sábado, 20 de novembro de 2021

BOTSWANA, O PROTECTORADO DAS ELITES GLOBAIS

Martinho Júnior, Luanda

POR ARRASTO TODA A ÁFRICA AUSTRAL ESTÁ A FICAR UM PROTECTORADO DILECTO DA ARISTOCRACIA FINANCEIRA MUNDIAL

Na África do Sul, com o fim do “apartheid” institucional a coincidir com a ascensão do capitalismo neoliberal em “mãos ultra-livres”, as elites globais actuavam na guerra como na paz ainda sob o signo de Cecil John Rhodes, mais de um século após seu desaparecimento físico e partiam para um “apartheid” económico e social expansivo, de longa duração, buscando num ecoturismo sem limites os tão brilhantes como artificiosos lucros das indústrias da paz nos maiores ermos da Terra, onde a sul um dia esconderam suas bombas atómicas, com as quais pretendiam parar os ventos da história com a loucura alucinante e fascista de suas pérfidas mãos!

Assim brilha o cartel elitista em nossos dias, abrindo espaços transfronteiriços aos Parques Naturais de Paz, conformes à Fundação que lhe dá nome, corpo e regra, abrindo para sua saciedade o “novo” Protectorado-eldorado do Botswana!...

… O Protectorado da Bechuanalândia ficava no caminho da British South Africa Company e da aspiração colonial do imperialista e impulsionador do cartel de diamantes que foi Cecil John Rhodes…

Estava ali à mão de semear, imediatamente a norte do Cabo Ocidental, onde seu génio um dia floresceu e era um portentoso país de miragens abissais, mátria das águas interiores que escorriam languidamente do norte, do interior profundo do planalto angolano e da voragem própria de um dos mais escaldantes desertos da Terra que ascendia desde o sul, reflectindo as profundezas atlânticas da Corrente Fria de Benguela…

A água perdia-se num delta asfixiado, impotente para vencer a contrariedade desse deserto quase intransponível e a vida jogava-se sempre assim, milenarmente, naquele país de choque, entre água e fogo!

Nessa solidão carregada de enigmas, os próprios autóctones bosquímanos eram os povos mais esquecidos e enigmáticos do planeta, miragens fugidias que conseguiam sobreviver refugiando-se das migrações de outros povos ali onde nada atrai os outros seres humanos e descobrindo os mais secretos frutos do deserto que foram herdados de geração em geração, quiçá desde o berço da própria humanidade!...

… Os mesmos interesses, indexados também hoje à aristocracia financeira mundial, tornaram o Botswana no Protectorado-eldorado ideal das elites reitoras do “apartheid” económico e social que se distende por toda a África Austral e Central em pleno século XXI… nem os bosquímanos puderam continuar a sua saga milenar, por mais enigmática que ela culturalmente seja nos destinos também cada vez mais irracionalmente enigmáticos da humanidade!

A transitoriedade humana do coronel Jan Breytenbach, entre guerra e paz, não é uma transitoriedade pessoal, é a força do cartel que bebeu a força do choque que levou ao carbono puro!...

Se antes ele foi um dos criadores das unidades mais ferozes do “apartheid” implicadas numa “border war” de contornos tão absurdos como os enigmas do próprio deserto, na paz ele tornou-se num doa advogados dos Parques Transfronteiriços, arrastando consigo a saga dos seus apaniguados e deixando pelo caminho todos os que não se quiseram num dia aziago “converter”!...

ALEMANHA ENFRENTA “EMERGÊNCIA NACIONAL” DE COVID - 19

# Publicado em português do Brasil

Ministro da Saúde alerta para piora da pandemia no país e não descarta imposição de um novo lockdown. Quarta onda elevou as infecções a níveis recordes, e vários hospitais estão à beira do colapso, dizem autoridades.

O ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, afirmou que a situação da covid-19 piorou na última semana e agora está ainda "mais séria do que na semana passada", alertando que o país enfrenta "uma emergência nacional" em relação à pandemia.

Questionado sobre a possibilidade de o governo impor um novo lockdown a toda a população, ele respondeu: "Estamos em uma situação na qual não podemos descartar nada."

As declarações nesta sexta-feira (19/11) vêm no dia em que a câmara alta do Parlamento alemão, o Bundesrat, aprovou um novo pacote contra a pandemia elaborado pela provável futura coalizão governamental, um dia depois de a câmara baixa ter dado luz verde às regras.

A lei inclui medidas como a obrigatoriedade de apresentação do certificado de vacinação ou teste negativo no trabalho e em transportes públicos, assim como a recomendação expressa para a prática de home office, sempre que possível.

Spahn falava em uma coletiva de imprensa ao lado de Lothar Wieler, chefe da agência governamental de controle e prevenção de doenças, o Instituto Robert Koch (RKI).

Wieler também pintou um quadro dramático da situação da covid-19, apontando que mais de um quarto dos distritos do país apresenta uma taxa de incidência maior que 500 novas infecções por 100 mil habitantes nos últimos sete dias, e que muitos hospitais estão à beira do colapso. "Precisamos virar a maré. Realmente não temos tempo a perder."

O chefe do RKI ainda destacou a importância da vacinação, num momento em que a Alemanha apresenta uma das menores taxas de vacinação da Europa Ocidental. "As vacinações estão funcionando muito, muito bem", disse. "Precisamos fechar as lacunas de vacinação agora."

Pesquisador denuncia sobre integridade de dados no ensaio de vacina da Pfizer

# Publicado em português do Brasil

Paul D Thacker* | BMJ - British Medical Journal - em 2 de novembro de 2021

Revelações de práticas inadequadas em uma empresa de pesquisa contratada ajudando a realizar o ensaio principal da vacina covid-19 da Pfizer levantam questões sobre a integridade dos dados e supervisão regulatória. Relatórios.

No outono de 2020, o presidente e executivo-chefe da Pfizer, Albert Bourla, divulgou uma carta aberta a bilhões de pessoas ao redor do mundo que estavam investindo suas esperanças em uma vacina covid-19 segura e eficaz para acabar com a pandemia. “Como eu disse antes, estamos operando na velocidade da ciência”, escreveu Bourla, explicando ao público quando eles poderiam esperar que uma vacina da Pfizer fosse autorizada nos Estados Unidos. 1

Mas, para os pesquisadores que estavam testando a vacina da Pfizer em vários locais no Texas durante aquele outono, a velocidade pode ter custado a integridade dos dados e a segurança do paciente. Um diretor regional que trabalhava na organização de pesquisa Ventavia Research Group disse ao BMJ que a empresa falsificou dados, pacientes não cegos, empregou vacinadores inadequadamente treinados e demorou a acompanhar os eventos adversos relatados no estudo principal de fase III da Pfizer. Os funcionários que realizaram verificações de controle de qualidade ficaram sobrecarregados com o volume de problemas que estavam encontrando. Depois de notificar repetidamente a Ventavia sobre esses problemas, o diretor regional, Brook Jackson, enviou uma reclamação por e-mail ao US Food and Drug Administration (FDA). Ventavia a despediu mais tarde no mesmo dia. Jackson forneceu o BMJ com dezenas de documentos internos da empresa, fotos, gravações de áudio e e-mails.

Mário Nogueira | Professores: SOBRE A GREVE ÀS HORAS EXTRAORDINÁRIAS

PORTUGAL

A “solução” para o problema de uma ou duas turmas sem aulas vai fazer com que, num número crescente de casos, fiquem seis ou sete sem professor.

Mário Nogueira* | Público | opinião

A greve às horas extraordinárias convocada pela Fenprof não se centra nos direitos socio-laborais dos professores. Aliás, o problema não será, em regra, a ilegalidade, mas uma orientação do Ministério da Educação (ME) que terá graves consequências também para os alunos, pois o número dos que não têm aulas poderá crescer! É preciso, isso sim, obrigar o ME a tomar medidas que facilitem a contratação de professores para os horários vagos!

A falta de professores qualificados é um problema com gravidade acrescida, mas não é um problema de hoje. Ao longo dos seis anos em que o atual ministro ocupou o cargo, a Fenprof, mas, também o Conselho Nacional de Educação (CNE), a Direção-Geral de Estatísticas da Educação, a Comissão Europeia, a OCDE e a comunicação social alertaram para o problema. O ministro não o considerou e desvalorizou, afirmando serem situações pontuais, as que eram relatadas.

Tentando encontrar respostas, no início do ano letivo transato, a Fenprof apresentou propostas ao ministro. Disponibilizou-se para as discutir. Visavam situações imediatas, mas, também, a médio e longo prazo, tendo em conta os números que, como afirmava o CNE no relatório Estado da Educação 2020, eram não só reveladores do problema, como assustadores. O ministro não se dignou, sequer, acusar a receção das propostas.

Nas propostas da Fenprof, destacavam-se: a possibilidade de as escolas completarem os horários, o que também seria importante, face à necessidade de recuperação de défices de aprendizagem provocados pela pandemia; o fim dos prejuízos impostos aos professores contratados determinados pela forma penalizadora como são declarados os dias de trabalho à segurança social; alterações ao regime de ingresso nos quadros (norma-travão), no sentido de horários incompletos ou temporários relevarem para a vinculação; possibilidade de recrutamento de candidatos com habilitação própria, em caso de escassez de profissionalizados, com a exigência de, pretendendo optar pela docência, se profissionalizarem no prazo máximo de seis anos (com o ME a garantir o processo); recurso à atribuição de horas extraordinárias, mas dependente da aceitação do docente.

Salário médio de um quarto da função pública está colado ao novo salário mínimo

PORTUGAL

O grande contingente de trabalhadores públicos, os assistentes operacionais, ganha agora em média apenas mais 1,20 euros do que o salário mínimo do próximo ano. Pessoal da saúde, bombeiros e investigadores também pouco descolam das bases remuneratórias.

salário base médio de praticamente um quarto dos trabalhadores da função pública ficou, em julho deste ano, a apenas um euro e 20 cêntimos daquele que será o valor do salário mínimo nacional no próximo ano: 705 euros. Os assistentes operacionais - um contingente de mais de 167 mil trabalhadores públicos, equivalente a 23% do total - recebiam em média 706,2 euros, naquelas que são, no conjunto do setor público, as remunerações que menos descolam da base salarial.

A evolução do salário mínimo nacional tem significado, nos últimos anos, suporte de ganhos salariais percentualmente mais elevados para este grupo de trabalhadores, face àquela que é a estagnação generalizada das remunerações da função pública. Desde 2011, os salários dos funcionários públicos foram atualizados em apenas 0,3% em 2020, mas para coveiros, trabalhadores do lixo, auxiliares de escolas e de hospitais, entre outros operacionais, o salário base subiu desde então dos 485 aos 665 euros. São mais 37%, ou 180 euros, que se ampliarão já no próximo ano com um incremento adicional de 6% (40 euros).

No mesmo período, o salário médio destes trabalhadores cresceu 13%, ou 80 euros, face aos 626,1 euros registados pela Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) em outubro de 2011.

Maria Caetano, Dinheiro Vivo | em Diário de Notícias

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Portugal | ESTAGNAÇÃO É INSTABILIDADE

Carvalho da Silva* | Jornal de Notícias | opinião

Quando um país estagna e a sociedade se acomoda ou fica manietada, as instabilidades na vida das pessoas não param de crescer. Infelizmente, Portugal é, no plano económico, mas também em várias áreas do social ou da cultura, um país estagnado há já bastante tempo: apenas pontualmente se tem conseguido sacudir essa estagnação. Agora, nestes meses de aproximação às eleições legislativas de 30 de janeiro vamos ouvir insistentes proclamações de que tudo se resolverá com estabilidade política.

A estabilidade é importante em Democracia, se ancorada em programas de governação dirigidos à resolução dos problemas das pessoas e da sociedade, nos diversos espaços e patamares da sua organização e funcionamento. E nunca dispensa a participação das instituições de intermediação e a mobilização dos cidadãos.

O Governo PSD/CDS, entre 2011 e 2015, dispunha de uma maioria parlamentar - que os defensores da estabilidade como valor absoluto tanto anseiam - e dispunha ainda de apoio pleno da União Europeia. Contudo, a vida da grande maioria dos portugueses degradou-se e instabilizou-se. Porquê? Exatamente porque aquela maioria política foi utilizada para aprofundar e instituir desigualdades, para sacrificar os mais frágeis, para fazer baixar o patamar de desenvolvimento do país. Como anunciavam, a recuperação ia acontecer, só que já a partir de uma mais injusta estrutura de criação e distribuição da riqueza.

Em regra, os que defendem o Bloco Central como garante de estabilidade não dizem ao que vêm no plano programático. Exijamos-lhe clareza. O baixo nível salarial, as contradições atuais do "mercado de emprego" e a precariedade são a ponta do iceberg, de um perfil da economia que alimenta a estagnação. O setor do turismo, por exemplo, ao mesmo tempo que projetou o país como destino turístico, desregulamentou-se, utilizou qualificações sem contrapartidas, generalizou retribuições com uma grande parte à margem do salário declarado. Quando a crise chegou, os apoios a milhares e milhares desses trabalhadores eram tão baixos que os fez cair na pobreza e os leva hoje a fugir do setor. O Bloco Central faz de conta e convoca o milagre da bazuca. É assim com a saúde, o ensino, a habitação. Consideram a atualização do SMN radical, mas o custo médio mensal de uma habitação de 80 m2 na região de Lisboa equivale a 85% do seu valor.

Em 2015 os compromissos entre as forças da Esquerda, plasmados num programa mínimo de resposta a problemas mais gritantes, confirmou-se como solução política mobilizadora e geradora de estabilidade para milhares e milhares de famílias. Até os empresários expressaram significativos índices de confiança. Foi uma das soluções políticas mais estáveis da Democracia. As suas debilidades foram surgindo em resultado da falta de programa político consistente e porque parte dos governantes se especializaram em empurrar os problemas com a barriga, em vez de os encararem para resolução.

A generalidade das sondagens divulgadas ultimamente vai confirmando a persistência, no nosso país, de uma maioria sociológica e política de Esquerda. Neste quadro, cabe às forças da Esquerda a responsabilidade de se articularem na construção do programa político e na definição da forma de governar que vença medos, que seja ofensiva no quadro da União Europeia ganhando espaço para objetivos nacionais, que mobilize a sociedade para as transformações necessárias.

*Investigador e professor universitário

Portugal hoje: CGTP EM MANIFESTAÇÃO NACIONAL "AVANÇAR É PRECISO!"

Manifestação este sábado: CGTP espera milhares nas ruas em luta por melhores salários e melhor vida

A CGTP prevê a participação de milhares de trabalhadores de todo o país na manifestação nacional que se realiza este sábado, em Lisboa, pelo aumento geral dos salários e por melhores condições de vida e de trabalho. Uma das reivindicações do desfile que decorrerá entre a Praça do Marquês de Pombal e os Restauradores é a fixação do salário mínimo em 850 euros

A CGTP prevê a participação de milhares de trabalhadores de todo o país na manifestação nacional que se realiza este sábado em Lisboa, pelo aumento geral dos salários e por melhores condições de vida e de trabalho.

"Avançar é Preciso! Aumento geral dos salários - 35 horas para todos - erradicar a precariedade -- Defender a contratação coletiva", é o lema da manifestação que decorrerá entre o Marquês de Pombal e os Restauradores.

A CGTP marcou este protesto porque considera "urgente dar resposta às reivindicações dos trabalhadores, do sector público e do privado, resolvendo os problemas estruturais do mundo do trabalho - há muito identificados -, e cuja resolução se tem arrastado ao longo dos anos - baixos salários, precariedade, desregulação dos horários, normas gravosas da legislação laboral, entre outros".

Segundo a central sindical, a situação atual "exige a adoção de uma política que valorize o trabalho e os trabalhadores, nomeadamente com o aumento geral dos salários e das pensões, a valorização das carreiras e profissões, a erradicação da precariedade, as 35 horas para todos sem redução de salário e o combate à desregulação dos horários, a revogação das normas gravosas da legislação laboral".

Por todos estes motivos, são esperados "muitos milhares de trabalhadores na manifestação nacional, para exigir um novo rumo para o país", disse à agência Lusa Ana Pires, da Comissão Executiva da Intersindical.

"Esperamos a adesão de trabalhadores de todos os setores e distritos, porque foi feita uma mobilização com base nos problemas laborais vividos em cada empresa ou local de trabalho", afirmou Ana Pires.

A CGTP reivindica um aumento de 90 euros para todos os trabalhadores e a fixação de 850 euros para o salário mínimo nacional a curto prazo como forma de fomentar o crescimento económico.

Os participantes na manifestação de sábado vão desfilar entre a praça Marquês de Pombal e a dos Restauradores, onde a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, fará a sua intervenção político-sindical.

Expresso | Lusa

SE QUER EVITAR O APOCALIPSE JOGUE NA BOLSA DO CLIMA

Não é novidade que os grandes senhores do capitalismo deitaram as mãos à suposta luta contra as alterações climáticas, vendo nela grandes oportunidades de negócio.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

Cumpriu-se o ritual. A Cimeira das Partes (COP) das Nações Unidas sobre as alterações climáticas reuniu-se este ano em Glasgow com o número de série 26. Não faltaram as pompas e solenidades, nem os discursos dos grandes líderes da humanidade e do mundo repletos de promessas garantindo um clima paradisíaco para lá de 2050. Quanto aos resultados, em relação às alterações climáticas asseguram um pouco mais do mesmo. Mas há quem não possa queixar-se: a grande finança internacional afia as farras para se deliciar e especular com aquilo a que convencionou chamar-se a «transição energética». E nisso a COP ajudou-a.

Já com os trabalhos da cimeira em fase final, o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) afirmou que os compromissos assumidos na Escócia não servirão para travar o aumento de temperatura do planeta – afinal, o grande objectivo que estaria supostamente em causa. Segundo as estimativas desta entidade, que desempenha um papel determinante na organização das COP, por este caminho a temperatura da Terra aumentará numa faixa entre 2,7 e 2,1 graus centesimais até 2100, provocando a chamada «catástrofe climática» inerente ao aquecimento global.

Antes da reunião de Glasgow, sempre segundo o PNUA, as previsões estavam entre 2,7 e 2,2. Tanto fausto, tantas promessas para um eventual ganho de um décimo de grau que, segundo os entendidos, não chegará para evitar o «apocalipse». Sendo que estes valores estão bastante acima das metas estabelecidas na tão incensada COP de Paris, em 2015: uma subida máxima de dois graus, de preferência 1,5 graus.

Entretanto, segundo o PNUA, a concentração de gases de efeito de estufa, considerada a grande responsável pelo aquecimento global, atingiu um valor recorde em 2020. Em 2020, imagine-se – apesar de ser o ano em que a actividade económica desacelerou brutalmente devido à pandemia...

O que parece ter acontecido para ditar o fracasso dos objectivos de Paris, apesar de já terem passados seis anos, é que não se cumpriram os pressupostos tecnológicos em que as previsões assentavam. Situação que parece não ter-se alterado de então para cá.

No início deste ano, o ex-secretário de Estado da administração norte-americana de Obama, John Kerry, que veio a ser o principal operacional da delegação dos Estados Unidos em Glasgow, afirmou que «50% das reduções que temos de fazer para chegar à neutralidade de carbono em 2050 virão de tecnologias que ainda não temos, mas veja-se o que fizemos para impulsionar a criação de vacinas, veja-se o que fizemos para ir à Lua, veja-se o que fizemos para inventar a internet». Por isso, acrescentou o representante norte-americano já na Cimeira, «não há necessidade de acção política» para «fechar a produção», por exemplo, de combustíveis fósseis – cuja utilização é considerada incompatível com um verdadeiro combate às alterações climáticas.

Os ambientalistas do PNUA parecem não partilhar da visão cor-de-rosa e voluntarista de Kerry. E consideram: «Dada a falta de transparência dos compromissos de neutralidade de carbono, a ausência de um mecanismo de responsabilização e de um sistema de verificação (…) a realização destes objectivos de neutralidade de carbono permanece incerta».

Em suma, as COP mantêm-se pouco convincentes em matéria de travagem da temperatura global porque esta depende de promessas não verificáveis e pouco consistentes dos principais dirigentes mundiais, flutuando ao sabor dos interesses que na realidade representam, entre eles o das poderosas indústrias de combustíveis fósseis.

O CAOS NA EUROPA ORIENTAL NÃO ATENDE AOS INTERESSES DE PUTIN

O caos na Europa Oriental não atende aos interesses de Putin, ao contrário do que afirma a CNN

# Publicado em português do Brasil 

Andrew Korybko* | One Word

A CNN está completamente errada ao afirmar que 'o caos na Europa Oriental nunca é uma má notícia para Vladimir Putin'.

A CNN publicou um artigo na terça-feira intitulado “ Por que o caos na Europa Oriental nunca é uma má notícia para Vladimir Putin ”. Ele apresenta uma interpretação conspiratória dos eventos recentes alegando que o líder russo está explorando a crise migratória do Leste Europeu - talvez até puxando os cordões do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko (que é acusado pelo Ocidente de orquestrá-la) - e potencialmente conspirando para invadir a Ucrânia. De acordo com o veículo, ele está fazendo isso por prestígio e para dividir a UE.

Alguns esclarecimentos são necessários antes de explicar por que esse não é o caso. A crise dos migrantes da Europa Oriental deve suas origens às guerras do Ocidente lideradas pelos Estados Unidos desde o início deste século, que destruíram vários países de maioria muçulmana e criaram as condições para êxodos em grande escala deles, seja para fugir de conflitos como refugiados ou para ter um chance de uma vida melhor como migrantes econômicos. O Ocidente também sancionou a Bielo-Rússia após as eleições do ano passado, como parte de sua campanha de mudança de regime contra ela.

A FORMA DE UM POTENCIAL ACORDO EUA-CHINA

# Publicado em português do Brasil

A redução das tarifas da era Trump sobre as importações chinesas pode fazer com que Pequim afrouxe a política monetária e alivie a inflação galopante nos EUA

David P. Goldman | Ásia Times

Depois que os presidentes Joe Biden e Xi Jinping deram um tom construtivo - se não conciliador - na reunião virtual de segunda-feira, o vice-presidente da China, Wang Qishan, disse em uma conferência por vídeo em Cingapura na semana passada que “a China não pode se desenvolver isolada do mundo e nem o mundo pode se desenvolver sem a China. ”

As observações de Wang em seu discurso de abertura no Fórum da Nova Economia da Bloomberg evidentemente ofereceram uma resposta às percepções ocidentais de que a China havia voltado a ser uma espécie de autarquia maoísta. Pelo contrário, “a China não vacilará em sua determinação de aprofundar a reforma e expandir a abertura”, disse Wang. “No futuro, a China manterá seus braços abertos, fornecerá mais investimentos de mercado e oportunidades de crescimento para o mundo”.

O ex-secretário do Tesouro dos EUA, Hank Paulson, que administrou a crise financeira de 2008 com a ajuda de Wang, disse na mesma conferência: "A dissociação financeira no atacado" entre os EUA e a China "é impossível, e a dissociação parcial provavelmente tornará os EUA, a China e os mundo mais suscetível a crises financeiras. É crucial ter um mecanismo para a coordenação da primeira e da segunda maiores economias do mundo, pois esta é a única maneira de apagar o próximo grande incêndio financeiro e econômico. ”

O ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger, também falando em uma conexão de vídeo, disse que as relações EUA-China estão “em um precipício no qual você pode olhar em ambas as direções”.

Ele acrescentou que "ambos os lados devem adotar a visão de que um conflito entre grandes poderes técnicos de capacidades comparáveis ​​não deve ocorrer para a preservação da humanidade, e eles, portanto, têm que decidir que tentarão compor suas diferenças a um nível em que a coexistência torna-se não apenas possível, mas essencial. ”

“A opinião pública nos EUA mudou no sentido de olhar a China como rival”, acrescentou Kissinger. “A necessidade de ambos os lados é ver se, a partir dessa postura, eles podem passar para um padrão no qual as disputas sejam tentadas ser mitigadas e no qual eles percebam que um vencedor é possível sem o risco de destruir a humanidade.”

Uma importante assimetria caracterizou as declarações de palestrantes chineses e americanos no evento de Cingapura.

Cooperação entre a China e países lusófonos tem avançado apesar da epidemia

Cooperação económica e comercial entre a China e os países lusófonos tem avançado apesar da epidemia

# Publicado em português do Brasil

Segundo dados da Administração Geral das Alfândegas da China, o valor total das importações e exportações entre a China e os países lusófonos de janeiro a dezembro de 2020 atingiu 145,185 mil milhões de dólares - um decréscimo de 2,98% face ao ano transato. Entre eles, a China importou 101,949 bilhões de dólares de produtos dos países lusófonos, uma queda de 3,43% em termos anuais. O valor das exportações para os países lusófonos atingiu 43,236 bilhões de dólares, menos 1,88% face ao ano anterior.

O Diário do Povo Online entrevistou recentemente Wang Cheng’an, ex-secretário-geral do Fórum Económico e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa em Macau e especialista-chefe do Centro de Pesquisa sobre Países Lusófonos da Universidade de Economia e Negócios Internacionais.

Wang Cheng’an disse que o valor total das importações e exportações entre a China e os países lusófonos diminuiu, mas que a queda não é significativa. Mesmo sob o contexto da epidemia, o volume do comércio entre a China e os países lusófonos atingiu mais de 145 mil milhões de dólares, evidenciando a rígida procura do mercado entre a China e os países lusófonos.

Empresa chinesa produz comboios para projeto do metro português

# Publicado em português do Brasi

A CRRC Tangshan Co., Ltd., uma das maiores fabricantes de trens de alta velocidade da China, anunciou o início da produção de carruagens para o Metro do Porto, em Portugal.

De acordo com o acordo, assinado em janeiro de 2020, a empresa de Tangshan, no norte da China, na província de Hebei, vai produzir 18 metrôs, com 72 carruagens no total, fornecendo serviço de manutenção por 5 anos.

Com uma capacidade máxima de 346 passageiros em cada trem e uma velocidade máxima de 80 km por hora, os trens do metrô apresentam um design leve, baixo consumo de energia, baixo ruído e operação inteligente, segundo o fabricante.

"Vamos garantir a qualidade e controle de custos, e concluir o projeto com altos padrões e requisitos rígidos", disse Tan Mu, gerente geral da CRRC Tangshan.

A construção, que arrancou no dia 17 de novembro, assinala o primeiro projeto de um veículo ferroviário urbano chinês exportado para a UE.

Diário do Povo Online

Economia | “A missão não é somente promover Portugal na China”

A PorCham é resultado de “um processo de maturação de quase cinco anos”, explica Dário Silva, presidente do clube de negócios luso-chinês que inaugurou em Guangzhou no dia 11 de outubro, com 50 associados e um volume de negócios que totalizava, nessa altura, cerca de 2,5 mil milhões de euros. Hoje, aproximadamente um mês depois, já conta com mais 26 associados e cresce a uma velocidade vertiginosa. Aberto mais um capítulo em Xangai, com outras duas delegações em perspetiva até ao final do ano, a PorCham quer fazer tudo o que uma Câmara de Comércio faz e “mais o que eles não fazem”

Radicado na China há 14 anos, Dário Silva já tem “raízes bem implementadas” no país, como refere ao PLATAFORMA. A associação empresarial é o ponto de partida, pois o futuro visa a criação de uma Câmara de Comércio de Portugal na China, algo que nunca foi feito. No entanto, rapidamente se percebeu que o processo seria “bastante mais complexo do que se previa”, confessa. Sendo que não há precedente de criação de uma Câmara de Comércio, “a primeira tem de ser aprovada lá em cima, pelo Governo Central, e também pelo Estado português.”

“Num mercado como o chinês, tem sempre a ver com ultrapassar as burocracias inerentes ao processo”, explica o vice-presidente da PorCham, João Pedro Pereira. “Cada país tem a sua burocracia própria, os seus canais para reconhecer uma organização como esta, que pretende fomentar o desenvolvimento socioeconómico entre os dois países”, sumariza. O contexto bilateral exige que os dois estados a reconheçam, mas salienta que a PorCham “é uma organização de direito chinês.”

João Pedro Pereira: Fomos os primeiros europeus a chegar à China e há essa necessidade de retomarmos a relação multisecular.

“Não é nem vai ser uma organização de direito português, não tem qualquer ambição de ter escritório em Portugal. Há uma representação institucional em Portugal, que é feita por mim, mas não vamos fazer o recrutamento de associados em Portugal, pois entendemos que já existe uma Câmara de Comércio em funcionamento e não faria sentido. Queremos alargar a nossa presença na China para melhor favorecer a relação bilateral entre os países. Fomos os primeiros europeus a chegar à China e há essa necessidade de retomarmos a relação multisecular”, esclarece.

Para João, o contacto com a China é mais recente, com “cerca de ano e meio”, e começou pelo Consulado de Cantão. Pouco tempo depois, juntou-se a Dário na iniciativa. “Achei a ideia muito interessante. Temos o mesmo tipo de mindset”, assume.

Dado o processo moroso, decidiram dar os passos possíveis, e surge então o clube de negócios luso-chinês, “de forma a não perder as empresas interessadas em ser associadas”, continua.

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