sábado, 19 de março de 2022

Polícia invade sede do PAIGC na Guiné-Bissau e lança gás lacrimogéneo

PAIGC prepara-se para iniciar o seu 10.º congresso neste sábado (19.3). Líder do partido, Domingos Simões Pereira, anuncia vigília em frente à sede nacional do PAIGC até que as portas das instalações sejam reabertas

Por volta das 20h de Bissau, um contingente da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) chegou à sede do partido e de imediato deram-se cenas de empurrões com um grupo de militantes.

A polícia guineense lançou granadas de gás lacrimogéneo na sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) na noite desta sexta-feira (18.03), dispersando participantes da reunião do Comité Central, disseram fontes do partido.

"A polícia disparou várias granadas de gás lacrimogéneo em pleno salão Amílcar Cabral, onde decorria o Comité Central", disse uma fonte que se encontrava dentro da sede do partido, situado a escassos metros do Palácio da Presidência da Guiné-Bissau.

O PAIGC prepara-se para iniciar o seu 10.º congresso neste sábado (19.3), em meio a uma polémica judicial com um militante que pediu ao tribunal a suspensão da reunião magna, alegando ter sido injustamente impedido de participar.

O partido considera o caso uma estratégia dos adversários políticos para impedir a realização do congresso.

Domingos Simões Pereira

Uma outra fonte explicou à Lusa que o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, ainda se encontrava na sede do partido, tendo ao seu lado vários dirigentes e militantes forçados a abandonar o salão Amílcar Cabral devido à ação do gás lacrimogéneo.

Fonte da administração da sede do partido admitiu que "alguns camaradas" poderiam ter-se ferido na tentativa de fuga do salão Amílcar Cabral, no primeiro piso do edifício, ao terem-se atirado para o pátio. 

"Vi sangue na sede, pode ser que alguns camaradas se tenham ferido", observou a fonte.

Na noite de ontem, após a saída da polícia de dentro da sede do PAIGC, permanecia um forte dispositivo nas imediações do edifício, de onde paulatinamente saíam os militantes do partido, constatou a Lusa.

Por volta das 20h de Bissau, um contingente da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) chegou à sede do partido e de imediato deram-se cenas de empurrões com um grupo de militantes do partido que tentava impedir que entrasse no edifício, avançou a agência.

Ministério do Interior

Uma fonte do Ministério do Interior indicou também que a PIR estava na sede do PAIGC "para fazer cumprir a lei", na sequência de uma solicitação do juiz Lassana Camará, que produziu um despacho no qual mandava suspender a realização do congresso do partido.

Na sequência, um dirigente do PAIGC disse à Lusa serem inexistentes as condições para que o partido inicie o seu 10.º congresso no sábado devido à ação da polícia. 

"Com o que foi feito pela polícia na sede, não existem as condições objetivas para iniciar o congresso, pelo menos na nossa sede. O partido vai analisar o que fazer e em tempo oportuno comunicará aos militantes qual a solução", disse a fonte, que pediu para não ser identificada.

Hoje, mais cedo, o líder do partido, Domingos Simões Pereira, anunciou uma vigília, em frente da sede nacional do mesmo, até que as portas das instalações sejam reabertas para dar-se início congresso da sua formação política.

"Vamos ficar em vigília"

"[O congresso] vai ter lugar [...] - as portas [da sede] têm que ser reabertas. Vamos ficar aqui em vigília, por tempo necessário, para exigir o nosso direito", disse. 

Simões Pereira falava aos jornalistas perante uma multidão, na sede do partido, e mostrou-se revoltado com a atuação da PIR, que usou gás lacrimogéneo para dispersar os delegados ao congresso do partido, devido à uma decisão judicial.

O presidente do PAIGC acusa as autoridades guineenses de "inventar" processos judiciais para impedir a realização do congresso e afia que ninguém tem autoridade para impedir a realização do evento. 

Domingos Simões Pereira lamentou os "danos" causados pela não realização do encontro magno do seu partido, dando como exemplo toda a logística preparada e vários delegados que viajaram de estrangeiro, da Europa em particular. 

Deutsche Welle | Lusa

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