MOÇAMBIQUE
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou que as mudanças no Executivo são para enfrentar os "desafios" que se colocam ao país.
O Presidente moçambicano falava esta sexta-feira (04.02) na cerimónia de posse do primeiro-ministro, Adriano Maleiane, e outros seis governantes, no que classifica como "um momento delicado da governação, em que o país enfrenta inúmeros desafios".
"Por um lado, há o drama do
terrorismo
A situação "demanda do Governo ações enérgicas e coordenadas, visando proteger as condições de vida dos moçambicanos", referiu Filipe Nyusi.
"É neste contexto que nos vimos na contingência de reforçar a nossa equipa, colocando as pedras certas para enfrentar os desafios" de uma forma "mais dinâmica, proativa e orientada para os resultados", detalhou.
Nyusi: "Eu quero ganhar o jogo"
O chefe de Estado comparou ainda a mudança a um jogo de futebol, tal como disse ter respondido a um jovem que na quinta-feira o questionou sobre as mexidas no Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, partido no poder desde a independência).
"Estávamos a defender bem para poder gerir o resultado, mas eu quero ganhar o jogo, então, vou aumentar o caudal ofensivo", disse.
Filipe Nyusi pediu a Adriano Maleiane, como novo primeiro-ministro - era desde 2015 ministro da Economia e Finanças - que "coordene a ação governativa" para que cada ministério "cumpra com as suas competências".
"Na minha ausência é a cara visível do meu Governo", salientou Nyusi, acreditando que estará "à altura" dos desafios, "facilitando a comunicação dentro do Governo e com os parceiros".
Eletricidade para todos
Ao novo ministro da Economia e Finanças, Max Tonela (que era até agora ministro dos Recursos Minerais e Energia), o chefe de Estado pediu que aumente as exportações em todos os setores, frisando que Moçambique tem "muita coisa" além do gás, numa alusão ao potencial de produção do país e à necessidade de diversificação da economia.
Nyusi puxou pelo currículo de Tonela, destacou o que classifica como experiências bem-sucedidas na gestão da Electricidade de Moçambique (EDM) e Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e apelou ainda à promoção da lei do conteúdo local e à promoção de um ambiente de negócios mais competitivo.
Apesar de a exploração de gás natural, que arranca este ano na bacia do Rovuma (ao largo de Cabo Delgado) ser a atração mais mediatizada no horizonte económico-financeiro, o Presidente moçambicano deu destaque a outras metas.
Mesmo quando se dirigiu a Carlos Zacarias, novo ministro dos Recursos Minerais e Energia (era presidente do Instituto Nacional de Petróleo), dedicou grande parte da mensagem à necessidade de alcançar o acesso universal à eletricidade.
Ainda nesta área, e numa altura em que está em curso a venda das minas de carvão de Tete, interior do país, da brasileira Vale para a indiana Vulcan, Nyusi disse que as mudanças que ali acontecerem não podem prejudicar os moçambicanos.
O chefe de Estado deu ainda destaque à necessidade de requalificação da principal estrada do país, a EN1, que atravessa Moçambique de norte a sul, ao dirigir-se ao novo ministro das Obras Públicas, Carlos Mesquita.
Tomaram ainda posse Silvino Moreno como ministro da Indústria e Comércio, Lídia Cardoso como nova ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas e Amílcar Tivane no cargo de vice-ministro da Economia e Finanças.
"Não podemos gastar mais do que temos"
O novo primeiro-ministro moçambicano, Adriano Maleiane, defendeu esta sexta-feira o reforço da produção para garantir a "independência financeira" do país, apontando a contenção dos gastos como fundamental.
"Nós não podemos gastar mais do que temos porque se fizermos isso vamos ter problemas", disse Adriano Maleiane, em declarações à comunicação social momentos após a cerimónia de tomada de posse na Presidência da República, em Maputo.
Para o novo primeiro-ministro moçambicano, o aumento das exportações está entre as soluções mais adequadas para melhorar a economia do país, mas esta opção exige o incremento da produção.
"Quando produzimos, podemos cobrar mais impostos. Hoje as nossas receitas já cobrem cerca de 75% ou 77% [das necessidades]. Temos que caminhar para uma situação de pelo menos conseguirmos ter receitas para o que estamos a construir", declarou.
Adriano Maleiane, que até à data da sua nomeação para primeiro-ministro era ministro da Economia e Finanças, reiterou que estão "bastante avançadas" as negociações para um novo programa com o Fundo Monetário Internacional, um dos parceiros a suspender as ajudas diretas a Moçambique em 2016 na sequência da descoberta do escândalo das dívidas ocultas do Estado.
Deutsche Welle | Lusa
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