sábado, 5 de fevereiro de 2022

Angola | O DINHEIRO DO GALO VOA PARA LISBOA

Artur Queiroz*, Luanda

O senhor bispo Imbamba tem pinta de líder da Oposição e prosápia não lhe falta. A bem dizer se não fosse careca tinha tudo no seu sítio para ser um líder às direitas. Bem-vindo ao exaltante mundial da política e boa sorte é o que mais lhe desejo. Mas como não há almoços grátis, ouso pedir-lhe que interceda junto de quem sabe tudo e lhe pergunte por que razão Angola tem de carregar a cruz da UNITA, essa fraude política e eleitoral, que agora caiu nas ruas da amargura e nos braços do engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior.

A UNITA já não é um partido nem uma associação cívica. Desde que saiu da asa do regime de apartheid nunca mais se encontrou. Gente com visão política, inteligência quanto baste e amor à democracia não consegue tirar o Galo Negro do pântano. Ninguém consegue cortar com o passado colaboracionista, com as traições a Angola, a África e ao Mundo. É uma fatalidade que pesa sobre todos os angolanos e não apenas sobre os que seguem penosamente o partido, até ao apodrecimento final. Porque é assim que vai acabar: podre e fétido. Inglório e sem afectos. Irrelevante e sem deixar saudades a ninguém.

 A hora é de revelar o que todos sabem mas ninguém ousa dizer. O engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior é o presidente da comissão liquidatária da UNITA. Já leva o tempo suficiente na liderança, ainda que atribulada, para dizer aos angolanos quais são as suas propostas para o sector económico e financeiro. Zero. Onde está gente da dimensão de Fernando Heitor ou Vitorino Hossi? Nada. O engenheiro à civil, comparado com estes dois valiosos quadros angolanos vale menos que zero. Onde está o programa social da UNITA? Zero. Qual a sua política externa? Tudo se resume a isto: Fraude eleitoral. E ataques descabelados ao sector público da comunicação social.

Nunca gostei de invocar fontes anónimas mas neste caso tive que abrir uma excepção porque a tropa de choque do engenheiro à civil Adalberto da Costa Júnior não brinca em serviço. Um alto quadro sénior da UNITA que vive em Portugal fez-me chegar informações de extrema gravidade.

Durante a sua estada em Portugal, Adalberto da Costa Júnior convocou antigos dirigentes que residem ou estão em trânsito na capital portuguesa para uma reunião num hotel. À hora marcada estavam todos os convocados. Mas o líder da UNITA não compareceu. Uma hora depois chegou, cheio de pressa e anulou a reunião. Explicou o atraso e a anulação do encontro:

- Tenho de partir imediatamente para Telavive porque vou encontrar-me com a empresária Isabel dos Santos e é um assunto muito importante para a UNITA.

Um dos presentes ousou dizer ao chefe:

- Vais ao país que ajudou o Governo a matar o nosso líder Jonas Savimbi? Israel devia ser cortado da lista das relações com a UNITA.

Outros antigos dirigentes foram igualmente críticos mas como Adalberto da Costa Júnior estava cheio de pressa, falaram depois da sua partida.

Um alto dirigente sénior da UNITA denunciou que Adalberto da Costa Júnior gere o dinheiro do partido sem dar satisfações a ninguém. Apenas ele e um assessor sabem das constas.

Donativos de grandes montantes não entram nos cofres da UNITA alegadamente porque as autoridades judiciais podem mandar congelar as contas. Este ponto é gravíssimo: “Adalberto da Costa Júnior está a juntar muito dinheiro em Portugal. Como sabe que a passagem pela liderança do partido é passageira, faz o seu pé-de-meia”.

Adalberto da Costa Júnior é um mentiroso compulsivo. Anunciar aos seus companheiros de partido que foi a Israel reunir com a empresária Isabel dos Santos, pode ser uma das suas muitas mentiras. 

Se é verdade, cada qual tire as suas conclusões. Se é mentira, a empresária fica a saber que o líder da UNITA usa o seu nome para se desculpar junto de colegas do partido. E isto é indesmentível. Pelo menos três dos convocados para a reunião do hotel, se for necessário, estão prontos a dar a cara e confirmar.

* Jornalista

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