PAIGC prepara-se para iniciar o seu 10.º congresso neste sábado (19.3). Líder do partido, Domingos Simões Pereira, anuncia vigília em frente à sede nacional do PAIGC até que as portas das instalações sejam reabertas
Por volta das 20h de Bissau, um contingente da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) chegou à sede do partido e de imediato deram-se cenas de empurrões com um grupo de militantes.
A polícia guineense lançou granadas de gás lacrimogéneo na sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) na noite desta sexta-feira (18.03), dispersando participantes da reunião do Comité Central, disseram fontes do partido.
"A polícia disparou várias granadas de gás lacrimogéneo em pleno salão Amílcar Cabral, onde decorria o Comité Central", disse uma fonte que se encontrava dentro da sede do partido, situado a escassos metros do Palácio da Presidência da Guiné-Bissau.
O PAIGC prepara-se para iniciar o seu 10.º congresso neste sábado (19.3), em meio a uma polémica judicial com um militante que pediu ao tribunal a suspensão da reunião magna, alegando ter sido injustamente impedido de participar.
O partido considera o caso uma estratégia dos adversários políticos para impedir a realização do congresso.
Domingos Simões Pereira
Uma outra fonte explicou à Lusa que o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, ainda se encontrava na sede do partido, tendo ao seu lado vários dirigentes e militantes forçados a abandonar o salão Amílcar Cabral devido à ação do gás lacrimogéneo.
Fonte da administração da sede do partido admitiu que "alguns camaradas" poderiam ter-se ferido na tentativa de fuga do salão Amílcar Cabral, no primeiro piso do edifício, ao terem-se atirado para o pátio.
"Vi sangue na sede, pode ser que alguns camaradas se tenham ferido", observou a fonte.
Na noite de ontem, após a saída da polícia de dentro da sede do PAIGC, permanecia um forte dispositivo nas imediações do edifício, de onde paulatinamente saíam os militantes do partido, constatou a Lusa.
Por volta das 20h de Bissau, um contingente da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) chegou à sede do partido e de imediato deram-se cenas de empurrões com um grupo de militantes do partido que tentava impedir que entrasse no edifício, avançou a agência.
Ministério do Interior
Uma fonte do Ministério do Interior indicou também que a PIR estava na sede do PAIGC "para fazer cumprir a lei", na sequência de uma solicitação do juiz Lassana Camará, que produziu um despacho no qual mandava suspender a realização do congresso do partido.
Na sequência, um dirigente do PAIGC disse à Lusa serem inexistentes as condições para que o partido inicie o seu 10.º congresso no sábado devido à ação da polícia.
"Com o que foi feito pela polícia na sede, não existem as condições objetivas para iniciar o congresso, pelo menos na nossa sede. O partido vai analisar o que fazer e em tempo oportuno comunicará aos militantes qual a solução", disse a fonte, que pediu para não ser identificada.
Hoje, mais cedo, o líder do partido, Domingos Simões Pereira, anunciou uma vigília, em frente da sede nacional do mesmo, até que as portas das instalações sejam reabertas para dar-se início congresso da sua formação política.
"Vamos ficar em vigília"
"[O congresso] vai ter lugar [...] - as portas [da sede] têm que ser reabertas. Vamos ficar aqui em vigília, por tempo necessário, para exigir o nosso direito", disse.
Simões Pereira falava aos jornalistas perante uma multidão, na sede do partido, e mostrou-se revoltado com a atuação da PIR, que usou gás lacrimogéneo para dispersar os delegados ao congresso do partido, devido à uma decisão judicial.
O presidente do PAIGC acusa as autoridades guineenses de "inventar" processos judiciais para impedir a realização do congresso e afia que ninguém tem autoridade para impedir a realização do evento.
Domingos Simões Pereira lamentou os "danos" causados pela não realização do encontro magno do seu partido, dando como exemplo toda a logística preparada e vários delegados que viajaram de estrangeiro, da Europa em particular.
Deutsche Welle | Lusa
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