O presidente de extrema direita deixou as rédeas soltas à Covid-19 e à destruição da Amazônia. Agora parece que ele planeja se apegar a tudo o que os eleitores disserem
Editorial do jornal The Guardian
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O presidente de extrema direita
deixou as rédeas soltas à Covid-19 e à destruição da Amazônia. Agora parece que
ele planeja se apegar a tudo o que os eleitores disserem
A perspectiva do extremista de direita, Jair Bolsonaro, se tornar presidente do
Brasil sempre foi assustadora. Era um homem com histórico de aviltar mulheres,
gays e minorias, que elogiava o autoritarismo e a tortura. O pesadelo se
revelou ainda pior na realidade. Ele não apenas usou uma lei de segurança
nacional da época da ditadura para perseguir os críticos e conduziu a maior
escalada de desmatamento na Amazônia em 12 anos, mas também permitiu que o
coronavírus se alastrasse sem controle, atacando as restrições de movimento,
máscaras e vacinas. Mais de 60.000 brasileiros morreram apenas em março.
“Bolsonaro conseguiu transformar o Brasil em um gigantesco buraco do inferno”,
tuitou recentemente o ex-presidente da Colômbia, Ernesto Samper. A disseminação
da variante P1 mais contagiosa está colocando em perigo outros países.
Com uma pesquisa na semana passada que mostra 59% de rejeição dos eleitores,
Bolsonaro parece estar se preparando para um resultado desfavorável nas
eleições do próximo ano. Na semana passada, ele demitiu o ministro da Defesa,
um general aposentado e amigo de longa data que, no entanto, parece ter
criticado as tentativas de Bolsonaro de usar as Forças Armadas como ferramenta
política pessoal. Os comandantes do Exército, da Marinha e da Força Aérea
também foram demitidos - supostamente quando estavam prestes a renunciar.
É possível que, inspirado por Donald Trump, o Sr. Bolsonaro pense em se agarrar ao poder pelo uso da força? Não. É provável. As forças armadas já anularam a vontade do povo antes: o Brasil foi uma ditadura militar de
Embora a saída dos chefes das forças armadas possa sugerir resistência a um plano de golpe, também permite ao presidente instalar aqueles que ele julga mais obedientes; os oficiais mais jovens sempre foram mais entusiasmados com Bolsonaro. Os políticos da oposição estão pressionando pelo impeachment, com um aviso: “há uma tentativa aqui do presidente de instaurar um golpe - já está
Existe
*Publicado originalmente em The Guardian | Traduzido por César Locatelli
Na imagem: "É possível que, inspirado por Donald Trump, o Sr. Bolsonaro pense em se agarrar ao poder pelo uso da força? Não. É provável." Fotografia Joédson Alves / EPA
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