segunda-feira, 17 de maio de 2021

REZEM PELA PALESTINA E PELOS PALESTINIANOS E APOIEM-NOS

Expresso Curto e ensanguentado, a evocar acontecimentos terríveis por mortandades de uma guerra que nunca mais acaba e já dura há décadas/séculos. Milhares ou milhões de mortos e feridos sem olhar a quem? 

Crimes de Guerra de que Israel vem sendo acusada, sempre com a complacência, a cumplicidade e o apoio dos EUA e do chamado ocidente “livre” e “democrático”. A hipocrisia possui na Europa e nos EUA, principalmente, monumentos virtuais dantescos pelos “feitos” criminosos de Israel… Mais palavras de nada valem – a sabedoria que é implícita assim vem demonstrando.

Também Pedro Candeias, do Expresso deste Curto, aborda o tema e dá-lhe o título de “Meridiano de Sangue”. De sangue e de cadáveres de homens, mulheres e crianças palestinianas. Crimes de guerra em que Israel é fecunda nas suas práticas, atropelando e violando Direitos Humanos. Até a ONU sabe e tem documentação fecunda em camiões TIR que o provam… Tribunais, contra Israel criminoso… NADA.

Também NADA MAIS vamos acrescentar por aqui. Agora. Deixemos que leiam o que Candeias pôs em lauda neste Expresso Curto de hoje, segunda-feira. 

Bom dia, se conseguirem. Rezem pela Palestina e pelos palestinianos. Ao menos isso. E apoiem-nos.

MM | PG


Bom dia este é o seu Expresso Curto

Meridiano de sangue

Pedro Candeias | Expresso

Basta olhar para o mapa: à esquerda, a Faixa de Gaza, um retângulo fino como uma língua de 41 quilómetros de comprimento por seis a doze de largura; à direita, a Cisjordânia, um território de cinco mil e quinhentos quilómetros quadrados remotamente parecido com Inglaterra; no meio está Israel, com a forma aproximada de uma cunha rachada.

Nada disto faz sentido.

Em abstrato, a coexistência entre estes dois estados que se desprezam, neste território e com esta vizinhança, seria desde logo uma improbabilidade cartográfica. Na prática, resultou em décadas de conflitos, guerras e mortos, acordos de paz assinados e depois ignorados que se traduziram em mais conflitos, mais guerras e mais mortos.

Num lugar assim, basta uma centelha para o fogo acender. Desta vez, escreve-se, o nacionalismo crescente de uma nova geração de muçulmanos e a intervenção musculada da polícia israelita numa mesquita funcionaram como rastilho destes confrontos que já provocaram quase duas centenas de mortos.

No domingo, naquele que fora o ataque mais mortífero até à data, mais de quarenta pessoas tinham falecido. Esta madrugada, os céus de Gaza foram novamente invadidos por um enxame de aviões israelitas e os bombardeamentos foram brutais, relata o Guardian. Uma central elétrica - a única - terá sido atingida, não há notícias de feridos para já.

A contabilidade geral (192 mortos numa semana: 182 palestinianos e 10 israelitas) esconde números terríveis, pois grande parte dos caídos são civis: 92 mulheres e 52 crianças palestinianas (e duas israelitas) perderam a vida e há relatos trágicos que emergem dos escombros. Simples tabuleiros de Monopólio e brinquedos destruídos contam histórias de sonhos perdidos.

Por isso, António Guterres gritou no Twitter que a “violência” na região só “perpetua os ciclos de morte, destruição e desespero” que afastam um cenário de “paz”. Para o secretário-geral da ONU, que reuniu de emergência com o Conselho de Segurança, o cessar-fogo é urgente.

Para Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, a urgência é apenas uma palavra: “a ofensiva em Gaza” contra o Hamas é “para continuar o tempo que for preciso”, pois não será ele a oferecer a paz ao Hamas, a quem acusa de usar crianças como escudo durante os raids e os bombardeamentos na amaldiçoada Faixa.

O “Wall Street Journal” argumenta que por detrás deste discurso bélico se esconde uma estratégia de sobrevivência política: Bibi gosta de andar “de crise em crise” desde sempre. O Hamas também não cede. “Só paramos nos nossos termos, não nos termos dos israelitas”, disse um dos líderes da organização.

Continuamos num impasse e no entretanto disparam-se milhares de rockets da Faixa que são travados pela Cúpula de Ferro ou que caem como chuva ácida nas cidades israelitas; em sentido contrário sucedem-se bombardeamentos aéreos. Inevitavelmente, os inocentes são apanhados e o “The New York Times” antecipa cenários: quando israelitas e palestinianos se enfrentam, “seguem-se crimes de guerra”.

E anda-se nisto quando, em Gaza, começam a faltar luz, comida e água potável, pois a eletricidade chega de Israel - e seis dos cabos que cruzam a língua foram destruídos -, as entregas de carne estão embargadas e as "condutas que transportam água foram esmagadas” pelo alcatrão.

A paz eterna é uma impossibilidade. É seguir o rasto de sangue.

OUTRAS NOTÍCIAS

As últimas do programa de vacinação em Portugal dão conta de um número recorde: 200 mil pessoas foram inoculadas este fim de semana. A informação veio do vice-almirante Gouveia e Melo que manifestou otimismo no processo que gere. [No domingo, registaram-se 229 recuperados, 334 novos casos confirmados e uma morte.]

Lá fora, o debate nos EUA avança para o desuso das máscaras. Algumas empresas de retalho aliviaram restrições e decidiram confiar nos seus clientes: quem não tiver o rosto tapado dentro do estabelecimento está implicitamente a dizer aos outros que foi vacinado. Os americanos chamam-lhe “honor system” e vem a reboque da recomendação do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças que aligeirar as restrições. Em Portugal, o secretário de Estado Lacerda Sales afirma que não há evidências científicas suficientes que corroborem esta decisão - portanto, a máscara é para continuar.

Já Eduardo Cabrita é para descontinuar, garantiu Marques Mendes no comentário na SIC. O homem que costuma dar notícias governamentais ao domingo à noite, disse três coisas do Ministro da Administração Interna: que Cabrita já não servia para o cargo, que Cabrita já era um cabo de trabalhos para António Costa, e que o governante abandonaria o Governo em outubro, depois das eleições autárquicas. Recordemos os casos que deixaram o MAI em apuros: migrantes, golas antifumo, morte no SEF, requisição civil do ZMAR e a festa do título do Sporting.

Por falar em Sporting: o clube de Alvalade sagrou-se campeão europeu de hóquei em patins pela terceira vez na sua história, num ano que certamente ficará também para a história. Continuando no desporto: Miguel Oliveira caiu, o Barcelona ganhou a Champions feminina, Nadal bateu Djokovic e o guarda-redes Allison entrou na história do Liverpool com um cabeceamento notável.

Agora, a presidência portuguesa da UE

Os ministros dos Assuntos Europeus debatem hoje, em Coimbra, as regiões ultraperiféricas da UE como "laboratórios para o futuro", para conhecer as lições aprendidas em áreas como "sustentabilidade", "transição digital" e "juventude". A reunião é presidida pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias. De acordo com o programa, o encontro servirá também para lançar a Rede de Prospetiva Estratégica da UE ao nível ministerial, uma iniciativa que surgiu no seguimento do primeiro relatório do tema, adotado pela Comissão Europeia em setembro de 2020 e destinado a identificar os problemas e as oportunidades emergentes para orientar melhor as escolhas estratégicas do bloco europeu.

Estado de direito. Também em Coimbra, a presidência portuguesa do Conselho da UE organiza, hoje e amanhã, uma conferência de alto nível sobre "O Estado de Direito na Europa" que reunirá responsáveis políticos, magistrados, académicos e sociedade civil. Coorganizada com a Comissão Europeia, a conferência, que vai decorrer num formato híbrido (presencial e 'online') visa "avaliar os esforços que a UE tem empreendido para promover e manter o Estado de direito", um dos princípios fundamentais consagrados no Tratado da União.

FRASES

“Podem procurar enlamear a bandeira que há 100 anos orgulhosamente erguemos, que não lhes será possível falar de liberdade, de democracia, de direitos, de combate às discriminações, às injustiças, sem falar do Partido Comunista Português” Jerónimo de Sousa, no momento assim-se-vê-a-força-do-PCP

“Considero um erro grave a reforma que o ministro da Defesa Nacional pretende agora levar a cabo, pondo em causa o equilíbrio na distribuição de competências entre o Ministro, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e os chefes de Estado-Maior dos ramos”, Cavaco Silva sobre o EMGFA, mas também sobre o PSD

“Causou-me dor. Tomo o que aconteceu como uma questão pessoal”, a deputada Romualda Fernandes a propósito disto

“Eduardo Cabrita é um ministro da Administração Interna diminuído, o que contamina as forças de segurança. É uma pessoa que ocupa a função, mas não a exerce, e é ele que tem de definir orientações nestes casos”, Marques Mendes a antecipar cenários políticos na SIC

“Aquilo que o seu governo tem feito é desapropriado do ponto de vista da ordem pública”, Nuno Rogeiro, sobre Netanyahu

“Antigamente os sócios iam ver os treinos e o Allison, quando via que estavas a facilitar, chegava ao pé de ti e só dizia: "Don't fuck me"”, Carlos Xavier, em entrevista à Tribuna Expresso

O QUE ANDO A LER

“Canta, ó deusa, a cólera de Aquiles, o Pelida” é o primeiro verso de um texto fundamental da nossa cultura europeia: a “Ilíada”, de Homero - tradução de Frederico Lourenço (ed. Cotovia)-, que narra a guerra de Tróia que opõe gregos a troianos.

O poema épico e bélico, de 24 cantos e mais de 16 mil versos, contém descrições violentas e pormenorizadas de lanças que trespassam carne, elmos, armaduras e carros de combate; e também tem ciúme, despeito, intriga, valentia, amor, coragem, cobardia, alianças, estratégia, amizades desinteressadas e companheirismos de conveniência, morte (e muitas mortes), antropomorfismos, deuses manipuladores ou então apaixonados pelos homens.

E heróis, sobretudo heróis, acima de todos Heitor e Aquiles: o primeiro, que mata pelo seu povo e pela honra do irmão que provocou isto tudo ao raptar Helena; o segundo, pelos despojos, pela glória da batalha e pela vaidade que resulta do facto de ele saber - e de todos saberem - que é imbatível.

O poema constrói-se nos caminhos gregos e troianos, numa tensão crescente alimentada por avanços e recuos nas investidas de parte a parte, até ao instante em que Pátroclo se faz passar por Aquiles e é morto por Heitor, em batalha, provocando no semi-deus uma fúria incontrolável que só será saciada quando se desfizer do troiano e arrastar o seu corpo, sem vida e atado a um carro, durante dias.

O resto da história é conhecida: há uma ideia, há um cavalo de madeira e há uma seta lançada ao longe que rasga o proverbial calcanhar. Raramente houve histórias melhores.

E chegámos ao fim deste Expresso Curto.

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