sábado, 29 de janeiro de 2022

POLÍTICOS SEM MÍNIMOS OLÍMPICOS

Artur Queiroz*, Luanda

Sabem o que é Transparência internacional? Uma organização não-governamental que decide sobre o grau de corrupção dos países. Quem lhe deu esse poder? A Doutrina Truman, a CIA, o Pentágono e outras instituições adoradoras da paz, da liberdade e da democracia. Organizações mafiosas internacionais também se servem dessas armas de arremesso. 

Esta Transparência Internacional (TI) é dirigida por uma tal Delia Ferreira Rubio, uma senhora da Argentina que com mais uns quantos senhores argentinos gerem o negócio. A patroa é doutora pela Universidade Complutense de Madrid, fundada pelo cardeal Francisco Jiménez de Cisneros, em 1499. Coincidência: A escola nasceu em pleno reinado da Inquisição, que entre os séculos XV e XIX despachou milhares de desgraçadas e desgraçados, em fogueiras tenebrosas, mais tarde reproduzidas por Savimbi na Jamba. A propósito: Viram alguma classificação da Transparência Internacional quando Savimbi e os karkamanos roubavam os diamantes? Nada.

As Ilhas Seicheles são em África, segundo a Transparência Internacional, o país menos corrupto. Percebe-se porquê. Agricultura de subsistência, pesca artesanal e o resto é destino de férias para quem precisa de sacudir o peso da esquizofrenia do capitalismo que mata. A maior parte dos clientes pertence ao grupo dos matadores. A pobreza no país é generalizada e tem um dos níveis mais altos de desigualdade económica. Mais distribuição desigual de riqueza, com a classe dominante controlando toda a riqueza do país.

Cabo Verde é o segundo país menos corrupto de África. Nomeou cônsul em Miami, um dos financiadores do partido português Chega, racista e xenófobo. A polícia cabo-verdiana prendeu o diplomata Alex Saab porque, segundo o estado terrorista mais perigoso do mundo, é testa-de-ferro dos negócios do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Alex Saab foi preso em Cabo Verde e torturado por esbirros do estado terrorista mais perigoso do mundo, que se deslocaram à Cidade da Praia. Sujeito às mais terríveis sevícias e torturas, acabou por ser extraditado para os EUA. 

O Ministério da Justiça cabo-verdiano disse que recebeu garantias de que o diplomata “não será condenado a penas que não existam no ordenamento jurídico cabo-verdiano, designadamente a pena de morte, pena de prisão perpétua, a tortura, tratamento desumano, degradante ou cruel”. Garantias em dólares. Espera-se que com a eleição de José Maria Neves, Cabo Verde deixe de ser um estado às ordens do banditismo político internacional.

Em Cabo Verde, a corrupção tem uma dimensão diferente. Uma coisa são os milhões do petróleo, outra são as pedras lascadas, o vento leste, a desertificação e a falta de água. Mas como dizia Confúcio, quando não houver mais nada para vender, temos sempre a honra e o corpo para a troca. Atenção, atenção, senhor ministro do Ambiente. Um professor universitário quer vender ao Estado um sistema de tirar o sal à água.

Não vá a corrupção toldar os espíritos e apagar memórias, cumpre-me o doloroso dever de informar que Angola deve ser o país do mundo com mais água doce. Muitos rios e sua rede de alimentação (riachos), lagoas aos milhares, pântanos a mais, fontes, mananciais, mães de rios pequenos, médios, grandes e gigantes. O senhor professor pode vender o sistema de dessalinização a Cabo Verde, mas cuidado, naquelas paragens não há corrupção. Comissões por baixo da mesa, nunca, jamais, em tempo algum. Garantia da Transparência Internacional da Delia Ferreira Rubio. Esta simpática ONG tem um papel que reputo da maior importância. É concorrente da Maka Angola na corrida aos dólares da corrupção. 

Lembrança. O sistema de democracia representativa pendurada na economia de mercado só funciona se a maquineta receber ao mesmo tempo os combustíveis, exploração de quem trabalha, corrupção e roubo, que pode ir até às formas violentas de latrocínio, como fez a UNITA de Jonas Savimbi durante anos, no que concerne aos diamantes de sangue. Se ouvirem falar em combate à corrupção enquanto vivermos neste sistema, riam-se muito porque é apenas uma anedota. E se a malta rir, os cómicos continuam a contar a anedota e não nos fazem maldades. Porque eles são capazes de tudo para manterem o regime de capitalismo que mata. Sei do que falo.

A política sem inteligência é um perigo porque pode descambar para situações muito problemáticas, mesmo quando nos acenam com os benefícios da democracia representativa. Um alto dirigente do MPLA (não refiro o seu nome para ele não ser perseguido) disse esta coisa muito simples: O diálogo só é possível com quem respeita as instituições democráticas e os titulares dos órgãos de soberania. É difícil, perceber isto? Não me parece.

A UNITA vive da falta de respeito pelas instituições democráticas. Insulta titulares dos órgãos de soberania. Só pode falar com o Bloco Democrático que, pelos vistos, é apenas o Filomeno Vieira Lopes. Justino Pinto de Andrade está no Beiral e agora aquilo é zero vírgula menos um. Chivukuvuku está com problemas nos negócios, parece que tem de restituir uns milhões surripiados aos cofres da CASA-CE. Confidenciou aos amigos que se for votar, põe duas cruzes no quadrado do MPLA. Ou mais. 

Quem quer andar no espaço público, seja como político ou noutra qualquer actividade, tem que cumprir os mínimos. As atletas e os atletas só vão aos Jogos Olímpicos quando atingem marcas mínimas. Abaixo dessas fasquias, ficam em casa. Se as direcções da UNITA e do Bloco Democrático não conseguem os mínimos, não podem andar na política. Um dos parâmetros é o civismo. Não têm os mínimos. Outro parâmetro é disponibilidade para o serviço público. Não têm. Nem sabem o que isso significa. Outro critério, mais importante do que todos os outros, é serem angolanos e terem orgulho na sua nacionalidade. Sinceramente, Adalberto, Filomeno e Chivukuvuku, tantos lhes dá serem angolanos, portugueses ou checoslovaquianos. 

Agostinho Neto, em Janeiro de 1977 lançou a moeda nacional Kwanza. Os quer ficaram com milhões de escudos em casa sem qualquer valor, ficaram tao furiosos que quatro meses depois desencadearam um golpe de estado para matá-lo e acabar com a Revolução Angolana. Nessa ocasião, o nosso eterno líder disse esta coisa simples: Temos de pensar à angolana. Muitos ouviram-no e pensam assim. Mas gente como o engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior, não consegue mesmo pensar à angolana. Não atingem os mínimos para andar no espaço público. Ele e a sua tropa, não merecem o país que milhões de angolanos, sob a bandeira do MPLA, criaram a ferro e fogo. Não merecem mesmo.

* Jornalista

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