Martinho Júnior, Luanda
POR ARRASTO TODA A ÁFRICA AUSTRAL ESTÁ A FICAR UM PROTECTORADO DILECTO DA ARISTOCRACIA FINANCEIRA MUNDIAL
Na África do Sul, com o fim do “apartheid” institucional a coincidir com a ascensão do capitalismo neoliberal em “mãos ultra-livres”, as elites globais actuavam na guerra como na paz ainda sob o signo de Cecil John Rhodes, mais de um século após seu desaparecimento físico e partiam para um “apartheid” económico e social expansivo, de longa duração, buscando num ecoturismo sem limites os tão brilhantes como artificiosos lucros das indústrias da paz nos maiores ermos da Terra, onde a sul um dia esconderam suas bombas atómicas, com as quais pretendiam parar os ventos da história com a loucura alucinante e fascista de suas pérfidas mãos!
Assim brilha o cartel elitista em nossos dias, abrindo espaços transfronteiriços aos Parques Naturais de Paz, conformes à Fundação que lhe dá nome, corpo e regra, abrindo para sua saciedade o “novo” Protectorado-eldorado do Botswana!...
… O Protectorado da Bechuanalândia ficava no caminho da British South Africa Company e da aspiração colonial do imperialista e impulsionador do cartel de diamantes que foi Cecil John Rhodes…
Estava ali à mão de semear, imediatamente a norte do Cabo Ocidental, onde seu génio um dia floresceu e era um portentoso país de miragens abissais, mátria das águas interiores que escorriam languidamente do norte, do interior profundo do planalto angolano e da voragem própria de um dos mais escaldantes desertos da Terra que ascendia desde o sul, reflectindo as profundezas atlânticas da Corrente Fria de Benguela…
A água perdia-se num delta asfixiado, impotente para vencer a contrariedade desse deserto quase intransponível e a vida jogava-se sempre assim, milenarmente, naquele país de choque, entre água e fogo!
Nessa solidão carregada de enigmas, os próprios autóctones bosquímanos eram os povos mais esquecidos e enigmáticos do planeta, miragens fugidias que conseguiam sobreviver refugiando-se das migrações de outros povos ali onde nada atrai os outros seres humanos e descobrindo os mais secretos frutos do deserto que foram herdados de geração em geração, quiçá desde o berço da própria humanidade!...
… Os mesmos interesses, indexados também hoje à aristocracia financeira mundial, tornaram o Botswana no Protectorado-eldorado ideal das elites reitoras do “apartheid” económico e social que se distende por toda a África Austral e Central em pleno século XXI… nem os bosquímanos puderam continuar a sua saga milenar, por mais enigmática que ela culturalmente seja nos destinos também cada vez mais irracionalmente enigmáticos da humanidade!
A transitoriedade humana do coronel Jan Breytenbach, entre guerra e paz, não é uma transitoriedade pessoal, é a força do cartel que bebeu a força do choque que levou ao carbono puro!...
Se antes ele foi um dos criadores das unidades mais ferozes do “apartheid” implicadas numa “border war” de contornos tão absurdos como os enigmas do próprio deserto, na paz ele tornou-se num doa advogados dos Parques Transfronteiriços, arrastando consigo a saga dos seus apaniguados e deixando pelo caminho todos os que não se quiseram num dia aziago “converter”!...