid-19. Segundo o primeiro-ministro, a vacina deverá estar disponível em janeiro, e negou atrasos na preparação da logística. "Estamos bem a tempo", afirmou à Rádio Observador.

"Não vale a pena anteciparmos ansiedades quando já estamos suficientemente ansiosos", disse António Costa.

Certo é que a doença continuará nos próximos meses a propagar-se, pelo que o chefe do executivo, na entrevista à Rádio Observador, anunciou que o período festivo que se avizinha vai continuar a ter restrições. "Não vai poder ser um Natal normal." E já a passagem do ano acontecerá "com todas as restrições", e "não haverá seguramente festas de fim de ano".

O plano de confinamento para o Natal será anunciado no próximo sábado pelo Governo, na sequência de mais uma reunião do Infarmed, que terá lugar na quinta-feira, e a respetiva definição de medidas. No entanto, desta vez, as medidas a anunciar no sábado terão uma validade de um mês, até ao final das festas.

Numa altura em que os EUA e a União Europeia continuam a pressionar a China para que esta a cooperar totalmente com uma investigação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre as origens do vírus, a CNN revelou documentos oficiais das autoridades de saúde da província chinesa de Hubei que revelam um panorama diferente do que Pequim informou.

Além do número de casos em Wuhan ter sido maior do que o reportado oficialmente, os documentos mostram uma demora média de 23 dias para diagnosticar as infeções e uma burocracia ineficaz para combater o surto inicial.

Dos Estados Unidos, o país mais atingido pelo coronavírus, com 13,9 milhões de casos e mais de 274 mil mortos, uma investigação efetuada pelo Centro de Controlo de Doenças indica que em meados de dezembro o vírus já circulava no país.

Ao testar amostras de sangue recolhidas de 7389 dadores de oito estados norte-americanos, entre 13 de dezembro de 2019, e 17 de janeiro, os investigadores ds Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA descobriram que 84 no total, continham anticorpos específicos do SARS-CoV-2.

Diário do Notícias | Imagem: © Leonel de Castro//Global Imagens

AI Portugal ataca MAI: "Não chega fazer obras, SEF tem de ser reformado"

Relato de cidadã brasileira ao DN, atribuindo agressões e um clima de terror ao SEF, levou o ministro da Administração Interna a pedir um inquérito. "Não basta, de modo nenhum", diz a Amnistia Internacional Portugal, que acusa MAI de "meias respostas" e de adiar problemas "até serem esquecidos".

"Confirmando-se este relato, ele envergonha-nos e choca-nos a todos. As autoridades policiais não se podem substituir aos tribunais decidindo com omnipotência quem entra ou não no país logo no aeroporto. Não podem, alegadamente, obrigar as pessoas a assinarem documentos ou pior, assinar por elas. Mesmo no exercício do seu mandato profissional não podem usar da violência sem critério. Urge transparência total sobre a atuação das autoridades. Já não se trata de maus profissionais. É muito mais que isso. Urge confirmar este testemunho e ouvir e proteger outras pessoas com outros testemunhos."

A indignação de Pedro Neto, diretor executivo da secção portuguesa da Amnistia Internacional, deve-se ao relato feito por uma cidadã brasileira ao DN este sábado. Márcia - nome escolhido pelo jornal, uma vez que pediu anonimato - esteve no Centro de Instalação Temporária (CIT) do aeroporto de Lisboa em fevereiro/março, sob custódia do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, tendo convivido com Ihor Homeniuk, de cujo homicídio a 12 de março, alegadamente por agressões a murro, pontapé e cassetete, estão acusados três inspetores daquela polícia.

Márcia garante que não foi só o cidadão ucraniano a ser agredido, que a sala onde morreu era usada pelos inspetores do SEF para "conversinhas" com quem se "portava mal" e que dela os detidos saíam "todos rebentados". Alega igualmente que foi maltratada logo à chegada, que lhe falaram alto e a coagiram a assinar o termo de deportação onde admitia que tinha vindo para Portugal trabalhar, sob pena de serem os inspetores a assinar por ela, e esteve 17 dias com a mesma roupa.

Estas declarações levaram o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, a pedir à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) que abra um processo de averiguações para ouvir esta testemunha.

"SEF tem de ser reformado"

"Isso não basta, de modo nenhum", diz Pedro Neto. "A IGAI é um órgão inspetivo interno, não um mecanismo de justiça. A demissão de funcionários que provocou o relatório da IGAI [refere-se ao relatório à morte de Ihor Homeniuk, que propõe processos disciplinares a 12 inspetores e uma funcionária administrativa do SEF, caracterizando o funcionamento desta polícia como eivado de ilegalidades, informalidades e incúria, com tentativa de encobrimento do que se passara e conclui ter existido 'postura generalizada de desinteresse pela condição humana' em 'todos os intervenientes neste caso'] não basta para ser feita justiça."

O MAI, declara o diretor executivo da AI Portugal, "não pode dar meias respostas que atiram os problemas para a frente, sine die, até serem esquecidos, nem utilizar o IGAI para elas, quando já vários organismos, inclusive internacionais, apontaram falhas à independência do IGAI"

O que deve acontecer, crê, é que "as pessoas como 'Márcia' têm de ser ouvidas e protegidas pelo Ministério Público. É aí e nos tribunais que a justiça se fará acontecer. Estas pessoas têm de contribuir para que se faça justiça neste caso particular, mas também têm de ser ouvidas em relação àquilo que parecem ser comportamentos repetidos e consistentes de maus tratos, tortura e violência injustificada ou excessiva sobre pessoas. A própria diretora do SEF o admite e como tal, renovar os espaços não chega".

Pedro Neto refere-se aqui à entrevista dada a 15 de novembro à RTP pela diretora nacional do SEF, Cristina Gatões, na qual esta assumiu que Ihor foi vítima de "tortura evidente", e às promessas que foram feitas pelo ministro em abril, após ser conhecida a morte de Ihor Homeniuk.

E prossegue: "Choca o rebuscamento da descrição de [os inspetores] usarem luvas para que não se registem impressões digitais e de levarem as pessoas para uma sala sem videovigilância [refere-se às declarações de Márcia].
 A violência é apenas justificável em proporcionalidade e para anular ameaças públicas, não tem qualquer cabimento naquele espaço fora desta regra.
 Às denúncias e conhecimento público que já tínhamos de crianças detidas naqueles espaços com as famílias, acrescenta-se agora esta denúncia que tem de ser investigada e confirmada. E sendo-o a justiça tem de ser feita e o SEF reformado. Obras no espaço não chegam."

O que mudou desde a morte de Ihor?

A insistência do diretor executivo da AI nas obras prende-se com o anúncio de Eduardo Cabrita, na audição parlamentar requerida pelo BE que teve lugar a 8 de abril, de que o CIT do aeroporto de Lisboa tinha sido encerrado e que ia ser submetido a obras, não voltando a ser colocados ali os requerentes de asilo e servindo só para instalação dos estrangeiros a quem é negada entrada no país e aguardam repatriamento.

O governante adiantou igualmente que iriam ser disponibilizados intérpretes (a IGAI certifica no seu relatório que Ihor, que não falava mais nenhuma língua senão ucraniano, nunca teve acesso a um intérprete durante todo o tempo que esteve sob custódia do SEF, nem sequer durante a entrevista que levou à decisão de não o deixarem entrar ou quando foi levado ao hospital) e que seria celebrado um protocolo com a Ordem dos Advogados para disponibilizar apoio jurídico.

A presença de intérpretes e advogados no CIT, assim como de observadores externos, é uma velha reivindicação de associações humanitárias e da Provedora de Justiça, assim como do Mecanismo Nacional de Prevenção da Tortura, um protocolo com a ONU que funciona na provedoria.

A presença de advogados já estará assegurada - mas o recurso a esse apoio é apenas para a fase seguinte à entrevista e à decisão do SEF, ou seja, para eventual recurso. Ora tanto Ihor como Márcia foram impedidos de entrar no país alegando-se "ausência de visto" quando tanto os cidadãos ucranianos como brasileiros não precisam de visto para curtas estadas em Portugal - os inspetores que os entrevistaram concluíram que vinham para trabalhar e não em turismo, daí a decisão de não entrada. Uma decisão cuja legalidade a IGAI põe em causa, já que os inspetores que a tomaram não estão a ela autorizados, por não lhes terem sido delegadas as competências para tal.

Esta ilegalidade transforma, segundo juristas ouvidos pelo DN, as detenções - ou retenções - de Ihor e Márcia pelo SEF em sequestro. Assim como, depreende-se, de todo e qualquer estrangeiro a quem tenha sido barrada a entrada no aeroporto de Lisboa - pelo menos até que essa ilegalidade tenha sido, se foi, sanada.

São de resto tantas as questões suscitadas pelo caso de Ihor que, mais de oito meses após a sua morte, ainda estão a tentar identificar-se as circunstâncias que permitiram a tragédia - da ausência de gestão autorizada do CIT, que estava entregue a vigilantes de uma empresa privada de segurança, sem qualquer formação específica, ao modo de funcionamento do SEF do aeroporto, tão informal que o próprio ex diretor de Fronteira de Lisboa (demitido a 30 de março, quando se soube da detenção, pela Polícia Judiciária, dos três inspetores indiciados pelo homicídio) o descreveu à IGAI como "dependendo do entendimento entre as pessoas".

Apesar das perguntas que têm sido endereçadas pelo DN ao SEF e ao MAI não foi possível perceber o que mudou entretanto, para além da já citada existência de apoio jurídico e algumas obras no espaço. À exceção da curta entrevista dada à RTP, e na qual não lhe foram feitas perguntas específicas sobre as inúmeras falhas detetadas pela IGAI e eventuais alterações de procedimentos, a diretora nacional não se tem referido ao caso. Nunca esclareceu sequer quando soube da morte e por quem e, tendo-se assumido "enganada" (alega que lhe disseram que se tinha tratado de um óbito devido a causas naturais) em que momento se deu conta da existência de uma investigação da Polícia Judiciária - que pressupunha suspeita de crime.

Também não foi até agora possível esclarecer o que se passou com a obrigatória averiguação interna do SEF à morte, a qual o ministro disse ao parlamento ter sido ordenada logo no dia 13: não há dela rasto no relatório da IGAI e nem o SEF nem o ministro deslindaram o mistério, que valeu a Eduardo Cabrita ter sido acusado pelo PSD de mentir.

A Amnistia Internacional, garante Pedro Neto ao DN, vai continuar atenta. "Continuaremos a monitorizar o evoluir desta situação e a esperar que se faça justiça. Por Ihor, pela sua família e por todas as vítimas de profissionais sem escrúpulos e ética que indignam a honra e o bom nome das autoridades onde trabalham."

Fernanda Câncio | Diário de Notícias | Imagem em Observador

No Diário de Notícias dezenas de jornalistas trabalham todos os dias para fazer as notícias, as entrevistas, as reportagens e as análises que asseguram uma informação rigorosa aos leitores. E é assim há mais de 150 anos, pois somos o jornal nacional mais antigo. Para continuarmos a fazer este “serviço ao leitor“, como escreveu o nosso fundador em 1864, precisamos do seu apoio.

ASSINE AQUI AQUELE QUE É O SEU JORNAL

Relacionado no PG:

“GORILAS” DO SEF À LAIA DE PIDE E GUARDA FISCAL COM LICENÇA PARA MATAR?

Outros relacionados no DN:

Ilegalidade, incúria, mentira e desumanidade: o retrato do SEF dado pela morte de Ihor

Ministro Cabrita e diretora do SEF debaixo de fogo. PS também quer explicações

O SEF sequestrou e torturou Ihor Homeniuk?

1º de Dezembro | Revolução e Restauração da Independência de Portugal

A Restauração da Independência, mais precisamente A Restauração de Portugal como país soberano, é o nome que se dá ao golpe de estado revolucionário ocorrido a 1 de dezembro de 1640, chefiado por um grupo designado de Os Quarenta Conjurados e que se alastrou por todo o Reino, pela revolta dos portugueses contra a tentativa da anulação da independência do Reino de Portugal pela governação da dinastia filipina castelhana.[1] Como vem a culminar com a instauração da 4ª Dinastia Portuguesa - a casa de Bragança - com a aclamação de D. João IV - também é corretamente designado como A Aclamação da Independência de Portugal.

Desenvolvimentos históricos

A Restauração da Independência ou Restauração de Portugal[nota 1] foi um processo histórico que buscou a autonomia portuguesa após sessenta anos de União Ibérica (1580-1640).

A União entre as coroas não teve aprovação homogênea de ambos os lados desde seu início. Em Portugal, houve uma grande rejeição popular, ao mesmo tempo em que havia o interesse de alguns grupos da nobreza, do clero, da burguesia e dos comerciantes por uma economia mais estável e um exército mais forte. Na Espanha, existia a preocupação com um poder tirano, com seus negócios e domínios.[3]

Os primeiros descontentamentos de Portugal com esta União, tiveram início com a ascensão de Filipe II ao trono, tendo como argumento sua ilegitimidade consanguínea e o não cumprimento de algumas cláusulas do acordo feito perante as Cortes de Tomar em 1581.[4] A Restauração teve apoio de nobres e aristocratas, que vinham se organizando desde 1638 contra as políticas de descentralização e neutralização, administradas pelo duque de Olivares.[5]

O novo rei não foi aclamado como o esperado e ainda teve que encarar a desconfiança do povo, que aguardava o retorno do rei encoberto que libertaria-os do julgo espanhol.[6] Foi o messianismo Bragantino que acabou sendo utilizado para legitimar a ascensão de D. João IV, baseado na lealdade dos nobres e na dinastia que descendia de D. Manuel. Acompanhado do surgimento do nacionalismo na figura do Quinto Império, buscava relacionar as glórias do passado e vitórias do futuro.[7]

Em meio a essas divergências internas, D. João IV buscou traçar uma política externa de alianças com os países inimigos da Espanha. Neste período, o enfrentamento entre espanhóis e portugueses para a manutenção do poder se estendia pelos domínios que ambos possuíam no ultramar, assim como outras disputas conhecidas como: Guerra Luso-Holandesa encerrada em 1663, e a Guerra dos Trinta Anos encerrada em 1648.[8] A monarquia dual da dinastia filipina terminou com o Tratado de Lisboa em 1668.

Leia mais em Wikipédia

Eduardo Lourenço faleceu


Morreu hoje, 1 de Dezembro, aos 93 anos, Eduardo Lourenço, ensaísta, professor, filósofo, escritor, crítico literário. Portugal está de luto no mundo do ensino e das artes e letras, entre outros dos seus predicados.

O mundo das letras só não fica mais pequeno com a sua falta em vida porque o espólio que aquele português nos deixa é enorme e muito valioso, além de eterno.

Imagem: Tiago Miranda

Saiba mais sobre Eduardo Lourenço

Negar mais vida a idosos portugueses com “ideia tonta” é fruto do nazi-fascismo

Do Expresso Curto de ontem, 30, salientamos algo que parece ser garantia de que os mais idosos vão ocupar a prioridade na vacinação quando a famigerada e imperiosamente necessária vacina contra o covid-19 estiver disponível. 

O autor do Curto de ontem, Martim Silva, deixou os pormenores que tomamos por fiáveis. Fique com eles e amaine a inquietação que o tem assaltado se, por ser idoso e para além dos 75 anos, já tinha interiorizado que alguns dos “sábios” deste país luso preparavam-se para experimentar medidas nazis deixando os cidadãos com mais de 75 anos de idade para serem vacinados por altura das calendas gregas. Que é como quem diz… talvez nunca. Curiosamente, ou talvez não, a faixa etária que mais tem sido vítima das complicações pós-civid-19.

Como para esse peditório nazi-fascista já demos sangue, suor e lágrimas (nos 13 anos de guerra colonial foi notória a devastação causada na juventude lusa) não podemos admitir a “sábios” de atitudes e/ou de raízes fascistas que ditem que ficarão para trás, que sejam excluídos. Felizmente, pelo que irá ler, assim não acontecerá. Mas… urge estar atento e confirmar se não aparecerão chicos-espertos e os tais nazi-fascistas a querer levar a deles avante.

Repare-se que a geração que suportou a guerra-colonial-fascista que culminou com o 25 de Abril de 1974 é exatamente a que está incluída na escolha dos de pouco mais de 70 anos até aos cerca de 90. Geração que pergunta com toda a legitimidade o porquê desta escolha técnica dos “sábios”. Afinal que mal lhes fizeram os agora na velhice para andarem a receber reformas de miséria e a passarem as agruras de uma Pátria Madrasta a quem deram tudo de seu. Incluindo os imensos que até deram a vida e a juventude. Além dos que libertaram Portugal do salazarismo-fascista. Foi por isso? O que de profundo moveu tal "ideia" dos "sábios-técnicos"?

Disse o PR Marcelo que a ideia dos que excluíam os mais de 75 anos de idade da prioridade de serem vacinados era “uma ideia tonta”. Não. É uma ideia salazar-fascista, uma ideia nazi, antidemocrática, sem respeito pela vida dos portugueses mais idosos, conforme o modelo de “antigamente”, nos tempos do salazar-marcelismo.

Avancemos, com a lavra de ontem de Martim Silva. Fique com isso e com um bom dia desta manhã solarenga em Lisboa. E em algumas cidades e lugares do resto do país. 

PG

Temos vacina e prioridade aceitável?

Eis a resposta, no Expresso.

“Num ano de 2020 tão marcado pela pandemia que colocou as nossas vidas de pernas para o ar, a notícia da possível chegada de uma cura é de tal modo retemperadora e regeneradora que merece toda a atenção. Os desenvolvimentos em torno da chegada de uma vacina são seguidos com detalhe.

Na última sexta-feira, na edição semanal do Expresso, noticiámos como a Direcção Geral de Saúde tinha apresentado uma proposta que fazia com que os idosos ficassem em quinto lugar das prioridades na toma da vacina. As reacções negativas não se fizeram esperar, a começar pelo próprio primeiro-ministro.

A equipa liderada por Francisco Ramos, antigo secretário de Estado da Saúde, deve ter o plano pronto nos próximos dias. Mas os detalhes vão sendo conhecidos.

na última noite ficámos a saber que nesse documento os idosos já estão mais acima na lista das prioridades.

Cinco notas a reter:

-As primeiras doses podem estar disponíveis a partir de janeiro (Pfizer) e fevereiro (Moderna).

-A vacinação deverá ser gratuita, universal e, mesmo que não obrigatória, será organizada uma campanha de sensibilização (em Inglaterra por exemplo pondera-se usar estrelas do futebol como Rashford).

-Idosos, residentes e funcionários de lares deverão ser os primeiros com acesso às vacinas, seguindo-se os profissionais de saúde, segurança e proteção civil.

-No total, a Portugal deverão chegar 22 milhões de doses sendo que será o SNS a fazer a sua gestão e administração, inicialmente, em centros de saúde.

-As vacinas da Pfizer, Astrazeneca e Moderna, as que já estão a ser avaliadas pela EMA, exigem duas doses por pessoa, com um intervalo entre 3 a 4 semanas, enquanto a da Johnson&Johnson-Janssen só deveria precisar de uma toma.

Quanto aos últimos dados da covid 19, a boa notícia é que o centro europeu que acompanha a pandemia diz que os números devem baixar fortemente ao longo do próximo mês, em Portugal e noutros países. A menos boa é que para tal é necessário que as medidas restritivas se mantenham nos próximos tempos.

Aqui ficam os números da covid 19 em Portugal nas últimas 24 horas, que parecem dar conta de um decréscimo do número de infectados – o que pode confirmar a ideia que o pico da segunda vaga da pandemia já estará a ser ultrapassado.

Se olharmos para os números agregados da última semana, verificamos que foi particularmente negra no número de mortes. Isto apesar da tendência de descida no número de novos infetados.”

Texto parcial em Expresso Curto, por Martim Silva, em 30.11.2020

Guiné-Bissau | Orçamento "não vai responder a todas as exigências", avisa analista

O Parlamento da Guiné-Bissau começou a discutir a proposta do Orçamento Geral do Estado para 2021, mas o economista Aliu Cassamá duvida das contas do Governo. Especialista alerta para a contração pública desenfreada.

O Governo em Bissau apresentou ao Parlamento a proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2021, fixada numa despesa de 253 bilhões de Francos CFA, cerca de 386 milhões de euros, com um défice previsto de 104 bilhões de Francos CFA (159 milhões de euros).

Para o economista Aliu Soares Cassamá, a proposta que ainda deverá ser votada, não responde às exigências do momento: "Este orçamento não vai conseguir responder a todas as exigências impostas na função pública, que é a entrada desenfreada de alguns funcionários, tendo em conta as suas fragilidades em termos numéricos", frisa.

"O Governo não fez uma previsão sobre as entradas que considero irracionais dos funcionários, sem concurso público e sem critérios", critica ainda.

Guiné-Bissau | Embaló exige fim do casamento precoce no país

Em Gabu, Presidente guineense defendeu o casamento "a partir dos 20 anos". Umaro Sissoco Embaló prometeu ainda a reabilitação das estradas em Gabu, Bafatá e no norte do país e anunciou reforço no combate à criminalidade.

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, exigiu o fim do casamento precoce no país, salientando que as raparigas não podem casar antes dos 20 anos e disse que o lugar das crianças é na escola.

"Ponham as crianças na escola. Não quero ouvir mais falar em casamentos precoces. Estão proibidos de dar em casamento meninas com 14 e 15 anos. Elas têm de casar com o homem que quiserem, que gostarem", afirmou Umaro Sissoco Embaló no sábado (28.11).

O Presidente guineense falava em Gabu perante milhares de pessoas que se reuniram na pista do antigo aeroporto da cidade para receber o chefe de Estado, que regressou à sua terra natal quase um ano depois de assumir a chefia do Estado guineense. A visita que se prolonga até segunda-feira (30.11) e também inclui Bafatá.

Segundo um estudo da organização não-governamental Plan Internacional, divulgado em 2018, quase 40% das guineenses menores de 18 estão casadas.

A legislação guineense determina que a idade para casar é a partir dos 16 anos, mas a Guiné-Bissau ratificou todas as convenções internacionais sobre os direitos das crianças e todas eles estipulam que a idade para casar é a partir dos 18 anos.

"Vocês, régulos, têm de acabar com o casamento precoce. As meninas têm é de ir para as escolas. Casamento é a partir dos 20 anos", disse o chefe de Estado guineense.

Cabinda | "Estamos a viver uma opressão muito grande"

Um dos nove detidos em Cabinda durante a manifestação do último sábado (28.11) falou à DW sobre a opressão policial. Pede ao Governo para dialogar com os cabindas que estão a ser tratados como “galinhas em capoeiras”.

Mateus Tempo estava a caminho da manifestação de Cabinda no último sábado (28.11), que nem teve tempo para se "desencadear", como diz, quando foi detido pela polícia, juntamente com outros oito manifestantes, um deles seu irmão.   

O objetivo da polícia de expulsar os manifestantes e impedir o protesto foi cumprido, mas de uma forma violenta e repressiva.

"Bateram em alguns manifestantes, um levou com um chicote. Meteram-nos de uma forma bruta e violenta no carro, levaram-nos até à SIC [Serviço de Investigação Criminal de Angola] onde fomos intimidados" e ameaçados, relata o jovem de 23 anos, que foi ele próprio "gravatado": "Pegaram-me na gola e meteram-me no carro de uma forma desumana”, descreve.

Quando foram interpelados, a polícia acusou-os de não terem o direito de fazer a manifestação e que "poderiam manchar a reputação da província e criar vandalismo no local". Mateus, filho do advogado e ativista dos direitos humanos Arão Tempo, assegura que não era esse o objetivo.

Viver com HIV/SIDA em Angola continua a ser um “fardo pesado”

Na província angolana de Bengo, os seropositivos queixam-se de discriminação por parte dos profissionais da saúde. Revelam também que a província não realiza testes de CD4 há mais de dois anos.

Alguns pacientes infetados com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV/SIDA), relatam que são obrigados a aguardar por muitas horas pelo atendimento no Centro de Aconselhamento e Testagem Voluntária de Caxito, a única unidade especializada da província do Bengo para o efeito.

Joana -  nome fictício de uma paciente de 34 anos - em entrevista à DW África, disse que "a enfermeira chega a hora que ela quiser”. E à espera de atendimento contou: "Eu cheguei às 7:50, vivo distante [daqui], apanho três táxis para chegar nesse lugar”.

O Centro de Aconselhamento e Testagem Voluntária de Caxito, enfrenta igualmente a escassez de medicamentos.

Mais lidas da semana