Artur Queiroz*, Luanda
Adalberto da Costa Júnior mostrou a sua verdadeira dimensão, ao proferir declarações que dizem tudo e nada ao mesmo tempo. Fala do “angolano” que agora está mais informado, mas passa a vida dizendo que os Media angolanos são controlados pelo Executivo e em vez de informarem, só fazem propaganda de quem está no poder. Político arguto que sabe mais do que todos os outros, Adalberto descobriu a pólvora ou mesmo a dificílima quadratura do círculo: Em Angola a juventude é maioritária! O chefe do Galo Negro descobriu agora que em África a população é muito jovem. E Angola está entre os países com populações mais jovens.
Adalberto fala para se ouvir, olha para o espelho e vê que está só. Vai daí, fala para quem não o quer ouvir, diz o que todos sabem, há tanto tempo, que já ninguém quer ouvir. Quando se fala em alternância democrática é preciso olhar para a situação política angolana com olhos de ver e não por desespero ou para dar nas vistas. As últimas declarações de Adalberto da Costa Júnior são de uma pobreza tal, que obrigam ao soar de todos os alarmes. Se um indigente mental corre o risco de chegar ao poder por obra e desgraça da alternância democrática, estamos perdidos.
O líder da UNITA é uma espécie de sábio do lugar comum, fascinado com a sua mediocridade e vaidoso da sua mais pobre irrelevância intelectual e política. Este furúnculo incómodo do regime democrático angolano é verdadeiramente o coveiro da UNITA. O partido conseguiu contar estes anos todos, apesar de Jonas Savimbi ter alugado as armas aos colonialistas portugueses e depois ao regime nazi e racista de Pretória. Conseguiu alguma relevância (dez por cento do eleitorado em 2008) depois da ala belicista ter recusado os resultados eleitorais e regressado à guerra, partindo tudo, matando todos os que não fugiram ou se refugiaram.
Adalberto da Costa Júnior vai para as próximas eleições com um buraco assustador no seio da UNTA, causado pela saída de Isaías Samakuva. E ele, em vez de tapar esse vazio político, tem tiradas como esta: “Louvo a iniciativa dos jovens da sociedade civil pela criação de um centro de contagem paralela dos votos”. E para meter os dois pés ainda mais na argola, o Presidente da UNITA considera que essa iniciativa revela “a maturidade política dos jovens angolanos, bem como do povo em geral”.
Toda a gente sabe que, por esse mundo fora, os jovens madurinhos e o povo em geral, passam a vida contando votos, paralelamente às autoridades legitimadas para o efeito. Adalberto nem sequer consegue integrar-se no espírito do acampamento militar da Jamba. Está mais virado para o rio Luiana e suas imensas lagoas, onde as feras vão beber e os elefantes tomar banho. Ali não há um átomo de inteligência humana nem um nano de ciência política. Um anão assim é apenas um comprimento inútil. Para a inteligência que demonstra, bastava-lhe um milímetro de altura. Tudo o resto está a mais.
Jovens anónimos da UNITA vão criar um “centro de contagem paralela de votos” nas próximas eleições. Ao fazerem isto estão a colocar-se fora da democracia e a pôr em causa as instituições democráticas. Lá sabem porquê, mas eu sei que estão perigosamente a pôr em causa o seu papel na sociedade ou no Estado de Direito e Democrático. Sabem o que diz Adalberto da Costa Júnior deste dislate juvenil?
Leiam: “Antes de mais isto (o centro de contagem paralelo de votos) é o significado de que os jovens estão a ganhar consciência de que querem tomar parte no processo. É muito positivo. Devo dizer que há duas grandes transformações hoje na sociedade, em relação ao ontem. E são transformações que eu aplaudo. Mas nem toda gente aplaude. Há quem tenha medo delas. A primeira de toda é a maturidade que se tem aumentado por parte do cidadão, do angolano em geral”.
Este nanocéfalo acha que os jovens participam a sério nas eleições, como deve ser, contando os votos, sem terem acesso às actas das mesas de voto, aos resultados apurados, aos boletins. Qualquer retardado mental sabe que o contributo que cada um dá nas eleições é ir votar e mobilizar quem puderem, para irem às urnas expressar a sua escolha. Mobilização de eleitores, divulgação do programa eleitoral no qual confiam sim, é louvável. Contar votos fora do sistema legal é coisa para cantineiros ou falsos políticos como Adalberto da Costa Júnior.
O homúnculo está de cabeça perdida e ousa dizer isto: “A juventude assumiu que é protagonista do processo político do seu país. Este é um ganho extraordinário. Pelo que, esta intenção que, eu também acompanhei, organizarem um processo de contagem paralelo é extremamente positivo”. Votar neste pobre diabo da política e no partido que ele lidera é pior do que anular o voto. É escolher quem odeia a democracia e faz das eleições democráticas uma arma de arremesso contra o próprio regime democrático.
Alternância democrática? Com o buracão em que se tornou a UNITA é impossível. Mesmo com os 0,5 por cento do Bloco Democrático do cómico Filomeno Vieira Lopes e do senil Justino Pinto de Andrade. Ou eles alternam a asneira com uma coisinhas certeiras, de vez em quando, ou daqui a 100 anos ainda temos o MPLA a bocejar de tédio, farto de estar no poder.
* Jornalista
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