segunda-feira, 10 de maio de 2021

O efeito borboleta redefinindo o paradigma global

# Publicado em português do Brasil

Alastair Crooke | Katehon

A mudança de paradigma centrada no pivô dos EUA para longe da Ásia Ocidental impacta naturalmente o cálculo do JCPOA do Irã.

Na teoria do caos, o efeito borboleta é a ideia de que pequenas coisas podem ter impactos não lineares em um sistema complexo. O conceito é imaginado com uma borboleta batendo as asas e, embora isso, por si só, seja improvável que cause um tornado, pequenos eventos podem causar cascatas de mudanças dentro de um sistema complexo. E assim, para a Europa, onde a Alemanha está mudando. O Partido Verde está batendo suas asas no vazio espacial deixado pela esperada saída de Merkel. E embora o Partido, alguns anos atrás, fosse quase totalmente corbinita (isto é, o clássico anti-estabelecimento), hoje, sob sua superfície liberal, a retórica verde é algo diferente - é ferozmente atlantista do norte, pró-OTAN e anti-russa (até quase neoliberal).

Hoje, o zeitgeist político europeu está mudando. Ele está absorvendo o meme de Biden 'devemos nos unir para conter os comportamentos chineses e russos'. É claro que essa mudança não pode ser atribuída aos Verdes alemães; no entanto, eles parecem destinados a emergir com um papel central na política do estado central da UE, à medida que o surgimento de Green torna-se de alguma forma icônico do efeito asa de borboleta.

A linguagem de uma ideologia de direitos humanos definida em uma infinidade de iterações de gênero e diversidade se apoderou do discurso de Bruxelas. Alguns podem aceitar esse desenvolvimento em princípio, vendo-o como uma forma de corrigir antigas injustiças. No entanto, deve ser entendido que ele está enraizado não tanto na compaixão humana, mas firmemente enraizado na dinâmica de poder e, o que é mais, em um conjunto particularmente perigoso de dinâmica de poder.

Por um lado, a 'agenda Biden' é principalmente sobre a expulsão de um eleitorado profundamente enraizado de americanos (a América Vermelha) permanentemente do poder. Ele diz isso explicitamente. E, por outro lado, como Blinken repete e insiste incessantemente, a ordem baseada em regras moldadas pelos Estados Unidos deve prevalecer no mundo. Os "valores progressistas" de Biden são apenas a ferramenta para mobilizar a política para atingir esses fins. (Biden em sua longa carreira no Senado não foi conhecido por ser progressista.)

O bater da asa de borboleta alemã na Europa permite e facilita a tão procurada mudança de paradigma geoestratégico de Washington. A Guerra Fria, que tanto marcou a mentalidade da política externa americana e também implantou seu resíduo tóxico de russofobia visceral, simplesmente ignorou a China.

Supunha-se que a virada da China em direção a um modelo econômico de estilo ocidental simplesmente eliminaria o colorido comunista - por meio da ação de uma classe média consumista emergente. Agora, Washington observa que a China discretamente perdeu sua crisálida apenas para revelar o desdobramento das asas de uma superpotência - rivalizando e potencialmente superando a América. Os círculos de Biden querem agora concentrar o poder da América inteiramente em superar e superar a China.

Discurso de ódio sexista explode na campanha alemã

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Na disputa para suceder Merkel, grande parte da atenção está voltada para Annalena Baerbock, candidata do Partido Verde. Sua entrada na disputa fez dispararem ataques e mentiras misóginas nas redes.

Foram necessárias apenas algumas horas após a indicação de Annalena Baerbock como candidata a chanceler federal da Alemanha pelo Partido Verde, em 19 de abril, para que a desinformação e o ódio em torno do nome dela começassem a se espalhar na internet.

Michael Kellner, líder da campanha eleitoral do Partido Verde, diz que o discurso de ódio e as notícias falsas ganharam uma "dimensão completamente nova".

Especialistas advertem que a onda de ódio e desinformação que se espalhou em torno de Baerbock é apenas a ponta do iceberg antes das eleições gerais de setembro, que definirão o sucessor ou sucessora de Angela Merkel.

"Não foi o aumento do conteúdo falso e de ódio que nos surpreendeu. Foi a velocidade em si", diz Josephine Ballon, chefe do departamento jurídico da HateAid, o único centro de aconselhamento da Alemanha que apoia exclusivamente pessoas afetadas pela violência digital. "O que está se desdobrando é o ódio específico de gênero", comentou ela à DW. "Este tipo de ódio procura desacreditar e silenciar o alvo".

Sobre a ainda distante independência da Escócia


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O partido pró-independência escocesa obteve uma sonora vitória eleitoral. E sua líder, Nicola Sturgeon, segue popular. Mas isso ainda não significa que uma separação do Reino Unido acontecerá, opina Elliot Douglas*.

A eleição de domingo (09/05) na Escócia transcorreu como o previsto: o Partido Nacional Escocês (SNP) saiu com a maior bancada no Parlamento em Edimburgo e manteve a força que possui desde 2007. A legenda ficou apenas a uma cadeira de obter a maioria absoluta na Casa, num sistema proporcional projetado justamente para evitar maiorias. Mas os verdes, que na Escócia são pró-independência, ganharam oito cadeiras. Ou seja: o Parlamento escocês tem hoje a maioria mais ampla da história a favor da separação do Reino Unido.

Os próximos passos para os nacionalistas pró-independência, porém, continuam obscuros. O resultado ainda não deu luz verde à primeira-ministra Nicola Sturgeon para afirmar que ela tem um mandato para exigir uma Escócia independente.

O partido dela, o SNP, prometeu que fará pressão para um segundo referendo sobre a independência assim que for possível, após a pandemia. A legitimidade de tal referendo continua sendo um ponto de interrogação, especialmente se for realizado sem a aprovação do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson – ele já disse que não dará seu aval, independentemente da circunstância.

E, apesar da vitória do SNP, não há razão para acreditar que tal referendo seguirá seu caminho. As últimas pesquisas mostram um apoio à independência que gira em torno de 50% – uma maioria pouco confortável.

Brasil | Bolsonaro declara guerra à China, maior cliente do Brasil

"Presidente do Brasil acusou China, principal parceiro comercial e vital para colocar à disposição matérias-primas para fabricar vacinas no país, de fazer "guerra química". "Grave doença mental", contrapõe deputado encarregado das relações sino-brasileiras

Penso que estamos diante de um caso em que se recomenda a interdição civil para tratamento médico", disse Fausto Pinato, deputado do Partido Progressista (PP), sobre Jair Bolsonaro. O parlamentar, que também é líder da Frente Brasil-China no Congresso Nacional, referia-se ao último ataque do presidente da República ao gigante asiático que é não apenas o principal importador de commodities brasileiras como também o maior exportador de matérias-primas essenciais para a produção de vacinas contra a covid-19 em laboratórios brasileiros.

"Estou preocupado sobre um possível desvio de personalidade da maior autoridade do Brasil", continuou Pinato, cujo partido se divide entre apoiantes e críticos do presidente. "A meu ver, não se trata de uma pessoa irresponsável, desequilibrada e sem noção de mundo, na verdade pode tratar-se de uma grave doença mental que faz o nosso presidente confundir realidade com ficção".

As declarações de Bolsonaro a que Pinato se referia, em comunicado oficial da Frente Parlamentar Brasil-China, foram proferidas em simultâneo à audição de testemunhas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura a responsabilidade do governo no caótico combate à pandemia.

"É um vírus novo", começou por dizer o presidente em discurso no Palácio do Planalto. "Ninguém sabe se nasceu em laboratório ou por algum ser humano que ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica, radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra?". E concluiu: "Qual o país cujo PIB mais cresce? Não vou dizer para vocês", omitindo-se de citar a China.

Em janeiro, o governo de Xi Jinping anunciou crescimento do PIB de 2,3% em 2020, um dos maiores do mundo, mas ainda assim o menor do país em 40 anos. Sobre a eventual criação do novo coronavírus em laboratório, a posição oficial da Organização Mundial de Saúde é que é "extremamente improvável".

Além da reação enérgica de Pinato, a imprensa brasileira atribuiu o ataque de Bolsonaro à tentativa de desviar atenções da CPI, onde à mesma hora o segundo ministro da Saúde do seu governo, Nelson Teich, revelava ter-se demitido em maio do ano passado por discordar da imposição do uso de cloroquina, remédio sem eficácia para a covid-19. Na véspera, o seu antecessor no cargo, Luiz Henrique Mandetta, acusou o presidente de desprezar a ciência e revelou que o governo pretendia acrescentar à bula da cloroquina que era indicada contra o novo coronavírus.

As provocações do governo brasileiro ao homólogo chinês, no entanto, não se limitam a esta semana. Na anterior, o titular da economia, Paulo Guedes, havia afirmado que "a China criou o vírus", o que levou a um telefonema de urgência do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, ao embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming, para resolver o mal-entendido.

Além da China ser o destino de quase 30% das exportações do Brasil [ver número], a produção de vacinas na Fundação Oswaldo Cruz, principal laboratório do Brasil, depende da importação de matérias primas da China - o laboratório pediu ajuda à área internacional do governo de Bolsonaro para desbloquear a aquisição desses insumos depois de o Escritório de Vacinas do Governo da China exigir uma manifestação do governo brasileiro nesse sentido.

Brasil | Um país de covardes

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O que nos faz aceitar passivamente sermos a chacota do mundo e o gozo de um psicopata?

A julgar pelo que aconteceu no dia 06 de maio no Jacarezinho, quando uma operação da Polícia Civil, realizada apenas 12 horas após Jair Bolsonaro ter se encontrado com Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro e digno sucessor de Wilson Witzel, aquele que queria atirar na cabecinha, covardes não nos faltam, pois somos cada um de nós.

A operação deixou vinte e nove mortos, vários feridos e inúmeras crianças com traumas psicológicos que as acompanharão pelo resto da vida. O Governador defendeu a ação da polícia ao dizer que foi apenas um “fiel cumprimento de mandados”. Aqui temos a primeira dúvida: o determinado nos mandados era a execução sumária de pessoas que já não tinham capacidade de reação?

Segundo a Secretaria de Polícia do Rio de Janeiro a Justiça expediu 21 mandados de prisão de pessoas acusadas de tráfico de drogas. Dos nomes que ali constavam, sempre segundo essa Secretaria, apenas três foram presos e três foram mortos. Ora, se o número de mortos, excluindo-se o policial, foi 28, como explicar as outras 25 vítimas fatais? Cabe à Polícia Civil e ao Governador do Estado nos dizer o que ocorreu. Não queremos ficar na dúvida entre uma ação desastrosa por falta de preparo, ou uma ação bem sucedida de milicianos, seguindo ordens que numa cadeia de comando, tem origem no morador da Casa de Vidro.

Portugal e Argentina querem passos para fechar acordo com Mercosul

O primeiro-ministro português e o Presidente da Argentina consideraram hoje urgente a conclusão do acordo comercial entre a União Europeia e Mercosul, ultrapassando as matérias do combate às alterações climáticas e da proteção das florestas.

Esta posição comum foi transmitida por António Costa e Alberto Fernandez em conferência de imprensa, depois de uma reunião de cerca de hora e meia entre ambos em São Bento, em Lisboa.

Portugal e a Argentina desempenham neste momento, respetivamente, as presidências rotativas do Conselho da União Europeia e do Mercosul, e a conclusão do acordo comercial é o principal tema em negociação entre estes dois blocos económicos.

"Subsistem dificuldades na América Latina e na Europa por causa de países que questionam a natureza desse acordo económico. Temos de trabalhar mais e temos de aproveitar este tempo para ver se podemos resolver um conjunto de acordos complementares, designadamente sobre alterações climáticas e combate à desflorestação. Aqui, em concreto, podemos avançar", declarou Alberto Fernandez

Levantado bloqueio e aberto corredor humanitário após protestos no México

Os manifestantes e as autoridades de Cali chegaram hoje de madrugada a acordo para levantar um bloqueio na principal entrada da cidade colombiana, enquanto a marcha indígena anunciou a abertura de um corredor humanitário por 24 horas.

No 13.º dia de protestos, após no domingo supostos civis armados abrirem fogo sobre a marcha e ferirem 10 guardas indígenas, o diálogo terminou com a decisão de desbloquear a Ponte do Comércio, uma estrada que, além de ser a entrada principal em Cali, liga a cidade à vizinha Palmira, onde fica o aeroporto internacional.

"A Ponte do Comércio será desobstruída e as instituições devem garantir que não haja nenhuma ação violenta contra os jovens que a vão abrir", disse o presidente da câmara de Cali, Jorge Iván Ospina, em comunicado, depois de ter chegado a um acordo com o grupo de jovens que ali protesta há 13 dias. 

Os gritos de uma Colômbia que explode nas ruas

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País vive crise sem precedentes, e sem rota de saída, após doze dias paralisado por protestos, iniciados após o presidente Duque anunciar reforma tributária que aumentaria os impostos na pandemia

Colômbia se aproxima de um precipício. O país está há doze dias paralisado por protestos que se estenderam ao longo de todo o território em diferentes graus e intensidades. Um fogo oculto, de múltiplas causas, que quando se apaga de um lado reaparece em outro.

A hostilidade com Iván Duque, um presidente muito impopular, explica que as pessoas tenham ido às ruas em 28 de abril para protestar contra a reforma tributária que pretendia levar adiante no Congresso. Os economistas aconselharam um aumento de impostos a Duque para equilibrar as contas após a pancada da pandemia. Após cinco dias de clamor nas ruas e quando começavam a surgir os primeiros casos de repressão policial, o presidente retirou a reforma e derrubou o ministro da Economia que a elaborou. Era um pedido de trégua.

O protesto, entretanto, ficou maior. Regiões e cidades inteiras foram bloqueadas. Os manifestantes levantaram postos de vigilância e barricadas. A polícia tentou dispersar as multidões com violência. Por enquanto 27 pessoas morreram, na maioria jovens, segundo dados oficiais, e quase mil ficaram feridas. Está provado que os agentes dispararam em pessoas desarmadas. A comunidade internacional pediu à Colômbia que detenha a repressão e leve os culpados aos tribunais. O Governo se protege dizendo que ocorrem distúrbios e as forças de segurança repelem agressões.

Colômbia | Basta de repressão contra um povo inerme

FARC-EP

A tonta arrogância de Duque [1] é a causa desta bela sublevação da dignidade e do despertar das consciências. Fica a saber este governo de vândalos e monstros repressores que o povo tem a força para derrubá-lo. E o povo constatou que, se lutar unido sob a bandeira da mudança, não haverá mau governo que lhe resista. Se esse caudal bravio, de povo, for orientado em direcção ao Palácio de Nariño [2] , suportado por militares e polícias com sentimento de pátria e humanidade, teremos novo governo, ou pela força irresistível das massas ou pela via constitucional. Isso é seguro.

Basta, Duque! Não mais repressão militar nem tratamento de guerra contra um povo inerme. Pare o uso desproporcionado da força. Não ataque o povo com helicópteros, nem o intimide com sobrevoos de aviões dia e noite sobre as cidades, não corte a energia eléctrica para disparar a moradores de bairros populares utilizando lentes de visão nocturna. Recolha seus sicários paramilitares que agora estão a disparar contra os dirigentes dos protestos. Atenda à exortação da ONU e da União Europeia a cessar a repressão. Responda pelos civis mortos e pelos desaparecidos. Não se lembre de decretar a comoção interior [3] porque o povo a esmagará e passará por cima dela.

Portugal | Imunes & Impunes

Joana Amaral Dias* | Diário de Notícias | opinião

Novo Banco apresentou prejuízos de 1329 milhões de euros. Mas quer, outra vez, distribuir pelos administradores quase dois milhões de prémios (pagos em 2022). Se estes bónus de gestão são injustificáveis (nenhum o mérito ou resultado pode legitimá-los perante o salário médio dos trabalhadores) tornam-se repulsivos nesta época, motivo de uma exigência cidadã para que sejam descontados do valor que o NB recebeu do Fundo de Resolução.

É que não faltava mais nada! Uma equipa premiada pela sua capacidade em gerar prejuízos! Perdas que, doutra maneira, serão pagas pelos cofres públicos, pelos contribuintes, por mim e por si.

Este novo capítulo da novela pornográfica ex-BES fez-se acompanhar pelo episódio da auditoria do Tribunal de Contas que demonstrou que a sua resolução e privatização não acautelaram o interesse público. Ou seja, confirma-se que o Espírito Santo não apenas foi a gamela onde alarvaram Salgado e seus muchachos a par de uma enfiada de biltres (como Gama Leão e o seu calote de 300 milhões de euros ou Moniz da Maia que desfalcou 538 milhões), como foi protegido por comprometidos governos perdulários, pelo Banco de Portugal e pela Comissão Europeia. Velhos hábitos custam a desaparecer.

O Tribunal de Contas não é oráculo (talvez também porque a informação prestada pelo Novo Banco tenha sido "incompleta e intempestiva") mas deixa claro que o governo Passos/Portas, o executivo de Costa/ Centeno iludiram os portugueses sobre os custos aos contribuintes. Mesmo que o Governador do Banco de Portugal garanta que foi óptima a venda do então designado Banco Bom pelo Ministro das Finanças - ele mesmo.

Posição da UE sobre as patentes das vacinas "é insuportável, intolerável"

Ana Gomes criticou a decisão dos líderes europeus de não suspenderem as patentes das vacinas, acusando-os de ser um entrave à vacinação universal e igualitária.

Ana Gomes criticou, na noite deste domingo, durante o habitual espaço de comentário na SIC Notícias, a decisão dos líderes europeus de não suspenderem as patentes das vacinas, tomada este fim de semana durante a Cimeira Social, que se realizou na cidade do Porto.

Para a socialista, esta decisão da União Europeia (UE) constitui um entreve à vacinação universal e igualitária e é “intolerável”.

"Há 'n' países com capacidade instalada de produção de vacinas que só não produzem mais porque não podem, porque não têm as patentes. O caso mais gritante e mais chocante é o da Índia que exportava vacinas. Produzia para exportar e não pode canalizá-las para a sua população exatamente por causa das patentes. Isso é intolerável. Esse argumento [da UE] não é verdadeiro. É falso!", criticou, acusando os líderes europeus de não serem solidários.

Portugal | Responsabilidade pela situação em Odemira "é do primeiro ministro"

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, atribuiu hoje responsabilidades ao primeiro-ministro pela situação que se vive em Odemira, que levou já vários partidos políticos a pedirem a demissão do ministro da Administração Interna.

Há um primeiro e principal responsável pela política que o Governo realiza, que é o primeiro-ministro. É o primeiro-ministro e o Governo que têm de resolver esses problemas, em termos de acerto ou desacerto deste ou daquele ministro", disse Jerónimo de Sousa.

"Portanto, a exigir alguma responsabilidade, é ao Governo e, particularmente, ao primeiro-ministro, independentemente do acerto ou desacerto deste ou daquele ministro", sublinhou.

O líder comunista falava aos jornalistas à margem da evocação e homenagem ao centenário do nascimento do general Vasco Gonçalves, na Voz do Operário, em Lisboa, com organização da Associação Conquistas da Revolução (ACR).

Odemira | Assembleia Municipal exige fim de cerca sanitária (e não só)

A Assembleia Municipal de Odemira (Beja) exigiu este domingo ao Governo a adoção de sete medidas estruturais e quatro medidas de combate à pandemia de covid-19 no concelho, como o fim da cerca sanitária em duas freguesias.

Na tomada de posição aprovada este domingo, por unanimidade, na reunião da Assembleia Municipal de Odemira (AMO), enviada este domingo à noite à agência Lusa, este órgão autárquico alude à "situação mediatizada nos últimos dias" no concelho.

"Veio demonstrar que os órgãos municipais tinham razão, pois vinham afirmando e alertando ao longo dos últimos anos", através de "inúmeras" tomadas de posição e moções aprovadas, para a "necessidade urgente" de o "Estado intervir neste território", pode ler-se no documento.

O que "muitos apelidam de 'um desastre anunciado', é fruto de um ordenamento territorial deficitário, só possível face a um Plano de Ordenamento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV) permissivo e desde sempre contestado pelos órgãos municipais", frisou a assembleia municipal.

Portugal | É o capitalismo, estúpido!

Rui Sá* | Jornal de Notícias | opinião

A situação, antiga, mas que agora passou para as primeiras páginas dos média, dos trabalhadores imigrantes de Odemira mostra bem a hipocrisia da sociedade em que vivemos.

Em primeiro lugar, porque a situação é, de facto, antiga, e só se tornou "notícia" por causa da pandemia - sendo as miseráveis condições de exploração tratadas jornalisticamente de uma forma secundária face ao risco de contágio. Em segundo lugar, pelas reações de alguns, procurando pôr o foco, não na vergonha de termos uma situação de vil exploração de cidadãos no nosso país, mas sim na questão lateral da requisição civil de um espaço privado para alojamento condigno destes imigrantes... Em terceiro lugar porque, se estes trabalhadores fossem portugueses, a situação já teria saltado para a ribalta, sendo que, tratando-se de trabalhadores estrangeiros, ainda por cima de uns países distantes e "monhés", a situação é "menos" escandalosa...E em quarto lugar por procurarem escamotear o óbvio: esta exploração desenfreada é fruto do sistema capitalista em que vivemos, em que o lucro tudo comanda, mesmo que à custa do espezinhamento da dignidade humana.

Idêntica situação se vive no Qatar, onde verdadeiros prodígios da arquitetura são construídos com base em idêntica exploração de cidadãos imigrantes dos mesmos países dos de Odemira. Sendo que, segundo dados fidedignos, já morreram mais de 6500 trabalhadores em acidentes de trabalho na construção das infraestruturas para o Mundial de Futebol de 2022 - a que assistiremos impávidos e serenos, apenas se tendo ouvido a voz crítica da seleção da Noruega, que apelou mesmo ao boicote (mas os interesses económicos impedi-lo-ão...).

Interesse económico de alguns que se sobrepõe, também, aos interesses da Humanidade. Como o prova a vergonhosa posição da União Europeia contra o levantamento das patentes das vacinas para a covid-19, apesar dos atrasos nas entregas e de milhões de cidadãos espalhados pelo Mundo não terem acesso às mesmas!

*Engenheiro

Pandemia | Grita-se de alegria na Europa e de desespero na Índia

Enquanto a Europa avança no desconfinamento - com o fim do estado de emergência em Espanha e o relaxamento das restrições na Alemanha, por exemplo -, na Ásia, a Índia continua imersa numa situação trágica, com mais de 4000 mortes num só dia devido à covid-19.

A Espanha comemorou nas ruas o fim do estado de emergência, que, em muitas regiões, também significou o fim do recolher obrigatório que prevalecia há meses, num país conhecido pela agitada vida noturna.

Gritos, aplausos, música e, até, fogo de artifício explodiram em Barcelona quando os relógios marcaram meia-noite e centenas de jovens foram à praia, onde se improvisou uma festa. "Parece que é fim de ano", disse Oriol Corbella, de 28 anos.

Com exceção do Natal, quando as restrições foram atenuadas durante alguns dias para permitir reuniões familiares, os espanhóis não podiam deixar as respetivas regiões desde o início do estado de emergência, no final de outubro.

Com quase 79 mil mortes e 3,5 milhões de infeções, a Espanha foi um dos países mais atingidos pelo novo coronavírus na Europa.

A crise de COVID-19 já deixou muitas crianças com fome nos EUA

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Lauren BauerO Projeto Hamilton | Global Research, 09 de maio de 2021

Desde o início da pandemia COVID-19, a insegurança alimentar aumentou nos Estados Unidos. Isso é particularmente verdadeiro para famílias com crianças pequenas.

Documento novas evidências de duas pesquisas nacionalmente representativas que foram iniciadas para fornecer estimativas atualizadas das consequências da pandemia COVID-19, incluindo a incidência de insegurança alimentar. A insegurança alimentar ocorre quando uma família tem dificuldade em fornecer alimentos suficientes devido à falta de recursos.

A Pesquisa de Impacto COVID e a Pesquisa de Iniciativa do Projeto Hamilton / Futuro da Classe Média de Mães com Filhos Pequenos fizeram perguntas validadas retiradas do questionário de segurança alimentar do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no final de abril de 2020. [1] As famílias e as crianças são consideradas em insegurança alimentar se o entrevistado indicar que as seguintes afirmações são frequentemente ou às vezes verdadeiras:

A comida que comprávamos simplesmente não durava e não tínhamos dinheiro suficiente para conseguir mais.

As crianças da minha casa não comiam o suficiente porque não podíamos comprar comida suficiente.

Para comparar as estimativas de insegurança alimentar de abril de 2020 com estatísticas de pontos de tempo anteriores, eu uso as mesmas perguntas listadas acima para replicar esses resultados com o Current Population Survey Food Security Supplement (FSS), a fonte das estatísticas oficiais de insegurança alimentar do USDA. [2]

A Figura 1 ilustra os altos níveis de insegurança alimentar observados no Inquérito de Impacto COVID e no Inquérito a Mães com Filhos Pequenos. No final de abril, mais de um em cada cinco lares nos Estados Unidos, e dois em cada cinco lares com mães com filhos de 12 anos ou menos, tinham insegurança alimentar. Em quase um em cada cinco lares de mães com filhos de 12 anos ou menos, as crianças viviam em situação de insegurança alimentar.

As taxas de insegurança alimentar observadas em abril de 2020 também são significativamente mais altas do que em qualquer ponto para o qual existem dados comparáveis ​​(2001 a 2018; Figura 2). Olhando ao longo do tempo, especialmente para o aumento relativamente pequeno da insegurança alimentar infantil durante a Grande Recessão, é claro que as crianças pequenas estão experimentando uma situação de insegurança alimentar sem precedentes nos tempos modernos.

A sociedade americana dividida pela supremacia branca

David Chan* | Plataforma | opinião

Casos como o de George Floyd continuam a acontecer, estando os problemas raciais dos Estados Unidos enraizados na sociedade, especialmente entre forças policiais com autoridade pública.

Apenas meia hora depois deste julgamento, uma rapariga afro-americana foi morta por um polícia em Ohio, e nem 24 horas depois outro homem afro-americano faleceu, vítima de brutalidade policial na Carolina do Norte. 

São frequentes as mortes de afro-americanos vítimas de força policial, refletindo um problema grave da sociedade americana, um lugar onde supostamente pessoas de várias etnias, tons de pele, falantes de várias línguas, vivem em harmonia num país democrático. Todavia, os EUA foram originalmente uma colónia criada por brancos vindos de fora, e após a criação do país estes desenvolveram um sentimento de superioridade. O conceito de supremacia branca é altamente popular entre esta parte da população, e embora o país reprove abertamente a discriminação racial e este movimento, a ideia de que a população branca nasceu para dominar o mundo, que são a raça superior, é tão intrínseca aos EUA que dificilmente será erradicada. 

O tratamento policial de suspeitos criminais também varia conforme a sua cor. Negros e outras etnias aos olhos da população americana branca são de estatuto inferior, associados a criminosos. Mesmo que o país se oponha à discriminação racial, estes incidentes são ainda comuns, sendo o assassinato de George Floyd apenas um exemplo entre os piores.

Independentistas na Escócia vencem eleições e exigem referendo sobre independência

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Stuart Graham e Pauline Froissart*

Fortalecida pela vitória de seu partido nas eleições locais, a primeira-ministra pró-independência da Escócia, Nicola Sturgeon, pediu a Boris Johnson neste sábado (8) que não se oponha à “vontade” do povo escocês em realizar um referendo de autodeterminação.

Faltando apenas uma cadeira para ter maioria absoluta, o SNP de Sturgeon ganhou um quarto mandato com 64 cadeiras de 129 no Parlamento escocês, de acordo com os resultados finais divulgados neste sábado.

Os verdes, também a favor da separação do Reino Unido, conquistam oito cadeiras, representando uma maioria a favor da independência, e conseguiram impedir o crescimento do novo partido Alba, do ex-primeiro-ministro escocês e ex-líder do SNP, Alex Salmond, que se tornou um ferrenho opositor de Sturgeon, mas que não obteve um assento sequer no Parlamento. Os conservadores do primeiro-ministro britânico ficaram em segundo, elegendo 31 parlamentares.

Os partidários da independência escocesa reivindicam uma maioria no Parlamento local em favor da separação de seu país do Reino Unido, o que segundo deles obriga Londres a aceirar o novo referendo de autonomia rejeitado por Johnson.

“O povo da Escócia votou para dar maioria aos partidos independentistas no Parlamento escocês”, declarou Sturgeon aos simpatizantes.

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